quarta-feira, 31 de agosto de 2011

MINHA PRIMEIRA VEZ NO MARACANÃ

Telinha Cavalcanti


Com toda essa história de reforma, Copa do Mundo, fica pronto, não fica pronto, lembrei deste texto que escrevi em 1999 :)



Náutico e Fluminense no Maracanã. Já no caminho foi dando um negócio no estômago.
Ao meu lado, Fred se transformou no Torcedor. Muito calado, segurou minha mão e eu só podia imaginar o que vinha pela frente.
A chegada ao estádio parecia um show de rock: gente, muita gente, mais gente e camelôs vendendo de tudo, só que no show todo mundo torce para um time só. Lá, eu era uma alvi-rubra no meio de torcedores adversários.
Os ingressos foram caros, o que eu não entendi. Não vi o estádio em sua glória, estava parcialmente interditado, sem acesso às arquibancadas e com uma parte das cadeiras liberada.
Mesmo com tanta restrição, o Maracanã impressionou. Tem aquela mitologia, e mesmo em reforma ele era bonito, grandioso (até durante o jogo dava para ouvir barulho de operário trabalhando).
Chegamos nas cadeiras: fila grande, torcedores baruhentos, crianças com o uniforme do Flu, elevador. Quando nos sentamos, o jogo já havia começado.Meu walkman só pegava estática e um programa religioso. Eu e Fred mais adivinhamos do que vimos o jogo: percebia-se qual time atacava e qual defendia, mas os detalhes só deus sabe.
A torcida reagindo ao jogo é impressionante. De repente todo mundo gritou ao mesmo tempo a mesma coisa, e não deu para ver onde começou. E olha que não era um jogo de estádio lotado, quando chega a tremer a arquibancada com a torcida se manifestando. Cantaram "A bênção, João de Deus", o hino do Papa. Eu não entendi nada, penso que algum jogador chamado João fez uma boa jogada. Em casa, Fred explicou que é tradição da torcida tricolor cantar esse hino e por isso é chamada de torcida de Deus.
De repente, gol do Fluminense e todo mundo fica desvairado. Eu, alvi-rubra e sofredora por definição, só mexi os olhos. Falei baixinho, para mim mesma, vai empatar. Fred gritava, agitava as mãos, batia palmas. Mulheres beijavam os namorados, crianças agitavam bandeiras, homens xingavam. De repente, acabou o primeiro tempo. O placar não dava o tempo de jogo, e por um instante, quando tudo parou, a gente não entendeu por que.
Intervalo.
Os vendedores de refrigerante, água, mate, pipoca e cachorro quente, que já andavam prá cima e prá baixo durante o jogo, fizeram a festa. Observei todo mundo comentando o jogo e falando mal do juiz. Atrás de mim um rapaz falava: tá um a zero, tá bom, pode acabar agora!
Segundo tempo: o Fluminense entrou em campo, todo mundo cantando o hino do clube. Então veio o Náutico, confusão na área, fui ver, era gol. Silêncio e uma rede balançando. Eu mordi a boca, que não sou doida de gritar no meio da torcida inimiga. Não se via uma bandeira do Náutico sequer. 1 a 1. O clima ao redor é outro. Os jogadores, pequenininhos, o campo, imenso e o povo irritado, querendo raça. Para eles, o juiz é paulista e roubava todas as faltas para o adversário. Pênalti para o Fluminense, alegria no Maracanã.
Eu parei de observar e comecei a torcer, quieta, para o jogador errar o gol. A torcida gritava incentivando, é uma coisa. Futebol no estádio é uma emoção danada, infinitamente melhor do que ver em casa. No estádio a gente faz parte. Na frente da tv só dá para assistir. Gooooooooooool do Fluminense. Lá em baixo, a geral dançava de alegria. Eu insistia, bem baixinho: vai empatar, vai empatar. O meu time perdeu um gol e mais outro. Tentava disfarçar, mas o sorriso aparecia, vai, mostra para eles, empata esse jogo, vira esse placar, fiquei rezando. Apertei a mão de Fred, ele riu e me abraçou. O Fluminense perdeu chances de gol. Um gol tão fácil que a torcida se irritaou, começando de novo a xingação. Por todo lado gente agoniada gritava acaba, acaba. Futebol no estádio é assim: não tire o olho do campo que não tem replay. Você se distrai e já era. Pois é, já era: o juiz apita, acabou o jogo. Todo mundo vibrava com a vitória.
Dessa vez a gente desceu pela escada, que a fila do elevador tá muito grande. Saímos cercados por comentaristas e técnicos, que gritavam suas opiniões sobre o jogo. Na saída, chovia muito. Fred estava feliz da vida.
Eu adorei ver jogo no estádio, e disse que na próxima vez a gente vai torcer pelo mesmo time, para eu poder gritar também.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

QUITANDA DA VIDA XLI

Por Telinha Cavalcanti

Hoje foi daqueles dias em que eu tive certeza de que não ia conseguir pensar em nada para a coluna. Meu povo, já são 41 quitandas, e eu não sei cozinhar! Eu disse isso na primeira coluna, tá lá para todo mundo ver. Eu não sei cozinhar, prá quê me meti a ter uma coluna de culinária?
Corri pro colo da mãe, ou melhor, pro caderno de receitas da minha mãe, que eu surrupiei semvergonhamente quando fui a Recife. E estava lá a salvação da pátria: a torta salgada de liquidificador.

Torta salgada

Massa
1 xícara de óleo
4 ovos
1 colher de chá de fermento
3 colheres de sopa de queijo ralado
1 colher de chá de sal
10 colheres de sopa de farinha de trigo

Recheio
Cebola
Tomate
Milho ou ervilha
Frango desfiado
ou carne moída
ou queijo e presunto
ou o que tiver, mesmo.

Bata todos os ingredientes muito bem no liquidificador. Põe-se a meatade da massa num tabuleiro untado e polvilhado com farinha de trigo. Em seguida, põe-se o queijo em fatias, galinha desfiada, carne ou presunto (o que se quiser), rodelas de tomate e cebola. Cobre-se com a outra parte da massa e polvilha-se com queijo ralado.
Enquanto se bate a massa e se prepara a torta, o forno já deve estar ligado em temperatura média.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Do Rio




