Por Esther Lucio Bittencourt
É a ideia do impossível sendo realizada.

Se Flannery O’Connor, escritora norte-americana, transformasse essa história em conto, certamente a situaria no meio oeste americano, e usaria de sua ironia para narrar um desfecho trágico /cômico e precisaria pedir ajuda de Lewis Carroll, autor de situações inimagináveis, além de precisar de uma pitada de Lima Barreto e Machado de Assis, para registrar o encontro do impensável: uma presidenta mulher no Brasil e um presidente negro nos Estados Unidos.
Certamente caberia nessa história, o apóstolo João para narrar o início do apocalipse. E, para tanto, bastaria que um papa de origem árabe abençoasse a reunião. Seria o fim dos tempos!
Cara, você já sacou que vivemos num novo mundo? Onde as impossibilidades se tornam reais? Que nos ensina a cada dia que as palavras nunca e impossível foram riscadas de todos os dicionários? Brother, saca só, é um momento único na história do mundo por vários aspectos.
O primeiro já foi dito. O segundo é que não foi o presidente ou a presidenta eleita do Brasil que se dirigiu aos Estados Unidos como é de praxe. O trajeto foi inverso. É o presidente dos Estados Unidos vem visitar a presidenta do Brasil, recém empossada.
Me conta, pessoa, estamos saindo da lista negra de países em desenvolvimento para sermos reconhecidos como potência emergente? Ou isso retrata apenas um momento de aberração? Um negro com o maior poder do mundo encontra a branca, em um país que melhora e cresce para todos nós brasileiros.
Vamos lá. Se Rita Lee estivesse presente na festa, cantaria Bwana, Bwana, aposto. Caso Paul Mccartney fosse convidado, a música seria Ebony and Ivory. E se presente Cauby Peixoto aposto que a música seria Conceição. E onde ficaria John Lennon nesta festa de arromba? Creio que cantaria Wooman.
No Brasil, as mulheres são preparadas para carregar lata d’água na cabeça, obedecer cegamente a seus amos e senhores que tinham abertas as senzalas para os negros.
E amanhã, a porta da senzala se abre, a senzala é derrubada definitivamente, porque na Casa Grande do Palácio do Planalto o negro Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, será recebido pela mulher Dilma Rousseff, presidenta do Brasil. Sabe que eu ainda não caí nessa real? Ajude-me Gilberto Freire.