terça-feira, 25 de setembro de 2012

QUITANDA DA VIDA

Telinha Cavalcanti


Oh, esta receita é tão vintage.
Vintage é o velho que não é velho, é clássico. Que saiu de moda, mas é bom. E isso serve para quase tudo, mas quando é comida, tem uma vantagem: leva a gente mais depressa prá algum lugar gostoso lá no passado.


Suflê de camarão

Ingredientes

250 g de camarão já refogado com temperos
1 copo de leite de coco
2 colheres de farinha de trigo
1 colher de manteiga
2 colheres de cebola ralada
1 pitada de fermento em pó
5 ovos
3 colheres de queijo ralado
sal a gosto

Como fazer
Leve ao fogo uma panela com manteiga e a cebola; refogue. Misture com a farinha de trigo
e mexa bem; acrescente o leite e mexa para não empelotar. Deixe cozinahr um pouco. Retire do fogo, misture as gemas, 2 colheres de queijo e o camarão refogado. Ponha em forma untada e polvilhe com queijo. Leve ao forno para assar.

Imagem: Receitas da Allana

domingo, 23 de setembro de 2012

SENHORA DO TEMPO - ÁGUA! GELADA, POR FAVOR!

Vera Guimarães

Nestes dias de calor da savana que faz aqui no Planalto Central, o que mais se vê pela casa são copos com água pela metade (porque já ficou quente), outros com gelo derretendo, formas de gelo sendo enchidas continuamente, nossas pobres tentativas de driblar o calor e a seca.
E exatamente enquanto estamos nessa luta, vem a Fal e me pergunta como era na minha infância e adolescência: Tinha geladeira na sua casa? Como era?

Na década 1940 e até metade da década 1950, pelo menos no meu interior de Minas, só tinham geladeira os comerciantes, os industriais, fazendeiros com casa na cidade, os políticos, enfim, a classe acima da classe média.

Conferi essa minha percepção com marido, praticamente da minha idade, mas morador da Capital, e ele me confirmou que lá também era assim. A família dele só comprou a primeira geladeira quando ele tinha seus 13 anos.

Para nós, tanto para ele quanto para mim, gelo e bebida gelada só existiam nos bares, aos quais chegávamos quando conseguíamos alguns trocados. E nem nos importávamos com a paulada na testa produzida pelo súbito gelo do picolé ou sorvete no organismo.

Nas casas bebia-se água em temperatura ambiente, agradavelmente fresca quando armazenada em grandes vasilhas de cerâmica ou nos enormes FILTROS FIEL, conjunto formado por tripé de metal, uma talha de cerâmica e um recipiente provido de filtro e coberto por cilindro de alumínio, enfeitado por fora com pintura de ramo de flores.

Mas a gente queria era água gelada. A família de meu marido a conseguia com vizinhos, que colocavam vasilha com gelo no muro que separava (ou unia?) as duas casas amigas. No interior, eu e outras parceiras do vôlei, em intervalos necessários ou inventados, a obtínhamos na maravilhosa casa de uma delas, próxima à Praça de Esportes onde treinávamos. Nessa hora eu aproveitava para espiar a casa rica, de cozinha de mármore, empregadas uniformizadas, pisos reluzentes, finezas desconhecidas até então.

Recorro às minhas irmãs para saber mais. Sim, em Sete Lagoas havia uma fábrica de gelo, junto à fábrica de manteiga. Naquele ambiente úmido e gelado trabalhava-se de tamancos de madeira. Por ocasião de festas, comprava-se uma barra de gelo, que era quebrada e colocada em um latão, dispondo-se as garrafas no meio dessas pedras, cobrindo-se tudo com serragem para conservar a temperatura.

Em 1956 chegou a oportunidade da família comprar sua geladeira.

Uma de minhas irmãs era contadora na concessionária de veículos GM, que passou a comercializar também geladeiras Frigidaire, uma divisão da multinacional. Essa irmã me conta que, curiosamente, a geladeira chegou, foi retirada da embalagem, mas não foi posta para funcionar, ou, se foi, nada era colocado dentro dela. Não havia a cultura de armazenar alimentos no frio: comprava-se e se consumia tudo no mesmo dia. Havia feira perto, o leiteiro passava todas as manhãs, a carne era conservada de formas tradicionais, as sobremesas eram compotas de frutas. E lá ficou a geladeira, meio sem uso.

Até que um dia chegou amigo da família, abriu a porta da geladeira e colocou lá dentro o jornal do dia: “Pelo menos, notíca fresca a gente vai ter!”

