Os da tribo Kayapó - que habitam a região amazônica de Mato
Grosso-começaram a ser evacuados na marra para
construção da hidrelétrica de Belo Monte.
Os kaingang seguirão.
Depois os Kaiowá, E você e eu.
Por nossa omissão, Em nome do progresso nós,, confortavelmente protestamos de nossas cadeiras reclináveis através das redes de comunicação da internete; protestamos e vamos depois comer a comida quente, gastar com gadgets etc...e dormimos em paz.
Até que sejamos os próximos a ir para o olho da rua, viver à
margem da civilização e acreditando que, por adotar o nome dos guarani-kayowá
nos tornamos um deles. Os kaingang seguirão.
Depois os Kaiowá, E você e eu.
Por nossa omissão, Em nome do progresso nós,, confortavelmente protestamos de nossas cadeiras reclináveis através das redes de comunicação da internete; protestamos e vamos depois comer a comida quente, gastar com gadgets etc...e dormimos em paz.
Fiz isto e não consigo sentir o momento deles.Apenas um vago soluço de medo temendo pelos meus direitos.
Um breve mal estar, assim como a chuva traz o cheiro da terra molhada, que nós é agradável, mas já foi embora. Desejava meu sangue mais jovem para da revolta fazer o ato . Mas será que o faria: iria comungar com eles este momento de impotência em que resta apenas, como solução, o suicídio coletivo?
Não somos um povo, ou bando. Um bando defende os seus. Um povo luta pelos seus direitos. Somos sombras do nosso individulismo coletivo, e sombra porque nem sabemos mais quem sou eu quem é você como cantava um antigo samba canção. Viu, tudo vira canto. Triste , magoado, mas sem ação.
Eles dizem e fazem. Vão se matar e o sangue deles pingará em nossos pratos de comida, na água do nosso banho, e no café com leite da manhã.
Mas tudo passará e nos acostumaremos com mais um genocídio neste mundo em que tudo é banal, menos a banalidade.
elb
elb
Carta dos Guarani-Kaiowá de Passo Piraju frente à ordem de despejo da Justiça Federal
Carta de seiscentos (600) comunidade Guarani-Kaiowá de Passo Piraju –Dourados-MS para o Governo e Justiça do Brasil
Por meio desta carta, vimos descrever e apresentar a nossa história e situação atual em tekoha Passo Piraju-Dourados-MS. Nós 600 comunidades Guarani-Kaiowá estamos assentando na margem do rio Dourados-MS, há mais de 12 anos, aguardando a regularização da parte de nosso território tradicional Passo Piraju. Nos últimos dois anos no interior de tekoha Passo Piraju foi construída uma escola padrão (FNDE) com 3 salas pela prefeitura municipal de Dourados-MS onde estudam 150 alunos (as).
Fundação Nacional de Saúde construiu um Posto de Saúde, além dessas estruturas construídas em nossa pequena tekoha Passo Piraju ganhou também encanamento de água potável (caixa d’água) e instalação de rede da energia elétrica do Programa Luz para Todos. Nós comunidades cultivamos o solo, produzimos a alimentação aqui mesmo, plantamos mandioca, milho, batata-doce, banana, mamão, feijão e criamos de animais domésticos, como galinhas e patos.
Aqui agora não passamos fome mais. As nossas crianças e adolescentes são bem alimentadas e felizes, não estão pensando em prática de suicídio. Assim, há uma década, nesses doze (12) hectares estamos tentando sobreviver de formas saudáveis e felizes, resgatando o nosso modo de ser e viver Guarani-Kaiowá, toda a noite participando de nosso ritual religioso jeroky e guachire.
Porém, infelizmente, no dia 08 de outubro de 2012, de manhã recebemos uma triste notícia de extermínio/genocídio, violência e constrangedora, gerando profunda tristeza, perplexa, medo nas vidas de todos nós. Essa notícia é a ordem de nossa expulsão/despejo expressada pela Justiça Federal do Tribunal Regional da 3ª Região (TRF-3) São Paulo-SP. Recebemos esta informação de que nós comunidades, logo seremos atacada, exterminada e expulsa da margem do rio pela própria Justiça Federal.
Assim, fica evidente para nós, que a própria ação da Justiça Federal gera e resgata o processo de extermínio de povo Guarani e Kaiowá, ativando as violências contra as nossas vidas, ignorando os nossos direitos de sobreviver na margem de um rio e próximo de nosso território tradicional Passo Piraju. Assim, entendemos claramente que a decisão da Justiça Federal é para exterminar coletivamente nós povo Guarani e Kaiowá.
Diante dessa notícia de extermínio, todos nós começamos entrar em estado de desespero profundo e sem esperança de vida melhor. Os jovens e adolescentes começam pensar em morte e suicídio, não sabemos mais como garantir e anunciar o futuro melhor para nossas crianças. Realmente, queremos deixar evidente ao Governo e Justiça Federal que por fim, todos nós já perdemos a esperança de sobreviver dignamente e sem violência em nosso pequeno território antiga.
Não esperávamos de ser exterminado pela própria Justiça Federal. Estamos tentando sobreviver dia-a-dia nesse contexto de violências, exigindo e aguardando a justiça, mas infelizmente, de fato, a própria decisão da Justiça Federal vai exterminar nossas vidas. Frente a violência e extermínio anunciado pela Justiça à quem vamos denunciar as violências praticadas contra nossas vidas?? Para qual Justiça do Brasil??
Se a própria Justiça Federal está exterminando nos e alimentando violências contra nós. Diante da decisão Justiça, nós avaliamos e concluímos que vamos morrer todos pela própria ação da Justiça, não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui na margem do rio quanto longe daqui. Moramos na margem deste rio Dourados-MS há mais de doze (12) ano.
De fato, sabemos muito bem que fora daqui, longe daqui, na margem da estrada iremos retornar a sobreviver na miséria e passar fome novamente, não queremos rever a miséria e fome de nossas crianças na margem da estrada, jogados como lixo como era antes, por essa razão, decidimos a resistir e morrer todos juntos aqui na margem do rio Dourados-MS. Se a justiça brasileira não quiser mais nos ver com vida por aqui pode mandar matar todos nós aqui no Passo Piraju.
Decidimos que na beira da estrada não vamos retornar, preferimos morrer que retornar à margem da rodovia, por isso, a Justiça não precisa mandar retirar e despejar nós daqui só manda matar todos nós. Esse é nosso pedido definitivo. Aguardamos esta decisão da Justiça. Queremos ser morto e enterrado junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje.
Assim, é para decretar a nossa morte coletiva Guarani e Kaiowá de Passo Piraju e para enterrar-nos todos aqui, somente assim, não reivindicaremos os nossos direitos de sobreviver. Esta é a nossa última decisão conjunta diante da decisão da Justiça Federal do Tribunal Regional da 3ª Região (TRF-3) São Paulo-SP.
Atenciosamente,
Tekoha Passo Piraju-Dourados-MS, 16 de outubro de 2012
Assinamos nós 600 comunidade Guarani-Kaiowá de Passo Piraju-MS