quarta-feira, 8 de agosto de 2012

CACHAÇA: CURTIR, COMPARTILHAR COMENTAR





Marco Antônio Santos Leite
Presidente da Academia Caxambuense de Letras e Cachacista

            


Pretendemos, aqui, fornecer algumas indicações, especialmente, para quem estiver interessado em deliciar-se com este destilado autenticamente nacional. Por isso, limitaremos, ao mínimo necessário, as informações históricas e técnicas, que serão colocadas a serviço do aspecto estético – do grego, aisthesis, sensação, sentir –do relacionamento do degustador com a bebida.


1.Um breve histórico

           
São várias as versões que prometem explicar o aparecimento da cachaça. A mais comum conta que ela teria sido descoberta por mero acaso, durante o processo de fabricação do açúcar. O caldo da cana era fervido em tachos, dos quais era retirada a espuma ou borra. Esta última, deixada nos cochos de madeira, fermentava, transformando-se na garapa azeda, ou vinho de cana, que era servido em complementação à alimentação de animais e escravos. Daí à destilação teria sido um passo.
            
Outros explicam que o vapor saído dos ditos tachos se condensava no teto do cômodo onde se produzia açúcar. Ali se condensava e pingava nas costas dos escravos, provocando ardume naqueles que as tinham lanhadas por golpes de chibata. Como consequência, o nome aguardente – água que arde – e, também, a expressão pinga: aquilo que pinga ou goteja.
            
Por mais plausíveis que possam ser as narrativas, o provável é que os africanos tenham trazido, junto com a cultura nativa, conhecimentos relativos a produção de bebida alcoólica, se não destilada, ao menos, fermentada. Também é fato que os índios tinham conhecimentos relativos a beberagens fermentadas utilizadas em rituais.
           
 A verdade é que o aparecimento da cachaça é contemporâneo à introdução da cana-de-açúcar na colônia. No dizer de Caio Prado Júnior, “Além do açúcar, extrai-se também da cana a aguardente. É um subproduto de grande consumo na colônia, e que se exportava para as costas da África, onde servia de escambo e aquisição de escravos.” Segundo Câmara Cascudo, “A cachaça nasceu da indústria do açúcar, bastarda e clandestina, merecendo depois proclamação de legitimidade...”.
            
O nome cachaça também se presta a explicações diversas. Para uns, teria derivado de cagaça, como era chamada a espuma ou borra a que nos aludimos acima.
            
Dizem outros que, na linguagem corrente na colônia, a palavra cacha designava algo secreto, escondido – conferir com o francês, cacher: esconder. A cachaça seria uma grande cacha, ou seja, algo muito secreto e escondido, devido ao fato de que senhores de engenho proibia sua produção. Se non e vero...
            
Inicialmente, proscrita, a bebida acabou por ser aceita, a princípio, como artifício para minorar o cansaço dos escravos e aumentar-lhes a produtividade. Daí para a mesa dos senhores foi um passo.
            
De tempos em tempos, a metrópole, que não via com bons olhos a concorrência do produto com os vinhos e aguardentes portugueses proibia-lhe a fabricação. O fato fez com que a cachaça fosse incluída entre os símbolos da luta contra o poder do colonizador, como ocorreu na Inconfidência Mineira.
            
No século XX, o destilado foi marginalizado pela elite brasileira, em detrimento dos similares estrangeiros, sendo considerada bebida dos estratos inferiores da sociedade. Em decorrência, o uso da expressão cachaceiro, para designar pessoa desclassificada, vagabunda, preguiçosa, usuário abusivo do álcool.
            
A partir dos anos 80, assistimos ao resgate da fama da aguardente nacional, ao mesmo tempo em que crescia, entre os produtores, a preocupação com a qualidade. As boas perspectivas comerciais, tanto no que se refere à ampliação do mercado interno como ao aumento dos consumidores estrangeiros, atraiu ainda a atenção dos órgãos governamentais.
            
A cachaça, nascida nos engenhos do litoral brasileiro, chegou a Minas Gerais junto com os primeiros desbravadores. Aqui, encontrou clima e terra propícios, criou raízes e prosperou, a ponto de podermos dizer hoje que, o Estado, se não é o maior produtor, em termos de quantidade, o é, no que se refere a qualidade. No território mineiro, concentra-se hoje o maior número de marcas tradicionais.


2.Noções técnicas indispensáveis

 
De início, é bom precisar alguns conceitos.
            
Em prol da clareza, criamos algumas definições para os termos cachaceiro, cachacista e cachaçólogo, o primeiro, já bem antigo, com carga semântica marcada pelo preconceito, e os dois últimos, neologismos, ainda com cheiro de tinta. Segundo o dicionário Houaiss, “Cachaceiro: diz-se de ou quem costuma beber cachaça, ou outra bebida alcoólica em grandes quantidades ou imoderadamente; beberrão, bêbedo, bêbado.” No Aurélio, cachacista é tomado como sinônimo de ébrio. Cachaçólogo não comparece em nenhum dos dois dicionários.
            
Nós manteremos a acepção do Houaiss, que já se tornou clássica e é reveladora da discriminação sofrida, no século passado, pelo consumidor da aguardente nacional.
            
Daremos, entretanto, um outro sentido a cachacista, considerando-o o apreciador da cachaça, capaz de degustá-la com verdadeiro prazer sensorial, sentir suas características, distinguir a qualidade das várias marcas, fazer, ao provar o produto, a avaliação quanto ao tempo de maturação e o tipo de tonelaria utilizado nesse processo.
           
Por cachaçólogo, entenderemos o técnico, a pessoa conhecedora de tudo quanto é necessário para se obter um resultado de qualidade. O cachaçólogo nem sempre bebe cachaça, sendo conhecidos casos de alguns que são totalmente abstêmios.
            
Aliás, o abstêmio, a não ser que pesem fortes razões genéticas ou de saúde que possam ameaçá-lo de tornar-se um cachaceiro inveterado, deve ser visto com compaixão pelos cachacistas, visto que está perdendo uma das boas coisas da vida.
            
Podemos distinguir dois tipos de aguardente de cana: a industrial, produzida em larga escala e a artesanal, destilada em pequenas quantidades, em alambiques de cobre, a partir do mosto fermentado por processo natural. Embora São Paulo e alguns Estados do Nordeste sejam campeões na fabricação das primeiras, Minas Gerais é imbatível no que se refere à aguardente de cana artesanal.
            
Costuma-se fazer, ainda, a distinção entre pinga e cachaça, considerando-se a primeira como o líquido de má qualidade. Em favor dessa ideia milita o fato de que são raríssimos os produtores que colocam a expressão “pinga” em seus rótulos, tendo o segundo vocábulo uma preferência praticamente unânime.
            
O processo de produção da boa cachaça artesanal começa na escolha da espécie de cana-de-açúcar a ser utilizada. Em Minas, predominam as cepas java e caiana.
O terreno, o clima e a microfauna são essenciais. Normalmente, as melhores bebidas são obtidas em regiões de clima semiárido e terra ruim. O mistério se explica: a planta, ao crescer mais lentamente, nessas condições, irá concentrar maior teor de açúcar, necessário para transformar-se em álcool na destilação.
            
