Claudia Lopes Borio
Cacos de porcelana azul
Cacos de porcelana azul,
Olhos azuis, renda
Altruísta do tempo
Válvulas no coração de uma baleia,
Uma praia ossos brancos,
E árvores que balançam lentamente
O mar, senhor
Exigente de tantas mulheres
E cacos de porcelana azul,
Renda de bilros bordada sobre
Partitura
Com espinhos de cactos
Mão de mulher velha, o sol
Exigente senhor
Louças da Companhia das Indias
A companhia das índias era boa
Para os homens brancos
Ensinaram a tomar banho
O sabão, em um pratinho
O azul vem do cobalto
Segredo chinês
E a louça se foi em cacos,
Delicados, gastos pelo mar,
Exigente senhor!
Que as rolou para cá, e para lá
Até uma praia, após uma baleia
Cujo esqueleto jaz em museu
Baleia é grande, Jonas tinha razão
Só a cabeça é ...
De um tal tamanho
E na praia, os cacos chegaram
Gastos, já de tanto rolar
Mulheres que faziam renda
Praia do forte, o sol, exigente
Senhor, quebrou em cacos
A louça, tão azul, os olhos,
Que leram as partituras
Em rendas de bilros
E músicas antigas, porcelanas
Da companhia
Das índias.