“Somos pobres mas podemos compartilhar o pouco que nos sobra em algumas áreas de conhecimento e tecnologia, em acordos internacionais, principalmente com países menos desenvolvidos do que o Brasil”, é o que a professora de Ciências Políticas, Simone Diniz, da Universidade Federal de São Carlos, falará hoje no Panorama de Política Externa no Governo Lula no fórum “Instituições Políticas sob o Governo Lula”, no 34º Encontro Anual da Anpocs, que irá até o dia 29 deste mês, em Caxambu/MG.
Ela mapeará os acordos de cooperação internacional que o Governo Lula negociou com outros países, quais os tipos de cooperação privilegiados e constatou que as cooperações mais próximas são com os países da Ásia, do Oriente Médio e da América Latina. Afirma Simone que esta é uma das tônicas, uma das faces do Governo Lula na cooperação internacional.
“E há gradações cooperativas. Que tipo de conteúdo mais substantivos destes acordos foram negociados? Por exemplo; há uma preocupação bastante significativa com atividades ilícitas, principalmente nas fronteiras, tráfico de drogas, tráfico de armas...; há um intercâmbio bastante acentuado no que diz respeito às questões penais - uma preocupação em firmar acordos com outros países, principalmente com nossos vizinhos, de cooperação jurídica, na área penal, - tem muita coisa relacionada à extradição - mas há preocupação bastante significativa com questões ambientais...
Por exemplo, com o Perú, há um número importante de acordos para questões voltadas para o Meio Ambiente, como o de manutenção da floresta Amazônica...
Enfim, é uma política externa, no que diz respeito à cooperação, bastante ativa, tentando enfrentar temas importantes com a preocupação de ajudar países menos desenvolvidos...”.
ACORDOS DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
Informa a professora Simone Diniz que o Brasil está em condições de ajudar a países menos desenvolvidos porque ele tem diferentes gradações de desenvolvimento.
“E, de fato, o Brasil... talvez não possamos generalizar para todo o país, mas a gente tem polos de desenvolvimento muito importantes. Você pode questionar se temos recursos suficientes para ajudar financeiramente, mas a cooperação não precisa ser necessariamente financeira.
Por exemplo, são firmados muitos acordos internacionais de parcerias para troca de tecnologia, de informações, treinamento de pessoal capacitado e para muito coisa nós temos know-how.
Na área educacional, há parcerias significativas; na área cultural, de co-produção de cinema, de mídia com instrumental mais tecnológico... então, acho que nós somos pobres, mas podemos compartilhar o pouco que nos sobra em algumas áreas.”
ACORDO COM O IRÃ
“Não falarei deste assunto especificamente, porque não trato de países individualmente. A minha preocupação é muito mais fazer um mapeamento no que diz respeito a regiões.
No entanto, a questão energética que aparece no Irã, ocorre com outros países também. De uma forma geral, o Irã chamou muito mais atenção por conta do próprio fato de ser o Irã. Nós temos acordo de cooperação de energia nuclear, por exemplo, com países como Polônia... A nossa Constituição ela já explicita que tecnologia nuclear só deve ser utilizada para fins pacíficos. Isto está na nossa Carta Constitucional.
Na verdade, apareceu muito na mídia a questão do Irã, por outros motivos, mas o Brasil tem uma prática de fazer parcerias em troca de informações, troca de conhecimento, troca de know-how, e, no que diz respeito à questão nuclear com muitos outros países.
Há inúmeros países que não têm recursos suficientes para gerar energia, que não podem ter uma hidroelétrica... então, em muitos casos, a energia nuclear é necessária. Talvez não seja tanto o caso do Brasil, mas para outras nações ela é muito importante, principalmente para o próprio desenvolvimento”, finaliza Simone.