sábado, 21 de maio de 2011

84, CHARING CROSS. BOSTON, MASSACHUSSETS, NEW ENGLAND, USA.

Por Vera Guimarães 

Por que Boston? O que eu pretendia ver na Nova Inglaterra, aquele pedacinho em vermelho no imenso mapa dos EEUU?


Eu tinha, sim, vontade de conhecer esse pedaço onde nasceu o país. Queria ver suas paisagens, embora ainda não estivesse no tempo das árvores coloridas do outono. Um dia voltarei nessa época.
(image: concierge.com)
Eu queria ver as velhas universidades, as pessoas chiques, os prédios bem conservados. Queria conhecer o ambiente em que os maiores escritores americanos nasceram e cresceram e produziram seus romances e poemas, queria pisar um pouquinho na terra de Melville, Hawthorne, Louise May Alcott, Emily Dickinson, Edgard Allan Poe, Paul Auster e mais um monte de gente  http://en.wikipedia.org/wiki/New_England#Literature  que descobri ser de lá. Minha amiga Fal http://dropsdafal.blogbrasil.com me encheu de livros deles, seja com livros de verdade, que estão aqui na minha frente, seja com dicas e comentários preciosos. Passei, sim, por Salem e por Concord, onde visitei a Orchard House, home of the Alcotts, http://www.louisamayalcott.org/, um museu ainda pobrinho, mas onde com certeza se respira a vida da família March.

 


E passeei por Boston, http://www.bostonusa.com/home, rica, organizada, a cidade que gastou 27 anos para despoluir o rio onde hoje a população rema pra baixo e pra cima e onde acontecem as tradicionais regatas das universidades, a cidade que gastou dinheiro incalculável para reformular todo o sistema viário do centro, talvez o que o Rio de Janeiro esteja tentando fazer.

Mas, principalmente, queria reconhecer os lugares que foram cenário das fantasias da menina retraída, precisada de um pouco de beleza, harmonia, felicidade, perspectiva. Nas décadas de 1940 e 1950 havia nas escolas de 2º. grau uma disciplina chamada Economia Doméstica, em que o produto ao fim do ano letivo era um livro de receitas, não só culinárias, mas de cuidados da casa, das roupas, da saúde. Uma de minhas irmãs ilustrara uma das matérias com a figura de uma esguia jovem vestida com blusa de ban lon, saia kilt e sapatos bicolores, recostada a uma árvore, um livro nas mãos, ao fundo os prédios da universidade, pessoas transitando no extenso gramado.

Ah, como eu viajava nessa imagem, que me dava a certeza de que havia um mundo em que as casas eram organizadas, as famílias eram felizes, cantava-se, estudava-se, as ruas eram arborizadas, o campus era extenso e gramado.