quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

DIÁRIO DE UMA ADOLESCENTE. SÓ QUERO VOCÊ, COMPUTADOR.


Por  Bianca Monteiro


Sim, é isso mesmo. Com o avanço da tecnologia e a consequente popularização dos computadores, hoje estes são encontrados em praticamente todas as casas, às vezes até mais numerosos que os próprios membros das famílias. E vêm ganhando cada vez mais intimidade com as pessoas, que passam a perder seu tempo nesse tipo de entretenimento, eu diria até um pouco vazio. Mas sou suspeita para opinar já que há quase 6 anos praticamente não faço outra coisa.
  

Um vício, talvez mais que isso. O pior é que no começo era falta de opção, não havia nada mais interessante pra fazer… Em compensação hoje dispenso todas as minhas responsabilidades por ele. A falta de opção de antes passou a ser a minha opção de agora. Ben(mal?)dito computador. Preencheu meu tédio, mas com ele levou meus dias também. Se eu que nasci no auge dessas mudanças já sou desse jeito, temo um pouco pelas gerações futuras. Talvez assim como eu eles também não tenham nada pra contar além do desenvolvimento e atualizações nas redes sociais através dos anos, ou como amizades são perdidas ou renovadas por elas… Quais eram os assuntos de cada fase, as gírias específicas (hoje “memes”), as piadas que ainda eram novas o suficiente pra ter graça, as subcelebridades virtuais, quem merecia ou não ser admirado. Falando assim parece que faz tanto tempo! A moda que era ter Fotolog e Flogão até 2007, a popularidade do MySpace, aquele Twitter de 2009 que parecia novidade, a época em que todos tinham fakes no Orkut e viviam personagens, o surgimento do Formspring, do Three Words, daquele tal de Hello que era chato, a “blogosfera” crescendo cada vez mais, o Flavors.me, o pratíco e completamente útil MeAdiciona, a popularização do Facebook após o filme “A Rede Social”, o Flickr, WeHeartIt, Last.Fm, Skoob, Filmow… E estas são só as minhas favoritas e que uso constamente. São tantas outras que mal posso enumerar ou me lembrar de todas. Claro, não podia me esquecer da principal: o Tumblr. Ah, o Tumblr! No começo, era só um tipo de blog pouco conhecido, e assim, preservado pelos usuários como um outro mundo, tipo um guarda-roupa que realmente contivesse Nárnia. A diferença é que copiava do twitter a função de “retwittar”, no caso, “reblogar”, poder postar no seu blog posts alheios que você gostou/concordou/etc. Quase uma revolução. Foi o primeiro blog que consegui manter até os dias de hoje, e onde passei a encarar a escrita com mais seriedade e frequência. Até porque não tem aquela pressão de ter que atualizar, afinal, a infinidade de conteúdos disponíveis a serem reblogados estão lá principalmente quando estiver sem nada a dizer. Uso-o frequentemente, até mesmo pra trabalhar aqui, é onde me sinto livre o suficiente pra rascunhar matérias… (Vida social? O que é isso?????)
 
Já tive tempos piores na vida virtual, sinceramente. Foi quando passei a preferir meus amigos reais apenas virtualmente, e ainda mais que eles, os amigos virtuais (leia-se: as pessoas que seguem minha página do Twitter e leem o que eu posto, ou uma fanfic que escrevi uma vez). Parece ruim, né? Guardar os amigos, as conversas, as lembranças numa “caixinha” inteligente. Mas era muito cômodo. Sou nostálgica, e no computador, ficava tudo registrado com mais fidelidade que minha memória jamais poderia reproduzir. Poderia reviver o tempo todo qualquer coisa que eu quisesse. E alguns desapontamentos com pessoas, a tentativa (inútil, claro) de fugir delas virtualmente acabou me afastando um pouco do vício. O tédio tomou conta de todas as minhas páginas (e não de mim, já que são milhares de coisas pra fazer mas falta vontade) e regularmente me pego sumindo disso. Assim: sumindo do twitter… Pra ainda ficar no computador vendo fotos antigas. Não adianta nada, eu sei. Mas acreditem: é um grande avanço. Pra quem não quer fazer nada fora dele, é sim. Pelo menos agora vejo mais meus amigos, aprendi a ter uma vida independente disso, mas não completamente livre… É a verdade absoluta: não vivo sem esse mal, não faz só parte do meu tempo, mas se tornou parte de quem sou. E vejo que não sou a única, já que todos os jovens andam entrando nessa situação também.