O Rio tem um quê de inesperado. Aqui acontecem coisas difíceis de encontrar em outras cidades do mundo, até mesmo do Brasil. São traços de personalidade que os cariocas e seus amigos de fora vão absorvendo, à medida que se acostumam às ruas de bairros urbanos ou da periferia. São cenas típicas, sentimentos que se instalam na gente que vive aqui; paisagens que incorporamos ao dia-a-dia; costumes que se adotam sem saber bem por quê.
Nada mais característico do Rio do que essa sensação de gratuidade, esse contágio fácil que vai generalizando um jeito de viver e agir; que inventa hábitos, expressões, gírias que acabam incorporadas ao carioquês. O jeito de vestir irreverente, a informalidade. A vivacidade, uma espécie de astúcia malandra de procurar o que fica mais simples, mais à mão, o que soa mais despreocupado e casual. A alegria de viver que chega às raias da inconsequência. Um certo atrevimento. E mesmo no inverno, o descaramento de sair sem casaco num frio de dez graus. Ou de casaco e sandália havaiana. Só um carioca pode fazer questão de ignorar o guarda-chuva, faça o tempo que fizer. E só as (poucas) cotias do Campo de Santana não fogem das pessoas. Passa-se pela lagoa e lá está uma ave desafiadora na proa de um barco, e a gente para só pra ver um vôo se desenhar no meio do céu.
De repente, um poodle miniatura chama para a briga os pés de quem passa e todos se encantam por ele, enquanto sua dona segue adiante e deixa na calçada os dejetos do bichinho como se não tivesse notado. Ninguém como um carioca sabe se fazer de desentendido, quando lhe interessa. Ninguém desconversa melhor. E ninguém liga pra isso; há uma ética do desinteresse que sustenta a infinita tolerância carioca para com a contravenção, o crime, a bandalha, o relaxamento. O carioca é um leniente que perdeu o freio.
São cariocas os motoristas machões e marrentos e o poder desassombrado dos pivetes de qualquer idade. O carioca é cheio de saídas criativas. Improvisa, programa só pra não cumprir e não cumpre horários, a não ser que o emprego seja dos bons. Pode conviver com o caos e a promiscuidade das ruas, dos bares, das boates sem perder uma ponta de compaixão e uma leveza que recria pessoas e ambientes, mas de repente se invoca por qualquer bobagem e parte para a briga.
É bem a nossa cara virar padrinho de um garoto de rua, ficar inteiramente eufórico por isso e depois perder o afilhado de vista. Acreditar cegamente em alguém só porque tem uma boa conversa. Apaixonar-se de repente por alguém que nunca viu. Fazer amizades instantâneas como se morasse no paraíso.
E no entanto o paraíso carioca é cada vez mais apenas uma linda paisagem. Parece que as virtudes desse povo criaram raízes tão enormes que, com o passar do tempo, viraram um cipoal em que se tropeça a toda hora e atrapalha a vida. Porque uma virtude é o extremo oposto de um defeito, e acontece que os extremos sempre se tocam.

sábado, 27 de agosto de 2011

FREDZILA - AMARGA COLHEITA

Carlos Frederico Abreu

No trajeto do trem bala (shinkansen) entre Beppu e Kokura (conexão para Okayama) ocorreu um fato extraordinário, para quem espera a pontualidade tão famosa deste serviço: Ficamos parados em uma estação gerando um atraso de doze minutos.

O motivo da paralisação seria esclarecido logo depois do trem voltar a se mover: ao passarmos por meia dúzia de carros de polícia e ambulâncias dos bombeiros, estacionados à margem dos trilhos.

É triste, mas trata-se de uma tragédia comum na rotina dos japoneses.

No fatídico ranking mundial de suicídios, o país ocupa a segunda colocação, atrás da Rússia, e apesar das autoridades enxergarem o problema e criarem programas de apoio, etc, as estatísticas a cada ano comprovam que este número continua crescendo.  Artistas da música, da televisão, ex-astros do esporte não são exceções… basta acompanhar os noticiários.

Este triste fato já está inserido profundamente no cotidiano, de tal forma que qualquer pessoa possui parentes, amigos de escola ou trabalho, que saltaram de prédios ou coisa semelhante.

Próximo ao monte Fuji existe um bosque de mata fechada chamado Aokigahara Jukai (mar de árvores) que é conhecido pela macabra fama de ser preferido por aqueles que escolhem deixar a vida por vontade própria. Recentemente a polícia japonesa encontrou próximo à entrada do bosque,  mochilas e tênis, assim como outros pertences pessoais. Segundo os investigadores, pertenciam a jovens que, pela internet, haviam combinado se encontrar alí, buscando apoio para se suicidarem. Entraram na floresta (com remédios, calmantes, etc) e nunca mais sairam de lá.




Devido a mata fechada e selvagem, numa área de difícil acesso, fica quase impossível para as autoridades realizarem buscas, levando assim a outro recorde trágico. Aokigahara Jukai é hoje o local no mundo com o maior número de suicídios localizados, deixando para trás a famosa ponte Golden Gate (EUA).

Para um turista comum, fica difícil entender o motivo de um povo tão amistoso e respeitador, capaz de coisas tão belas, vivendo em uma sociedade organizada e avançada, ser capaz de atos tão desesperados.

Já para alguém que estuda o Japão, não é tão difícil assim compreender o que se passa. Esta, ao menos, é a minha compreensão dos fatos:

O Japão se encontra em um momento muito delicado de sua história. Os mesmos valores que o tornaram um dos países mais ricos do planeta, são os responsáveis por afundá-lo no buraco em que se encontra, sem perspectiva de solução a curto prazo. Uma sociedade com códigos de conduta tão rígidos, ao ponto de não permitir ao ser humano manifestar livremente sua fraqueza, seus temores, sua insatisfação, acaba servindo como uma camisa de força invisível. Isso gera uma série de problemas seríssimos, com conseqüências sociais visíveis que vão muito além dos suicídios.

O Japão possui o maior número de pervertidos do mundo. É verdade, não li em parte alguma isso, é uma observação minha. Perversões que foram espertamente assimiladas pela indústria, que fatura descaradamente com essas ‘válvulas de escape’. Ou você acha que meninas vestidas de empregadinha francesa gótica, distribuindo panfletos na rua ou servindo café é algo simplesmente bonitinho, fofo ? Existe algo mais pervertido que o ‘kawai’? É perversão explícita e aceita por todos.

O último censo no Japão reportou mais de 200 mil hikikomoris, quase o dobro do censo anterior. Hikikomoris são pessoas (normalmente jovens de 17 a 30 anos) que se isolam da sociedade, vivendo reclusos na casa dos pais. Eles não estudam e nem trabalham por não se adaptarem às exigências e cobranças da sociedade.

Outra característica dos japoneses, que somente agrava a situação, é que geralmente preferem fingir não ver o que está acontecendo a enfrentar a desonra de expor publicamente um filho problemático.


Os hikikomoris, por sua vez, agravam o quadro deficitário da previdência social, desequilibrando o orçamento ainda mais, pois não trabalham e, portanto, não contribuem para a aposentadoria.

Para tentar tampar o buraco e manter a máquina funcionando, o governo admite cada vez mais a entrada de estrangeiros, uma força de trabalho que realiza as tarefas mais braçais e monótonas. Os imigrantes, por sua vez, não encontram um quadro receptivo ideal e se isolam em seus guetos, não contribuindo para preservação da cultura - pelo contrário, introduzindo a sua própria à força.

A grande estocada final talvez seja o fim do casamento tradicional, um dos pilares da cultura japonesa. Os jovens simplesmente não querem mais se casar, apesar de todo o glamour que é vendido e toda a indústria que vende o casamento ocidental católico (de véu e grinalda) como um sonho possível - se você tiver 3 milhões de ienes para pagar por um. Ao invés do casamento, a carreira. Ao invés de filhos, animais de estimação.

E a média de idade subindo… o número de nascimentos vai caindo… a estimativa é que o percentual de pessoas com idade para trabalhar em trinta anos estará na casa dos 30%!!!

Precisa falar mais? Da proximidade da China, por exemplo?

Como eu disse, trata-se de uma situação delicadíssima, difícil de se reverter ou buscar uma solução para o buraco que só cresce sob os pés.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

PRIMEIRA FONTE ENTREVISTA: MARIA ALICE MILLER, DESIGNER DE INTERIORES

Maria Alice Miller é designer de interiores, administradora, artesã. Entusiasta do belo, do simples, do sustentável e da acessibilidade, assina o blog Casa com Design desde 2004.

P.F.: Maria Alice, eu tenho a impressão que hoje em dia o design de interiores está na moda; há muitas revistas e blogs sobre design e decoração feitas por e para gente com muitas idéias e orçamento pequeno, desmistificando a figura do designer de interiores/decorador/arquiteto, renovando o seu público. É isso mesmo?