Imagens 
Filtro: Gaveta do Ivo
Geladeira: Quebarato

terça-feira, 18 de setembro de 2012

QUITANDA DA VIDA

Telinha Cavalcanti

Bolo é sempre bom. De chocolate, então, é uma maravilha. Com recheio e cobertura, então... Melhor parar de babar no teclado ;) Com vocês, o bolo prestígio, uma receita maravilhosa da confeiteira Isamara Amâncio, com alguns pitacos que eu dei :D

Bolo Prestígio

Ingredientes bolo

6 gemas
2 xícaras (chá) de açúcar
1 xícara (chá) de chocolate em pó
3 xícaras (chá) de farinha de trigo
1 colher (sopa) de fermento em pó
¾ xícara (chá) de óleo
1 xícara (chá) de água morna
6 claras em neve


Como fazer:

Primeiro, bata as claras em neve e reserve.
Em uma batedeira, bata as gemas com o açúcar por 10 minutos.
Peneire o chocolate (não é Nescau, é aquele chocolate em pó Dois Frades, da Nestlé), a farinha de trigo e o fermento em uma vasilha e reserve.
Em outra vasilha misture o óleo com a água.
Acrescente os ingredientes secos e a mistura de água e óleo sobre as gemas batidas.
Finalmente, incorpore as claras batidas em neve, mexendo delicadamente em movimentos de baixo para cima, para que a massa não fique pesada.
Leve para assar em forma untada e enfarinhada em forno pré-aquecido de 180 a 200 graus.
Esta massa rende uma assadeira de 30 ou 35 cm.


Recheio Prestígio

Ingredientes:
1 colher (sopa) de leite em pó instantâneo
½ xícara (chá) de água
2 latas de leite condensado
2 xícaras (chá) de coco ralado em flocos
1 colher (sopa) rasa de margarina
1 caixinha de creme de leite

Como fazer:
Coloque em uma panela todos os ingredientes.
Leve ao fogo e mexa até formar um doce mole.
Deixe esfriar e recheie o bolo.


Cobertura


Ingredientes:
1 colher (sopa) cheia de leite em pó instantâneo
½ xícara (chá) de água
2 latas de leite condensado
4 colheres (sopa) de achocolatado tipo Nescau
2 colheres (sopa) de chocolate em pó
1 colher (sopa) de margarina

Como fazer:
Coloque em uma panela todos os ingredientes.
Leve ao fogo até ferver bem e formar um doce mole.
Deixe esfriar um pouco e cubra o bolo.


Calda

Ingredientes:
½ vidro de leite de coco
½ lata de leite condensado
1 copo (requeijão) de leite

Como fazer:
Misture os ingredientes e use para regar o bolo antes de cobrir com a cobertura. Se quiser que ele fique mais molhadinho, fure o bolo todo com palitos de churrasco, para que a calda entre com mais facilidade.


Montagem:

Com o bolo completamente frio, corte na metade horizontal.
Regue com a calda
Recheie a metade de baixo com prestígio
Coloque com a metade de cima e torne a regar com a calda.
Cubra com a cobertura e se quiser, adicione raspas de chocolate.


Imagem: Olhar Moderno

sábado, 15 de setembro de 2012

A GUERRA DO TUM-TUM-TUM

Por Claudia Lopes Borio*



Foto Google

Atualmente está na moda falar em barulho, em poluição sonora, mas geralmente não damos muita bola para isso, a não ser quem tem “ouvido de tuberculoso”, como diz meu pai, expressão muito usada antigamente. Não sei por que motivo os tuberculosos ouviriam melhor do que os outros, mas aparentemente eles tinham uma grande sensibilidade para ruídos, Talvez fosse devido à doença, ao sofrimento da falta de ar. Eu, como não sou tuberculosa, mas sou asmática, também tenho ouvido fino e gosto de dizer que ouço o “click” das folhas de grama, quando me deito no jardim para olhar a lua, e o “tic-tic” dos cupins que lentamente roem meu sofá de vime favorito.

No entanto, a poluição sonora é a única que cessa imediatamente, quando se desliga a sua fonte, ao contrário de outras poluições. Ou seja, o som não permanece no ambiente, quando aquilo que o produzia é desligado. Assim, desligou a tevê, o barulho acabou na hora. Isso nos dá a impressão de que som não é poluição, e de que não faz mal. É um engano bem grave.
Relatos existem de misteriosos barulhos ou zumbidos que perturbam populações inteiras, e eu já escrevi até um conto sobre isso. 