Depois, vem a colheita. Pecado mortal é queimar a cana para facilitar o corte. O fogo faz com que o vegetal perca o melhor de suas propriedades, especialmente os óleos essenciais, que são responsáveis por parte das impressões sensoriais.
Colhida a cana, há que se fazer logo a moagem para que ela não entre em processo prematuro de fermentação.
            
Quando se obtém a garapa, é preciso aferir-lhe o brix. O brix é o teor de açúcar do caldo. É medido em graus. Por definição, 1 grama de açúcar e 99 gramas de água compõem uma solução com 1º de brix. O caldo deve ter entre 15º e 16º brix, para permitir um bom processo de fermentação e um resultado de qualidade. Quando o caldo tem acima dessa graduação, normaliza-se o brix, colocando-o em tanque próprio e acrescentando-se-lhe água. Com caldos abaixo desse teor, não há muito que se possa fazer.
            
Normalizado o brix, a garapa vai para o tanque de fermentação, no qual, será acrescentada a levedura que vai transformar o açúcar em álcool. Ao fim do processo, obtém-se o vinho da cana, com graduação alcoólica em torno de 8,5%.
            
Nessa fase, bem como na anterior, de normalização, é preciso que se observe, nos tanques, higiene absoluta. A falta de higiene faz com que, além das cepas de Saccharomyces, levedura responsável pela fermentação alcoólica, entrem em cena outros microorganismos, mormente, bactérias lácteas. Nessa hipótese, em vez de vinho, o resultado será vinagre de cana, responsável por acidez que comprometerá o sabor da cachaça.
            
O vinho da cana irá para a “panela” do alambique, sendo aquecido até se transformar em vapor. O vapor subirá pela coluna e descerá por uma serpentina. Essa última atravessa um tanque com água, responsável pelo resfriamento e condensação e ...eis o milagre: cachaça.
            
As bebidas alcoólicas podem ser obtidas por simples fermentação ou por fermentação seguida de destilação. Entre as primeiras estão os vinhos, as cervejas, e os saquês. As segundas são as aguardentes.
            
Nas primeiras, a fermentação continua na garrafa. Entre os vinhos, por exemplo, alguns se tomam jovens – normalmente os brancos – e outros se degustam amadurecidos – a maioria dos tintos. As cervejas têm prazo de validade, assim como os saquês.
            
Nas aguardentes, denominação genérica, de que a cachaça é uma espécie, os microorganismos responsáveis pela fermentação ficam no respectivo tanque, não participando da destilação. Por isso, ao contrário de mitos correntes no vasto folclore que cerca a cachaça, ela não envelhece na garrafa.
            
O líquido que sai do alambique pode ser dividido em três porções. Os primeiros 10%, chamados de a cabeça, devem ser desprezados, se se quer um resultado de qualidade. O mesmo, deve ocorrer com os últimos 10% de cada alambicada, chamados de a cauda. A boa cachaça é feita com os 80 % intermediários, chamados de coração.
Separado o coração, ele vai passar pelo processo de maturação, que é feito em tonéis de madeira. Nele, o líquido vai “respirar”, isto é, fazer trocas com o ambiente exterior, visto que o recipiente é poroso, ao contrário das garrafas de vidro. Vai, também, adquirir coloração característica e incorporar óleos essenciais do tonel.
            
Temos uma gama enormes de madeiras, onde a cachaça pode ser maturada. Entre elas, destacam-se o carvalho europeu, a umburana ou amburana, o bálsamo, a castanheira, o jequitibá, o jequitibá rosa e o sassafrás.
            
Na região mineira de Salinas, onde se originam produtos de excelente qualidade, dá-se preferência aos tonéis da bálsamo. Neles é maturada uma verdadeira lenda, chamada Havana. O bálsamo fornece um aroma suave, equilibrado, bem definido, e uma coloração amarela com uma nota de verde.
            
Mais ao Norte, na região de Januária, utiliza-se, com mais frequência, a umburana. Ela imprime um aroma adocicado que proporciona uma carícia suave nos terminais olfativos. A cor é um amarelo citrino vivo. O processo de maturação tem que ser cuidadoso, visto que essa madeira satura a cachaça rapidamente.
            
No Centro, Sul de Minas e Campos das Vertentes a tonelaria é usualmente de carvalho europeu. A aguardente maturada no carvalho europeu adquire uma coloração entre amarelo ouro e amarelo acastanhado, dependendo do tempo de tonel. O carvalho permite um envelhecimento por cinco, dez ou mais anos. Confere ao aroma grande suavidade, com uma nota de amargo.

3. A hora do prazer

Pode-se aproximar da cachaça com dois objetivos: promover a análise sensorial ou a degustação.
            
A análise sensorial utiliza-se de recursos científicos e é realizada por técnicos previamente selecionados e treinados. Visa, principalmente, a orientar a produção e a melhoria qualitativa.
            
A degustação busca uma avaliação a partir do prazer ou desprazer experimentado pelo consumidor. É, mormente, subjetiva, praticada por cachacistas interessados na pura fruição da bebida nacional. Para ser bem feita, exige, além de um mínimo de noções técnicas, como as que fornecemos acima, uma boa iniciação, e um treinamento dos sentidos, que tornar-se-ão cada vez mais apurados, com a repetição da prática degustativa.
Trataremos, aqui, da degustação.
            
Procure um ambiente agradável, tranquilo, com música suave, preferencialmente, sem música nenhuma. Cerque-se de amigos e amigas queridos, que tenham o mesmo gosto pela cachaça.
           
Se você, seus amigos e amigas são iniciantes, providencie cachaças envelhecidas em três tonéis de madeiras diferentes. Sugiro carvalho, bálsamo e umburana.
            
Em 2003, foi lançada, uma taça, em cristal, projetada especialmente para a degustação da aguardente nacional. Ela é pequena, com capacidade para cerca de 50 ml. O fundo é bojudo, para que você possa agitar o líquido, sem medo de derramar. Segue-se uma cintura que se abre ligeiramente, na parte superior. Isso permite uma concentração do aroma.
            
Caso você não consiga essa pequena maravilha, pode remediar a situação com uma flute de champagne, desde que a boca não seja excessivamente larga.
            
Na taça, despeje a bebida até à cintura. Na flute, despeje, aproximadamente, 40 ml.
Tenha a mão copos com água, de preferência, água mineral Caxambu, sem gás.
            
E o tira-gosto? Ah, o tira-gosto...Algumas pessoas preferem os tradicionais, como torresmo, linguiça ou algo do gênero. Pessoalmente, recomendo queijos: queijos fortes, como provolone, parmesão e os azuis. Aliás, a cidade de Cruzília, no Sul das Gerais produz um tipo dessa última espécie, que vale a pena conferir. Não é que o dito cujo leva até ouro em pó comestível em sua formulação?
            
Concentração máxima! Sentidos alertas! Abasteça as taças, sua e dos demais participantes, com, mais ou menos 40 ml da cachaça maturada no tonel de carvalho europeu.
            
Coloquem os copos contra a luz e observem a coloração do líquido. A beleza de um amarelo que pode ir do ouro a um leve acastanhado fará a delícia dos olhos.
Agora, inclinem a taça, levemente, de modo que o conteúdo chegue quase à borda. Sem derramar: Deus me livre derramar uma coisa dessas! Girem, então, o recipiente, levemente. Uma parcela do líquido irá aderir à borda. Volte a taça para a posição vertical. Observe aquela porção da cachaça escorrendo lentamente de volta ao fundo. Um escorrer oleoso. Trata-se da “lágrima da cachaça”. O que a produz são os óleos essenciais da cana e da madeira. Quanto mais lento o movimento da lágrima, mais rica é a bebida.
            
