sábado, 4 de agosto de 2012

MARLY MEDALHA, POETA DE UM TEMPO SEM FIM

Por Ana Laura Diniz


Marly, e-terna poeta
Marly Medalha. Esse é o nome da jornalista e poeta fluminense que fez de São Paulo (SP) o seu lar, e de Niterói (RJ) a sua Pátria. 

Dona de uma poesia certeira, por vezes, noticiosa, densa e sensível, Marly era amiga de muitos. Também de Carlos Drummond de Andrade, Geir e Haroldo de Campos e Esther Lucio Bittencourt, que além de poeta, jornalista e diretora de redação do Primeira Fonte, dividia a amizade com os citados poetas. 

A obra de Marly é imprescindível. Lançou “A Canção da Ternura Inútil” (1961); “Queima Sangue de Narda” (1973) e “Lírica de Antonha do Céu por Raimundo Vira-Flor”, cordel (1975). Tem ainda cinco livros inéditos. Todos igualmente imperdíveis. Mas a sua Antologia Poética - que reuniria as obras em sua totalidade - infelizmente ainda não fora lançada, o que é puro lamento - pois sem que isso ocorra, dificilmente Marly será reconhecida como poeta e conhecida pela geração presente e pelas vindouras: como poeta e fortaleza.

Abaixo, de "Cantigas de Bendição"...

I

E repousada em ti me tenho
como um pombo no ninho.
Nem te faço de correio,
nem te arreio, és passarinho.

Passarinho, passarminho,
entre as penas do arvoredo,
Francis Hime, arvorinho,
passarinho, passaredo.

Quando tu voas, eu vôo.
Se desfaleces, te aqueço.
Ah, passarinho-do-vento,
passarinho-do-moinho,
pombo-sem-pombo-correio,
só por ser teu alimento
enfeito a casa de milho,
forro de folhas por dentro.

Por te amar, não tenho pena,
por cantar, perdi meu medo.
Que te olhando eu viro um ninho.
Tenho bem mais que mereço.