 Na Inglaterra foi documentado “The Hum”, o zumbido que afligiu várias pessoas numa determinada região. Em outros países, antenas, turbinas eólicas, geradores, fábricas, todos produziram “The Hum” ou zumbidos misteriosos, causando cansaço, perturbando o sono, deixando as pessoas nervosas, amedrontadas ou simplesmente irritadas.

No Novo México há até uma cidade, Taos, onde se diz que existe um Zumbido residente, e que é comum ouvi-lo. No Havaí, um vulcão produz também um zumbido poderoso.

Mas a poluição sonora que mais aparece, e da qual mais nos queixamos, é composta de barulhos altos, súbitos, capazes de provocar sobressalto – um escapamento de caminhão, o freio de um ônibus, uma buzinada. 

Entra aqui o que eu queria abordar, os rapazes novos – sim, geralmente são homens, os casos que observei eram 100% rapazes, que possuem carros, não luxuosos nem de primeira linha, equipados com poderosas e imensas caixas de som, onde eles ouvem música de um tipo que só posso definir como TUM-TUM-TUM. 
Não é música sertaneja, nem brasileira, embora possa eventualmente ser o “breganojo” ou “sertanejo universitário, mas sim música eletrônica, eminentemente repetitiva, composta de poucos compassos e poucas notas, geralmente numa mesma amplitude de notas musicais – é interessante notar como todas as músicas parecem ter sido escritas numa mesma parte da escala musical.




É como se estivéssemos em frente a um piano e tampássemos uma boa parte das teclas, ficando somente com umas dez ou doze bem no meio dele, desprezando todas as outras. Música simples, pobre de harmonias e de enredos, e muito repetitiva. 
E o que mais se destaca são as percussões fortíssimas, conseguidas a base de recursos eletrônicos, que ecoam pelas paredes dos edifícios, fazem vibrar até o chão e de longe se ouve tais carros que se aproximam. Dentro, geralmente um ou dois rapazes, óculos escuros, camiseta, bermuda com nomes de marcas de surfe (alguns dos carros que eu observei tinham adesivos da Oakley, uma fornecedora de óculos escuros para surfistas), tomando uma cervejinha impunemente. 

Horário de funcionamento do TUM-TUM-TUM? Começa às 10 da manhã e... bem, não tem horário para terminar. Local preferencial? Desfilando lentamente pelas avenidas à beira mar, ou próximas da beira do mar, indo ocasionalmente se reabastecer em alguma distribuidora de bebidas.

Ansiosa para entender o que passa na cabeça desses seres humanos, submeto-me voluntariamente ao sacrifício e me exponho por alguns minutos ao TUM-TUM-TUM. Serão sensações delirantes de prazer, uma vontade inexprimível de dançar que soltarão meu corpo e farão de mim uma sílfide dançarina? Nada. Sinto vontade de sair correndo, com uma forte opressão na cabeça que literalmente faz vibrar meus ouvidos e minhas bochechas por dentro a cada TUM , meus ouvidos doem e a sensação que eu tenho é que o ritmo corresponde ao do meu coração, mas na forma de múltiplos – ou seja, se meu coração bate 60 vezes por minuto, o TUM-TUM-TUM ecoa 360, 720 vezes por minuto.
 Imediatamente, meu coração parece querer acompanhar o ritmo e bater em TUM-TUM-TUM também.

Sinto-me inquieta, desassossegada. Começo a sentir uma esquisita taquicardia e minha boca seca.A vontade de fugir do lugar aumenta mais a cada segundo, e começo a perceber que tudo ao meu redor está amortecido, anestesiado. Sinto dor, literalmente dor, nos ouvidos. A vibração se transmite à mandíbula, ao peito. Penso que posso morrer, ou desmaiar. Sem mais o que fazer, abandono o experimento o mais rápido que posso, e noto que estou suando frio. Foi como se passasse por alguma experiência causadora de pânico ou de forte adrenalina. Não achei nem um pouco agradável.

A atitude dos jovens impressiona: não é simpática, e não vejo como possa atrair ninguém. Ocasionalmente, já vi algumas garotas andando de passageiras em tais carros, junto com rapazes, mas não senti nelas nenhum entusiasmo, tanto que não vi moças com carros próprios e equipamentos de TUM-TUM-TUM, e nenhuma mulher passou dirigindo algum carro com som alto, em todos que observei.