A seguir, com a taça em repouso, sintam o aroma primário. Apurem o olfato. Mergulhem de corpo e alma no perfume tocado a mel e flores, que revela a qualidade da cana.
            
Se fizeram tudo direitinho, nesse momento já estarão comentando entre si sobre as descobertas feitas, as novas experiências e sensações.
            
Levar a danada à boca? Que nada. Ela ainda nos reserva uma infinidade de prazeres. Apreciar uma cachaça exige respeito, requer uma relação amorosa com ela, um verdadeiro namoro.
Por isso, agitem levemente a taça, para apreciar o aroma secundário. Ele vai revelar algo sobre o processo de fermentação. Um sutilíssimo cheiro de milho ou de milho verde indicará que esse vegetal, em grão ou, o mais comum, moído sob a forma de fubá, foi introduzido no tanque de fermentação, para dar mais vigor às leveduras. O álcool se desprenderá também com mais intensidade.
            
Agora, agitem a taça com um pouco mais de vigor. Apurem o olfato. O que se desprenderá, como aroma terciário, será revelador da madeira, em que o líquido foi maturado. No caso do carvalho, um inconfundível toque de amargo.
            
Chegou a hora. Levem a taça aos lábios. Sorvam um pequeno gole, passando-o, primeiro, pela ponta da língua, para, depois, deixa-lo escorrer pelos lados. A ponta perceberá a doçura, visto que, suas papilas gustativas são especializadas nisso. As laterais do órgão informarão sobre o álcool e, principalmente, sobre a acidez. As boas aguardentes quase não têm acidez. O sabor ácido denuncia falta de higiene no processo de fabricação, além de mostrar que a cachaça é de má qualidade: às vezes, uma verdadeira pinga!
            
Mais conversa. Agora, provem o tira-gosto. Compartilhem seus achados. Brinquem: imaginem que estão fazendo algo marginal. Afinal de contas, o passado mais ou menos maldito da bebida lhes dá esse direito.
            
É a vez da água mineral. Vertam-na na taça que acabaram de utilizar. Agitem e bebam. Com esse procedimento, estarão purificando o copo e o paladar.
            
Passemos à bebida envelhecida no bálsamo. Vamos repetir os procedimentos. Ao final teremos descoberto algumas verdades transcendentais: por exemplo, que cachaças não são todas iguais, mas cada uma tem sua própria personalidade. Que o “gole p’ro santo” nem sempre é recomendável. Além de desperdício inútil – santo que é santo não bebe: birita é para nós, pobres mortais – pode não ser adequado ao ambiente em que se está degustando.
            
Além do sabor característico, algo a se observar, no caso do bálsamo, é a coloração amarela, com uma nota de verde.
            
Nesse momento, não se assuste se o tom da conversa tiver aumentado. É completamente natural e compreensível, visto que o aparelho fonador estará completamente livre de bactérias nocivas, e o espírito livre de preconceitos e inibições desconfortáveis.
            
A umburana os espera. Em se tratando do trio carvalho-bálsamo-umburana, a degustação tem que ser feita exatamente nessa ordem. A madeira que virá agora tem um grande poder de saturação da bebida, que, normalmente, permanecerá um menor tempo maturando no tonel. Seu aroma e seu sabor são muito marcantes. Se tomada no início da degustação, a cachaça envelhecida na umburana vai sequestrar seus sentidos, prejudicando a apreciação das outras. A cor, dessa vez, será um amarelo citrino vivo. O aroma adocicado vai acariciar a mucosa nasal de uma forma extremamente agradável.
            
Após uma série de experiência com as três madeiras básicas, você deverá ser capaz de, em um teste cego, distinguir cada uma com certa facilidade. Não se apresse. Promova quantas degustações se fizerem necessárias, até se sentir bem à vontade. Em dias diferentes, é claro, pois coma alcoólica é grave.
            
Enfrente, então, sempre com seus amigos, o segundo estágio. Sobre a mesa, três garrafas de cachaças de qualidade, maturadas em tonel de carvalho europeu. Utilizando os procedimentos já descritos, tente evidenciar as características que formam a personalidade de cada uma. Pois são muito diferentes, sim senhor! Quando conseguirem fazê-lo com perícia e prazer, parabéns. Vocês terão acabado de concluir sua pós graduação.
Cachaça é para curtir, comentar e compartilhar.


Fotos de Marcos Antonio Santos Leite

BIBLIOGRAFIA:

FEIJó, Atenéia e MACIEL, Engels. Cachaça Artesanal: do alambique à mesa. Ed. SENAC Nacional. Rio de Janeiro, 2002.
MAIA, Amazile Biagioni R.A. e CAMPELO, Eduardo Antônio Pinto. Tecnologia da Cachaça de Alambique. SEBRAE/MG. SINDBEBIDAS. Belo Horizonte, 2005.
SANTIAGO, Roberto Carlos Morais. O Mito da Cachaça Havana –Anísio Santiago. Edições Cuatiara Ltda. Belo Horizonte, 2006.
VERARDO, Eduardo. Cachaça: Um produto do agronegócio. Eduardo Verardo Ed. São Paulo, 2006.





terça-feira, 7 de agosto de 2012

QUITANDA DA VIDA

Telinha Cavalcanti

Ai, ai, mais uma delícia antiguinha do caderno da minha mãe. Vem cá, dá a mãozinha: quanto tempo faz que você não lê "vinha d´alhos" em uma receita?

Galinha assada com recheio

Ingredientes
1 galinha
alho, sal, vinagre, pimenta, louro e limão
2 ovos cozidos
meia xícara de passas sem caroço
margarina ou óleo
farinha de mandioca

Como fazer
Depois de limpa (olha só, gente, essa receita é do tempo em que se comprava a galinha viva!), esfregue a galinha com sal e limão. fure-a com um garfo, por dentro e por fora.
Ponha-a em uma vinha d´alho feita com todos os temperos. Deixe no mínimo por 2 horas, mas é preferível de um dia para o outro.

Recheio 
Prepare a seguinte farofa: leve ao fogo uma panela com margarina e uma cebola batidinha. quando estiver bem corada, ponha bastante cheiro verde picado, uma xícara de tomates passados no liquidificador, meia colher de sopa de extrato de tomate, meia colher de sopa de vinagre e deixe ferver.

Tire a panela do fogo, deixe esfriar um pouco e junte a farinha, mexendo bem para não encaroçar. A farofa deve ficar úmida. Junte os ovos cozidos e picados, as passas e os miúdos da galinha,
que poderão ser fritos ou cozidos no próprio tempero da farofa. Enxugue bem a galinha por dentro e por fora e recheie com a farofa, sem apertar muito.

Passe margarina ou óleo de leve sobre a galinha e leve para corar em fogo forte. Junte os temperos da vinha d´alhos e leve ao forno para terminar de assar.

Imagem: Company´s Coming

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

SEM NOME, ENDEREÇO E TELEFONE: SUICÍDIO É TEMA DO ROMANCE DE NAZARIAN


Por Ana Laura Diniz
“A mocinha morre no final”. Leitor nenhum se sentirá sacaneado com essa verdade. Isso porque em “A Morte sem Nome”, de Santiago Nazarian, a morte chega sem presságio desde o início, e abre naturalmente um leque de elucubrações.


