por Egídio La Pasta, Jr
O diretor e artista
plástico Steve McQueen está em cartaz nos cinemas brasileiros com seu segundo
filme, Shame. Resultado de uma pesquisa feita pelo diretor e também com
viciados em sexo como parte da preparação para seu filme – cuja ideia havia
sido apresentada a Michael Fassbender durante as filmagens de Hunger, seu longa
de estreia.
Shame apresenta o
cotidiano de Brendan Sullivan, um executivo bem sucedido, morador de Nova York,
viciado em sexo que vê a sua rotina se alterar ao receber a visita da irmã no
seu apartamento. A presença da moça revela ainda mais a personalidade de
Brendan, que leva sua obsessão ao limite físico, moral e sexual cada vez que
tenta estabelecer algum laço de afeto com a irmã. Quanto mais ele tenta se
aproximar, mais parece se afundar nas relações sexuais. Ao tentar domar sua
natureza, ele parece se complicar ainda mais e parte para uma busca sem
retorno, insatisfatória, exaustiva.
Eu adoraria ouvir a
opinião de um psicólogo sobre o filme e certamente há muito material para se
discutir. Mas discussões à parte é preciso conferir o trabalho de Michael
Fassbender, melhor ator em Veneza e responsável por legitimar o talento do
diretor Steve McQueen e conferir uma encantadora e desconcertante Carey
Mulligan, dona de uma das melhores cenas do ano, ao cantar New York, New York para
o irmão.
Fassbender pode ser visto
também em À Toda Prova, de Steven Soderbergh e Um Método Perigoso, de David
Cronemberg, ambos em cartaz.
Um
Método Perigoso parte da peça "The Talking Cure", de Christopher
Hampton - também corroteirista -, que focaliza o encontro entre o pai da
psicanálise e um de seus mais criativos discípulos, antes que diferenças
inconciliáveis os separassem.
A
narrativa começa com Carl Jung (Michael Fassbender) atuando numa clínica
psiquiátrica em Zurique e encarregando-se do caso de uma jovem paciente
histérica, Sabina Spielrein (Keira Knightley). É um caso complicado e que
requer enorme esforço do médico, descobrindo por trás do caso da moça
evidências de uma história familiar complicada, que acarretou um comportamento
autodestrutivo.
Viggo
Mortensen encarna Freud, o pioneiro da psicanálise que, em Viena, influenciou
diversos profissionais, inclusive Jung. O jovem médico suíço encontra-se com
seu mentor, quarenta anos mais velho, e inicia-se uma ativa troca de
correspondência e experiências.
Aos
poucos, afirmam-se as diferenças entre os dois - não só de idade, classe
social, religião (Freud era judeu, Jung, protestante) e personalidade. E, a
partir de um certo momento, divergem especialmente em sua postura profissional
diante de aspectos cruciais na determinação da psique humana - como a
sexualidade.
É
um belo filme, onde a protagonista absoluta é a palavra.
Vamos ao cinema?