Compramos deliciosas cashimires e, no final da tarde, exaustas, conseguimos um restaurante onde tomamos um suco divino e apreciamos os índios vendendo colares, mantas, ponchos pelas ruas. Algumas mulheres índias com seus filhos ao colo eram lindas, assim como as crianças coradas de rosto redondo. Voltamos para Foz do Iguaçú para a casa de minha sobrinha e jantamos arroz integral. Os olhos repletos de maravilhas.
Garganta do diabo |
Em nosso passeio pelas cataratas de Foz do Iguaçu, carro estacionado, pegamos um trem que nos levou até à estação Garganta do Diabo, onde já se ouve o som das quedas d'água, e o corpo sente a força impressionante deste rugido.
Formadas há aproximadamente 150 milhões de anos, são 275 quedas isoladas, que formam uma única em tempo de cheia.
Quando fomos, elas estavam começando a encher. A estiagem prolongada fizera com que se transformassem em filetes de água. Foi o que me contaram.
O Rio Iguaçu, cujo nome em tupi guarani significa "água grande", nasce próximo à Serra do Mar e percorre 1.320 km até a foz, desaguando no Rio Paraná.
Após uma ampla curva e uma corredeira, o leito principal do rio, onde está a fronteira Brasil-Argentina, precipita-se em uma profunda fenda de erosão, formando a Garganta do Diabo.
Ele chega a medir 1.200 metros de largura acima das Cataratas, estreitando-se até 65 metros no canyon formado após as quedas. A extensão das Cataratas é de 800 metros no lado brasileiro e 1.900 metros no lado argentino, resultando numa largura total de 2.700 metros com formato semicircular.
Dependendo da vazão do rio, o número de saltos varia de 150 a 300, e a altura das quedas varia de 40 a 82 metros.
A vazão média do rio é de 1.500 m3 por segundo, variando de 300 m3/s nas ocasiões de seca e de 6.500 m3/s nas cheias.
Estas informações são recolhidas num museu próximo à entrada das cataratas, do lado brasileiro, onde o piso é todo de vidro transparente.
Mas o triste desta história é que os índios Caigangues, habitantes das margens do Rio Iguaçu, acreditavam que o mundo era governado por M'Boy, um deus que tinha a forma de serpente e era filho de Tupã. Igobi, que era o cacique da tribo tinha uma filha chamada Naipi. Tão bonita que as águas do rio paravam quando a jovem nelas se mirava.
Por culpa de sua beleza, Naipi foi consagrada ao deus M'Boy, e vivia somente para o seu culto.
Entre os Caigangues, havia um jovem guerreiro chamado Tarobá. Ao ver Naipi, um belo dia, caiu duro para trás, pumba, se apaixonou.
No dia da festa de consagração de Naipi, enquanto o cacique e o pajé bebiam cauim (bebida feita de milho fermentado) e os guerreiros dançavam, Tarobá aproveitou e fugiu com ela numa canoa rio abaixo, arrastada pela correnteza.
M'Boy (hoje, nome de DJ) percebeu a fuga de Naipi e Tarobá e ficou furioso.
Penetrou as entranhas da terra retorceu o corpo até fazer enorme fenda onde se formou uma gigantesca catarata.
As águas revoltas engoliram a canoa com os fugitivos que caíram de grande altura desaparecendo para sempre.
Diz a lenda que Naipi foi transformada em uma das rochas centrais das cataratas, perpetuamente fustigada pelas águas revoltas e Tarobá convertido em uma palmeira situada à beira de um abismo, inclinada sobre a garganta do rio.
Debaixo dessa palmeira acha-se a entrada de uma gruta sob a Garganta do Diabo onde M`Boy, o monstro vingativo vigia eternamente as duas vítimas.
Regina Branco, companheira de viagem |
Visitamos várias cidades e até arriscamos chegar perto de Buenos Aires de carro. Mas a Berlingo enguiçou, pifou e retornamos para Foz. De lá para Maringá, levadas por uma Meriva que a Citröen colocou à nossa disposição e, depois, voltei para Caxambu/MG. Regina teimou em ficar na cidade, mesmo sabendo dos casos de dengue. Mesmo sabendo que as peças ainda seriam resgatadas na França para consertar o carro.
Enfim, alguns dias depois, veio ela também, sem o carro, para Caxambu - que tem um Parque das Águas com 12 fontes de água mineral, cada uma com propriedade diversa da outra.