quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

QUITANDA DA VIDA VIII

Por Telinha Cavalcanti

 Farofa

Eu sei que "farofeiro" é xingamento, mas eu não dispenso uma boa farofa. Aproveitem o fim de ano, que é tempo de farofa, com uma receita facinha, facinha, deliciosa e que você pode incrementar à vontade:

Farofa de banana

E lá vem mais uma receita "de olho". Crianças, aprendam, aguentem ou relevem, que eu sou assim mesmo :D

Ingredientes:

Farinha de mandioca fina
Um tablete de manteiga (se fizer com margarina seu cabelo vai cair, você vai ficar corcunda e vai nascer espinha dentro do nariz)
Alho
Cebola picadinha
3 bananas prata

Vamos fazer em partes, como diz Jack, o Estripador. Corte as bananas em rodelinhas não muito finas e nem muito grossas e frite na manteiga. Se preferir (eu prefiro!) deixe queimar só um pouquinho, que é mais gostoso. Você prefere banana da terra? Banana d´água? Faz do seu jeito, ué. Frite as bananas e reserve, já já você vai precisar.

Para a farofa: Comece derretendo uns 50 g de manteita (1/4 do tablete) e refogando cebola e alho. Quanta cebola, quanto alho? Ah, criatura perguntadeira! Para quase um pacote de farinha, uma cebola média picada miudinha e umas duas colheres de chá de alho vão bem. Ah, vc prefere cebola passada no processador? Pode passar. Refogou? Tá aquele cheiro divino no ar? Coloque mais manteiga e junte a farinha de mandioca. Mexa, mexa, mexa. Coloque mais um pouco da manteiga, deixe pegar uma cor. Aí você decide se coloca toda a farinha e toda a manteiga.
Aqui em casa só vivemos eu e Amado Marido e eu sempre faço farofa prum batalhão. Ele come farofa gelada. Eu me arrepio de agonia só de ver. Mas, tegiverso.
Voltando à receita, sua farofa tá quase pronta. Desligue o fogo. Coloque a banana frita, aos poucos e vá mexendo que é para elas se incorporarem bem. Prove e acerte o sal. Farofa pronta, môbem.

Sarrabulho

Sarrabulho é a farofona de Natal da minha mãe. Leva os miúdos do peru, banana frita, passa branca, passa preta, azeitona, ameixa seca e mais o que a imaginação mandar.

Farofa de Ovo

Aqui no Rio de Janeiro o povo frita ovo no óleo e mistura na farofa. Não é ruim, mas eu não me acostumo. Farofa de ovo se faz com ovo cozido, machucadinho no garfo e misturado na farofa pronta. Use a receita da farofa de banana, mas sem a banana.

Arrumadinho

Receita típica pernambucana, simples e singela. Faça a farofa de ovo. Escalde charque (carne-seca), frite bem fritinho. Cozinhe feijão verde (feijão de corda). Arrume no prato: farofa, charque, feijão. Coma e fique feliz.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Visuais – os imaginários e os virtuais


Adolfo Bioy Casares. A invenção de Morel. Trad. Samuel Titan Jr. São Paulo: CosacNaify, 2006. 136 p.

Algumas obras literárias nunca saem de moda. A invenção de Morel, primeiro livro escrito por Bioy Casares, publicado em 1940, foi incluído na lista dos cem melhores livros do século XX feita pela Folha de São Paulo. Nestes tempos de delírios visuais, imagens vertiginosas que supostamente dispensariam as palavras e se autoexplicariam sem maiores delongas (uia!), este livro – um cult da literatura internacional, de trama considerada perfeita por Jorge Luís Borges, amigo de Casares, seu parceiro e admirador – é um exemplo de que o uso das palavras é uma fonte de recursos que as imagens por si sós nunca vão suprir. Ainda por cima fala justamente de imagens, essas capazes de subverter a vida do protagonista, um fugitivo político da justiça que se esconde em uma ilha deserta.
Os enigmas de A invenção aguçam a atenção do leitor e o impelem a perseguir o fio da narrativa, que em alguns trechos parece perdido entre as folhas secas do chão da ilha. O caráter teleológico que alguns emprestam ao texto de Casares pode ser discutido. Dificilmente uma literatura tão perfeita e enxuta poderia visar outra finalidade que não ela própria. Mas para o leitor atento fica bem claro que estão em jogo fatores imanentes ao ser humano, como a percepção nem sempre confiável e a imaginação que se alia ao desejo para lhe pregar peças – às vezes de mau gosto.
Em jogo também está a questão da sobrevida ou da própria eternidade. Mas não se trata aqui de uma eternidade metafísica, e sim da projeção de uma ideia que tem fascinado o homem através dos tempos: a ideia que teria impulsionado o personagem Morel em sua invenção maravilhosa e terrível. A fábula explora um ângulo fenomenológico da experiência da imortalidade, que quase sempre tem sido abordada com visada mística ou filosófica. Os personagens em cena se opõem à realidade que estariam manifestando pelo simples fatos de não serem senão espectros de si mesmos. Mais do que simplesmente descrever os fenômenos (o que Casares faz com perfeição e apelo para o leitor), o livro capta o que se poderia chamar a insustentável leveza da ilusão, parafraseando Kundera, e todo o sofrimento humano que ela implica.
Um belo prólogo de Borges (aí embaixo) e um posfácio competente de Otto Maria Carpeaux dão o toque especial a esse primeiro volume da coleção Prosa do Observatório, coordenada pelo escritor e teórico de literatura Davi Arrigucci Jr.

