Lilian Zaremba
Havana.
Uma paisagem. Um corte na História.
Homens migram de terras a outras terras como aqueles
chamados Tainos quevindos do continente norte, central e sul americano, aportaram
e habitaram aquela ilha passando a nomeá-la Caobana. Isso, muito antes da
chegada dos espanhóis. Mas quando eles chegaram, renomearam os Tainos e a ilha:
passaram a ser Arawak e Cuba...
Uma ilha e muitas histórias. Entre essas, as histórias
de pirataria.
Quem visita algumas cidades do Caribe pode observar a
beleza de sua arquitetura mas também a estratégia sobre a qual foi
pensada...ruas estreitas e sinuosas, construídas de forma a guardar um segredo:
do mar , sua vista não alcança longe, dando a idéia – falsa – de que ninguém
está protegendo aquele território.
Exatamente assim foi resguardada a cidade de Camagüey.
Durante o século 15, erguida a beira mar, após muitas
invasões piratas, foi transferida para longe desses olhos da pilhagem.
Camagüey, originalmente Santa Maria de Porto Príncipe, é capital da província e
uma das mais populosas cidades cubanas. Além disso, foi ali que ele nasceu.
1937.
ali, aonde outros poetas nasceram: Gertrud Avellanada,
Nicolás Guillén... também ele veio ao mundo, Severo Sarduy.
Una lâmpada.
Un vaso. Una botella.
Sin más
utilidade ni pertinência
que estar
ahí, que da a la consciência,
un soporte
casual. Mas no la huella.
Uma lâmpada.
Um vaso. Uma garrafa.
Sem mais
utilidade nem pertinência
Além de estar
ali, dando consciência
Um suporte casual.
Mas não sua marca.
Poeta, autor deste trecho do “Soneto Morandiano” após
estudos escolares, em 1956 sai de Camangüey para estudar medicina em Havana.
Quando acontece a Revolução Cubana.
Severo participa nos primeiros momentos da Revolução, colaborando
em publicações marxistas como o Diário Libre, mas pouco depois, em 1960, viaja
para novos estudos, desta vez em Paris.
Ali, conhece François Whal, filósofo editor da
prestigiada Editións du Seuil, que viria a se tornarseu grande amigo e companheiro.
Sarduy trabalha um tempo como produtor na Rádio e
Televisão Francesa, escrevendo roteiros, ensaios, aonde se podia escutar
“ouço vozes
não me
ordenam nenhum sacrifício,
nenhuma
obrigação de meu corpo, de minha pessoa.
Só que não
escreva mais para esses vozes”.
Brilhante ensaísta, poeta, pintor, narrador, recebendo
o Medici Prize em 1972 por sua novela “Cobra”, Severo Sarduy é considerado uma
das mais importantes vozes artísticas do
século 20, uma ponte entre a literatura e pintura, poesia e rádio, Cuba e sim,
Belo Horizonte –
Duas imagens
de sonho escapam
Cada uma de
uma íris