quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

CACOS DE PORCELANA AZUL



Claudia Lopes Borio


Cacos de porcelana azul

Cacos de porcelana azul,
Olhos azuis, renda
Altruísta do tempo
Válvulas no coração de uma baleia,
Uma praia ossos brancos,
E árvores que balançam lentamente
O mar, senhor
Exigente de tantas mulheres
E cacos de porcelana azul,
Renda de bilros bordada sobre
Partitura
Com espinhos de cactos
Mão de mulher velha, o sol
Exigente senhor
Louças da Companhia das Indias
A companhia das índias era boa
Para os homens brancos
Ensinaram a tomar banho
O sabão, em um pratinho
O azul vem do cobalto
Segredo chinês
E a louça se foi em cacos,
Delicados, gastos pelo mar,
Exigente senhor!
Que as rolou para cá, e para lá
Até uma praia, após uma baleia
Cujo esqueleto jaz em museu
Baleia é grande, Jonas tinha razão
Só a cabeça é ...
De um tal tamanho
E na praia, os cacos chegaram
Gastos, já de tanto rolar
Mulheres que faziam renda
Praia do forte, o sol, exigente
Senhor, quebrou em cacos
A louça, tão azul, os olhos,
Que leram as partituras
Em rendas de bilros
E músicas antigas, porcelanas
Da companhia
Das índias.