“Não quero mesmo viver para sempre, apenas experimentar mais uma forma de morrer”.



Quantas vezes você quis morrer? Fosse por um término de namoro, de casamento, uma depressão, falta de emprego, um amor não vivido, um zero recebido depois de estudar madrugada adentro, auto-piedade ou para simplesmente provocar culpa ou perdão em alguém? Aquela louca vontade de atingir o intangível e voltar ileso, para assim continuar a viver. Seja por qual motivo, ao menos uma vez, você já calculou e imaginou a sua morte?



Lorena, a protagonista de Nazarian, fez mais que isso. Ela assumiu e reassumiu esse compromisso em todos os capítulos do romance. 



“A solidão é negra, profunda, sobre o branco dos meus olhos. A paixão é vermelha, quente, correndo por dentro de mim. Entre uma e outra, há milhares de cores mordendo a minha carne. Carrego todas, quando apagam a luz. E quando a solidão for negra de lembranças irão colorir minha vida”.



Puro xadrez de ideias e situações. Cada frase e subtexto podem juntar-se ou não a um vertiginoso quebra-cabeça, e recorrências e coincidências acabam por montar o mosaico dessa mulher que vive apenas pelo prazer de se matar. 

“O mundo se divide nos bons e nos maus
E nos dez mais elegantes
Nos livros da estante
E ela dançando
À beira do abismo
E ela dançando
À beira do vulcão”

Fervilhante e fria ao mesmo tempo, seu estilo “Stromboli”, canção de Alvin L. interpretada por Marina Lima no álbum “O Chamado”, leva Lorena a becos psicológicos lancinantes. Num parâmetro mais arriscado, ela bem poderia se enquadrar na “Ópera do Malandro”, de Chico Buarque, como uma Geni às avessas - onde ela mesma não se reconhece como gente, se joga pedra, se flagela de formas mil, e por assim fazer, torna-se por ela mesma indigna de amar, ser amada e amável. 


Geni sofria injustiças, mas sua bondade falava mais alto a ponto de salvar a vida de toda uma cidade que a denegria. Lorena é diferente. Entregue a própria sorte estaria a sociedade que dela dependesse “para não virar geleia”. Não que Lorena seja má, mas seu comportamento é maldito porque é apático para com ela, e obviamente, para com o mundo. 



“Eu nasci numa noite de chuva. Nasci sobre lençóis brancos. Derramei sangue sobre os azulejos. E meu pai nem percebeu. E morri numa manhã de sol”.



Apatia talvez herdada por “osmose” de seu pai, já que este troca incessantemente o nome da filha por Letícia, sendo incapaz de estabelecer um contato mais humano: “Engoli uma moeda, para que batessem nas minhas costas. Ninguém se importou. O valor era baixo. Esperavam que não entupisse o vaso (...) Ele se sentia homem ao me fazer mais criança. Chorando, eu o fazia mais pai”.



Paredes lentamente erguidas em vida de pedra. Paralisia que reina na morte e no renascimento depois de cada capítulo. O segredo não está na vida, mas em quem chorará sobre sua lápide. 



Nessa controvérsia de sensações, subjugada a restos de vida, de corpo e à falta de esperança, Lorena se oferece a um adolescente, um primo, um garçom, um feirante e um estuprador. Todos a consomem como souvenir, mas sem comovê-la. 



“Deitada no celeiro. Via Jeremias se levantando, puxando as calças, a cueca velha e manchada. E esperava que ele se virasse pra mim, me deixasse ver um pouco mais, me dar mais algum sinal, algum motivo para eu não me arrepender”. 



Suicida serial tida como incendiária, bêbada e doida. A menina baba branco, secreção que escorre pela boca numa overdose geral de excesso ou falta de atitude. Linha por linha, como quem tricota um pulôver, Lorena tece fios sanguinários em delírios poéticos. 



Ao artista não se pede o porquê da arte, ao escritor não se pede o porquê do texto. Mas sob a curiosidade dos motivos que teriam feito Nazarian escrever a obra, veio a resposta: “Esse é o meu suicídio literário. Muitos querem se matar só para ver como é, só para provocar os outros, por gostar da ideia. Eu fiz tudo isso, e sobrevivi pra contar a história”, afirma o autor. Graças a Deus. E apesar dele ousar no estilo, amarrar as passagens e compor as personagens, o enredo rateia bastante em certos momentos, mas sem impedir que reflexões sejam feitas acerca do tempo e espaço, da vida e morte num âmbito pluralista. 



Sem pieguice, sem culpa e sem vítima da situação. Se existe glória, isso se faz presente nos gestos de Lorena, que não vacila: tatua o fatídico em seu corpo e abusa da sobrevida e do renascimento para provar o tempo inteiro que o bom da vida é mesmo a morte. 

sábado, 4 de agosto de 2012

MARLY MEDALHA, POETA DE UM TEMPO SEM FIM

Por Ana Laura Diniz


Marly, e-terna poeta
Marly Medalha. Esse é o nome da jornalista e poeta fluminense que fez de São Paulo (SP) o seu lar, e de Niterói (RJ) a sua Pátria. 

Dona de uma poesia certeira, por vezes, noticiosa, densa e sensível, Marly era amiga de muitos. Também de Carlos Drummond de Andrade, Geir e Haroldo de Campos e Esther Lucio Bittencourt, que além de poeta, jornalista e diretora de redação do Primeira Fonte, dividia a amizade com os citados poetas. 

A obra de Marly é imprescindível. Lançou “A Canção da Ternura Inútil” (1961); “Queima Sangue de Narda” (1973) e “Lírica de Antonha do Céu por Raimundo Vira-Flor”, cordel (1975). Tem ainda cinco livros inéditos. Todos igualmente imperdíveis. Mas a sua Antologia Poética - que reuniria as obras em sua totalidade - infelizmente ainda não fora lançada, o que é puro lamento - pois sem que isso ocorra, dificilmente Marly será reconhecida como poeta e conhecida pela geração presente e pelas vindouras: como poeta e fortaleza.

Abaixo, de "Cantigas de Bendição"...

I

E repousada em ti me tenho
como um pombo no ninho.
Nem te faço de correio,
nem te arreio, és passarinho.

Passarinho, passarminho,
entre as penas do arvoredo,
Francis Hime, arvorinho,
passarinho, passaredo.

Quando tu voas, eu vôo.
Se desfaleces, te aqueço.
Ah, passarinho-do-vento,
passarinho-do-moinho,
pombo-sem-pombo-correio,
só por ser teu alimento
enfeito a casa de milho,
forro de folhas por dentro.

Por te amar, não tenho pena,
por cantar, perdi meu medo.
Que te olhando eu viro um ninho.
Tenho bem mais que mereço.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

COMUNICAÇÃO DIGITAL


Por Ana Laura Diniz

Google Images
O mundo digital deve ter sido criado porque o ser humano descobriu que suas relações sociais dependiam dele para prosperar. Seja entre duas pessoas, seja quando surge uma terceira ou quarta, que após a ponte vira caminho.

“João Paulo aceitou a sua solicitação de amizade”. Vinte anos voam sobre a cabeça, em tempos róseos em que adultos conversavam em cadeiras na calçada enquanto crianças brincavam esfuziantes de pega-pega sem que ninguém se alarmasse com a violência e os tantos senões hoje inseridos no cenário urbano.