De fato, a ciência já percebeu, há muito tempo, que a exposição a sons muito altos é capaz de destruir células nervosas do ouvido, transformando as pessoas em surdas. Ou seja, a cada hora de TUM-TUM-TUM, lá se vão algumas células, que não mais nascerão, pois não se renovam. O dano passa desapercebido, assim como ocorre com tantos jovens que ouvem seu rock’n’roll em casa com altofalantes potentes ou fones de ouvidos, jogam games, enfim, divertem-se com diversões eletrônicas e sonoras, bem como com operários, operadores de máquinas, DJs, e outras pessoas que se submetem a ruídos altos e prolongados. Aliás, a legislação trabalhista já contempla o uso obrigatório de abafadores de ruídos (tapaouvidos) para esses casos, bem como os períodos de repouso que compensam as horas trabalhadas com ruídos altos.

Mas o TUM-TUM-TUM dos carros de som, que não passa de uma diversão, de um “corso” ou desfile pela beira da praia, ritual de paquera ou exibição, parece atingir uma altura muito grande para mim, é inimaginável como as pessoas conseguem suportar isso, embora várias pessoas me assegurem que nas discotecas, festas e “raves” é facilmente possível de alcançar volumes ainda mais altos de TUM-TUM-TUM.

Em pesquisa junto a uma fornecedora de aparelhos de surdez para idosos, que preferiu permanecer anônima, tive a confirmação de que vêm atendendo também a jovens, sendo que nos últimos dias venderam um aparelho de surdez para um rapaz de 32 anos. Mas que são casos bastante difíceis de atender, pois muitas vezes a surdez dos jovens é diferente da dos idosos e não adianta usar aparelho, pois não há mais condução das ondas sonoras.

A ciência já comprovou também que o som alto, em ritmo rápido, pode causar taquicardia, convulsões, epilepsia, disritmia cardíaca e cerebral, derrame e até a morte. Interessante também ler que o som alto de qualquer natureza pode ter um efeito terrível sobre o sistema imunológico, ou seja, a pessoa submetida a uns três dias de TUM-TUM-TUM pode sair dali com uma pneumonia galopante ou morrer de leucemia , sei lá eu.

Os americanos não deixaram de se valer dessas interessantes características das ondas sonoras para pesquisar formas de torturar presos, como ocorreu por exemplo no seu campo de concentração de Guantánamo, onde torturaram presos de origem islâmica com a repetição em volumes altos de músicas ocidentais (para tristeza de vários músicos, que ficaram consternados ao saber disso). Fala-se também de uma misteriosa arma sonora que poderia ser usada em guerras, destruindo a resistência física e mental dos inimigos. Não duvido que tal arma seja uma bateria de TUM-TUM-TUMs alinhados em fila. Poderíamos facilmente fornecer tal arma e... (ai! Espero que nunca seja usada, como todas as armas!!!).

Na lei brasileira, como tudo é previsto e maravilhoso, ah, se somente fosse aplicada, temos que a poluição sonora é prevista no artigo 42 da Lei de Contravenções Penais, podendo resultar do exercício de profissões ruidosas, gritaria ou algazarra, uso de instrumentos sonoros ou musicais ou ruídos produzidos por animais. Não é necessário medir o grau de decibéis para que o infrator seja enquadrado, basta a alegação de que está incomodando os outros, ou seja, ruído incômodo é todo aquele que perturbe o sossego ou o silêncio.

No litoral do Paraná, reino do TUM-TUM-TUM, já houve várias operações em prol do silêncio, inclusive com apreensão de equipamentos e multas, mas ultimamente só vi os carros da polícia passando rapidamente pelas principais rodovias, com ar muito atarefado, e pelo menos oito TUM-TUM-TUNS passaram por dia em frente ou próximos da casa onde estive hospedada no Sete de Setembro. As prefeituras locais também não tiveram a ideia de submeter os infratores a exames de audiometria, que poderiam comprovar rapidamente que se tornavam surdos, o que certamente seria um fator de desestímulo.

Como se não bastasse o desfile incólume de carros com o som “no último”, uma casa da esquina abrigava uma festa com volume sonoro elevadíssimo, e músicas da mesma (pobre) qualidade dançante, festa essa que começou na quinta feira e só parou no domingo, com pessoas bebendo pelas sacadas, sem interrupção. Só pode ter sido a base de drogas, pois não entendo como alguém possa ficar quatro dias acordado bebendo e ouvindo nosso querido TUM-TUM-TUM.

Além disso, no sábado presenciamos uma guerra sonora – nossa, os americanos deveriam ter vindo assistir e estudar isso! Realmente, deveriam ter enviado observadores internacionais! Foi impressionante! A casa roxa da esquina com seu TUM-TUM-TUM impávido, não sei o que houve que eles resolveram aumentar ainda mais o volume. Estava de desfolhar o pé de araçá. Foi quando de repente algum vizinho deve ter se queimado na parada, e a pensão da outra esquina resolveu contratacar com BREGANOJO. Foi uma disputa de derreter altofalante.