Sim, é verdade: a mídia tem se esforçado para mostrar que o design de interiores é acessível a todos os públicos. Diversas revistas mostram como decorar um ambiente com truques, peças e adornos de preço baixo e ótimo efeito. Só acho que as pessoas ainda não entenderam bem este movimento: o famoso "Do It Yourself - DIY" dos americanos ("faça você mesmo") é uma forma de você mesmo fazer algo bacana para sua casa, mas o design de interiores de verdade, que envolve avaliação de como uma planta de um imóvel pode ser melhorada para quem o ocupa, além do arranjo físico interno (layout) do mobiliário, só é feito com a análise de um profissional. Design de interiores não é decoração, e esta é uma grande confusão que a mídia também faz. Tornar um ambiente mais bonito também passa por retirar móveis e adornos, repensar os espaços e adaptá-los à necessidades de quem ali reside.

P.F: Dentro deste boom do design, vejo também que a acessabilidade é um aspecto muito discutido. Se cabe aos governos o cuidado para que cadeirantes, cegos e pessoas com outras necessidades tenham uma cidade acessível, dentro de casa a realidade é outra. Como podemos saber se a casa está apropriada, por exemplo, para as necessidades de um idoso?

Esta avaliação passa pelas características de cada um. Um idoso geralmente tem maior dificuldade de se locomover, ou se movimenta mais lentamente. Uma das primeiras coisas a observar portanto são os pisos: devem ser antiderrapantes e não possuir tapetes soltos. Às vezes, nenhum tapete é o melhor. No box, onde o piso fica molhado, deve haver apoios - que não necessariamente precisam ser as famosas barras de apoio - e o acesso às toalhas deve ser fácil. Uma outra coisa que muitos esquecem é a altura dos itens de uma casa: tanto armários altos quanto muito baixos, precisam ser evitados. Tudo deve estar na altura que faça com que o idoso não precise pegar uma escada ou abaixar-se completamente para pegar algo. Outro cuidado é com a iluminação: à noite, é bom haver alguma luz fraca para que ele se movimente entre o quarto e o banheiro, por exemplo. Se não for possível, os interruptores devem estar próximos à cama. Campainhas ou telefones junto à cama e no banheiro também são uma ótima ideia.


P.F.: Juntando o útil ao agradável, é possível ter uma casa acessível às necessidades dos seus moradores e com um visual interessante? A obra para a adaptação de uma residência não teria um orçamento muito alto para seus moradores?

Claro que sim! Há inúmeros projetos de interiores belíssimos e criados de forma totalmente acessível. Medidas simples como possuir portas mais largas - 70 centímetros é o mínimo recomendado - instalar os interruptores e tomadas em alturas mais confortáveis, criar iluminação indireta (ou sensores de presença) que estejam sempre disponíveis, utilizar revestimentos adequados e rampas em lugar de pequenas escadas, são medidas que se pode tomar durante a construção ou reforma de uma casa que custam o mesmo do que projetar de qualquer maneira. Muita gente pensa na "casa dos sonhos" para suas necessidades hoje, mas esquece que, se pretende morar ali para sempre, ela deve ser projetada para seu futuro também.


P.F.: Quais seriam, então, as principais mudanças dentro de casa para garantir, não só a segurança de quem mora nela, como barras de apoio no chuveiro para evitar quedas, mas também para facilitar a vida de quem tem necessidades especiais?

Como os idosos, os portadores de necessidades especiais devem ser avaliados caso a caso. Mas algumas medidas como armários mais baixos, espaços de circulação adequados (de novo, 70 centímetros é o mínimo indicado), interruptores e tomadas à meia altura, espelhos inclinados (ou instalados em sua altura) para que possam se enxergar facilmente, bancadas de banheiro e cozinha onde uma cadeira possa ser utilizada (sem armários por baixo), instaladas em altura adequada, e também com profundidade a seu alcance, cuidados com ventilação e iluminação natural (janelas que possam ser facilmente abertas e fechadas e que iluminem bem um ambiente), cabideiros que se movimentam possibilitando alcançar as roupas que ficam nas partes altas dos armários, móveis com rodízios, corrimãos de qualidade em escadas internas (caso de edifícios) e muitos outros pequenos cuidados podem ser pensados para a casa de quem precisa de tudo fácil. Esta seleção é feita por bons profissionais quando projetam uma nova casa, pensando no que chamamos de design universal: o espaço deve estar acessível a todos pois, você pode estar projetando para recém casados que, com o tempo, podem se mudar e passar a casa para um casal idoso, por exemplo. Ter em mente que a casa deve se adaptar às pessoas e não o contrário é essencial.




Maria Alice Miller
Casa com Design
malice@casacomdesign.com.br

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

CORAL E CAMERATA DA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAXAMBU

FONTES DA VIDA e ALELUIA DE HANDEL

Letra e Música de Francisco Teixeira, a música Fontes da Vida foi composta para a cidade de Caxambu. O Coral e a Camerata apresentaram-se ontem, quarta-feira, no Projeto Canta Brasil 2011, no Salão de Convenções do Hotel Glória, em Caxambu, Minas Gerais, e o vídeo, feito por Fernando Niman está abaixo. A Camerata apresentou um blue. As apresentações seguem na sexta, dia 26 de agosto e no sábado, dia 27. No dia 1º de setembro, o grupo estará em Passa Quatro (MG), durante as festividades de aniversário do Município e apresentará Aleluia, de Handel e Ode à Alegria, de Beethoven.


Durante


Apresentação da Escola Municipal de Música de Caxambu, ontem

CORRESPONDÊNCIA URBANA

As cartas de hoje são trocadas por duas amigas que se vêem pouco, mas que se querem muito bem.

Carolina é uma gatinha tricolor de cinco anos de idade, filha da Bijoux e do Atum, mora no Rio de Janeiro. Quando Telinha Cavalcanti não está olhando, Caró vai para o computador e escreve e-mails para a sua querida tchia Éuga, nossa querida amiga Helga Terzi, que mora em São Paulo.

Com carinho, ternura e um pouco de mágica, abrimos os e-mails, que têm alguns errinhos de português, mas a gente releva, pois Carolina ainda não está na escola :)


de: Caió
para: Tchia Éuga


quiída tchia éuga,
eu sôbe que tá choveno muto aí. pá sinhoia num se molhá, te empesto a sombinha da vovó.

com amor,

caioina





 








de: Tchia Éuga
para: Caió  

CARÓÓÓÓÓÓÓÓ, meu amor, que saudades!!!!!!!


Vc está linda usando a sombrinha da vovó, fia! Tá chovendo aí também? rsrsrsrsrs
Eu nem preciso mais de sombrinha, só de ver sua carinha linda, seu rabinho de raposinha eu já fiquei tão animada e feliz, que a chuva não me incomoda mais.
Agora vem cá, sombrinha vc não gosta de roer não?
A Nicole adora roer plástico. Ela entra no banheiro e rói o saco de algodão, sacola de supermercado, tudo que é plástico ela rói. Vocês são tudo doidinha é? Me conta....
beijos
tchia éuga    


de: Caió
para: Tchia Éuga

quiída tchia éuga,
   
tchia, eu rôo tudo. roí a tira que serve pá pendê a sombinha na mão e a tira que serve pá pendê a sombinha pá ela num abí. roí a camisa nova do meu vô também. e ataquei o pé dele cano ele tava mimindo. mas o pé dele é gande, é godinho, é muito tácavel. tanto é que ele tacou um chute nimim. e disse que tava dumindo e não sabe o que fez.
a vó ficou do lado dele, sou uma incompeendida.


de: Caió
para: Tchia Éuga




Quiída tchia Éuga,

a vovó sempe me insinô que é ceto a zente dividí as coisa. dividí papá, dividí cobetô, dividí ratinho.
a vovó é uma mentirosa.
a vovó num quis dividí comigo a galinha que ela tava comeno. ela tava tomano canja e tinha um ossinho da coxa. ela botô no pratinho. eu olhei, pensei, oba, a vovó tá dividino a galinha comigo. peguei o osso e ela brigou. e aí eu saí correndo sem entendê nada e ela saiu correndo atás de mim me xingando de ladrona.

num gostei.