Pois foi assim; no meio do caminho topei com a pedra de Drummond para rever velhos amigos. E se você estiver pensando: “que porre, mais uma a falar sobre o Facebook, Twitter”. Lamento frustrá-lo, mas errou.

Menciono algo além da vida, da morte. De tudo que é matéria, vício virtual. Volto à saga narrada por Platão, filósofo grego, do homem que saiu de uma caverna após passar a vida acorrentado, enquanto outros tantos permaneceram nas sombras. Libertou-se, quando viu a luz, quis segui-la.

Toda saída nos leva ao encontro de algo. É na busca e na participação que adquirimos o conhecimento – em geral, fruto do pensar crítico e reflexivo da realidade, podendo comparar esta existência com uma outra que é proposta como ideal.

Nessa onda, acredito, navega a comunicação digital — que conecta o “inconectável”. E promove, cada vez mais, significativas reduções de distâncias globais. E acelera mercados, disponibiliza o local ao global, e o global ao local com uma proximidade singular.

Com atributos bem diferentes dos meios de comunicação de massa como o jornal, a televisão e até o telefone, a Internet inverte constante e quase simultaneamente emissor e receptor.

Ok. As panes ocorrem, desesperos cibernéticos vêm à tona, tornamo-nos escravos da tecnologia. Mas é notório que não só tecnologicamente, mas estruturalmente, toda essa arquitetura de informações e pesquisas tem estimulado o homem a expelir, de forma mais densa, sua capacidade científica, exploratória e criativa.

Como toda revolução, claro, esta também amplia as mazelas, preconceitos, injustiças vividas no mundo. Problemas, inclusive relacionados a ela mesma — exclusão digital. Mas apesar disso, é possível agrupar pontos de reflexão que revele, com mais clareza, por que os parâmetros de comunicação mudaram e estão em plena ebulição desde o advento da Internet. 

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

“O EU É PLURAL. MÁSCARAS SEM ROSTO”

Por Ana Laura Diniz


Imagem do Google
Os labirintos do eu. Quantos eus existem no eu? Em busca constante da essência interior, o Homem permeia por lugares variados. Participa de jogos, de testes e simulados, de credos e muitas vezes busca na psicologia a explicação daquilo que lhe é tão importante e ao mesmo tempo tão distante: o eu.

O eu não existe. Imagina a angústia que isso gera para os que acreditam no contrário? Haja confronto psicológico, pois a maioria das pessoas é criada para ser digna, merecedora - quase que como consequência - de um eu feliz, ético e bem-sucedido.

No entanto, estarão os orientais à frente do tempo? O budismo há vários anos fala da não existência do eu. E por que, ocidentais, não aceitam tal hipótese? Por que há sempre um desconforto nessa afirmação? É como se passássemos a não existir e tudo o que fizemos e dizemos fosse mera ilusão? A desconstrução de Descartes, afinal, se o eu não existe, o que faço aqui?

Máscaras, simulacros e imagens. Daí, os tantos labirintos. Estes mesmos que muitos enveredam com sofreguidão à cata de alguém que verdadeiramente o ame e entenda. Mas como realmente encontrar esse alguém se não passamos de máscaras somadas a outras máscaras que nunca formam um rosto? 

Por outro lado, isso explica frases comuns de se ouvir: "na verdade, nunca sabemos em quem confiar, nunca sabemos como realmente são as pessoas". Na realidade, nunca sabemos quem nós mesmos somos e do que somos capazes de fazer. Em síntese, somos tudo e nada. Uma voz ecoada no abismo da solidão e outra no pico da montanha mais alta, onde o sol adormece por entre as matas. O que vemos é sempre uma pequena parte do todo. É a meia-verdade que Drummond tanto se referiu em vida.

Somos máscaras e não rosto. Temos cenas, mas não diretores ou atores. Os pensamentos independem do ser — e é fantástico.

Para quê então nos preocuparmos tanto? Para quê a pressa se tudo é tão efêmero? Tanta neura, tanto estresse, tanta depressão, a troco de quê? 

Se felicidade é o que se deseja da vida, imagine fazer apenas o que se gosta, e não o que às vezes se vê obrigado a executar. Sem culpa, condenação, julgamento, preconceito: a busca somente pelo bem-estar e pelo prazer. 

O filósofo grego Epícuro elucida isso muito bem ao dizer que é preciso saciar a carne e obedecer sem restrição aos desejos — sem culpa, sem pecado e sem castigo. Fazer o que se gosta com quem se sente bem. Mesmo porque o desejo é a energia que satisfaz os instintos mais básicos e primitivos.

O importante é vivermos — conscientes de nossa máscara real — sem nos preocuparmos com as grandes (e talvez eternas) buscas de amor ou de justiça. Sem buscarmos o que é conceitual, mas não real. E principalmente, sempre lembrarmos que poderemos ser até protagonista de uma determinada história, mas que isso não nos livra de sermos sempre personagens. 

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

“SOMBRAS DA NOITE” TEM TIM BURTON E JOHNNY DEPP: PRECISA MAIS?!


Por Ana Laura Diniz

Johnny Depp no papel de Barnabas Collins: impressionante atuação e caracterização

Eu amo os filmes de Tim Burton. Falo logo de cara porque assim fica fácil para quem lê, acionar os possíveis filtros de qualquer análise que faça a respeito do mencionado diretor. E vou além. Amo a interpretação de Johnny Deep para as produções de Burton: casamento perfeito.

Em “Sombras da Noite”, oitava parceria entre o diretor e ator, não foi diferente. Dessa vez, o enredo não conseguiu superar ainda "Edward Mãos de Tesoura" (1990), “A Noiva Cadáver” (1994) – o ator empresta a sua voz para o personagem Victor Van Dorst – e "Sweeney Todd - O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet" (2007), mas Depp, também produtor, e grande elenco, não  decepcionam, e o filme é para ser visto e revisto.

Cheio de piadas que levam ao humor negro, o sobrenatural vem à tona mais uma vez fugindo do lugar-comum.

Mais que a incansável beleza de Depp, o que atrai a muitos naturalmente para seus filmes, a capacidade que ele tem de se vestir e se revestir de múltiplos personagens, sem que ele seja o mesmo em todos, é impressionante.

Seu personagem, Barnabas Collins, tem uma riqueza de unidade incrível, e sua postura corporal intensifica situações que, novamente, leva também ao humor.

A trama começa em 1752, e Barnabas, filho de um empreendedor inglês que fundou, na América, a cidade de Collinsport, é amaldiçoado pela bruxa Angelique (Eva Green), após a mesma ter um romance descartado por ele – e condenar toda família Collins à desgraça.