Nós só escapamos da perda total de nossas células auditivas porque fomos empinar pipas na praia, e depois descobrimos umas caixinhas de som na nossa casa e ficamos ouvindo um modesto sambinha, muito agradável, que teve o condão de apagar um bom tanto a guerra que se processava lá fora, pois como se sabe, os chamados “ruídos brancos” podem dissipar a sensação de estresse devida à poluição sonora. O resultado da guerra, para quem ficou curioso em saber, foi que o TUM-TUM-TUM da festa na casa roxa ganhou, pois o BREGANOJO estava sendo tocado de um carro e creio que deve ter acabado a bateria ou derretido o altofalante.

Meu único consolo, em toda a antipatia que nutro contra os guerreiros sonoros, é que logo estarão com seus sistemas imunológicos comprometidos e serão irremediavelmente surdos, e portanto nem Tum-tum-tum (baixinho, longe) ouvirão mais, terão que aprender a se comunicar usando LIBRAS, venderão tristes seus carros cheios de caixas de som imensas, pois não conseguirão mais renovar a carteira de habilitação e irão residir em comunidades só para surdos, onde sobreviverão fabricando vassouras de piaçava, pois embora pudessem ter estudado para ser surdos cultos e ter profissões ótimas, não estudaram, ficaram ouvindo somente seus... TUM-TUM-TUNS...

*Claudia Lopes Borio é escritora em Curitiba e detesta som alto.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

QUITANDA DA VIDA

Telinha Cavalcanti


Ah, esta receita de picadinho é como um carinho de mãe. Perfeita para a frase "buchinho cheio, buchinho feliz" :) Sirva com farofa, com um bom pudim de leite moça, deite numa rede, ouça um disco de Caymmi e se acabe de tanta brasilidade :)

PICADINHO

500g de filé mignon bem picado
2 dentes de alho picados
1 cebola pequena, picada
2 tomates maduros, sem pele e sem sementes, picados
1/4 de xícara de manteiga
sal e pimenta a gosto

Numa panela, refogue bem o alho e a cebola na manteiga. Quando a cebola estiver transparente, coloque a carne, deixe cozinhar um pouco. Adicione os tomates (ou o molho de tomate, se preferir). O ponto é quando a carne está cozida, com caldinho.
Sirva quente com arroz branco bem soltinho, ovo frito de geminha mole, batata frita, farofa, banana à milanesa... você escolhe! Agora, uma dica: guarde um pouco para comer amanhã, com pão. Você vai me agradecer :D

Imagem: Comer, Beber & tal

sábado, 8 de setembro de 2012

LEVE-ME AO SEU LÍDER - UTOPIAS E DISTOPIAS

Carlos Frederico Abreu


Tão cativantes quanto o tema do primeiro contato com seres alienígenas são as utopias e distopias, um capítulo à parte na literatura de Ficção Científica (FC).

O estudioso de FC, Darko Suvin, definiu utopia como uma 'alternativa histórica desejável'.

A palavra utopia (bom-lugar) apareceu pela primeira vez em 1516, quando Thomas Moore a usou para descrever a descoberta do Novo Mundo, e estabeleceu o padrão para narrativas utópicas, se tornariam muito comuns no século 18, através de escritores como Daniel Defoe e Jonathan Swift.

No século 19, metrópoles como Londres, destinadas a servir como exemplo de modernidade, chafurdava no crime, prostituição, epidemias, sem falar da crescente poluição - as utopias então deram lugar às distopias, um termo que sugere o mau funcionamento de uma utopia.

A eclosão da Primeira Guerra Mundial, o fortalecimento dos regimes totalitários e o ritmo acelerado das mudanças tecnológicas, serviram para incendiar a mente dos escritores do século 20, e particularmente 5 livros foram muito felizes ao capturar a essência da literatura utópica/distópica.


'Admirável Mundo Novo' (1932) de Aldous Huxley

'Admirável Mundo Novo' teve sua origem em uma visita de Huxley aos EUA em 1926, da qual retornou convencido de que o futuro dos EUA seria o futuro do mundo.

