domingo, 14 de novembro de 2010

QUITANDA DA VIDA III

Por Telinha Cavalcanti


Doce "de olho"


Antes que vocês pensem em comidas exóticas e nojentas, doce de olho é aquele que não tem receita. Ou, como diz minha santa mãezinha, dona Helena, "o quanto baste" disso ou daquilo, e ainda mais "a gosto do freguês".

Fiz inúmeras tentativas de adaptar as receitas "de olho" para uma coisa mais civilizada, e fracassei retumbantemente. Há receitas em que tudo depende.

Então, vai uma receita só, hoje, boba, simples e a minha preferida desde sempre: doce de caroço de goiaba, que - arrá! - não é da minha mãe, é da minha avó paterna, de quem herdei o nome e não conheci, pois morreu um ano antes de eu nascer: vó Stella.

Doce de goiaba é uma coisa besta que todo mundo sabe fazer, e se não sabe, deveria.Tem doce de cuia, a compota, tem doce cremoso e tem geléia. Esse doce é feito com a parte desprezada pelos que não são da minha família: o caroço, este incompreendido.

A receita não tem proporções, então você pode fazer com um quilo ou com 3 goiabas :)

Corte as goiabas ao meio, retire os caroços com uma colher de sopa, coloque na panela e adicione açúcar o quanto baste (tá vendo?). Com o fogo em temperatura média, mexa com colher de pau, com cuidado quando começar a borbulhar. Ele vai ficar brilhoso e começar a soltar da panela. Quando der o ponto, experimente o açúcar e veja se precisa colocar mais.

As sutilezas da receita, o ponto certo, a quantidade do açúcar, vão variar de acordo com o paladar de cada um. O jeito que eu gosto é quando ela fica bem brilhante, não muito doce e com ponto de geléia grossa. Não é uma goiabada cascão, viu?

Guarde em uma compoteira de vidro transparente para todos verem a beleza que o doce é. Atenção: não morda os caroços ao comer ou talvez precise ir correndo ao dentista.