Barnabas perde então os seus pais e por tabela, seu grande amor, Josette (Bella Heathcote), que, enfeitiçada, se joga num precipício. Não tendo mais nada do que ama junto a ele, Barnabas se joga em seguida – mas não morre: é transformado em vampiro.
Eis a última vingança da furiosa Angelique, que o sepulta acorrentado em um caixão. O plano era deixá-lo assim por toda a eternidade, mas a ela não imaginou que, dois séculos mais tarde, no início da década de 1970, um empreendimento imobiliário desenterraria o vampiro.
Isso tudo acontece de forma rápida, nos primeiros vinte minutos, e a partir daí a trama verdadeiramente tem o seu início. E haja risada, pois tantos séculos passados, tudo é novidade para Barnabas – do asfalto às lojas e carros – até o choque de gerações.
Nesse quesito a interpretação de Depp supera. O texto acompanha numa riqueza de vocabulário, muitas vezes erudita, a postura “rígida” do personagem: forma de andar, de sentar, de falar, de agir; tudo ganha novo aspecto de conduta e dois mundos se contrapõem ao mesmo tempo que se somam: o passado no presente; e o presente no passado.
E Barnabas volta para casa. Descobre que há descendentes ainda em Collinsport, e o que resta da família é tão perturbada quanto decadente. Michelle Pfeiffer, que há tempos andava sumida das telinhas, interpreta Elizabeth, a matriarca da família. Lá, estão alguns dos conflitos mais interessantes provocados pela adolescente rebelde (Chloë Grace Moretz, de "Kick-Ass"), a psiquiatra bêbada (Helena Bonham Carter, na sétima participação nos filmes do marido Burton), o mordomo ranzinza (Jackie Earle Haley) e o garoto que vê fantasmas (Gulliver McGrath, de "A Invenção de Hugo Cabret").
Se Barnabas não pode mudar o que vê a sua volta, pelo menos tentará recuperar o prestígio dos Collins. Para isso, o protagonista enfrenta sua antiga algoz Angelique, agora uma rica empresária da cidade. Mais do que uma rival, a bruxa imortal é também uma amante cruel, o que torna tudo muito mais divertido.
Com participações especiais de Christopher Lee e do roqueiro Alice Cooper, como ele mesmo, "Sombras da Noite" termina com total possibilidade de sequência. Será possível que esse seja o plano de Burton e Depp? Ou tudo dependerá do resultado nas bilheterias? É viver pra saber.

terça-feira, 31 de julho de 2012

QUITANDA DA VIDA

Telinha Cavalcanti

Tava pensando aqui uma coisa besta, antes de postar esta receita. Deve dar uma sensação de realização, de meta cumprida, de uau, saber fazer geléia e saber ponto de calda de açúcar. São artes que se perdem, meus queridos.
Mas não se desesperem, eu vim salvar o dia - pelo menos na parte da geléia.

GELÉIA DE MAÇÃ

Ingredientes

1,5 kg de maçã vermelha, não muito madura
3 xícaras de água
3 xícaras de açúcar (540 gr)
2 colheres de sopa de suco de limão

Como Fazer

Retire as duas pontas das maçãs, sem descascar e sem tirar as sementes. Corte as maçãs em pedaços pequenos e coloque na panela com água. Tampe e deixe ferver em fogo alto. Abaixe o fogo e cozinhe por 20 minutos ou até que as maçãs fiquem bem macias. Passe essa mistura por um pano fino (musselina), para coar o líquido. Jogue a polpa fora.Numa panela, adicione o líquido coado, o açúcar e o suco de limão. Leve ao fogo até atingir o ponto de geléia. Retire a espuma com uma escumadeira e coloque em vidros esterilizados.

Imagem: Bubala Blog

sábado, 28 de julho de 2012

LEVE-ME AO SEU LÍDER

Carlos Frederico Abreu



 Ficção Científica e a Educação


O filme sempre foi um instrumento poderoso para ser utilizado em sala de aula. Mas sua utilização acaba sendo abandonada muitas vezes por falta de tempo: como a duração dos filmes feitos para o cinema é longa, privilegiam-se, primordialmente, os conteúdos escolares que devem ser trabalhados.

Exibir um filme com duração de aproximadamente duas horas, realmente, toma muito tempo do professor. Entretanto, propomos que a escola continue utilizando esse recurso tão necessário em nossos dias.

O vídeo (DVD) e a televisão não devem ficar abandonados em um armário da escola. Também é discutível utilizá-los apenas para exibir documentários educativos que, para os estudantes, acabam sendo monótonos e cansativos. Eles apreciam, em demasia, filmes e desenhos de ficção científica. Então, por que não lançarmos mão desse gênero cinematográfico que atravessa a história cultural de várias gerações, que já está integrado à vida de nossos alunos?

Alguns temas que antigamente eram de domínio da pura fantasia, como os foguetes teleguiados, os transplantes de órgãos, os satélites artificiais, as técnicas de conservação pelo frio (o velho sonho da animação suspensa) e especialmente, para nossa infelicidade, as bombas nucleares, são hoje realidades com as quais temos que conviver. A elas se juntam outras antecipações convertidas em ameaças, como a poluição atmosférica, e envenenamento dos rios e dos mares, o fim do verde, a superpopulação, a fome, as novas doenças. Em suma a morte da Terra.

Na sala de aula, o docente geralmente prende-se a esquemas, fórmulas e problemas teóricos que fogem à realidade animada, disponível em literatura ou filmes do gênero.

A esse respeito, David Allen, em sua obra ‘No Mundo da Ficção Científica’ observa: Desse modo, o campo da FC inclui várias obras que utilizam os dispositivos da FC para examinar questões, idéias, e temas de uma perspectiva diferente da que está comumente disponível para nós, a partir de outros tipos de ficção e em nossa vida diária.

Similarmente, os recursos tecnológicos utilizados pela FC na literatura, no cinema ou nas histórias em quadrinhos (HQs) - que os jovens também apreciam em demasia -, podem facilitar ao docente o ensino ilustrativo de uma matéria específica. Mas, para isso, faz-se necessário que este também tenha algum interesse pelo tema em questão, e que esteja atualizado, constantemente, com as últimas descobertas científicas pertinentes à sua área de conhecimento; bem como, com filmes, livros e revistas em quadrinhos sobre ficção científica, seja através de bibliotecas, bancas de revistas, cinema, televisão ou locadoras de filmes de sua cidade.

Alguns professores podem preferir (e isso também vale para os educandos) comparecer com sua turma de alunos ao próprio cinema para, juntos, poderem assistir a um determinado filme pré-selecionado, com a finalidade de, em seguida, discutirem em sala de aula os conteúdos apresentados em forma de relatórios, mesas redondas ou outro recurso didático disponível. Aspectos sociais, filosóficos, tecnológicos, éticos, biológicos, antropológicos, matemáticos, lingüísticos, físicos, astronômicos, químicos, estéticos, etc., são apenas alguns aspectos que podem ser extraídos, analisados ou dissecados pelo educando. Conteúdos esses, devida e respectivamente, orientados pelo docente, relacionando-os à sua disciplina, facilitando assim a aprendizagem.

Outros professores podem sugerir que o próprio aluno selecione o filme de FC desejado, desde que, obviamente, o mesmo já seja antecipadamente conhecido pelo referido professor, para que este elabore os devidos paralelos com conteúdos programáticos.

As escolas podem perfeitamente se tornar locais singulares, como mundos próprios nos quais cyborgs geracionalmente diferentes se encontram e trocam narrativas sobre suas viagens na tecno-realidade – desde que nós nos permitamos reimaginá-los e reconstruí-los de uma forma inteiramente nova, em negociação com aqueles que um dia tomarão nosso lugar.