O livro oferece uma visão global a partir da americanização, da racionalização dos métodos de produção em massa (Fordismo), onde a quantidade e a eficiência da produção eram de suma importância, e a manipulação genética (não se falava de clonagem ainda) seria peça importante para uma sociedade em que o destino era determinado antes mesmo de se nascer. Uma distopia satírica, onde a monogamia é repreensível e que cria dois mundos - o Estado Mundial racionalizado, e o mundo "primitivo" da Reserva - separados um do outro e, é claro, ambos desajustados.



'The Shape of Things to Come' (1933) de HG Wells

Estudo utópico mais elaborado de Wells, 'The Shape of Things to Come' apresenta uma tentativa de abranger todo o século 20 através da narrativa de convulsões sociais que culminam em outra guerra mundial, do colapso do nacionalismo europeu e do surgimento do Estado Mundial, assim como o rápido desenvolvimento de meios de comunicação e a melhoria do bem-estar físico da humanidade. Ao longo do caminho, Wells inclui piadas contra Aldous Huxley (segundo ele, "um dos mais brilhantes escritores reacionários).


 
'1984' (1949) de George Orwell

"Orwelliano". O adjetivo tornou-se padrão para descrever regimes totalitários. O livro evoca a austeridade do pós-guerra na Grã-Bretanha sob um regime brutal, que combina ecos nazistas (Semana do Ódio) com a Rússia de Stalin (o aparelho de inteligência do Estado e a adulteração da história).

'Fahrenheit 451' (1953) de Ray Bradbury

Já em 'Fahrenheit 451' de Bradbury, Montag, um bombeiro, é também um agente da ordem,  responsável por queimar livros, executando parte do plano maior de "limpeza cerebral". O personagem principal de '1984' (Winston Smith), assim como Montag, é um agente dentro do mecanismo estatal. Enquanto Bradbury descreve a televisão como entretenimento; Orwell concentra-se em sua utilização para o controle, já que câmeras escondidas estão por toda parte. Uma sociedade cujos membros estão o tempo todo um espiando e reportando o comportamento do outro, e mais perturbador do que isso, nunca se sabe quando estão sendo observados pelo Big Brother, a imagem extrapolada desta supervisão estatal eletrônica.

Diferente de Montag, que encontra maneiras de conduzir seu próprio destino, Smith, sombrio, se rende à inevitabilidade diante dos senhores que controlam os meios para moldar o pensamento e a percepção daquela sociedade.


'A Laranja Mecânica'  (1962) de Anthony Burgess.

Fortemente influenciada pelas questões públicas e sociais que nos anos 60 eram debatidas nas esferas governamentais britânicas, 'A Laranja Mecânica' aborda a delinquência juvenil e também incorpora na sua narrativa, experimentos sobre condicionamento comportamental, que estavam na época sendo realizados secretamente.
A linguagem criada por Burgess, combinando russo, americanismos e gíria britânica vulgar, é um atrativo extra ao protagonista Alex, o líder de uma gangue de rua, e que acaba por dividir a narrativa em três fases: a hiper violência recreativa que o levou à sua prisão, a terapia de reabilitação e por fim seu retorno à sociedade distópica futurista.

Mais recentemente nos anos 80 e 90, vimos diversas distopias chegando principalmente ao cinema, graças ao gênero cyberpunk. Mas esta é uma conversa para outro dia...


Do livro de David Seed ‘Science Fiction: A Very Short Introduction’

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

TEMPO, A ESCOLA DA VIDA

Por João Victor Mendes


Imagem do Google
Independentemente da posição social e da origem cultural, o passar dos anos é algo imutável. À medida que envelhecemos, começamos a encarar a vida de outra forma. Contudo, em uma sociedade que está em constante mudança, seja ideológica, seja econômica, o velho vem perdendo sua identidade e começa a ser visto como um estorvo para a economia.

Em um mundo onde o número de idosos vem crescendo, graças ao aumento da expectativa de vida, é muito comum nos depararmos com agressões e recriminações para com eles. Essas pessoas, que a muito contribuíram para tornar o planeta tal como o conhecemos, têm sido alvos de constantes opressões.

Uma grande quantidade de pessoas em todo o mundo assemelha a figura do velho como um ser frágil e sem utilidade. Entretanto, o governo, em cumprimento da lei, vem tentando assegurar-lhes uma melhor qualidade de vida. Por meio dos projetos de inclusão da chamada "melhor idade", o Poder Público os estimulam a participar mais ativamente na sociedade.

Com base nisso, está se tornando cada vez mais comum vermos reuniões e encontros de idosos em praças, praias e nos mais diversos espaços públicos. A economia, que a muito buscou solução para diminuir os gastos com essa classe, vê nesses programas uma janela de valor inestimável. Pois, além de proporcionar-lhes uma boa saúde, acaba por contribuir para o desenvolvimento econômico, principalmente o turístico.