PRÓLOGO

Jorge Luis Borges

Por volta de 1882, Stevenson anotou que os leitores britânicos tinham certo desdém pelas peripécias e julgavam hábil escrever um romance sem argumento ou de argumento infinitesimal, atrofiado. José Ortega y Gasset - A desumanização da arte , 1925 - trata de justificar o desdém anotado por Stevenson e estabelece, à página 96, que "hoje em dia, dificilmente será possível inventar uma aventura capaz de interessar a nossa sensibilidade superior" e, na página seguinte, que essa invenção "é praticamente impossível". Em outras páginas, em quase todas as outras páginas, advoga o romance "psicológico" e opina que o prazer das aventuras é inexistente ou pueril. Tal é, sem dúvida, o parecer comum em 1882, em 1925 e ainda em 1940. Alguns escritores (entre os quais tenho o prazer de contar Adolfo Bioy Casares) julgam razoável dissentir. Resumirei aqui os motivos dessa dissidência.
O primeiro (cujo ar de paradoxo não quero destacar nem atenuar) é o intrínseco rigor do romance de peripécias. O romance costumeiro, "psicológico", tende a ser informe. Os russos e os discípulos dos russos demonstraram até o fastio que ninguém é impossível: suicidas por felicidade, assassinos por benevolência, pessoas que se adoram a ponto de se separarem para sempre, delatores por fervor ou por humildade... Essa liberdade plena acaba por equivaler à plena desordem. Por outro lado, o romance "psicológico" também se pretende romance "realista": prefere que esqueçamos seu caráter de artifício verbal e faz de toda vã precisão (ou de toda lânguida vagueza) um novo toque verossímil. Há páginas, há capítulos de Marcel Proust que são inaceitáveis como invenções, aos quais, sem sabê-lo, nos resignamos como ao insípido e ocioso de cada dia. O romance de aventura, ao contrário, não se apresenta como transcrição da realidade: é um objeto artificial que não admite nenhuma parte injustificada. O temor de incorrer na mera variedade sucessiva do Asno de ouro, das sete viagens de Sinbad ou do Quixote impõe-lhe um rigoroso argumento.
Aleguei um motivo de ordem intelectual; há outros de caráter empírico. Todos tristemente murmuram que nosso século não é capaz de tecer tramas interessantes; ninguém se atreveu a verificar que, se alguma primazia tem este século sobre os anteriores, essa primazia é a das tramas. Stevenson é mais passional, mais diverso, mais lúcido, talvez mais digno de nossa absoluta amizade que Chesterton; mas os argumentos que conduz são inferiores. De Quincey, em noites de minucioso terror, mergulhou no coração de labirintos, mas não cunhou suas impressões de unutterable and self-repeating infinities em fábulas comparáveis às de Kafka. Anota com justiça Ortega y Gasset que a "psicologia" de Balzac não nos satisfaz; o mesmo cabe anotar de seus argumentos. A Shakespeare, a Cervantes agrada a antinômica ideia de uma moça que, sem perder a formosura, consegue passar por homem; esse móvel não funciona para nós... Julgo-me livre de toda superstição de modernidade, de qualquer ilusão de que ontem difere intimamente de hoje ou diferirá de amanhã; mas considero que nenhuma outra época possui romances de tão admirável argumento como The Turn of the Screw , como Der Prozess , como The Invisible Man , como Le Voyageur sur la Terre , como este que logrou escrever, em Buenos Aires, Adolfo Bioy Casares.
As ficções de índole policial – outro gênero típico deste século que não é capaz de inventar argumentos – relatam fatos misteriosos que um fato razoável logo justifica e ilustra; nestas páginas, Adolfo Bioy Casares resolve com felicidade um problema talvez mais difícil. Desfralda uma odisseia de prodígios que não parecem admitir outra chave exceto a alucinação ou o símbolo, e plenamente os decifra mediante um único postulado fantástico, mas não sobrenatural. O temor de incorrer em prematuras ou parciais revelações me proíbe o exame do argumento e das muitas delicadas sabedorias da execução. Basta declarar que Bioy renova literariamente um conceito que Santo Agostinho e Orígenes refutaram, que Louis-Auguste Blanqui meditou e que disse, com música memorável, Dante Gabriel Rossetti:

I have been here before,
But when or how I cannot tell:
I know the grass beyond the door,
The sweet keen smell,
The sighing sound, the lights around the shore...*



Em espanhol, são infrequentes e mesmo raríssimas as obras de imaginação meditada. Os clássicos exerceram a alegoria, os exageros da sátira e, por vezes, a mera incoerência verbal; de data recente, não recordo nada senão algum conto de As forças estranhas e algum outro de Santiago Dabove, esquecido com injustiça. A invenção de Morel (cujo título alude filialmente a outro inventor ilhéu, Moreau) transporta para nossas terras e para nosso idioma um gênero novo.
Discuti com o autor os pormenores da trama e a reli; não me parece uma imprecisão ou uma hipérbole qualificá-la de perfeita.

Buenos Aires, 2 de novembro de 1940

* Estive antes aqui, / Mas quando e como não sei: / Conheço a
relva além da porta, / O perfume doce e penetrante, / As luzes pela
costa, os sons murmurantes... [N.T.]

LEOPOLDINA, ISABEL E DILMA: AINDA ESCRAVIDÃO E DEPENDÊNCIA





                                                                 Dilma Roussef



No primeiro dia de janeiro de 2011 será empossada como presidente do Brasil a primeira mulher eleita pelo voto direto: Dilma Roussef.

Antes dela, em 13 de agosto de 1822,  quando Dom Pedro foi para São Paulo, apaziguar os ânimos revoltosos que pretendiam separar a província do resto do país, e em seguida declarar a independência do Brasil, entregou a D. Leopoldina, sua esposa, o poder, nomeando-a chefe do Conselho de Estado e Princesa Regente Interina do Brasil, com poderes legais para governar o país durante a sua ausência .
Na realidade foi a primeira mulher a ocupar cargo de gestora dos destinos do Brasil.

Isabel Cristina Leopoldina de Bragança, a princesa Isabel, segunda filha de d. Pedro 2º e da imperatriz Teresa Cristina foi, por três vezes, regente do império.Portando a segunda mulher a ocupar o poder de comando do povo brasileiro.

Em  13 de maio de 1888 domingo, a  princesa Isabel assinou a Lei 3.353, mais conhecida como "Lei Áurea", declarando extinta a escravidão no Brasil, mesmo enfrentando muitas resistências dos fazendeiros e da elite em geral.