De certa forma o exercício da exploração de potenciais futuros é um dos principais objetivos disciplinares da FC na educação. Vivemos em uma sociedade atribulada com mudanças sociais rápidas, as quais nos forçam a olhar para o futuro. Essa busca futurística deve ser uma função básica e contínua no campo da educação. Se levarmos em conta o princípio de que os educandos devem estar preparados para um mundo em que uma iminente diversidade embrionária de novos estilos de vida, valores e sistemas sociais concorrerão para coexistir, então, a educação deve necessariamente expandir seu domínio disciplinar para o campo da projeção futurística também, a fim de poder abarcar o exame do que é possível no potencial do desenvolvimento humano.

Naturalmente, a FC também é um importante instrumento didático para se dar a conhecer aos estudantes futuros alternativos. Essa literatura vem, há pelo menos um século, discorrendo sobre temas pertinentes às transformações incipientes da sociedade humana em seus aspectos sócio-psicológicos, antropológicos e, em particular, às derivadas da ciência e tecnologia.

Assim sendo, a FC é uma verdadeira biblioteca de imagens futuristas, depósito de esperanças, receios, projeções e conjecturas de homens e mulheres, cujo espírito de vanguarda acompanha e perscruta a condição evolutiva da humanidade. Conseqüentemente, é um campo inestimável de treinamento para seus leitores, na antecipação e criação de fatos que estão por vir.


A Ficção Científica e sua aplicação na Educação - Um instrumento auxiliador para o professor - Carlos Alberto Machado 

Leia o texto completo aqui

quarta-feira, 25 de julho de 2012

DO FEUDALISMO PARA A PARANOIA CONTEMPORÂNEA








Dorothy Coutinho









Imagens Google

Aproxima-se o dia em que seremos filmados, fotografados e monitorados em absolutamente todas as circunstâncias, inclusive no banheiro. Imagino que, num futuro em que a água será escassa, cada morador terá quotas para todo tipo de uso da água e sofrerá penalidades diversas, se ultrapassá-las. Facilmente a monitoração saberá quantas vezes e com que finalidade você usou o vaso sanitário.
Essa estatística – maldita estatística – será indispensável para a formulação de políticas sanitárias e de saneamento básico. Claro, reconheço que deliro um pouco, mas somente um pouco.

O que outrora foram as torres do muro de um castelo, hoje, na verdade, são as guaritas de condomínios fechados com guardas armados de câmeras potentes.
Ao entrar em qualquer elevador é fácil perceber gente olhando para as câmeras e se ajeitando como se fosse entrar no ar dentro de alguns instantes. As periguetes passam a mão na nuca e ajeitam faceiramente os cabelos, como nos comerciais de xampus. Em seguida, tiram a poeira da bunda e sobem os mini vestidos que já estão próximos do estômago.
Se dependesse delas o clipe entraria on line no You Tube, com dezenas de “visualizações”, inclusive da família da vizinha.

Na área da segurança as câmeras vêm quebrando o galho da polícia, que assim consegue botar a mão nas sardinhas do crime organizadíssimo, onde só os tubarões não são filmados.

Outro dia, num noticiário de tevê, presenciei o primeiro making of de um ato criminoso.
Um seqüestrador numa ação de seqüestro relâmpago filmou tudo com seu celular. Qual a razão? Psicanalistas afirmam que diversos tipos de ações criminosas despertam o orgulho autoral. Pois bem, eles agora têm muitos recursos para documentar seus feitos para a História.

Só espero que essa atividade não seja considerada uma nova forma de arte. É possível que algum gênio de uma agência governamental veja nisso algo científico e termine por premiar com absoluta impunidade qualquer assalto, ou semelhante, para o qual seu autor tenha preparado um making of de qualidade, gerando empregos e estimulando a arte. E pior ainda, que venha a ser considerado o melhor diretor de filmagem de assalto do Brasil, tablete de 12 megapixels, tudo muito profissional.

E eu aqui me preocupando em responder à minha neta por que a Cinderela não deu o número do celular dela pro príncipe.
Tarefa difícil para quem pulou do feudalismo para essa paranóia contemporânea, sem etapas intermediárias!





terça-feira, 24 de julho de 2012

QUITANDA DA VIDA 86

Telinha Cavalcanti

Sabe aquelas receitas-coringa, clássicas, que acabam esquecidas? Pois é, achei uma no caderno da minha mãe :D

Bolo de Carne
Ingredientes
meio quilo de alcatra moída
1 cebola grande ralada
sal
pimenta
5 batatas médias
2 ovos
2 colheres de sopa de manteiga
meia xícara de chá de farinha de trigo
3 colheres de sopa de queijo ralado


Como Fazer
Tempere a carne e deixe tomar gosto
Cozinhe as batatas em água e sal. em seguida, esprema-as. Misture ao purê os ovos e a manteiga.
Acrescente o purê de batatas à carne, mexendo bem. Junte a farinha e o queijo, sempre misturando e coloque em uma forma retangular e funda, untada e enfarinhada.
Alise bem e espalhe pedacinhos de manteiga por cima.
Leve ao forno quente por meia hora.
Desenforme o bolo de carne em uma travessa e decore com ovos cozidos, azeitonas e salsinha.
Se preferir, sirva com molho de tomate.
Pode acrescentar azeitonas à massa ou substituir o purê de batatas por pão amolecido no leite e bem espremido.

imagem: Pasadena Chef

segunda-feira, 23 de julho de 2012

É IMPÉRIO SERRANO NA AVENIDA! LÁ VEM CAXAMBU!

Por Esther Lucio Bittencourt


Quinta-feira, 19 de julho. Chega o Mestre Átila, Presidente da Império Serrano, cá em casa, com os primeiros versos do samba-enredo da escola, cujo tema em 2013 é CAXAMBU!

Participaram da emoção de ouvir os primeiros versos os amigos presentes. Entre eles, o jornalista e poeta Kleber Gutierrez, com a sua mãe, Dona Jaíra; a jornalista e professora Ana Laura Diniz, e a escritora e blogueira Fal Azevedo.  

Da esquerda para direita: Mestre Átila, Kleber, Ana Laura,
Fal e Jaíra
Na foto abaixo, Mestre Átila, Mauro Quintaes, carnavalesco, Adriana França, da Prefeitura de Caxambu, na quadra de Império Serrano, sábado passado, dia 22 de julho de 2012, no Rio de Janeiro, na feijoada de apresentação do tema de carnaval da escola.


O presidente do Império Serrano, Átila Gomes, que esteve em Caxambu para formar a liga das Associações das Escolas de Samba do Município com o objetivo de preparar  jovens para Mestre Salas, Porta Bandeiras e ritmistas está confiante com o Carnaval de 2013, cujo tema será a cidade de Caxambu, localizada no Sul de Minas Gerais. 




Todos os meses a feijoada se repetirá na quadra da Império Serrano e em Caxambu. A Escola que cresce com a nova gestão que tem no carnavalesco Mauro Quintaes como idealizador da grande coreografia que é o desfile na Sapucaí , conta ainda com Carlinhos de Jesus e Negô.

