quarta-feira, 18 de maio de 2011

CAMINHOS DA LITERATURA E DA PALAVRA

Mais um espaço para debate literário é aberto no Rio de Janeiro

Projeto "Oi Cabeça" será realizado entre maio e dezembro, no Oi Futuro, no Flamengo, no Rio de Janeiro

Com curadoria de Heloisa Buarque de Holanda e Cristiane Costa e com o objetivo de discutir os novos caminhos da literatura e da palavra, o projeto Oi Cabeça dá início hoje, no Rio de Janeiro, a uma série de encontros mensais que serão realizados até dezembro no Oi Futuro do Flamengo (Rua Dois de Dezembro, 63 - Flamengo. Rio de Janeiro/RJ. Tel.: 21 3131-3060). Ao todo, 24 convidados internacionais e nacionais se revezarão nos debates.

Para abrir a programação, foram convidados Nancy Bayam, uma das principais especialistas nos Estados Unidos no fenômeno do fandom, Mauricio Mota, da empresa Alquimistas, e Pedro Carvalho, do Instituto Japão Pop Br. A palestra "O fim da crítica e o auge dos fãs" acontece hoje, às 19h30, e a entrada é gratuita.

do blog de tamy itsumo otome.

(Fandom é o material artístico “amador” e não-oficial feito pelos fãs, sendo dividido em fanfics (histórias fictícias), fanarts (desenhos artísticos) ou doujinshis/fanzines (revistas em quadrinhos).
Também pode ser chamado por Fandom os fãs que traduzem mangás e divulgam na internet, mas o termo é pouco utilizado e quase sempre está relacionado a fansubbers (os fãs que traduzem animes e colocam na internet).)
"Fandom é um termo pouco conhecido no Brasil, porém existem muitos e muitos fandom por aqui. Fandom são grupos semelhantes aos fansubbers, porém ao invés de animes eles traduzem mangás e distribuem gratuitamente na internet. É, erroneamente, muito conhecido como fansubber; ultimamente este termo vem sendo pouco usado, já que a maioria dos fansubbers também assumem o papel de fandom, em que traduzem (legendam) tanto animes como mangás. Atualmente muitos pequenos grupos de fãs têm tentado formar um fandom/fansubber, já que o acesso aos programas e à internet está bastante fácil."do blog de tamy itsumo otome.


Oi Cabeça pretende abrir um espaço importante no debate intelectual brasileiro a partir de perguntas como: para onde vai a literatura? Estamos assistindo o fim da lógica linear de leitura do livro impresso? A arte de narrar será contaminada pela interatividade dos games e pelo apelo da multimídia? E a crítica, onde se coloca num universo estruturalmente participativo? Essas ansiedades alimentam, ainda de forma subliminar, a questão sobre os futuros possíveis da literatura criada a partir da revolução de Gutenberg. "Uma única coisa é certa: com os e-readers estamos experimentando um momento bem próximo de um corte paradigmático como aquele vivido no século 15, quando as impressoras tomaram o lugar dos manuscritos", ressalta Heloísa Buarque.

Oi Cabeça propõe, como um primeiro enfrentamento, uma imersão nas infinitas possibilidades e perspectivas das narrativas transmidiáticas, da amplificação da expressão poética, das convergências possíveis das práticas com a palavra, da transformação do papel do autor e, principalmente, do leitor, do novo lugar da literatura impressa, bem como uma investigação no ambiente da web enquanto um laboratório experimental de uma nova literatura expandida que inclui das fanfictions aos games e à realidade aumentada. "Mas até onde pode ir a literatura antes de se tornar uma nova arte, baseada em um novo suporte?", questiona a própria idealizadora do evento, Cristiane Costa.

Programação

O fim da crítica e o auge dos fãs l- 18 de maio, às 19h30
Nancy Baym -Ex-presidente da Association of Internet Researchers e professora da Universidade do Kansas. Nancy é uma das principais especialistas nos Estados Unidos no fenômeno do fandom, que vai do cosplay às fanfictions, e assina o site fandon online. É autora de Personal connections in the Digital Age e Tune in, log on: soap, fandom e on-line community.

Mauricio Mota -Chief Storytellig Officer - Os Alquimistas, uma empresa global de transmedia storytelling que cria, descobre e gerencia histórias para pessoas, marcas e instituições em qualquer plataforma para assim construir relacionamentos perenes com públicos de interesse e gerar fãs. Mauricio lidera na empresa o time responsável pelas narrativas transmídia para clientes como Coca-Cola, Petrobras, TV Globo e Elle Magazine.