"A princesa imperial regente, em nome de sua majestade, o imperador d. Pedro 2º, faz saber a todos os súditos do império, que a Assembléia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte: Artigo 1º - É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil; Artigo 2º - Revogam-se as disposições em contrário", dizia o texto que libertou milhões de escravos, que por três séculos serviu de mão-de-obra para o crescimento do país.

Também sancionou as leis do primeiro recenseamento do império, naturalização de estrangeiros e relações comerciais com países vizinhos.


Princesa Isabel ao assinara a Lei Áurea

Apesar do sofrimento denunciado em cartas.Dona Leopoldina preocupa-se em suas correspondências com a causa do povo brasileiro e desejou a independência do país, sendo por isso amada e venerada pelos brasileiros durante muitos séculos.

Conta-se que enquanto aguardava o retorno de D. Pedro, Leopoldina, governante interina de um Brasil já independente, idealizou sua bandeira, em que misturou o verde da família Bragança e o amarelo ouro da família Habsburgo.
Outros autores opinam queJean Baptiste Debret, o artista francês que desenhou o que via no Brasil dos anos 1820, foi o autor do pavilhão nacional que substituía o da vetusta corte portuguesa, símbolo da opressão do Antigo Regime.
Deve-se a Debret o projeto da bela bandeira imperial, em colaboração com José Bonifácio de Andrada e Silva, em que o retângulo verde dos Bragança representava as florestas e o losango amarelo, cor da dinastia Habsburgo-Lorena, representava o ouro.

Leopoldina e Izabel fizeram parte da estória do Brasil , mesmo originárias de terras distantes do Velho Mundo, a Europa, para  valorizar o povo que se formava na terra brasilis.
Estas mulheres superaram os preconceitos num passado patriarcal,feudal, onde suas vozes, apenas por milagre tropical foram ouvidas.

Dilma Roussef encontrará novos tempos. Não que todos os preconceitos contra as mulheres tenham desaparecido por encanto, mas estão amenizados. Vamos acompanhar com atenção o que ela fará para honrar o voto popular com que foi brindada. Há um povo a ser libertado. Há independências a serem conquistadas, tendo em vista, principalmente a coalizão política que ajudou e elegê-la.

Existe neste Brasil de profundos sertões e escondidos recantos onde se pratica a escravidão em todos os níveis. A Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo – Conatrae- ainda acompanha a tramitação de projetos de lei no Congresso Nacional e avalia a proposição de estudos e pesquisas sobre o trabalho escravo no país.

É pouco. Uma das marcas registradas do capitalismo é  a exploração da força de trabalho pelo capital..

As empresas brasileiras praticam baixos salários e altas jornadas, principalmente com relaçao às mulheres. Nem sempre respeitam  à legislação, carteiras assinadas, etc... abominam os direitos sociais e a regulação das relações trabalhistas. Os capitalistas falam em nome competitividade, do desenvolvimento e da mais valia. O que mais se vê, hoje em dia, é um bom profissional com salário relativamente justo, ser despedido para, em seu lugar ser contratado um outro, recém saído de universidade, por exemplo, que aceite receber provento bem menor para realizar o mesmo trabalho com mais subserviência.

PEC DO TRABALHO ESCRAVO

A “Casa Grande”, concentrada sobretudo na bancada ruralista firmou pé no conceito de que a senzala é necessária para o progresso de suas economias e obstrui a aprovação, no Congresso, da PEC do Trabalho Escravo. Está prevista na PEC  a expropriação da propriedade em que for constatada a prática de trabalho escravo e a  denuncia de empresas e empresários flagrados neste tipo de crime contra a força de trabalho.

FELIZ NATAL



O jornal Primeira Fonte não consegue falar em natal e, principalmente em natal feliz quando sabe que comércio e indústria aproveitam pessoal temporário, desempregado, para na época das festas atender a um público que pode comprar em detrimento do baixo salário e da abusiva carga horária de trabalho que o empregado precisa cumprir para colocar na mesa comida para a família.

Caberá a Dilma Roussef  declarar a independência do Brasil nos tratados que impedem seu desenvolvimento e libertar, definitivamente , o povo escravo criando meios para que todos possam trabalhar com justiça social , reformulando as leis trabalhistas e e controlando a eficácia da justiça trabalhista brasileira. Não somente com relação aos empregados mas também protegendo o empregador de causas trabalhistas infindáveis promovidas por advogados que prometem vantagens inconsequentes  , no cxaso de um trabalhador processar seu patrão, visando ganho próprio.

Há muita mudança a ser feita. E que uma mulher, que é na verdade a gerente financeira da vida doméstica, que sabe conviver com o mínimo de salário e com ele obrar sustentabilidade , organize o País conclamando o povo a uma ação organizada de metas de crescimento e, de relacionamento.

Quando isto acontecer o Jornal Primeira Fonte poderá falar, em felizes dias, em Feliz Natal. Por enquanto todas as festividades não passam de loucura para saciar a fome de pão e circo inerente ao ser humano.

Torcemos por Dilma Presidente do Brasil porque urge que sejamos uma Nação desenvolvida onde o povo, cidadão de seu país, usufrua de todos os direitos constitucionais, a cumpra com seus deveres, inclusive o de cobrar a concretização do cumprimento dos direitos humanos.

                          Constituição do Brasil, na época do Império. Sobre ela jurou Dona Leopoldina.
 
 
MAL DIZERES

É costume afirmar que lugar de mulher é no tanque, dirigindo o fogão, etc.... hoje já se escuta dizer à boca pequena que lugar de mulher é na presidência da república. Assim como um torneiro mecânico passará à história como Presidente do Brasil, reeleito pelo povo , deixando o governo com um grau de popularidade nunca visto e tendo emplacado sua substituta , a Presidenta Dilma, o povo brasileiro, terceiro mundista recebe na virada do ano nova perspectiva e possibilidade: um homem do povo pode ser presidente do Brasil; a mulher .... também.
 