é pá dividí ou num é?

caió

de: Tchia Éuga
para: Caió
   
Quiida Caió, 


que saudadesssssssssss de você e de seus emails, minha frô!!!!!!!
Quando a dividir, a vovó foi meio sacana mesmo, né? Um exemplo vale mais que mil palavras, mas sabe o que é amor, ossinho de frango não faz bem para gatinhos, querida, é melhor vc só comer raçãozinha, sabe?
Ossinho de frango além de tudo é ruim, não é gostoso, melhor comer ração.
Fala pra vó que de castigo, ela vai ter que te dar whiskas sachet duas semanas direto, hahahahaah.
Esse sim, é gostoso e bom pra gatinhas lindas comer, tá bom?
E deixa que eu vou ter conversa séria com a vó quando eu chegar aí.
Te amo, te amo e te amo, boneca.
Fala pra vó que eu to torta de saudades dela.
beijos mil
tchia éuga





de: Caió

para: Tchia Éuga

quiída tchia éuga,

hoze num quéio esquevê, tô com piguiça.

com amor,

caió 



de: tchia Éuga
para: Caió

Hahahahahahahhaha, gata espertaaaaaaaaa né?
Hoje tá friozinho, o dia tá feio, escuro, aposto que vc só quer saber de dormir, acertei?
Eu também, mas eu tenho que trabalhar, então tô aqui, já você, é uma mimadinha, que ganha papá, casa, comida e cafuné de graça, só pra ser bonita, fofinha e miar, pra que se esforçar, né Caró?
Te amo bonequinha, amo, amo e amo!
Dorme bem gostosinho aí, por mim  também, tá?
Beijocas mil em você, na vó e em todos os peludinhos da casa.
tchia éuga



de: Caió
para: tchia Éuga



quiída tchia éuga,

a minha vovó é feia boba chata, me enganou, me botou no tanspote e me levou po médico.

lá eu fiquei assustada e miando muau mas ela nem ligou. eu fui tomá vacina e pesar. peso seis quilos bem redondinhos.
miei  muito e unhei o doutor, que é para ele não se meter a besta comigo.
chegamo em casa e eu corri pá me escondê e a vovó chamou e botou atum peu comer e eu comi comi comi comi de tanto nervosa.

miau, nem tá doendo.
caió

   
de: Tchia Éuga

para: Caió

Caróóóóóóóó amor da minha vida, que delícia receber notícias suas!

Essa sua vovó é muito feia, boba e chata mesmo, deixa ela comigo.

Fez muito bem de unhar o doutor, quem ele pensa que é pra por a mão na miss Brasil felina? Atrevido.
E o médico falou que tá tudo bem com você? Você tá boazinha?
Tchia éuga quer que você tenha bastante saúde, viu?

E você comeu comeu comeu atum de nervosa que ficou, né, hahahahahaahahahahahahahahaha, sua safadinha, e UIA, seis kilos????
Que gatinha suculenta!!!!!!!


Te amo e to morta de saudades de você, irmãos, mamãe e vó.

beijos
 


de: Caió

para: Tchia Éuga


Quiída tchia éuga

onti eu quis visitá a sinhoia mas a vó num dexou.

ela abiu a porta da frente e eu fui pro hall do levadô.
se é levadô, me levava pá zunto da sinhoia.
a vó ficou braba e disse que eu era o único gatinho que ela confiava de num sair de casa e que ela num confiava mais nimim.
ela num tendeu que eu queria ver a sinhoia. a vó tava muto braba e nem entendeu o que eu miei.

pur isso que eu num vi a sinhoia onti.

beso,

caió



de: Tchia Éuga
para: Caió

Hahahahaaha, Caró, você é uma gatinha do barulho, não?
Que fofa querendo vir ver a tchia em São Paulo de elevador!!!
Olha não precisa se preocupar, a tchia tá planejando ir visitar você logo, logo e vou passar uma tarde todinha só na sua casinha, te mimando com presunto e sendo mimada com cupcakes da vovó combinado?


Mas até lá você tem que ficar boazinha e prometer que não vai sair de casa sozinha, tá bem?
Eu to morta de saudades da vovó e de você e de todos os peludinhos daí.

Amo vocês.

Beijão

Tchia Éuga
 

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

HELLO DOLLY!

A QUIETUDE DE DOMINGO

Por Dorothy Coutinho

Sob a pressão do ter de parecer, ter de participar, ter de adquirir, ter de qualquer coisa, assumimos obrigações desnecessárias, outras impossíveis, e aquelas que nem combinam conosco nem nos interessam. Na cultura da agitação e do barulho, gostar de sossego tem sido uma excentricidade.
Àqueles que não se submetem, mas questionam, os que pagam o preço de uma relativa autonomia, ou que não se deixam escravizar, pelo menos sem alguma resistência, para esses não há perdão nem anistia. Ficarão do lado de fora da ciranda! Quem não corre com a manada vai parar numa jaula: um animal estranho. Ficar sossegada tem sido até perigoso: pode ser doença.

É indispensável circular, se atualizar, ser produtiva, estar bem informada e enturmada mesmo que seja com a turma errada.

Estar sozinho é considerado humilhante, sinal de que não se arrumou ninguém – como se amizade ou amor se “arrumasse” na loja de 1,99. Para o homem pode até ser um momento libertário: ninguém pendurado nele controlando, cobrando, chateando. Enfim, livre! Mas para a mulher, não. Na nossa mente preconceituosa é sempre porque está abandonada: ninguém a quer. Nada disso gente! Além do desgosto pela solidão, nutrimos o horror à quietude. Logo pensamos em depressão! Santo Deus, quem sabe uma terapia, um pai de santo, um antidepressivo!!!! Isso lembra a criança que não brinca, não salta, e nem participa de atividades frenéticas: naturalmente está com algum problema. Ora, francamente!

O silêncio nos assusta porque retumba no vazio que temos dentro de nós. Quando nada se move nem faz barulho passamos a notar as frestas pelas quais nos espiam coisas incômodas e mal resolvidas. É outro ângulo de nós mesmos, geralmente nem percebido e nada valorizado, algo além de quem paga contas, transa, ganha dinheiro, come, envelhece, e um dia – mas isso é só para os outros – vai morrer!

Essa idéia nos assusta, por isso queremos ruído, ruídos. O silêncio remexe águas paradas, traz à tona e só Deus sabe os nossos desconsertos.