Não importa o quão velha uma pessoa seja, ela merece respeito e atenção. O mau trato dirigido a elas, além de covardia, é crime. Os idosos têm lutado, e vencido, por sua aceitação. Vêm ganhando, novamente, o seu valor. E mais uma vez nos serve de exemplo. Pois, após ter passado por muitas provações, nunca desistiram de desempenhar seu papel como um verdadeiro ser humano. 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

LIVRO RESGATA A OBRA DE MAESTRO MINEIRO AGRACIADO POR DOM PEDRO




Esther Lucio Bittencourt




Vista de Baependi. Foto conseguida por volta de 1800- Foto google


O final de semana - dias 6 e 7 de dezembro de 2003 - marcou o resgate histórico e musical da obra de Francisco Raposo (1845-1905), maestro baependiano que viveu no século XIX e que foi condecorado pelo Imperador D. Pedro II.

O projeto foi uma realização da Fundação Baependiana de Educação, Ecologia e Cultura/FUNBEC, aprovado pela Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais, através da Lei de Incentivo à Cultura, patrocinado pela CEMIG e executado na Escola de Música da Universidade do Estado de Minas Gerais (ESMU/UEMG).


Pesquisa revela grandiosidade da obra

Partindo de uma pesquisa sobre os nomes das ruas de Baependi (localizada no sul de Minas Gerais), a pesquisadora Maria José Turri Nicoliello chegou à Travessa Maestro F. Raposo. A continuação da pesquisa, iniciada em 1996, a levou a uma antiga publicação da Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais intitulada Minas Gerais em 1925, onde figurava uma pequena biografia do maestro.

O aprofundamento da pesquisa e algumas entrevistas revelaram ainda mais as faces de Francisco Raposo: compositor, violinista, professor de piano, regente e tenor (Raposo era conhecido como ‘Sabiá Mineiro’).

Em 1996, três integrantes da FUNBEC, Maria Aparecida Lopes, Dinorá Miacci e Maria do Carmo Nicoliello Pinho, ao fazer o resgate das partituras do acervo da Corporação Musical Carlos Gomes (Baependi, 1892), encontraram as partituras de Francisco Raposo e trouxeram à luz do conhecimento a obra até então ignorada desse artista mineiro.
                                                                                          Foto google
“A partir daí, aos registros documentais foram sendo acrescidas informações vindas de pesquisas em arquivos públicos, cartórios, bibliotecas, museus e ainda por meio de entrevistas e registros de lembranças pessoais de descendentes”, conta Maria José.

A pesquisa revelou que Francisco Raposo exerceu a profissão de músico em cidades do sul de Minas, do Vale do Paraíba Fluminense e na Corte do Rio de Janeiro, chegando a cantar na Capela Imperial para Dom  Pedro II.

cantá-los. Isso despertou a atenção da mídia e propiciou a elaboração do projeto A FUNBEC chamou a si a tarefa de fazer sua música audível e conhecida por todos; para isso contou com o maestro Márcio Mangia, que fez a revisão de duas peças musicais, a Visitação de Dores e  Kyrie, e com o Coral Montserrat , que a ela pertence, paracultural.

O mineiro que encantou o Império

O primeiro contato de Francisco Raposo com a família imperial foi em 1868, quando foi cantado um Te Deum (hino litúrgico cantando em solenidades religiosas) para a Princesa Isabel e o Conde D’eu, que estiveram em visita a Baependi.

No ano seguinte, Raposo apresentou a composição de sua autoria - Hino aos Mineiros - na abertura da Exposição Mineira União e Indústria de Juiz de Fora, que contou com a presença do Imperador D. Pedro II. O ‘Sabiá Mineiro’ ganhou visibilidade e reconhecimento, que o levaram à Corte.

“A trajetória de Raposo foi, sem dúvida, a de um artista itinerante. Viajava, atendendo a convites para apresentações em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, apresentando-se como tenor. Além de cantor, era exímio violinista e excelente professor de piano”, diz a pesquisadora Maria José.


 O tenor ganha a Corte

Francisco Raposo teve a oportunidade de cantar na Capela da Imperial Irmandade de N. S. da Glória do Outeiro - a Capela Imperial, que até hoje é freqüentada pela alta sociedade carioca.

Na comemoração de um dos aniversários da Coroação, Francisco Raposo cantou na Capela Imperial para o imperador D. Pedro II, tendo sido agraciado por sua majestade com uma medalha de prata.