Esther Lucio Bittencourt



quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

QUITANDA DA VIDA VII

Por Telinha Cavalcanti

Ah, férias, calor, nada para fazer e nenhuma coragem de cozinhar. Hoje eu vou contar para vocês um truque ou dois que eu tenho na manga para essas horas em que a barriga ronca mas o espírito não se anima :)



Panqueca (todo mundo sabe fazer, né? Essa é a minha, se a sua for melhor, beleza)

2 ovos
2 copos tipo requeijão de água
2 colheres bem grandes de farinha de trigo
1 pitada de sal
1 colher de chá de fermento

Recheios cheios de preguiça:

Atum: Atum em óleo, drenado. Azeitonas. Maionese. Se tiver coragem, rale uma cenoura. Se não tiver, tá pronto.

Goiabada: Goiabada de lata, daquelas vagabundas, nem precisa ser cascão. Duas colheres de sopa de leite. Não é leite em pó, é líquido. Amasse com um garfo até tudo ficar bem incorporado e melequento. Sucesso total da minha adolescência

Banana com Nutella: Banana. Nutella. Cabou.

Carne moída: Sobrou carne moída do almoço? Misture um ovo cozido picadinho, azeitona, um nadinha de molho de tomate.

Omelete
5 ovos
quase meio pote de requeijão
sal
pimenta do reino, se gostar
o que tiver de gostoso - e salgado - na geladeira

Numa tigela funda, misture bem os ovos com o requeijão. Dá um certo trabalho, mas até esse certo trabalho é mínimo. Misture bem, se preferir, ou mais ou menos se a coragem falhar. Salgue, moa um tico de pimenta do reino e misture com o que tiver na geladeira. Se só tiver isso, não esquente, fica bom do mesmo jeito. Faça a omelete numa frigideira mais funda, com bastante manteiga ou margarina. Não use óleo, senão eu fico triste. Se ela não sair linda e formosa, esqueça a finesse, transforme num mexidão. Sirva com torradas, se tiver coragem de fazer, ou com pão francês, se não tiver. Se quiser impressionar, uma saladinha cai bem.

Macarrão Lavoisier, onde nada se perde, nada se cria e tudo se transforma

Cozinhe o macarrão. Abra a geladeira. Pegue o que der cobiça ou o que tiver, mesmo. A base é a seguinte:
Numa panela, doure um tiquinho de alho na manteiga ou no azeite. Junte requeijão, queijo polenguinho, creme de leite, frios picadinhos. Mexa até engrossar. Misture o molho no macarrão. Cabou. Se a base do molho for molho de tomate, não misture creme de leite ou requeijão pq vira algo parecido com molho de estrogonofe. Ou misture, sei lá. Você que sabe :D

e deixei o melhor pro fim:


 Soda Italiana, minha passione

Água com gás
Gelo
Canudinho
Copo alto
Xarope Monin (que não me patrocina, mas devia) sabor maçã verde

Encha o copo acima da metade. Complete com o gelo. Coloque xarope de maçã verde até a cor ficar boa. Beba litros, espante o calor, se sinta num balneário italiano com direito a um Giuseppe, Matteo ou Lucca te dando bola ou uma Giulianna, Chiara ou Sofia jogando charme.

Esse xarope é muito usado em coquetéis e pode ser meio complicado de achar. O site deles tem uma lista de revendedores no país todo. E tem mais sabores. Ai, tem muito mais sabores.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Atualidade de Isaías




Lima Barreto.  Recordações do escrivão Isaías Caminha. São Paulo, Ática, 1984. 143 p.

O que parece desconcertante nesse romance do século XIX é sua atualidade quanto às leis sub-reptícias e subliminares, que aparentemente correm por baixo do piso social e político do país desde 1500 e que, sabe-se lá por quê, ainda dão o tom nos meios representativos da sociedade.
Mudou – e muito – a linguagem; mudaram os costumes e os hábitos cotidianos; as convenções e a etiqueta se simplificaram um tanto; a tecnologia caminhou mais que o espírito e a civilização começa enfim a assumir seus traços miscigenados. Antes tarde.
Mas quando Lima Barreto descreve uma sessão da Câmara dos Deputados, logo a reconhecemos: “O deputado sentou-se; a desordem aumentou. (...) ao longo da mesa presidencial, na frente, atrás, dos lados, havia um vaivém continuado. (...) Fez-se silêncio, depois de uma infernal contradança no recinto. (...) Dentro em breve, o zunzum recomeçou. Não havia o ruído do começo, mas a desatenção era geral.”
Ainda são assim as sessões nas casas do Legislativo ou em toda assembléia onde deva haver deliberação, votação, escolhas que exijam atenção e cuidado, porque têm caráter abrangente, vão mexer com a vida de milhares ou milhões de pessoas.
Paralelas a esse comportamento meio incivil, meio irresponsável, frases como “Olhe que ainda há homens honestos nesta terra e em altas posições – o que é ainda mais raro”. Aparecem ainda outros conhecidos nossos de cada dia, como racismo, exclusão social, corporativismo (que naquele tempo politicamente incorreto tinham outros nomes ou nem sequer os tinham), tráfico de influências, informalidade em todos os níveis – principalmente nos mais elevados. Prova de que os maus exemplos vêm mesmo de cima e de longe.
O valor de documento sobre o cotidiano, os tipos e a descrição da cidade e seus points que compõem o percurso de Isaías – mulato de origem humilde, que pretendia realizar alguma coisa “de grande, de forte”, suas vicissitudes e frustrações – fazem de Recordações um livro importante para iluminar a história da vida pública e privada no Rio de Janeiro e por extensão no Brasil – daquele tempo e de agora.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

PEDAÇO DE MIM PANTERA

Eu a chamei, ela olhou
E s'eu te disser que falta uma parte de mim porque Pantera morreu? Você não vai acreditar. Crê ser impossível alguém ter este sentimento porque uma égua morreu.

Não é não. Deixa te contar. Eu tive uma vaca girolanda, chamada Marlene, que um dia, entre a vinda dela  do pasto e o curral alguém enfiou uma faca na perna dela e ainda girou a lâmina. O sangue esguichava como se fosse um furo grande numa mangueira. Foi uma noite longa  mas conseguimos estancar o sangue e ela ficou presa no curral por mais de dois meses. Ofereci capim para ela, legumes – as vacas adoram legumes, principalmente aipim e jaca. Era tempo de jaca, lembro bem. Eu ficava com um terço de uma e ela devorava o resto.