Em discurso da Quadra da Império Serrano o Mestre Átila falou sobre o enredo Caxambu: "Hoje, o enredo do Império tem investimento, patrocínio para enriquecer o nosso carnaval em plástica e magnitude de desfile. Nestas últimas semanas, fomos para Caxambu e vimos que é rica em águas minerais, onde também emprega a história da essência, da cultura do Brasil, onde se curou Princesa Isabel. A cidade também foi a pioneira do Jongo e não podemos esquecer, que hoje lá tem a Congada, Frevo, Maracatu e muitas outras diversidades. Vamos ter a cultura rica de falar da água, Dom Pedro I, Princesa Isabel e do Barão das águas. Temos o prazer de fechar a parceira entre Império Serrano e a prefeitura de Caxambu e com o Governador de Minas Gerais Antonio Anastasia. Espero que os compositores caprichem nos seus sambas, nas suas nuanças e nas suas ideias. Então, hoje anuncio que Império Serrano é Caxambu e Caxambu é Império Serrano . 

Vamos ter a cultura rica de falar da água, Dom Pedro I, Princesa Isabel e do Barão das águas. Temos o prazer de fechar a parceira entre Império Serrano e a Prefeitura de Caxambu e com o Governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia. Espero que os compositores caprichem nos seus sambas, nas suas nuanças e nas suas ideias.

O Império Serrano será a 4ª agremiação a desfilar, no dia 9 de fevereiro, sábado de Carnaval."


"Abençoado em águas milagrosas, fiz meu Carnaval. Nascido na fonte do samba, Império Serrano canta Caxambu paraíso de riquezas naturais, dos circuitos das águas das Minas Gerais" .


Este é o tema da Escola para o carnaval de 2013 e Mauro Quintaes é o carnavalesco que desenvolverá a história que envolve a Princesa Isabel , seu marido Conde D'Eu , Barões, Comendadores e a nobreza do Império Brasileiro, além de falar das 12 fontes de água mineral de propriedades diversas, do gêiser do Parque das Águas, das guerras travadas pela posse da terra e da cura de pessoas doentes que se livravam da melancolia da morte em Caxambu. Tudo isto sob o plácido olhar da Ninfa do lago pois são as ninfas gregas que protegem as fontes.

Ainda hoje na cidade as tradições da cultura negra são festejadas como as partidas de Jongo e a Folia de Reis, que seu Anésio do Caxambu Velho cultua com persistência.

domingo, 22 de julho de 2012

"ASSOCIAÇÃO MINAS DAS GERAES" REALIZOU OS LANÇAMENTOS DE "IMPRESSO NO BRASIL", DE ANÍBAL BRAGANÇA, E DE "SONHEI QUE A NEVE FERVIA", DE FAL AZEVEDO

Por Ana Laura Diniz

O Centro Cultural Kaleidoscópio, em Caxambu-MG, ficou pequeno para a noite de palestra, seguida de autógrafos, dos novos livros de Fal Azevedo, "Sonhei que a neve fervia" (Ed. Rocco), e de Aníbal Bragança, "Impresso no Brasil - Dois Séculos de Livros Brasileiros" (Ed. Unesp). 

Promovido pela Associação Minas das Geraes, criada em torno de um mês, 
o evento cultural foi o primeiro dos muitos a serem desenvolvidos pela instituição na cidade Sul Mineira. 

Fal é paulistana, escritora, tradutora, professora e blogueira. Também escreveu os livros "Crônicas de Quase Amor", "O Nome da Cousa" e "Minúsculos Assassinatos e Alguns Copos de Leite". Os dois primeiros, esgotados. Edita desde 2002 o Drops da Fal, que faz parte da primeira geração de blogs no Brasil.


Aníbal Bragança é português radicado no Brasil desde 1956, residente em Niterói-RJ. Foi livreiro, é professor associado da Universidade Federal Fluminense, bacharel em História pela mesma universidade, mestre e doutor em Ciências da Computação pela Universidade de São Paulo, atual diretor da Fundação Biblioteca Nacional, escritor, vencedor do Prêmio Jabuti do ano passado com a obra aqui lançada.


Durante quase duas horas, os autores fizeram uma palestra-debate e versaram sobre a história do livro no Brasil e de como o livro saiu dos blogs para as editoras. 


Mediada pelo novo presidente da Academia Caxambuense de Letras, Marco Antonio, o evento teve adesão total da plateia, que contou com a presença de várias autoridades. Os presentes fizeram inúmeros questionamentos e comentários sobre o tema tratado, fomentando ainda mais a discussão.


O evento contou também com uma apresentação de balé, elaborada e apresentada pelos próprios alunos do Centro Cultural Kaleidoscópio, e de uma camerata, esta comandada pelo maestro Luiz Sérgio. Os autores terminaram a noite com muita conversa e autógrafos no coquetel de lançamento. 


Desenvolvido pela Associação Minas das Geraeso evento recebeu apoio da Academia Caxambuense de Letras, Casa Oriental, Caxambu e Região Convention & Visitors Bureau, Centro Cultural Kaleidoscópio, Di Ballona's Artesanatos, Galeria de Arte Pasárgada, Jornal Primeira Fonte, Livraria Avalon, Papel & Cia, Restaurante Bom Sabor e Restaurante Sputinik.


Abaixo, alguns momentos registrados da noite:

Da esquerda para direita: Aníbal, Marco e Fal
































sábado, 21 de julho de 2012

LEVE-ME AO SEU LÍDER - ALIENÍGENAS TOMARAM O LUGAR DOS ANJOS

Carlos Frederico Abreu





Se você estiver escrevendo sobre o futuro, e não se tratar de meteorologia, você provavelmente vai estar escrevendo Ficção Científica (FC).

Já foi dito que a FC é a verdadeira literatura do nosso tempo. Com ela podemos explorar as conseqüências de novas tecnologias, mostrando o resultado, tanto para o bem quanto para o mal.


Ficção científica 1 x 0 Romance realista

Com a FC podemos explorar a essência do que é ser humano, extrapolando qualquer fronteira.


Ficção científica 2 x 0 Romance realista

Com a FC podemos propor mudanças na sociedade, Utopias e distopias têm demonstrado que sabemos bem como fazer o inferno na Terra, mais até do que o céu.

Ficção científica 3 x 0 Romance realista

Com a FC viajamos pelo universo somente com a imaginação, à bordo de uma nave, seja no espaço externo do clássico filme “2001 Uma odisseía no espaço”, ou no interno, como em “Viagem Fantástica”, ou também no ciberespaço de “Matrix”.

Ficção científica 4 x 0 Romance realista

É goleada !!



Dizem os estudiosos que a FC como forma, é oriunda da narrativa teológica “O Paraíso Perdido” de John Milton.

As ressonâncias teológicas em filmes como “Guerra nas Estrelas” são óbvias.

Podemos concluir que extraterrestres substituíram em nosso imaginário, anjos e demônios.

Como William Blake observou faz tempo, é a imaginação humana que direciona o mundo.

Antigamente ela só produzia efeito no mundo humano, pequeno em comparação com o enorme e poderoso mundo natural ao seu redor. Hoje estamos perto de estar no controle de tudo (exceto de terremotos e do clima).

É a imaginação humana, em toda a sua diversidade, que direciona o que fazemos com nossas ferramentas, e a literatura é uma projeção da nossa imaginação. Ela permite que ideias sombrias venham à luz, onde possamos enxergar com clareza quem somos, o que desejamos e quais são os limites para nossos desejos.

Entender a imaginação não é mais um passatempo, mas uma N-E-C-E-S-S-I-D-A-D-E.

Cada vez mais, se podemos imaginar, somos capazes de fazer.

Adaptação de “Aliens have taken the place of angels” (Margaret Atwood - Junho/2005)