quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

HELLO, DOLLY! BOM MESMO É...

Dorothy Coutinho

Numa conversa animada entre homens e mulheres um grande amigo estava presente. Ele e sua pressão alta e a dieta rigorosa que o caso exige.
O papo estava meio dividido sobre o masculino e o feminino.
E lá estava ele no meio do assunto, motivo da animação da ala masculina. Silencioso e triste suspirou fundo e disse em voz alta para que todos o ouvissem:
- vocês ficam aí dizendo que bom mesmo é mulher. Bom mesmo é sal!

É. Faz sentido.
O que diferencia os estágios da experiência humana nesta Terra é o que o homem, a cada idade considera bom. Melhor do que tudo. Bom mesmo.

O recém-nascido diria bom mesmo é mãe.
Na infância o cheiro do caderno novo?
- Não. Bom mesmo é o cheiro de Vick-Vaporub.

Na pré e na adolescência tudo passa a ser mais difícil na escolha do viveiro de prazeres: bola de gude, fazer xixi na piscina, jogar futebol e dar aquele passe de calcanhar.
Logo em seguida o homem se sente na obrigação de pensar que bom mesmo é mulher – ou prima que é parecido com mulher -, mas ainda acha que bom mesmo é acordar na segunda-feira com febre e não precisar ir à aula.

Depois, sim, vem a fase em que não tem conversa. Bom mesmo é sexo!
Esta fase dura geralmente até o fim da vida, mesmo quando o sexo precisa disputar a preferência com outras coisas boas.
Quando alguém diz que bom mesmo é outra coisa, está sendo honesto ou original.
- Bom mesmo é goiabada com queijo.
- Melhor do que sexo?
- Bom. Cada coisa na sua hora.

Já na idade madura, mesmo com o consenso de que nada se iguala ao prazer, mesmo teoricamente, o homem sentirá que as necessidades dos pequenos prazeres da vida prática vão se impondo.
E então ele dirá: meu filho, eu sei que você aí tão cheio de vida e de entusiasmo, não vai compreender. Tome nota do que eu digo por que um dia você concordará comigo: bom mesmo é escada rolante.

Esta é a trajetória do homem e seu gosto inconstante: do colo da mãe à descoberta final de que uma boa poltrona reclinável é algo muito bom, mas que bom, mas bom mesmo é nunca mais ser obrigado a ir a lugar nenhum, mesmo sem febre.