Inverno. Onde morava, em Niterói, fazia frio intenso. Estava na varanda pegando o sol da tarde quando aparece Marlene. Ela subiu os dois degraus da varanda e chegou perto de mim.

Ela sempre foi enorme, mas assim, eu sentada ela de pé, parecia maior. Ela debruçou a cabeça no meu joelho como quem agradece . ficamos um bom tempo assim. Fazia carinho no vazio entre os chifres que não haviam e ela recebia agradecida. Por fim, levantou a cabeça deu uma lambida com a língua grossa no meu rosto, virou as costas e foi embora para o pasto. Era o primeiro dia dela.

Com Pantera mantive longas conversas , principalmente no final da tarde, antes dela ir para o pasto fazer a digestão do que comera o dia inteiro. Porque cavalo precisa comer o tempo todo. É comer e cagar. Eles não ruminam.
Durante o dia, a escovava  e , por fim, à filha que nasceu; inventava capins diferentes, o que mais me apeteceria comer deveria ser bom para ela. Que tal, servir o capim picado com água e farelo de milho. Ela adorava. A ração granulada sempre é servida separada.

Hoje falta ela em mim. Tudo bem que ela já não estava cá em casa. Vivia em outros pastos para ser mais feliz, acreditei. Ao lado das filhas. Sim, ela nos deu quatro filhos. Uma delas, a Shamsse, ou Ventania, como a chamo desde recém-nascida, pois a considero parente do vento, está sendo preparada para a pista. 

Eu olhava para Pantera e a sentia parte de mim, como sabia ser parte dela. Nunca fez uma ameaça, esta égua enorme de meia tonelada nunca olhou torto para ninguém, nunca temeu que se fizesse carinho nos filhos dela, sempre ofereceu o brilho de seus olhos, o pelo negro e o corpo elegante suportado por pernas exatas de mangalarga marchador. E bastaria um tranco de leve  para derrubar o mundo.

Altiva, sem ser esnobe ou presunçosa, ela corria no meu sangue, cavalgava por minhas veias quando queria deitar em meu coração. Quantas vezes senti o feto pulsar dentro dela, e confundia seu batimento cardíaco com o do filho no ventre.

Ela morreu ontem. Com o filho ou filha dentro dela. Prendeu a cabeça entre duas tábuas da cerca e morreu enforcada.

Cavalo é muito frágil. Um sopro de vento pode quebrar uma vértebra.
Nunca a montei. Só o faria quando pudesse ser cavalgada por ela, ir com ela por prados com os quais os cavalos e as vacas e os bois e as éguas sempre sonham.

Hoje já posso montá-la porque ela cavalga o buraco que a falta dela cavou dentro de mim. Juntas iremos ver se horizonte termina nos olhos de ver ou se vai mais adiante, além da visão. Ela me disse que não há fim, certa vez, que a suposição de eternidade é real.

Acredito na Pantera; nunca me enganou. Na véspera da morte dela fui vê-la. Coisas de mal pressentimento. Aprendi com ela a sentir o cheiro do que vai acontecer.

E lá vamos nós, estamos numa longa cavalgada. Em alguns momento eu a monto, em outros ela monta neu. Aprendi com ela, também, que na dor, é melhor falar errado. Sempre dá certo.



Shamsse segue na frente, Alma, em seguida, e Pantera é a última. Carrega um filho na barriga. Já está pesada. Faltam poucas semanas para o nascimento. Égua tem gestação de 11 meses.

P.s.: Para Fal, Telinha, Cora, e demais amigos que aprenderam com a morte dos amigos o amar desdobrado.



Esther Lucio Bittencourt
elb

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

QUITANDA DA VIDA VI

Por Telinha Cavalcanti


Sorvete. Ah, sorvete. Sorvete, uma das mais belas invenções da humanidade, lado a lado com o chocolate, o ar condicionado e a internet. Ah, e o leite moça também.

Esta receita é da minha mãe, claro. Quem mora em cidade de interior e tem acesso a leite de verdade, que sai da vaca e faz nata, vai perceber o quanto é mais gostoso um sorvete caseiro. O resto de nós, que ordenha caixinha tetra-pak, também vai curtir, mas vai ter diferença. É, meu mal é ser sincera. Leite de vaca X leite de caixa, quem é que duvida que ganha a parada? Pois é.

Todo mundo prestando atenção e copiando no caderno, que esta é mais uma das receitas da minha mãe e vai transcrita direitinho, com as palavras dela:

"Sorvete caseiro de creme


Ingredientes:
1 lata de leite moça
1 lata de creme de leite
1 litro de leite
4 ovos
2 colheres de sopa de maizena
essência de baunilha


Faz-se um mingau com o leite, as gemas, a maizena e o leite condensado, adicionando uma colher de chá de essência de baunilha. Depois de pronto, deixe esfriar, para então juntar o creme de leite, mexendo para incorporar bem. Por último, batem-se as claras em neve (pôr uma pitada de sal para que fiquem firmes). Junte-as delicadamente ao creme. Leve ao congelador e, quando estiver firme, bata no liquidificador. Volte novamente ao congelador, para que fique macio.


Até que enfim vai a sua receita. 


Um beijo, 


Mamãe"

Vocês viram na receita que ela deve ser batida após congelada, para que fique macia. Lá em casa, foram raríssimas as vezes que isso aconteceu: nós, uma família de loucos por sorvete e apressados como o quê, mal esperávamos congelar. Eu e papai já bebemos esse sorvete inúmeras vezes, de pura gula. A Hagen-Dazs que se cuide. Ninguém vence o sorvete da minha mãe.

"Mas só pode fazer de creme, Telinha?"

Olhe, criatura perguntadeira, lá em casa também fazíamos de chocolate. Mais uma vez o olho é importante: coloque Nescau até a cor ficar boa. Nunca fizemos de outro jeito. Se você começar a inventar moda em cima desta receita e começar misturar baunilha de madagascar, cacau importado dos anéis de saturno e leite de vaca suíça albina, me conta o resultado?

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Grande João: lequelêias

João Guimarães Rosa. Grande serão: veredas. 19. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. 624 p.

