Neste sábado pulo no avião de novo. O que mais amo é viajar e tenho tido
boas oportunidades ultimamente. Mas quem não gosta? Só quem tem que fazer isso
por obrigação, claro, acaba cansando, como tudo o que é em excesso.
Por que queremos ver o mundo, outras paragens, outros rostos, outros
sons? As respostas óbvias todo mundo sabe, mas me ocorre o planeta como casa,
depois do advento do google maps as perspectivas na minha cabeça ficaram tão
engraçadas, deformadas a princípio, o mundo é tão grande, mas de cima tudo
parece perto.
Uma outra coisa que faz tanta diferença é o momento da nossa vida em que
fazemos a viagem. Um lugar nunca é o mesmo, nunca “voltamos” para uma cidade
porque ela não é mais aquela que visitamos antes. E há viagens de felicidade,
de comemoração, de exploração, aprendizado, curiosidade, de sonho e até as
ruins de pesadelo, mas dessas não vou falar não, a vida é por demais real para
ainda reforçarmos o que não nos agrada.
A companhia é o fundamental. Desde a nossa própria, viajar sozinho é uma
experiência gratificante, mas grita em nós a vontade de compartilhar do ser
humano, cutucar alguém para dividir a emoção. As boas companhias fazem da nossa
jornada um passeio pelo paraíso, ainda que se vá para o Afeganistão no meio das
bombas.
Deixar a casa é engraçado. Acabei de me mudar e vou viajar, e é
interessante como quanto mais velha vou ficando mais fácil vai sendo sair,
simplesmente fechar a porta e ir, sem nem olhar para trás, seja para voltar ou
não. Ainda vou me aprimorar mais e ser turista em minha própria vida, esse é na
verdade o meu sonho de consumo.
Tanta, tanta coisa para se saber, tanta coisa para aprender, ver,
sentir, tocar, cheirar, derramar lágrimas por, morrer de rir, pensar a
respeito. Não é necessário nenhum meio de transporte. Um curso, online ou não,
um livro, um filme, uma música, uma pessoa mais velha com história pra contar
(essa vou ser eu daqui a algum tempo, isso já garanti), um amigo antigo, ou
novo, uma conversa altamente intelectual e filosófica ou simplesmente falar
bobagem, tudo isso faz parte da viagem em que estamos permanentemente. É
preciso se dar conta disso. Estamos em uma viagem de primeira classe, não
importa os solavancos, turbulências, atrasos, tempo feio.
Às vezes é tão, mas tão difícil esperar o trem, ou tão doloroso perder o
voo, descobrir que a nossa companhia não está mais disponível, ver as portas se
fecharem conosco do lado de fora. Mas tudo isso passa, cada um de nós sabe pelo
que passou, e aqui estamos, ainda com a passagem na mão.
É. O planeta apesar de meio capenga ainda oferece muito para se
desfrutar. O que você está fazendo agora?