Mas quando aprendemos a gostar um pouco de sossego, descobrimos regiões nem imaginadas, questões fascinantes e não necessariamente ruins, como por exemplo, a experiência que tive quando alguém, hoje com 102 anos de vida, botou a mão no meu ombro de menina e disse-me: - Fica quietinha.. Um momento só, escuta a chuva chegando! E ela chegou intensa e lenta, como nessa madrugada de domingo, tornando tudo singularmente novo. A quietude de domingo pode ser como essa chuva: nela a gente se refaz para voltar mais inteira ao convívio, às tantas frases, às tarefas, aos amores e tudo o que fala além das palavras de todos os textos.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

QUITANDA DA VIDA XLI

Telinha Cavalcanti

Esta é mais uma receita da Perpétua, e mais uma feita no olho. Dá um pirex redondo, tamanho médio. É gostosa quente, é deliciosa gelada. A receita é meio rústica, joga um alecrim, um tomilho, diz que é chique.


Torta de cebola

massa: 
É tipo massa de empadão. Se você tiver sua receita, pode usar :)
3 colheres de margarina gelada
1 1/2 xícara de farinha
1 gema
sal

Amasse bem os ingredientes. Se a massa ficar dura ou seca, acrescentar duas colheres de sopa de água gelada


recheio
200 gr de mussarela picada
2 colheres de azeite
5 cebolas médias picadas
1 gema passada na peneira
sal
1 colher de queijo parmesão

Refogue a cebola no azeite. Quando estiver bem transparente, junte a gema, o sal, o queijo parmesão. Se quiser, uns cubinhos de bacon caem muito bem. Misture com a mussarela picada e leve ao forno médio até dourar. A massa não precisa assar antes.

obs: a receita só leva as gemas. Guarde as claras para um suspiro ;)

imagem: Plurielles

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A guerra em tom menor



  Mary Ann Shaffer e Annie Barrows. A sociedade literária e a torta de casca de batata. Trad. de Léa Viveiros de Castro. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.

Textos sobre o período da segunda guerra, versando sobre o nazismo e seus horrores, quase sempre são muito tristes, às vezes chocantemente dolorosos. Deixam na boca da gente um gosto amargo, e na cabeça uma ideia malsã sobre o mal de que o homem pode ser capaz.
Eis que, ao iniciar a leitura de A sociedade literária e a torta de casca de batata, eu não tinha a menor ideia do que se tratava. Gostei logo de início do humor que permeia o texto e do gênero epistolar de grande leveza. Isso durou enquanto as cartas tratavam de amizade e livros. Sendo a protagonista uma escritora inglesa que inicia sua carreira com algum sucesso, fala-se bastante de seus trabalhos, há trocas entre ela e seu editor e a irmã dele, seus amigos de infância.
Sem choques ou muita surpresa para o leitor, no entanto, as cartas, datadas de 1946, enveredam pelos caminhos da guerra, que já terminara, mas tinha deixado sua marca no território inglês, tanto em Londres como em Guernsey, uma das ilhas do Canal da Mancha, que os alemães invasores não aliviam de seu regime pesado e brutal.
Apesar disso, no entanto, a narrativa prossegue no tom leve e bem humorado do início. Obviamente, se a guerra estivesse ainda em curso, teríamos outro daqueles textos brutais. Mas os episódios a que o livro se refere, alguns bem tristes, são narrados num tom cheio de vivacidade e se referem mais aos valores humanos dos habitantes, dos recursos de que lançam mão para fugir ao terror e das coisas que, vistas a posteriori, ficaram até divertidas, muitas vezes.
As pessoas e suas cartas falam muito mais de amizade e carinho do que de angústia, mesmo quando esta fica subentendida. E até mesmo um oficial a serviço da ideologia nazista se revela um homem bom e delicado, que conquista o coração da personagem mais simpática da história. Há passagens dolorosas, sem dúvida, quando se recordam acontecimentos repressivos e o medo que aterrorizou os ingleses.
Toda a Europa e os demais recantos do mundo, cada qual a seu modo, sofreram perdas e viveram as ameaças de uma mudança para muito pior em suas vidas. Mas o que salva esse livro das trevas é o fato de se restringir a territórios especificamente ingleses, e acima de tudo ter a guerra como passado, com a superação de grande parte de suas marcas, agora apenas uma lembrança dolorosa e indesejável, da qual as pessoas querem se livrar. Já existem condições para recuperar ao menos parte da alegria de viver e do otimismo que caracteriza quase todos os personagens, na maioria gente bem comum, do povo, mas que soube criar algumas condições – e algumas mentiras benfazejas – que os ajudaram a passar pelos anos de treva. Talvez se possa dizer que o texto é todo ele permeado pelo reflexo da vitória dos aliados e da derrota esmagadora que, de certa forma, enterrou aquela fase trágica do mundo. Mesmo a lembrança recente de temores e sustos não teria mais força para esmagar aquela gente corajosa, cheia de vitalidade e pragmatismo.
A sociedade literária e a torta de casca de batata é uma leitura, apesar de tudo, muito agradável, de astral sempre elevado e até, em algumas passagens, bem divertida, que consegue levar o leitor a se afeiçoar a seus personagens. Vale a pena.  

domingo, 21 de agosto de 2011

SENHORA DO TEMPO - DANSE AVEC MOI!


Por Vera Guimarães




imagem dreamstime.com-google

Numa de minhas mais remotas lembranças estou, aos quatro anos, em cima da mesa de ardósia fazendo passos de balé, em ponta, os dedinhos virados para dentro do pé. Onde eu teria visto balé? Na década 1940 ainda não havia televisão nas casas, eu provavelmente ainda não teria ido ao cinema. Devo ter visto algum espetáculo numa escola, ou alguma irmã ou prima tenha trazido a delicadeza de braços e rodopios para minha até ali curta existência.

Ouvíamos muito rádio, cantava-se bastante. Mas acho que nunca vi minha mãe dançando. Meu pai, ao embalar alguma criança, sempre o fazia gingando com gosto. Nas festas na roça, ele se juntava ao batuque e levantava poeira nos pátios e alpendres.

Em casa, mesmo sem vitrola, em algum aniversário se improvisava uma dança. Os jovens passavam a tarde instalando algum aparelho emprestado, selecionando os discos, aqueles pretos, pesados, que só tinham duas músicas, o lado A e o lado B. Ou tinha-se a sorte de haver algum programa de rádio com uma seleção musical dançante.

Numa dessas reuniões, aos sete anos mais ou menos,tirei para dançar um dos convidados, um moço encantador, amigo das irmãs mais velhas. E lá ia eu, segurando na aba do paletó dele. Ai, que vergonha!

Quando comecei a ir ao cinema, tive a sorte de estar no auge a era dos musicais da Metro. Depois de cada Fred Astaire, cada Ginger Rogers ou Leslie Caron, as amigas e eu passávamos algum tempo tentando repetir os passos cheios de graça e leveza que víamos na tela. E ia eu cedinho para a escola fazendo, entre o passeio e a rua, alguns dos passos de Gene Kelly em Cantando na Chuva.


Aos 13 ou 14 anos, comecei a frequentar festinhas de aniversário em que havia dança, e depois as horas-dançantes, reuniões em que o propósito era mesmo dançar. E dançávamos ao som de Waldir Calmon, Trio Iraquitan, Jean Paques et sa Musique Douce...      

O protocolo era meninas pra cá, meninos pra lá. E o rapaz devia vir convidar a menina para a dança. Acho que um dos maiores motivos de eu nunca ter querido ser homem está nessa possibilidade horrenda de levar um não nessa hora. Olha, é preciso muita coragem para um rapazinho atravessar o salão, debaixo do olhar dos amigos, e abordar uma garota.E havia meninas que recusavam o convite. Exatamente assim:


Combinávamos entre nós, as amigas, estratégias para nos livrarmos de parceiros indesejáveis, aqueles que fossem mais feios que o aceitável, que dançassem mal, que tivessem mau hálito, aqueles inconvenientes que apertassem a parceira além da decência, ou além da querência dela.
Havia um calendário de bailes: aniversário do clube, Baile da Primavera, os bailes de formatura. Além desses, provocava expectativa na moçada o anúncio da vinda de alguma orquestra grande, tipo Cassino de Sevilha, em atividade até hoje.

