Por Esther Lucio Bittencourt
Este presépio , com imagens de tamanho natural, é apresentado todos os anos na Praca XV de Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina e foi reconhecido em 2004 como o mais original do mundo. Foi criado por Franklin Cascaes e montado inicialmente no Museu da Universidade Federal de Santa Catarina.
Franklin Joaquim Cascaes, pesquisador da cultura açoriana -A ilha de Florianópolis é considerada a ilha do arquipélado dos Açores, tantos são os habitantes de Florianópolis que de lá vieram-
folclorista, ceramista, estudou as lendas e superstições da cidade e utilizou uma linguagem fonética para retratar a fala cotidiana do povo.
Em 2008, centenário de seu nascimento, foi publicado o livro Treze Cascaes, coletânea de contos de diversos autores, organizado por Salim Miguel e Flávio José Cardozo, com ilustrações de Tércio da Gama para resgatar a cultura local.
As imagens tem tamanho natural
Chegada dos Reis Magos
Um conto do livro Treze Cascaes sobre o Presépio. Está disponível para download em http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAUYoAI/resumo-livro-treze-cascaes
"– O PRESÉPIO –
Adolfo Boos Jr.
Tema central: O conflito entre as tradições ilhoas e o seu apagamento sob o excesso de urbanidade no presépio de Cascaes que é estranhamente dessacralizado.
Lentamente chega o caminhão, que carrega um idoso condutor e três homens. Chegam perto da figueira e descarregam, peça por peça, o presépio.
Começa a montagem e os passantes começam a atrapalhar o trabalho e o moço da montagem pede aos seguranças que tirassem o povo dali.
O jovem deveria montar o presépio de acordo com a fotografia do ano anterior, mas deu um toque pessoal, mudando a posição de um dos carneiros, “estética, meu amigo, estética”.
ordena que tudo volte ao lugar de origem, “ São José foi apeado do camelo e
Quando chega a noite, o jovem decide mudar tudo de posição, afinal ficaria muito melhor, mas para seu espanto, no outro dia de manhã, todas as peças voltaram ao lugar correto. Estética New age e o moço insiste nas modificações, não adianta o povo reclamar. Surge o encarregado do museu que fica horrorizado com a situação porque Baltazar largou a mão de Maria, deixou de ameaçá-lo com o cajado, tiraram a camisa do Avaí de Gaspar, recolocaram a capa nos ombros de Melchior que, por sua vez, desistiu de tourear a vaquinha.”
Professor Cascaes fosse vivo...ai deles
Um velhinho sai andando, feliz, dizendo “Eu sabia!”
O moço reclama que todos os dias colocava Jesus sobre uma árvore e de manhã ele estava novamente na manjedoura e alguém lembra que se o A montagem de O Presépio, de Adolfo Boos Jr., em tempos natalinos, sob a figueira da Praça, apresenta o processo mais importante do que o processado, talvez exatamente porque está ausente a figura de Cascaes. Distante modelo original perdido, o criador sempre em renovação, todos exigem seu direito de opinião “estética”, como em futebol todos se julgam técnicos.
É o implícito que clama!"