“Naturalmente, essas solenidades religiosas eram revestidas da pompa que exigia a ocasião e as missas, em geral, eram em Ação de Graças, onde cantava-se o Te Deum solene”, revela Maria José.

Em outra oportunidade, Raposo teria se apresentado ao violino em duo com Reichert, flautista belga trazido ao Brasil pelo imperador.
Consta que em uma de suas apresentações ao monarca, Raposo recebeu uma batuta de ouro (da qual não se sabe o paradeiro) das mãos de D. Pedro.

As fazendas de café e a música

A elite cafeeira do Brasil imperial mantinha em suas fazendas o polido hábito de promover saraus. “Não raro, contratavam professores de piano para os filhos, encomendavam obras sacras de devoção, além de realizar bailes em que se ouviam valsas e quadrilhas executadas por músicos escravos.

Alguns fazendeiros chegaram a formar suas próprias bandas de música”, conta Maria José Turri Nicoliello. Foi o que aconteceu com Francisco Raposo que se tornou regente da banda da Fazenda Vista Alegre (Valença, RJ), pertencente ao português Visconde de Pimentel, que mantinha a Casa da Música onde também funcionava a Escola de Ingênuos, a primeira do Império brasileiro a alfabetizar escravos e crianças da região.

A família Raposo revelou à pesquisadora que por volta de 1886, quando residia em Barra do Piraí (RJ), o maestro teria se apresentado a D. Pedro II à frente de uma orquestra composta por negros escravos.

Nhá-Chica, Francisco Raposo e a música

Em 1877, Francisco Raposo, então organista da Capela da Conceição (Baependi), foi incumbido por Francisca de Paula de Jesus, a Nhá-Chica (conhecida por seus dons e milagres e que, por isto, foi Beatificada), de comprar um órgão para a Capela. O órgão de fole francês veio de trem do Rio de Janeiro até Barra do Piraí e chegou a Baependi transportado em carro-de-bois. O instrumento foi restaurado em 2002 e está na mesma igreja até hoje.

O lançamento do livro

Depois de sete anos de pesquisa, foi lançado nos dias 6 e 7 dezembro o livro A Vida, a Música e a Obra de Francisco Raposo.

foto google

A publicação reúne a pesquisa histórica e parte da obra musical de Raposo. Vale ressaltar que as 30 obras encontradas foram enviadas ao Centro de Pesquisa da ESMU/UEMG, em Belo Horizonte, para a digitalização e revisão musical. Esse trabalho levou cerca de dois anos para ser concluído e foi coordenado pelos musicólogos e maestros Márcio Miranda Pontes e Nelson Salomé de Oliveira.

A FUNBEC providenciou o lançamento do CD com as composições de Francisco Raposo. Foram encontradas 29 obras sacras, entre Missas, Marchas Fúnebres, Te Deuns e Ofícios de Semana Santa. A única obra profana achada é um Cateretê (dança de bate-pés e bate-mãos acompanhada de letra jocosa que faz sátira aos costumes sociais da época), cuja partitura autógrafa data de 1891, Valença (RJ).
Vide acima .

Baependi foi uma cidade importante nos séculos XVIII e XIX, não só na música, como também na produção agrícola e deu ao Brasil grandes figuras históricas. Sua origem remonta o final do século XVII, aproximadamente 1692, portanto ela está desde então, inserida no Caminho Velho da Estrada Real.
E neste momento de ativação turística deste trajeto nada melhor que o resgate de sua antiga história.



terça-feira, 4 de setembro de 2012

QUITANDA DA VIDA

Telinha Cavalcanti

Mais uma receita antiga! Encontrei numa revista chamada "Bom Apetite", dos anos 70, que estava lá na casa da minha mãe...

BISCOITO

Ingredientes

5 ovos
1 xícara + 1 colher de sopa de açúcar
1 colher de chá de essência de baunilha
1 xícara de farinha de trigo
1 pitada de sal
1 xícara de fécula de batata
manteiga para untar


Como Fazer

Junte as gemas, o açúcar e a baunilha. Bata na batedeira até obter um creme esbranquiçado.
Peneire juntos farinha, sal e a fécula de batata.
Adicione a mistura às gemas, aos poucos, misturando levemente com uma espátula.
Acrescente as claras batidas em neve.

Forre uma assadeira com papel manteiga e unte com manteiga. Coloque pequenas porções da
massa (duas colheres de chá por porção). Leve ao forno bem quente, pré-aquecido, por 10
minutos. Separe bem uma porção da massa do biscoito da outra, para que não se unam ao assar.


Imagem: Panela ao Lume