domingo, 29 de abril de 2012

SENHORA DO TEMPO- POR CAUSA DE UMA FOTOGRAFIA

Esther Lucio Bittencourt





Sonja Faria Rosa, mora em Londres, mas passou grande parte de sua dela na cidade mineira onde nasceu; Santos Dumont que fica na zona da mata mineira, a 240 km de Belo Horizonte e 220 km do Rio de Janeiro. É conterrânea de Santos Dumont, considerado o pioneiro da aviação, e Renato Thomaz da Silva, jornalista. Sonja postou algumas fotos no Facebook e pediu aos amigos que reconhecessem os personagens. Uma delas está acima e outra é a de baixo.


Como Renato não usa o Facebook enviei as fotos para ele que me respondeu:
"Numa das fotos, a da turma mais velha, há várias fisionomias familiares, mas identificar com precisão mesmo, só uns quatro (pelo menos até agora).
Vamos lá: À dieita, em pé, de terno claro, bigodinho e sorriso dífícil, está o Dr. Dionísio Auzier Bentes Sobrinho. Lembro-me bem dele porque me operou de garganta e apendicite supurado.

Seguindo em direção ao meio da foto, o terceiro, olhando bem direto para a câmera, é o Ariel Stwilliams, muito amigo do meu pai e que foi prefeito de Santos Dumont, se a memória não me falha (vereador com certeza foi).
Ele tinha um irmão, o Braziel que foi goleiro do Social F.C - acho que o Ariel também foi jogador lá, mas só me lembro de ter visto o Braziel jogar.

Mais para o centro, ainda na turma que está em pé, está, finalmente, o dito Albanese. José Albanese, morava pertinho da minha casa e o irmão dele, Dr. Roberto era vizinho de parede colada.
Ele (Roberto) e a mulher, Dona Dulce, que está viva são padrinhos da Marília.
O filho deles, Bebeto, você deve tê-lo conhecido em Belo Horizonte, pois foi na casa dele que eu fiquei até alugar a casa onde moramos.

Ao lado do Zé Albanese, está o Vicente da Farmácia , com sua mão faltando um dedo, e que deve ter aplicado injeção em mais de metade do povo da cidade.
Atrás do Vicente, está Jaquezinho, filho do seu Jaques Alfaiate.
Jaquezinho era uma das pessoas mais altas da cidade - na foto dá para ver que ele é o mais alto.

Esses eu posso identificar sem hesitação.
Já na turma agachada, vou arriscar, mas é puro chute, identificar uma pessoa: o de óculos grossos, que está à frente do Ariel Stwilliams: para mim, é o Paulinho Fernandes, conhecido como Paulinho da Farmácia.

Como estou arriscando, foi jogar todas as fichas e falar mais um pouquinho dele: era um personagem do carnaval de Santos Dumont, sempre inventando uma fantasia diferente. Eu me lembro de uma em que ele saiu fantasiado de astronauta e fez um corte de cabelo deixando vários tufos espalhados pela cabeça, nos quais passou alguma coisa - talvez Gumex, que é o que se usava na época como fixador - e saiu pela rua acompanhado de uma cachorra que ele tinha - pastor alemão ou collie, não tenho certeza - dizendo que era a Laika, numa referência à cadela que os russos mandaram ao espaço dentro o Sputinik.

Na outra foto, a da jovem guarda, não identifiquei ninguém, embora o rapaz de ôculos que está agachado, no meio da foto, me lembre um pouco o meu irmão. mas não arriscaria a dizer que é ele.

Espero que tenha ajudado um pouco."

 Ao que Sonja replicou: "Hahaha Esther. A que ele nao reconheceu (agachado) e acha que é o irmao dele é ele proprio, reconhecido pelo que me passou a foto e por outras pessoas que identificaram todos...

" Enviei o recado para o Renato e ainda fiz um círculo em torno do rosto da pessoa que poderia ser ele:


A história foi devidamente contada através de um laudo jurídico, já que Renato é também advogado: 

"Esther,

 Sem a menor chance de ser eu naquela foto. E vamos aos argumentos de advogado:

1 - Por mais apagadas que fossem minhas lembranças, fosse eu o personagem em discussão, certamente haveria de reconhecer alguns companheiros da foto. Não se justificaria eu fazer pose para uma foto no meio de um grupo grande de pessoas, onde não identifiquei UM sequer - ao contrário da outra foto, onde identifiquei (e pelo nome) pessoas da geração do meu pai.

2 - As pessoas da foto, na opinião da Angela, tem idades próximas ou superior aos 20 anos. Eu me mudei de Santos Dumont quando tinha 14 e o meu irmão é sete anos mais velho que eu. Portando, mais condizente que seja ele (o que ainda não afirmo, porque continuo em dúvida) na foto, que pode ter sido feita antes de nos mudarmos para Juiz de Fora. Fiz um esforço, mas não identifiquei amigos dele na foto - o que não quer dizer que não estejam lá.

3 - Meu irmão saiu de Santos Dumont em 1956 para estudar fora e, até 1959, quando concluiu o científico, só voltou lá de férias.
Eu continuei até 1962, quando nos mudamos, mas antes disso o Roberto já morava em Uberlândia, na casa da tia Juraci, onde estudava para o concurso do Banco do Brasil - aí mesmo é que raramente aparecia em casa, porque foi trabalhar em Anápolis que, na época ficava 15 minutos depois de onde o diabo perdeu as botas .

4 - Era muito comum às pessoas se referirem aos mais novos como filho do Fulano ou do Sicrano. Nós éramos "filhos do Itagyba" e, a mim, por ser o mais novo, muita gente chamava de Itagibinha ou de Roberto. Pode ser que quem se lembrava do rosto dele tenha confundido os nomes.

5 - Para achar que é o Roberto na foto, mesmo sem ter certeza, recorro de memória a outras fotos dele, quando jovem que estão espalhadas em albuns familiares e que quardam grande semelhança com a foto que a Sonja mandou.
Já as minhas dessa épóca, são completamente diferentes.

6 - É por identificações como essa que muito inocente vai parar na cadeia... Por fim, para ajudar a desfazer o nó, aqui vão alguns nomes de amigos próximos do meu irmão, que podem estar na foto, mas eu não identifiquei ninguém: Renzo Vieira Marques (filho do Dr. Paulo Vieira Marques), seu primo Marcelo (filho do Dr. Fábio), Lulu Cunha (filho da D. Córnélia, que foi minha professora), Walace, Donaldo Fonseca (filho do Galileu Fonseca) e João Abdo (filho do dono da Casa Branca).

Estes são os que consigo lembrar no momento. Já que a Sonja diz que todos foram identificados, seria interessante ver se alguns dos que eu citei estão lá.
Ainda vou olhar a outra foto, porque começo a me lembrar de alguns nomes e quero ver se descubro mais alguém na foto.
Abraços.
 Renato"

 Sonja e Renato me autorizaram a publicar a história.
 E, como uma conversa leva a outra, lembrei com saudades do queijo Palmyra que era produzido na cidade desde 1880. O primeiro lugar a produzir queijo do reino na América Latina. Desde quando Santos Dumont chamava-se Palmira. Depois , o nome foi trocado em homenagem ao pioneiro da aviação que tem lá o Museu de Cabangu .




Ele vinha nas latas vermelhas, suntuosas, escrito Palmyra com ypisilone e era coberto por uma casca grossa com pigmento também vermelho .

Não há melhor goiabada cascão do que a acompanhada pelo queijo Palmyra. Creio que não produzem mais.Clique aqui para saber um pouco mais da história do queijo Palmyra