A história de Rosa tem como cenários o sertão de Minas, o sul da Bahia e Goiás.
O foco narrativo está em primeira pessoa. Riobaldo, rico fazendeiro, revive suas lutas, medos, amores e dúvidas em um relato caótico. A narrativa  é longa, repleta de digressões  e sugere o próprio sertão, espaço complexo onde acontece a  história.
O tempo da narrativa pode ser de compreensão difícil, toda marcada pela oralidade. Riobaldo reafirma o que diz utilizando sua própria linguagem. A estrutura do romance não se divide em capítulos, e a narrativa em primeira pessoa permite que o narrador alterne os tempos durante suas falas. A obra apresenta o diálogo entre Riobaldo e um interlocutor, o qual não se manifesta diretamente. Portanto, só é possível identificá-lo e caracterizá-lo por meio dos próprios comentários do fazendeiro.
Pode-se dividir o texto segundo alguns fatos mais marcantes, para facilitar a leitura. Na primeria parte, são introduzidos os principais temas do romance: o povo, o sertão, o regime de vida dos jagunços, Deus e o Diabo e Diadorim. Nesse primeiro momento, Riobaldo introduz também a figura do interlocutor. A segunda parte se inicia no meio da narrativa. Durante a segunda das duas guerras narradas, Riobaldo e Diadorim tentam vingar a morte de Joca Ramiro.
A narrativa retorna então à juventude do fazendeiro, quando ele conheceu o menino Reinaldo e, para desespero de Riobaldo, que não sabe nadar, os dois atravessam o São Francisco numa pequena embarcação. Segue-se a isso um conflito entre Riobaldo e Zé Bebelo, no qual esse último perde a chefia, e Riobaldo-Tatarana é rebatizado como Urutu Branco.
No epílogo, Riobaldo retoma o fio da narração do início, contando ao interlocutor seu casamento com Otacília e como herdou as fazendas do padrinho. Ele termina sua narrativa com a palavra “travessia”, seguida pelo símbolo do infinito.

A primeira guerra é protagonizada por líderes do sertão e soldados do governo. Preso, um deles é julgado pelo tribunal dos líderes, dos quais Joca Ramiro é o chefe supremo. Alguns são favoráveis à pena capital, mas acabam dando liberdade ao réu, sob a condição de que ele vá para Goiás e não volte de lá sem licença. Assim termina a primeira guerra.
A paz se estabelece no sertão, até que depois de longo período aparece o jagunço Gavião-Cujo, que anuncia a morte de Joca Ramiro. Começa a segunda guerra, organizada sob novas lideranças: de um lado os assassinos de Joca Ramiro e traidores do bando; de outro, Zé Bebelo, o réu da primeira guerra, que retorna para vingar a morte de seu salvador, chefiando o bando de Riobaldo e Diadorim, com os demais chefes. A segunda guerra marca o fim do romance, na batalha final no Paredão.

Homem danado, esse João. Há algum tempo tinha começado a ler – tardiamente, já sei, grave falha na cultura – Grande sertão. Pois tive que parar ali pelo primeiro terço, porque não dá pra ler esse relato se o leitor não consegue concentrar toda sua atenção no texto. Não dá, porque o que importa acima de tudo não é apenas o enredo, por mais entrecortado em seu tempo, cheio de histórias, casos e lucubrações. O que importa acima de tudo no texto de Rosa é o texto em si – linguagem, sintaxe carecendo atenção, mistura de fala do interior com espertíssimas construções e poesia maior, neologismos desenfreados – e se não der pra curtir com o devido gosto, melhor adiar o projeto.
Recomecei do começo, em outro ritmo. Mesmo que só desse para ler duas páginas por dia, não parei mais. Porque essa é uma leitura de puro prazer, e cheguei a um momento da vida em que não posso me dar ao luxo de rejeitar um prazer. Como diria Barthes, trata-se de um texto de gozo, no que isso implica de mais difícil e mais forte, e igualmente irrecusável.
Quer palavra mais alegre que lequelêias? Pois ler João é isso: enigmas e lequelêias.

domingo, 12 de dezembro de 2010

MESSIAS DE HANDEL , ENTRE OUVIDOS

 Messias  é um oratório, composto por George Frideric Handel, com libreto de Charles Jdennens baseado na bíblia do Rei James da Ingraterra. Foi escrito durante o verão de 1741, em Londres e estreado em Dublin, na Irlanda em 13 de abril de 1741.

Imaginem a deliciosa surpresa dos comensais deste fast food de Los Angeles ao ouvir o coral apresentando o Aleluia, utilizando sinais de wireless, telefones celulares, microfones e mall´s PA system, sofisticação eletrônica muito distante de nossa realidade , principalmente aqui em Caxambu, Minas Gerais.

A radialista, escritora, professora Lilian Zaremba, no ano passado lançou mais um livro, o "Entre Ouvidos" . veja mais em Caros Ouvintes
Nele é contada a experiência, em um dos artigos (o livro é coordenado pela  Lilian e tem artigos assinados por vários colaboradores) de transmissão de som, feita em pontos determinados de uma localidade, utilizando aparelhos celulares .

Estas apresentações do Flash Mob Musical, que desta vez contou com 16 participantes, está sendo executada há seis anos, em Nova York, em mais de  70 locais. A que esta postada no Youtube e indicamos foi feita em 13 de novembro deste ano. Vá até lá e procure pelo título:


Christmas Food Court Flash Mob, Hallelujah Chorus - Must See!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

BIENVENUE CHEZ LES CH'TIS

Por Esther Lucio Bittencourt


“Bienvenue Chez Les Ch'Tis” é o filme que vi pela segunda vez entre ontem e hoje. O título em português é “A Riviera não é aqui” porque, certamente, alguns raros saberiam o que significa ch`tis.

Trailer do filme



No filme, acreditamos que em Bergues, onde ele se passa, todos falam o ch’tis. Mas não é bem assim. Na França, numa rápida planagem, temos a língua d’oc e a d’oil. A d’oc é a da ocitania, são os dialetos do sul da França. A d’oil são os dialetos do norte, os normandos à oeste , e o picard também . A lingua d´oil, originária do latin culto, deu origem ao idioma francês..

