.....No dia seguinte, por volta das onze horas chegaríamos à Foz do Iguaçu. Estávamos a 50 quilômetros da cidade localizada no extremo oeste do Estado do Paraná, com uma população de 260 mil habitantes e que tem no turismo e comércio suas principais divisas. Iguaçu, em tupi-guarani, significa "água grande". Ocupa uma área de 433,3 km² e está situada na divisa entre Brasil, Argentina e Paraguai, formando um delta na união dos Rios Paraná e Iguaçu.
E chegamos, quase às 13 horas, pois vimos um arado gigantesco estacionado num posto de gasolina e fomos admirá-lo.
Eu, na minha ingenuidade e prepotência , acreditava que somente em Minas Gerais tudo era gigantesco, como escarlatina, gripe, pragas de lavoura, cachoeiras, buritizais, terra vermelha, grotões, o próprio território do estado, fiquei admirada com o trator enquanto Regina ia no bar bem furreco do posto beber água. Fui também e a conversa com os moradores locais estava animada. O trator estava ali para lubrificação e eles comemoravam o fim de semana. Cada um gabou sua lavoura, pequenos proprietários, que plantavam couve, alho, cebola, abóbora, almeirão, estas coisas.
A sopa que tomamos na véspera foi feita na hora, alguns legumes e macarrão cabelinho de anjo. Nunca provei de sopa tão saborosa. Após a sopa nos serviram o mesmo macarrão que engrossara a sopa, no alho e óleo. Afinal era tarde da noite e o pessoal do hotelzinho não esperava por nenhum freguês. Por fim, nos serviram um cha de erva cidreira que calou fundo na alma do estômago.
Em seguida banho e cama. O dia seguinte prometia mais estrada e encontro prazeroso.
Seguimos para Foz onde minha sobrinha Jaqueline nos esperava para almoçar. A estrada, apesar do cheiro de monóxido de carbono , em alguns momentos ficava repleta de odores que muitas vezes não consegui identificar, quase como o causado pela chuva que vem lá longe trazendo cheiro de ervas e terra molhada. Isto nas raras vezes em que abrimos o vidro da janela pois o calor estava intenso e o ar frio do carro não era suficiente , muitas vezes; suávamos muito. O azul do céu deslumbrava e nuvens, de formatos variados, navegavam suavemente. Mas o calor era fortíssimo.
Vimos capivaras, preás, vários animais pelo caminho. Parávamos para fotografar. Por isto foi o trecho mais longo da viagem.
Então, não pegávamos tantos caminhões, íamos mais tranqüilas, em estradas, muitas vezes vazias o que nos permitia apreciar mais a paisagem e parar.
Ver extensas plantações onde o arado fizera desenhos interessantes que lembravam o filme Sinais, de ficção científica, estrelado por Mel Gibson.
Um lago mal entrevisto na paisagem, árvores perfeitamente enquadradas nas plantações que me fizeram pensar no enquadramento das câmeras fotográficas quando basta clicar a natureza onde a perspectiva está sempre exata.
Regina contava sobre a visão que teve ainda jovem, de Shiva, deus Hindu, que é visto como o destruidor, o que destrói para conseguir o novo, a transformação, e como esta visão influenciou sua vida. Contou do seu tempo de teatro e sobre seus seis maridos. Ela aguarda a vinda do sétimo.
Conversa é o que não nos faltava.
Faltava era chegar. E nesta última etapa seguíamos como tartarugas, por mais que o Berlingo corresse, dentro dos limites legais, é claro.
Cansaço não sentíamos. A alma estava leve. Um pouco de fome começava a incomodar mas, tan-tan-ran-ran, Jaqueline estava logo ali na esquina nos esperando. Enfim, Foz do Iguaçu era realidade.