Por Esther Lucio Bittencourt
Há cerca de três ou quatro anos Regina Branco e eu resolvemos ir dirigindo até Foz do Iguaçu, onde mora minha sobrinha Jackeline e, de lá visitaríamos alguns países da América do Sul.
Passeio obrigatório: as cataratas que me pareceram bem mais lindas, quando se olha da Argentina do as vistas do lado Brasileiro.
Mas, em vez de botar a carroça na frente dos bois contarei como se deu a viagem.
Saímos de Caxambu bem cedo com intenção de pernoitar em Tatuí ,São Paulo, e, de quebra, visitaríamos a escola de música de lá, com fama internacional. Mas, para chegarmos em Tatuí resolvemos fazer um lanche em Sorocaba onde nos perdemos durante preciosas horas.
Dormimos em Tatuí, finalmente, sob a vigia de enorme lua cheia que se mostrava em detalhes no céu. Dia seguinte estávamos no Paraná. Garanto que nunca vi tanta plantação de cana de açúcar onde antes era plantado o sorgo, o trigo e demais culturas de regiões mais frias.
Lembra o filme Sinais, não é mesmo?
No Paraná pegamos uma estrada em obras com desvio para sabe-se lá onde. Desviamos no desvio. Estrada comprida de dar só sem um vivente no caminho umas casas de colonos aqui outras bem, mas bem mais a frente. Nenhuma casa grande. E íamos cantando dirigindo a Berlingo, um carro muito gostoso da Citroen.
Subitamente, Regina repara que a lua cheia, enorme, não aparecia mais no céu.
- Vai ver, na próxima curva ela aparece. Comentei.
E nada da lua.
Então, Regina falou: Esther é possível que os eixos da terra tenham se aprumado e o mundo acabou. Só restamos nós nesta imensidão.
Pagamos os celulares e ligamos para meio mundo. Claro que não havia sinal, portanto não completávamos as ligações.
Minha bexiga estava lotada. Resolvi então, já que o mundo havia acabado, esvaziá-la ali mesmo, na beira da estrada, sem, no entanto, tirar os olhos do céu.
Precisávamos de um sinal definitivo de que a terra havia mudado seus polos. E nada deste sinal
Voltamos para o carro e seguimos estrada afora cientes de que éramos só nós sobre o planeta.
Repentinamente surge na estrada uma aglomeração de ferro velho, pousada, restaurante e algumas casas relutantes em mostrar suas luzes. Fomos para o restaurante pousada e, para nossa surpresa havia pessoas vivas que nos informaram estar acontecendo um eclipse. Menos mal.
Conseguimos apartamentinhos descentes e a sopa dos deuses regada com azeite e acompanhada pelo pão mais saboroso que já provei.
Na manhã seguinte chegamos a Foz do Iguaçu.
O dia mal amanheceu, no outro dia, e já estávamos na Argentina. Um café da manhã divino com croissants perfeitos, sucos consistentes e um leite de cabras que pastavam no céu. Fomos em busca de cashimires.
Nos perdemos no comércio onde com o Real fazíamos a festa com o peso tão em baixa. Enfim, fomos almoçar. Em Buenos Aires não é assim, mas nas cidades fronteiriças é habito. Os restaurante estão fechados no almoço para a siesta de seu pessoal . Conseguimos um supermercado que servia comida e como a fome era grande deixamos de reparar a higiene local. As toneladas de água das cachoeiras lavam todo o desagradável da vida. E alí estão as quedas d'água em sua imponência.
Esperem aí: pensam que a história terminou? Nada disto. Amanhã tem mais.