O termo chti ou chtimi foi cunhado durante a primeira guerra mundial pelos soldados que não eram do nord  pás de calais, composto de 22 regiões, dentre elas cambrai, onde Marcel Proust, autor de “em busca do tempo perdido” ia com sua avó gozar das estacões termais, como conta no romance.


O ch’tis É o patoi, que uma parte da população fala na região que faz fronteira com a Bélgica, na realidade um patoi do picard, ele também um patoi.

Conto isto porque amei a cidade de Bergues com suas construções medievais de ruas estreitas, o campanário onde cerca de 50 carrilhões são tocados por um carteiro, no filme, mas é como as capitanias hereditárias, tocar os carrilhões é uma tradição que privilegia uma família.

Para se ter uma idéia da diferença entre o francês e o ch’ti vejam o glossário do dialeto, proveniente do latim vulgar http://www.chti.org/chti/glossaire/index.php.

Lembrei-me dos chiados dos que moram no Estado do Rio de Janeiro ao falar os esses e ce agas. Sou de lá, moro em Minas Gerais, mas chio sempre. Viu, biloute? Hã!!!!

Sobre privilégios, enganos e estereótipos é construída esta comédia onde o belga Jacques Brel canta “Le Plat Pays”



Le Plat Pays

Avec la mer du Nord pour dernier terrain vague
Et des vagues de dunes pour arrêter les vagues
Et de vagues rochers que les marées dépassent
Et qui ont à jamais le cœur à marée basse
Avec infiniment de brumes à venir
Avec le vent de l'est écoutez-le tenir
Le plat pays qui est le mien
Avec des cathédrales pour uniques montagnes
Et de noirs clochers comme mâts de cocagne
Où des diables en pierre décrochent les nuages
Avec le fil des jours pour unique voyage
Et des chemins de pluie pour unique bonsoir
Avec le vent d'ouest écoutez-le vouloir
Le plat pays qui est le mien
Avec un ciel si bas qu'un canal s'est perdu
Avec un ciel si bas qu'il fait l'humilité
Avec un ciel si gris qu'un canal s'est pendu
Avec un ciel si gris qu'il faut lui pardonner
Avec le vent du nord qui vient s'écarteler
Avec le vent du nord écoutez-le craquer
Le plat pays qui est le mien
Avec de l'Italie qui descendrait l'Escaut
Avec Frida la Blonde quand elle devient Margot
Quand les fils de novembre nous reviennent en mai
Quand la plaine est fumante et tremble sous juillet
Quand le vent est au rire quand le vent est au blé
Quand le vent est au sud écoutez-le chanter
Le plat pays qui est le mien

A Riviera Não é Aqui/Bienvenue Chez les Ch’tis
De Dany Boon, França, 2008


Com Kad Merad (Philippe Abrams), Dany Boon (Antoine Bailleul), Zoé Félix (Julie Abrams), Lorenzo Ausilia-Foret (Raphaël Abrams), Anne Marivin (Annabelle Deconninck), Philippe Duquesne (Fabrice Canoli), Guy Lecluyse (Yann Vandernoout), Line Renaud (a mãe de Antoine).
  • Roteiro Dany Boon, Alexandre Charlot e Franck Magnier
  • Fotografia Pierre Haïm
  • Música Philippe Rombi   
  • Produção Pathé, TF1 Films, participação Région Nord-Pas-de-Calais. DVD 
  • Flashstar.
  • Cor, 106 m

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A alma encantadora de João

Por Dade Amorim

João do Rio. A alma encantadora das ruas. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. 253p.


A alma encantadora das ruas reúne crônicas de João do Rio, pseudônimo do acadêmico Paulo Barreto, falecido dentro de um táxi em 23 de junho de 1921. Textos típicos do flâneur que ele foi, originalmente publicados de 1904 a 1907 na imprensa carioca, estão organizados nesse volume por Raúl Antelo, autor da boa introdução, mostrando desde uma breve biografia do cronista até o alcance de sua obra, que contribuiu de modo decisivo para “abrir janelas na modernidade brasileira”.
A leveza com que trata essa “alma das ruas” torna a leitura agradável sem a facilidade do superficial. A visão da rua nessas crônicas tece uma espécie de ícone de uma sociedade e de um tempo que se estende além de algumas gerações. Se a ideia de pátria e mesmo a de cidade são grandiosas demais para o homem individual, a rua é o espaço na sua medida exata. Estão ali o chão que ele pisa no dia-a-dia, os tipos com que interage durante a existência, os instrumentos ou o lugar de seu trabalho. É nas ruas de um bairro que primeiro aprendemos a ser alguém, pertencer a um grupo, evitar riscos e personagens indesejáveis. Há ainda muitas outras coisas que se aprendem nas ruas por onde se passa, passeia ou onde nos divertimos.
João do Rio fala do Rio de Janeiro, sua cidade, de seus habitantes, trabalhadores e cidadãos de classes variadas. Mas é no pequeno trabalhador, nos tipos ditos de rua que demora seu olhar perspicaz e divertido, como em “Pequenas profissões”. Em “Os tatuadores”, vemos que a mania de tatuagem, que parece coisa tão atual, é bem mais antiga do que imaginamos. Assim como a religiosidade popular, antes da febre de igrejas que ora nos aflige, e as leituras que o homem da rua prefere. Os pintores de rua, hoje representados também por pixadores e grafiteiros, são motivo de comparações divertidas e sarcásticas. O autor faz um paralelo entre os egos inflados, que reclamam por se considerar grandes artistas injustiçados, e os pintores anônimos, que podem ser apreciados “levemente e sem custo”, alguns dos quais, que ele chama os “heróis da tabuleta”, fazem uma arte de utilidade prática. Esses artistas anônimos têm em comum “os germes de todos os gêneros, todas as escolas e, por fim, muito menos vaidade que na arte privilegiada”.
Está no texto ainda a mania de janela do carioca, tema que Barreto pretendera desenvolver num livro que ele mesmo classificou de “notável”. Ali também se encontram a origem, as influências e a ironia contida em tantos nomes que batizaram as ruas do Rio. Muito mais que “um alinhado de fachadas, por onde se anda nas povoações”, como a definem as enciclopédias, a rua é para ele “um fator de vida das cidades”, e acrescenta: “a rua tem alma!”
O texto é temperado de erudição e iluminado pela visão de mundo do autor, homem viajado e culto, que no entanto redescobre nas atividades mais primitivas e populares os mesmos princípios que levaram o homem universal à realização de grandes obras. A rua é para ele “o motivo emocional da arte urbana mais forte e mais intenso. A rua tem ainda um valor de sangue e de sofrimento: criou um símbolo universal.” O texto se expande no sentido da universalidade e do significado da rua em outras terras e outras cidades, suas características, sua perecibilidade, a rua como suporte da História. Mas acima de tudo, é a redescoberta, a seu tempo, da poesia genuína que nunca deixou de florescer nas ruas da cidade.