1954 - Apresentação da Orquestra de Espetáculo Casino de Sevilla, em Laguna - Clube Blondin


Orquestra Casino de Sevilha - http://www.lagunista.com/4069/176864.html



Os bailes aconteciam no salão nobre do principal grupo escolar da cidade, na sede social de clubes de futebol e, no caso dessas grandes orquestras, até no salão de concessionárias de veículos ou no galpão de oficinas mecânicas. O salão da Ford tinha um lindo piso de cerâmica vermelha, bem dançável, mas o da Auto-Mecânica, cimentão grosso, deixava a desejar. Mesmo assim, tudo era festa.


Eu me lembro com especial enlevo do salão de baile na sede social do Democrata Futebol Clube. Era uma casa de esquina, com varandas em arco, pilastras bojudas, toda a construção em branco e vermelho, as cores do clube.
Entrávamos por um portãozinho num murinho baixo (Sem grades? Configuração impensável hoje.), subíamos uns quatro degraus, que pareciam majestosa escadaria, e estávamos na varanda, que fazia um L e se prolongava pela fachada da direita. Entrávamos no hall, nas laterais os toaletes, à esquerda a escada que conduzia ao balcão onde ficava a orquestra e de repente estávamos no salão. Ao fundo, o bar, nas laterais, as mesas. No centro de tudo, o salão, cenário de tanto divertimento, tantas aflições, tantos flirts, tantos rompimentos, tanto encantamento, tantas decepções.


Sim, nos bailes, nas danças, nas recusas de danças, na permanência com o mesmo par, ou na rapidez na dispensa dele (“Com licença, F. está me chamando!”) desenrolavam-se os dramas dos amores jovens. Danças davam recados. Criavam laços. Desfaziam nós. Consolidavam afetos.








O cinema soube traduzir com danças alguns desses momentos memoráveis, momentos nos quais as palavras são inúteis, ou dispensáveis, ou supérfluas. Estas são algumas das minhas cenas preferidas:
- em HOPE FLOATS,   , o personagem de Harry Connick Jr consegue com insistência e uma dança fazer com que a personagem de Sandra Bullock toque a vida depois de uma decepção fenomenal.

- em SUMMER OF ’42
 , auge da II Guerra, a protagonista enfrenta a perda indizível numa dança com o adolescente que a venera.

- em PICNIC , os personagens de William Holden e Kim Novak  definem os rumos da trama (e de suas vidas) ao som de Moonglow




E você, querido leitor, quais são suas melhores cenas de dança?

Depois que parti para a vida universitária, de trabalho, depois casamento, pouco dancei.
Hoje, precisada de um exercício aeróbico, não conseguia uma atividade que me agradasse. Caminhar, correr, nadar, andar de bicicleta, não. Nada me agradava. Até que descobri o
dancercise (dança + exercise), onde, três vezes por semana, na companhia de outras jovens como eu, me acabo, feliz, dançando como se não houvesse amanhã e como se não tivesse ninguém olhando.

sábado, 20 de agosto de 2011

FREDZILA - TOQUIANOS

Carlos Frederico Abreu


Como disse no post sobre o metrô, os habitantes de Tóquio não são japoneses comuns.

Se você tem a (in)felicidade de morar em uma grande cidade, seja ela qual for, então muito provavelmente você não vai se surpreender com os modos de um toquiano, pois em tudo eles se parecem com um morador de qualquer cidade grande.

No caso específico dos japoneses, esqueçam as boas maneiras, a cortesia, a simpatia, a gentileza e a educação característica deste país.

Em Tóquio a coisa muda de figura.

Um exemplo disso se deu comigo em um kombini (loja de conveniência - o nome kombini vem do inglês convenience store).

No Japão a menor nota é de mil ienes e quase sempre, ao realizar uma compra, recebemos muitas moedas de troco. Então é comum juntarmos algumas toneladas de moedas com o passar do tempo. Uma forma de se ver livre delas é fazer compras em um kombini. Basta colocá-las (todas elas) sobre o balcão na hora de pagar, e o atendente com uma agilidade impressionante, separa as suas moedas, pegando somente o valor da compra.



É muito prático e em duas ou três visitas ao kombini, você liquida as danadinhas.

Bem… menos em Tóquio.

Entrei em uma Family Mart, fiz as compras e na hora de pagar, deitei uma mão cheia de moedas sobre o balcão. O atendente olhou para mim, olhou para as moedas, para mim e para o lado, então olhou o teto, o chão, e nada…  Entendi que ele esperava que eu fizesse o ‘serviço sujo’. Separei as moedas eu mesmo e as empurrei em sua direção. Só aí ele se dignou a recebê-las.




Estranhei aquele comportamento e resolvi tirar minha dúvida nos dias seguintes em outros kombinis. Foi a mesma coisa em um 7-Eleven e depois em um Lawsons.

Mas não para por aí, é claro. Os toquianos falam alto em público, fumam onde não se pode fumar, jogam lixo no chão, não respeitam preferência, não trocam sorrisos nem pedem desculpas ao esbarrar com você.

Pois é. Deve ser por isso que quando em Tóquio, eu me sinto em casa!

84, CHARING CROSS, Charles Baudelaire e suas viagens



                                                   Charles Baudelaire(google)




Existem mil formas de viajar. De navio, de trem, de avião, na droga, o que inclui remédios tarja preta, nos livros e na música. etc...
Baudelaire, poeta Charles, comentava em seu livro "Paraísos Artificiais" sobre a mania do pensador, poeta, novelista e jornalista Theophile de Gautier viajar no ópio e no haxixe para escrever. Comentava à nível do maldizer, enquanto ele, Baudelaire, também as consumia.


A obra teria sido influenciada por Thomas de Quincey, em seu livro de 1822, Memórias de um comedor de Ópio".
Em "Paraísos Artificiais", Baudelaire narra suas experiências enquanto usava drogas. Escreve também em Intimate Journal um tipo de jornal/poema " Mon Coeur Mis à nu" onde confabula sobre vários assuntos, política, mulheres, prazer, fortuna e muito mais.
"Mon coeur mis à nu fait partie des journaux intimes de Baudelaire, comme les trois autres recueils de notes : Fusées,Hygiène, et Carnet (seul ce dernier répondant à la définition classique du journal intime, en particulier par sa composition chronologique)."
La publication fut posthume, en 1887. (Carta de Charles Baudelaire a sua mãe em primeiro de abril de 1861): Meu coração posto à nú, faz parte dos jornais íntimos de Baudelaire, assim como três outras anotações recolhidas nos livros : Fusées, Hygiène e Carnet ( e que correspondem a esta definição por sua composição cronológica. Publicação póstuma." (se a tradução estiver incorreta podem reclamar comigo.)


Neste livro , como em todos os outros, ele viaja e viaja. E a que mais me fascina é a do poema "L'invitation au voyage" / "O convite à viagem": trad. de Ivan Junqueira


Mon enfant, ma soeur,
Songe à la douceur
D'aller là-bas vivre ensemble!
Aimer à loisir,
Aimer et mourir
Au pays qui te ressemble!
Les soleils mouillés
De ces ciels brouillés
Pour mon esprit ont les charmes
Si mystérieux
De tes traîtres yeux,
Brillant à travers leurs larmes.