Pedro Carvalho - Instituto Japão Pop Br. Produtor Cultural há 10 anos, especialista em cultura pop japonesa e precursor do movimento no estado do Rio de Janeiro, realizou mais de 150 encontros de animes, mangás e games. Criador do evento Rio Anime Club, feira de comportamento jovem e globalizado, com público recorde de 40 mil expectadores/ano. Fundou em conjunto com o Consulado do Japão no Rio de Janeiro o Instituto Japão Pop Br, primeira instituição sem fins lucrativos a divulgar a cultura pop japonesa na America Latina através de projetos com enfoque na área de cultura, educação e entretenimento.

Novos espaços para a literatura l- 22 de junho, às 19h30
Scott Lindenbaum - Electric Literature. Um dos jovens fundadores da revista Electric Literature, dedicada à publicação de contos de autores consagrados e iniciantes. Saudada como uma revolução entre as revistas literárias nos Estados Unidos, a electric literature desenvolveu multiplataformas, para ser lida em iPad, Kindle, no site e impressa sob demanda em qualquer lugar do mundo. A iniciativa levou à criação da Electric Publisher, que transforma livros e revistas em aplicativos para iPad.

Paulo Werneck -Editor do caderno Ilustríssima da Folha de S.Paulo

Sérgio Rodrigues - Editor do Blog Todo Prosa da revista Veja

Realidade aumentada l- 20 de julho, às 19h30
Daniel Gelder - Vice-presidente da Metaio, a principal empresa do mundo no desenvolvimento de livros que fazem uso de realidade aumentada

Rogério da Costa - Coordenador do Laboratório de Estudos em Inteligência Coletiva e Biopolíticas da PUC em São Paulo

Rumos da cibercultura l- 27 de agosto, às 10h30
Pierre Levy - Um dos mais proeminentes pensadores da atualidade. Cibercultura, hipertexto e mídias digitais são alguns dos temas abordados de forma pioneira pelo professor da Universidade de Quebec, entusiasta das possibilidades cognitivas da Internet. Lévy foi quem propôs o conceito de "inteligência coletiva" no começo dos anos 90, quando a internet comercial ainda engatinhava. É autor de clássicos como Cibercultura e O que é o virtual?

Literatura expandida l- 21 de setembro, às 19h30
Janet Murray Ex-diretora do Georgia Tech's Masters and PhD Program in Digital Media. É autora de Hamlet no Holodeck: o futuro da narrativa no ciberespaço, publicado em vários países, inclusive no Brasil. Atualmente escreve um livro para o MIT Press, Inventing the Medium: A Principled Approach to Interactive Design e dirige o Experimental Television Laboratory, que faz experiências para ABC e MTV. É Ph.D em English por Harvard e foi professora do MIT.

Livro Hamlet no Holodeck

Cristiane Costa Doutora em Comunicação e Cultura pela ECO-UFRJ, onde coordena o curso de Jornalismo. É pesquisadora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea, onde desenvolve estudo sobre novas estratégias narrativas em mídias digitais, com apoio da Faperj e do Programa Itaú Cultural. Foi editora do Caderno Ideias, o suplemento literário do Jornal do Brasil, e do Portal Literal.

Os novos gêneros e-literários l- 19 de outubro, às 19h30
Robert Coover - Professor do Literary Arts Program da Brown University, onde oferece cursos experimentais em hipertexto e narrativa multimídia, e fundador da ELO, Eletronic Literature Organization. Seu ensaio sobre hipertexto na New York Times Book Review, "The End of Books," em 1992, foi um marco no assunto

Giselle Beiguelman - O livro depois do livro

Personagens, estratégias narrativas e engajamento nos games l- 16 de novembro, às 19h30
Ian Bogost - Videogame designer, crítico e pesquisador. Professor do Geórgia Institute of Technology e fundador da Persuasive Games, dedicada ao uso social e político dos games. É autor de Unit Operations: An Approach to Videogame Criticism, Persuasive Games: The Expressive Power of Videogames e Newsgames: Journalism at Play. É formado em Philosophy and Comparative literature pela Universidade da California e Ph.D. em Comparative Literature pela UCLA

Arthur Protasio - Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV-RJ