domingo, 5 de dezembro de 2010

DRIBLANDO O CALOR

Por Telinha Cavalcanti

QUITANDA DA VIDA VI

Sempre fui mais de frio do que de calor. Ou melhor: sempre fui mais de meio termo. Pq no frio a ponta do meu nariz fica gelada e se eu cubro com o cachecol os meus óculos embaçam. E no calor, não adianta: Rio de Janeiro, 42 graus. Ventilador no máximo, ar condicionado no talo e a temperatura fica suportável. A conta de luz causa síncopes.


Para driblar esse inferno na torre, ops, na terra, duas receitinhas simples e bobocas que não requerem prática e nem habilidade.


VITAMINA DE LARANJA, BANANA E MAMÃO
Eu me criei com essa vitamina, e estou aqui, lépida e fagueira. Vai com fé que é uma delícia:



Para um copo de vitamina, você vai precisar de:

Suco bem gelado de 3 laranjas

1 banana
uma fatia bem grossa de mamão-baía, mamão-formosa ou um mamão papaya inteiro.
Bata no liquidificador, tome fazendo gut-gut e ganhe um bigode alaranjado. É uma delícia. Não deixe demorar no copo, senão engrossa. E é outra receita de olho. Mantendo essa proporção básica, você faz vitamina para um batalhão. E bote açúcar, se quiser. Eu prefiro sem.



MILK SHAKE DE IOGURTE


Ah, coisa maravilhosa. É ótimo para a sobrinhada encher o buchinho numa tarde quente. A receita é para um copão de vitamina.
Um pote de iogurte de morango

2 bolas de sorvete de creme
Cabou a receita. Bata no liquidificador e seja feliz. Como sempre, a proporção varia se você usar iogurte de copinho ou de beber. Você que escolhe mais grossinho ou mais líquido. E atenção, pessoal da dieta ou da diabetes: pode fazer com sorvete e iogurte diet. É uma das melhores receitas diet que eu conheço :D

sábado, 4 de dezembro de 2010

A SAGA INSISTE E PERSISTE

Caros Telespectouvintes,

Tudo bem?

Sabemos que a vida é bela, mas nem tudo é perfeito. "Trabalhamos para melhor servi-los", ou seja, lutamos pela melhora de conexão para que todos se deleitem com os sábios dizeres de Fal Mainada. Pensamos até em lançar uma promoção para quem entende o que a Fal diz ?... Hoje deveremos fazer novo teste de gravação. Torçam os dedos para ver se dessa vez dá certo! Por enquanto, bem... torçam os ouvidos e boa sorte para todos na tripulação desse navio!

Convidamos também para que se manifestem no sistema de comentários do blog, porque fica mais beeeem fácil para avaliarmos e termos a exata noção daquilo que necessitamos melhorar. Ou se preferirem, escreva-nos: primeirafonte@gmail.com .Não se intimidem, por favor. A casa é de vocês!

Abraços e boa viagem,
Ana Laura, Esther e Fal =D

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A SAGA CONTINUA




E DEPOIS, AQUI...

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

BERNARDO

Fal Azevedo, autora de Minúsculos Assassinatos e Alguns Copos de Leite, é tia de Bernardo. Repartiu essa crônica - quando fez para o sobrinho que nascia - ao saber que o neto da Verônica é Bernardo também. Verônica é advogada, em Caxambu/MG, e dona do Sítio Primavera. No ano passado, recebeu título de cidadã-caxambuense.


És Bernardo e que belo nome tens. Bernardo. Bernardo. Pelo trânsito infinito desta cidade irracional, recito teu nome que soa tão belo, definitivo e real. Porque só tu és real, Bernardo. Nessa tarde de sol frio, só tu me tiras da dor maior e me devolves a dimensão, real, como tu, do belo, do certo, do bom. És Bernardo, pontinho iluminado que me deslumbra no vídeo. És Bernardo, urso e soldado, o equilibrado salvador dos viajantes. Vens tão querido num mundo tão cruel. Mas não te assustes com a expectativa nem a tomes como um fardo, pois és Bernardo. Farás deste um mundo melhor simplesmente por existires. Por seres essa idéia morna, esse nome forte, essa profusão de lãs coloridas que ocupam o dia de tua avó paulista. Esse projeto de quartinho da avó carioca. Já és Bernardo meu, nossa maior esperança, o depoimento ao futuro de todos nós e não apenas de teus pais. Porque tu és Bernardo, nosso primeiro menino, nosso poeta maldito, nosso executivo de gravata, nosso escritor angustiado, nosso padeiro feliz. E riremos de tuas bravatas e repetiremos tuas gracinhas e diremos que és parecido com o tio fulano. Claro, muito mais inteligente e bonito do que o filho da vizinha. Porque, sim, só tu és maiúsculo, só tu significas e encantas, embalas e sustentas nossos sonhos. E, mesmo distante, repetindo teu nome como um mantra, vou me lembrar de ti. Pois na viagem de hoje tu me salvaste. Mais de uma vez. 


(Para a Verônica Paiva Pires, com amor, parabéns! Um Bernardo é das melhores coisas da vida.)


Fal

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

PROGRAME-SE!