Là, tout n'est qu'ordre et beauté,
Luxe, calme et volupté.


Des meubles luisants,
Polis par les ans,
Décoreraient notre chambre;
Les plus rares fleurs
Mêlant leurs odeurs
Aux vagues senteurs de l'ambre,
Les riches plafonds,
Les miroirs profonds,
La splendeur orientale,
Tout y parlerait
À l'âme en secret
Sa douce langue natale.


Là, tout n'est qu'ordre et beauté,
Luxe, calme et volupté.


Vois sur ces canaux
Dormir ces vaisseaux
Dont l'humeur est vagabonde;
C'est pour assouvir
Ton moindre désir
Qu'ils viennent du bout du monde.
— Les soleils couchants
Revêtent les champs,
Les canaux, la ville entière,
D'hyacinthe et d'or;
Le monde s'endort
Dans une chaude lumière.


Là, tout n'est qu'ordre et beauté,
Luxe, calme et volupté.


O convite à viagem


Minha doce irmã,
Pensa na manhã
Em que iremos, numa viagem,
Amar a valer,
Amar e morrer
No país que é a tua imagem!
Os sóis orvalhados
Desses céus nublados
Para mim guardam o encanto
Misterioso e cruel
De teu olho infiel
Brilhando através do pranto.


Lá, tudo é paz e rigor,
Luxo, beleza e langor.


Os móveis polidos,
Pelos tempos idos,
Decorariam o ambiente;
As mais raras flores
Misturando odores
A um âmbar fluido e envolvente,
Tetos inauditos,
Cristais infinitos,
Toda uma pompa oriental,
Tudo aí à alma
Falaria em calma
Seu doce idioma natal.


Lá, tudo é paz e rigor,
Luxo, beleza e langor.


Vê sobre os canais
Dormir junto aos cais
Barcos de humor vagabundo;
É para atender
Teu menor prazer
Que eles vêm do fim do mundo.
- Os sangüíneos poentes
Banham as vertentes,
Os canis, toda a cidade,
E em seu ouro os tece;
O mundo adormece
Na tépida luz que o invade.


Lá, tudo é paz e rigor,
Luxo, beleza e langor.


Convite à viagem, cantado por Léo Ferré



Ao ler ou ouvir este poema sinto-me nos canais de Veneza ou até mesmo no ribeirão da Glória, que corre atr[as cá de casa,e que est[a quase seco porque n'ao chove, num langor profundo, semi adormecida com volúpia vagabunda deitada no fundo de um barco que vaga ao sabor das águas.




Baudelaire - L'Invitation au Voyage récité par Pierre Bohé



Dito por Adriaan Blomme com Música de Parelvissers.



O que mais gosto é este com Jessie Norman
Soprano: Jessye Norman
Piano: Elisabeth Cooper
Musica: Henri Duparc (1848-1933)



Por sua vez, Aldous Huxley em seu livro “As Portas da Perecepção. O Céu e o Inferno” detalha suas experiências alucinatórias de quando usou mescalina. O título do livro vem citação do poeta William Blake:"If the doors of perception were cleansed everything would appear to man as it is, infinite." "Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito." Ent'ao ele afirma que o ser humano filtra suas experiências com a realidade o que o uso da droga elimina, pelo contrário, amplia.


Noutro dia, na mesa do Bar Avenida, Fernando, Garcia, Angela e eu conversávamos sobre experiências com LSD, ácido ligérgico. Garcia e Angela fizarem umas tantas viagens ao nordeste do Brasil, durante a décade de 70/80, época do flower and Power, usando LSD e contaram da ampliação da percepção que, no entanto, não prejudicava a encontrar os caminhos a serem seguidos.

Para eles esta viagem vem cheia de boas recordações. Eu, desejei experimentar também. O medo grande pedi auxilia de um analista que freqüentava e ele permitiu que eu fizesse três viagens das quais trago uma triste lembrança. A percepção realmente foi aumentada, mas meus fantasmas interiores- havia saído da prisão política havia pouco tempo- eram tão intensos que delas  só lembro de uma cena mais amena: eu estava dentro de uma taça de tamanho desproporcional, que subia acima das nuvens, fina, transparente, profundamente frágil, comigo encolhida num canto, em posição fetal e, em volta da taça o reflexo era de um vermelho intenso. Os sons eram aterradores, o ar queimava meu rosto, ainda bem que surgindo do meio do nada, minha avó paterna sentou-se a meu lado, de cenho franzido, mas disposta a esperar que eu retornasse ao normal. Durante um tempo o mundo ganhou dimensão ampliada, os ruídos possuíam cores e doíam. As cores eram saturadas e as vozes, ah, as vozes, soavam como trombetas em meus ouvidos.
Até pensei: será que os profetas que a Bíblia nos narra usavem de algum alucinógeno para que pudessem ver Deus? Creio que sim.


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

BUDY BOLDEN´S BLUES




Por Esther Lucio Bittencourt


                                                                   Buddy Bolden


Buddy Boilden

Começo com Jelly Roll Morton cantando de tocando Buddy Bolden's Blues. Porque , simplesmente, não há discografia do Buddy Bolden, ele não deixou registro fonográfico. Dele só restou uma foto desfocada e lembranças de amigos e conhecidos.

Philip Michael Ondaatje, nascido no Siri Lanka, no Ceilão, é um escritor naturalizado canadense, que mora em Londres e escreveu o livro que se tornou filme: O Paciente Inglês. Mas dentre todos os seus livros, inclusive o Bandeiras Pálidas prefiro o Budy Bolden´s Blues, onde ele conta a história deste blueman de Nem Orleans, Louisiana que tocou um ragtime mais lento, com pitadas de blues, acabou louco e, segundo Ondaatje, em seu livro, morreu em um carnaval de New Orleans soprando sangue pelo cornetim, instrumento que foi substituído nas bandas de jazz pelo trumpete.

Buddy , que na passagem para o século XX- 1876-1931- tocava nos prostíbulos de Nova Orleans, em desfiles de bandas pela cidade, além de ser Barbeiro e editor de um jornal de fofocas, enlouqueceu aos 31 anos e foi confinado a um hospício pelo resto de sua vida. Formou sua primeira banda em 1895 e tocava música para dançar, o ragtime. Consta que fez uma gravação , ainda no tempo dos cilindros, mas o mesmo nunca foi encontrado.

“Edison construiu, então, com completo êxito, o primeiro armazenador de som da história - o fonógrafo. O aparelho empregava uma folha de estanho presa a um cilindro, o qual era impressionado por uma agulha movida por um diafragma de mica, seguindo os princípios de Martinville. Assim aconteceu: Em Nova Jérsei, mais precisamente em Menlo Park, no ano de 1877, nasceu a primeira máquina falante que realmente funcionava: o Tin-Foil Phonograph. A primeira gravação do mundo foi um poema, intitulado Mary had a little lamb, recitado pelo próprio Edison.” in tempo música



Em 2005 Ondaatje esteve no Brasil, em Parati visitando a Feira Internacional de Livros. O que me fascina em seu livro é o compasso em que foi escrito: como um jazz. Eu o li como se estivesse transportada para as ruas antigas de nova Orleans ouvindo as variações do Buddy em suas música, que Ondaatje usou para escrever seu livro. O livro foi escrito para se ouvir com os olhos.

