Por Alline Storni
Alline e Norah: bocejo de princesinha |
Sabe quando você planeja uma viagem durante muito tempo e no final não sai nada como planejado? Você encaixa todos os horários e dias, reserva hotel, transfer, city tour com base às horas que você irá ficar em cada cidade... daí teu vôo é cancelado. Você é obrigado a ficar horas no aeroporto esperando o próximo. Perde o transfer, perde o city tour, tua mala some, o hotel está com overbooking quando você chega exausto... mas no caminho você conhece pessoas interessantes, tem novas ideias para a tua viagem e procura pensar positivo, no maior estilo “Pollyana de ser” como eu gosto de dizer.
O parto de Norah foi assim. Eu queria muito o parto natural, mas não era uma fixação. Mas eu me preparei, fiz curso de preparação ao parto, li mil livros sobre o tema, aprendi a respirar em 2121474856 maneiras diferentes, tudinho... Li também sobre cesariana, como era, a recuperação e tal. Fiquei feliz de saber que eu estaria acordada e veria logo Norah quando tirassem ela da minha barriga em caso de cesárea. Enfim, tudo planejado.
Comecei a ter contrações dia 17 de abril. Norah nasceu só dia 21. Foram 4 dias de contrações fortes, mas eu não tinha dilatação. Então eu chegava no hospital e eles me mandavam de volta. Porque aqui em Milão - e me disseram que em toda a Europa – o protocolo é esperar o máximo que puder para que o parto seja natural. Norah era prevista pra chegar dia 16, então ela já estava “atrasada”, digamos assim. Mas eles podem nascer até 10 dias depois da data prevista, e o tal protocolo só permite a indução do parto após estes 10 dias. E eu até concordo com o incentivo da prática do parto natural e que eles esperem estes 10 dias, mas poxa, desde que a mãe não tenha contrações fortes e não durma, não coma, e esteja sofrendo por dias a fio...
Resultado que no dia 20 de abril a noite eu fui pro hospital disposta a gritar e chorar até que eles fizessem alguma coisa, porque eu realmente não estava mais aguentando. Quando cheguei eu já tinha alguma dilatação, ainda pouca, mas minha pressão arterial tinha subido muito. Internaram-me por conta da pressão. Deram-me remédios que fizeram que a pressão abaixasse um pouco. No dia 21 de manhã bem cedo eu comecei a ter contração uma depois da outra, e a dilatação já tinha aumentado. Mandaram-me para “sala parto” e quando cheguei lá viram que Norah estava querendo sair de cara, ao invés de sair com o cucuruco da cabeça, que é como os bebês têm que sair. Daí para frente foi tudo tão rápido, tão fora do planejado, tão assustador para mim...
Tiveram que fazer uma cesárea de emergência, uma correria, mil médicos e enfermeiras, uma correria sem fim. A anestesista entra na sala e diz que tinha alguma coisa no meu exame que indicava um problema de coagulação... Então a anestesia teria que ser geral. Mais uma das coisas não planejadas e sequer pensadas. Naquele momento eu já até achei bom, porque eu estava tão assustada, com contrações tão fortes, que a simples ideia de dormir e não ouvir nem ver mais nada, de não sentir mais dor, me parecia a melhor coisa.
Norah, com Alline e Alberto |
Fizeram a cesárea, a pressão enlouqueceu e subiu, e eu tive que ficar no hospital por muitos dias por conta disso. Eu não lembro de muita coisa, mas uma das coisas que eu me recordo foi quando a enfermeira me acordou da anestesia, eu mal conseguia falar e a primeira coisa que eu perguntei foi: “La bimba? Tutto bene con la mia bimba?”
A enfermeira disse que estava tudo ótimo com a pequena e que Norah já estava nos braços do pai. Os meus dois amores entraram logo em seguida e todo o susto, a dor, o nervoso, tudo valeu a pena quando eu vi os dois juntos.
Em todo este tempo no hospital eu conheci pessoas queridas, as enfermeiras foram super fofas, me deram todo o apoio necessário, tanto física quanto psicologicamente. As enfermeiras do berçário que cuidaram de Norah enquanto lá eu estive eram super carinhosas e me ensinaram como cuidar da Pipoca.
Então a melhor viagem da minha vida foi totalmente diferente do planejado! Mas ainda assim, ao olhar pra Pipoquinha eu vejo que valeu a pena!