Como se sabe sobre Buddy? Pelas histórias contadas e pelas influências que exerceu sobre outros jazzistas. Louis Armstrong, as nega. Um dos únicos a negar esta influência , dizendo que ele tocava muito alto e forte o cornetim. Já Wintom Marsalli, trumpetista , aceita que foi influenciado por ele. Gravou vários volumes da música de Mr. Jelly Lord (Roll Morton) que dedicou-se a seguir o trabalho de Budy Bolden.


Winton Marsallis-Autumn Leaves

Winton em Portrait of Louis Armstrong


partitura de Buddy com arranjo de Will Fly







Ondaatge não escreve uma biografia, mas um romance, quente, sensual e terno onde as mulheres de Buddy são descritas vivamente. Buddy bebia em excesso, drogava-se em demasia, abusava da força se seus pulmões doentes ao soprar seu cornetim, amava com intensidade e enlouqueceu. Ondaatje interpretou sua música nas letras com que compôs o livro que nos conta dele e que me inspirou a chegar a esta pintura.






Terminamos com Wynton Marsallis e a soprano Kathllen Batlle em dueto barroco, numa ária de Jauchzet Gott - Cantata BWV51.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

RIO, VOCÊ FOI FEITO PRÁ MIM - O QUE FAZER NO RIO EM TÃO POUCO TEMPO?

Gilvania Ferreira

Uma das perguntas q eu mais me fazem sobre o Rio é: como aproveitar o que a cidade tem a oferecer durante uma viagem de poucos dias? Geralmente, a resposta depende, por assim dizer, do freguês. Se você não quer deixar passar aquela promoção de três dias e duas noites que uma agência divulgou nos jornais ou em um colorido panfleto que lhe chamou atenção, não se preocupe. Os professores de Matemática (e eu não ia perder a oportunidade rara de citar algo que aprendi em Matemática, né? Ou seria Física?) já diziam que a relação desses dois fatores é inversamente proporcional.

Em outras palavras, meus amigos, sua alegria seria imensa enquanto ou apesar de seu tempo ser curto. Obviamente, você precisará visitar os dois principais ícones da Cidade Maravilhosa: o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar. Minha sugestão é você os dois em um mesmo dia. 

Se sua viagem é em um final de semana, acredite-me: você não se estressará com o trânsito do Rio, mas as chances de pegar filas maiores são grandes. Palavra de quem já fez isso algumas vezes nos últimos 12 anos: dê preferência em subir logo o trenzinho do Corcovado (www.corcovado.com.br). Primeiro porque ele encerra suas atividades mais cedo (lá funciona das 8h30 às 19h), segundo porque sua espera pode ser bem maior para conseguir um lugar. 

A sub ida dos 709m do Morro do Corcovado dura em torno de 15 minutos, mas com a cidade se descortinando bem ali na sua frente, a última coisa que você vai pensar é em fazer a descida de volta. Cá pra nós, eu fico pelo menos umas duas horas lá em cima admirando a bela vista de um dos lugares mais bonitos deste planeta.

Cristo Redentor
Depois de se deliciar com a beleza que, como diz Chico Buarque, “quase arromba a retina”, você pode fazer uma parada para almoçar no caminho para o Pão de Açúcar. Eu sugeriria que isso fosse na Urca, o bairro localizado aos pés da atração. Além de estar pertíssimo do seu destino, ainda é uma ótima oportunidade de conhecer um bairro do Rio completamente diferente das badaladas Copacabana e Ipanema, por exemplo. Com apenas 12 ruas, a Urca é o bairro onde moram famosos como Marisa Monte e o rei Roberto Carlos. E melhor: ainda fica de frente para a majestosa Baía de Guanabara.

 Cristo Redentor visto da Urca

De lá para o Pão de Açúcar, uma curta caminhada lhe deixa na estação da Praia Vermelha de onde sobem os famosos bondinhos (www.bondinho.com.br). A visão que você terá – seja do Morro da Urca (a 220m de altura) ou do Pão de Açúcar (aquele mais alto, a 396m) é, basicamente, o oposto do que você viu no Cristo Redentor, já que os dois monumentos do Rio ficam “em frente” ao outro.

 Pão de Açúcar

O funcionamento do Pão de Açúcar é até às 20h (para venda das entradas na bilheteria, ou seja, para você subir), o que facilita até para quem vai ao Rio apenas a trabalho e vai passar apenas um dia lá e voltar no outro. Só se lembre que quando a noite chega, a visão do mar que você teria do alto da atração turística nada mais é que um imenso breu (ou seja, concentre-se em se embasbacar com as luzes da cidade. Aqui, cabem outras duas dicas: o por do sol lá de cima é lindo! Se puder chegar perto do final da tarde, fique por lá mais um pouco e veja a beleza que é a cidade começando a se iluminar com os últimos traços do dia indo embora. 

Se preferir, desça e vá fazer um outro programa que eu, particularmente, amo e sempre faço quando estou no Rio (e é gratuito): admirar o pôr do sol lá das pedras do Arpoador. Chegue por volta das 17h, sente e apenas se deslumbre. 

 pôr do sol no Arpoador

Aproveite e termine seu dia em um dos muitos bares ou restaurantes de Ipanema. Mas, se quiser um lugar mais sossegado para jantar, a pedida é o Café do Forte (http://www.confeitariacolombo.com.br/site/cafe-do-forte/) – espécie de filial da famosa Confeitaria Colombo – no Forte de Copacabana. Mas lembre-se: lá só funciona até às 20h e, aos domingos, costuma lotar. De dia ou de noite, Copacabana vista de lá parece ainda mais bonita!

Copacabana vista do Café do Forte

Se você conseguiu fazer tudo isso em um dia só mesmo, parabéns! Você já pode dizer que visitou o Rio, já que conheceu seus dois principais pontos turísticos. Que tal, então, no dia seguinte, andar de barca?

Não conheço uma pessoa para a qual recomendei esse passeio que tenha desgostado. Em outros tempos, as  Barcas (www.barcas-sa.com.br), administradora do serviço, ofereciam até um passeio pela Baía da Guanabara, com duração de duas horas, todos os domingos, às 10h. Hoje, ele não mais existe. Infelizmente, porque era uma ótima e barata oportunidade de ver o Rio de um outro ângulo. Mas não é por isso que você vai ficar a ver navios, não é?

Vá até a Estação das Barcas, na Praça XV, e embarque em uma para Niterói. Ou Charitas. Ou até mesmo Paquetá. Para Niterói e Charitas, a travessia é curta (20 minutos). Para Paquetá, dura 70 minutos. Só fique atento aos horários. Durante o final de semana, os intervalos entre as saídas é maior, especialmente para Paquetá (e não há embarque para Charitas). Portanto, fique atento para não desperdiçar algo tão escasso na sua viagem: seu tempo.

Recomendo o passeio de barca, mesmo que seja apenas pelo prazer de fazer a travessia. Na volta, que tal conhecer a Lagoa Rodrigo de Freitas? Além de ser um dos mais conhecidos cartões postais da cidade, a Lagoa é um ótimo lugar para quem viaja com criança e, ainda por cima, fica perto do centenário Jardim Botânico (http://www.jbrj.gov.br/) e do Parque Lage (http://www.eavparquelage.rj.gov.br/). Se preferir, você pode inverter a ordem desses passeios.

 Jardim Botânico

Tudo o que citamos aqui funciona de domingo a domingo e é a céu aberto. Então, torça por um lindo dia de sol e uma bela noite estrelada. Sua viagem será ainda melhor! Aproveite!