Por Vera Guimarães
Recentemente, em Pirenópolis, GO, visitamos o MUSEU RODAS DO TEMPO .
Num espaço muito bem cuidado e agradável, estão expostos veículos de duas rodas, motos de diversos países e épocas. E como a moto se originou da bicicleta, um bom pedaço do museu é dedicado a ela, a magrela, a bike. Os idealizadores do museu tiveram a gentileza de acionar artesãos, verdadeiros artistas, que fizeram réplicas das primeiras engenhocas, o celerífero, a draisiana e a bone shaker (chacoalhador de ossos).
“A história da bicicleta começa de fato com a criação de um brinquedo, o "celerífero", realizado pelo Conde de Sivrac. Construído todo em madeira, constituído por duas rodas alinhadas, uma atrás da outra, unidas por uma viga onde se podia sentar. A máquina não tinha um sistema de direção, só uma barra transversal fixa à viga que servia para apoiar as mãos.”
roberto-menezes.blogspot.com
“O alemão Barão Karl von Drais, engenheiro agrônomo e florestal vindo de família de posses, pode ser considerado de fato o inventor da bicicleta. Em 1817 instalou em um celerífero um sistema de direção que permitia fazer curvas e com isto manter o equilíbrio da bicicleta quando em movimento. Além do mais a "draisiana" vinha com um rudimentar sistema de freio e um ajuste de altura do selim para facilitar o seu uso por pessoas de diversas estaturas.”
“James Starley, um apaixonado por máquinas e responsável pelo desenvolvimento das máquinas de costura fabricados pela Coventry, decidiu repensar este biciclo e acabou criando um modelo completamente diferente. Tinha construção em aço, com roda raiada, pneus em borracha maciça e um sistema de freios inovador. Sua grande roda dianteira, de 50 polegadas ou aproximadamente 125 cm, fazia dela a máquina de propulsão humana mais rápida até então fabricada.”
presenteparahomem.com.br
O mais incrível é que Leonardo da Vinci já havia feito projetos muito mais elaborados para um veículo de duas rodas, provido de muito mais recursos que os dos modelos acima. Será verdade?
“O primeiro projeto conhecido de uma bicicleta é um desenho de Leonardo da Vinci sem data, mas de aproximadamente 1490. Só foi descoberto em 1966 por monges italianos.
Os princípios básicos de uma bicicleta estão lá: duas rodas, sistemas de direção e propulsão por corrente, além de um selim.”
Estas e muitas outras histórias compõem a memória da bicicleta, contada aqui: escola de bicicleta
Já as MINHAS lembranças, suscitadas pela visita ao museu, incluem as bicicletas como as conhecemos hoje e remontam aos meus verdes anos, lá pelos seis, sete anos. Meu irmão mais velho, muito meu amigo, me botava no quadro da bicicleta e me levava com ele quando ia namorar. Eu adorava esses passeios. Naquela casa agradabilíssima, de pessoas gentis, era servido um delicioso café com quitandas. Quando o sono me vencia, eu ia para o quarto de passar roupa e desabava na cama onde se empilhavam perfumadas roupas recém-lavadas. Não sei como ia embora.
Algum tempo depois, já com turma, inventávamos passeios pelos arredores, piqueniques, idas ao Posto Agropecuário, tudo fora da cidade. Eram passeios deliciosos, alegres, festivos e... arriscados, claro, que a gente abusava do Anjo da Guarda. Não tínhamos bicicleta feminina, então eu calçava a cara e pedia emprestada a de alguma amiga da família. Obrigada, Ilma Francisco!
Aos 15 anos, já trabalhando, uma irmã e eu nos associamos e compramos a desejada bicicleta a prestação, uma linda PHILLIPS inglesa, cor vinho, aro 26. Com ela íamos ao trabalho, minha irmã visitava as muitas amigas, eu ia aos treinos de vôlei na Praça de Esportes, à igreja, dava voltas na lagoa. Que linda ela era!
Até os selos espalhados pelos componentes da bicicleta atestam como tudo era feito com carinho e requinte.
«http://www.8p.com.br/bestservice/flog/a60001949/#a60001949
Nas décadas 1940/1950 nossas ruas exibiam profusão de bicicletas, usadas não apenas para lazer. As pessoas iam e voltavam pedalando no trajeto casa-trabalho, pais levavam crianças à escola, verdureiros transportavam sua mercadoria em bicicletas, mensageiros se deslocavam de um ponto a outro da cidade. A via pública era democrática e acolhia a todos com generosidade, fossem caminhões, bicicletas, automóveis, carroças, pedestres, cavalos. Era a política do compartilhamento do espaço urbano, com grande dose de paciência e respeito a todos.
Infelizmente isso aqui desapareceu. Já em grandes cidades europeias incentiva-se cada vez mais o uso de transporte não poluente e não atravancável. Em Paris, o projeto VÉLIB como alugar uma bicicleta em Paris é um sucesso. Em Amsterdam, executivos bem arrumados transitam vestidos com elegância, portando suas pastas executivas, em bicicletas bem velhinhas, nem um pouco ostentatórias. Jovens mães atrelam caixotinhos às suas e ali colocam as criancinhas, e compartilham a via pública com carros e enormes trens urbanos.
Por falar em bicicleta e Amsterdam, uma brasileira foi morar ali por perto e precisava se deslocar do bairro dela até o centro da cidadezinha. Mas aos 60 anos nunca havia andado de bicicleta. Uma amiga se dispôs a ajudá-la a desvendar os segredos do equilíbrio com impulsão. Aquilo virou atração, já que as pessoas não concebiam que algum adulto não soubesse andar de bicicleta. Supunha-se que já se nascia sabendo. Sei que, no dia em que finalmente a amiga a soltou e ela saiu pedalando, de uma construção próxima vieram estrepitosos aplausos e vivas!
Da mesma maneira como lamento o desaparecimento dos trens, lamento a hoje inviável convivência de carros e bicicletas. Aqui, por supuesto. Porque em Amsterdam... ai! (suspiros de inveja)
domingo, 11 de dezembro de 2011
sábado, 10 de dezembro de 2011
FREDZILA - SUMÔ
Carlos Frederico Abreu
O sumô é o esporte mais popular no Japão, apesar de enfrentar o crescente interesse das novas gerações por esportes ocidentais, como o baseboro (baseball) e o futebol (não vou chamar golfe de esporte, ok?)
A explicação se dá talvez pelo sumô estar carregado de simbolismos, que se confundem com a história do pais. Existem registros de mais de 2.500 mil anos falando sobre as lutas.
Se prestar atenção, se parece muito com uma luta entre dois ursos, que é o maior animal do Japão. Diz-se que o sumô começou como parte de cerimônias religiosas xintoístas e depois se tornou um evento a parte, como conhecemos, a partir do século 8.
No passado, golpes fatais eram permitidos e não raramente o perdedor morria.

Até hoje sobre a arena existe um telhadinho, lembrando um templo xintoísta.
Um rikishi (lutador) famoso tinha tanto status quanto um ministro e parece que até hoje é assim, basta ver o olhar dos japoneses diante de um yokozuna (o grau mais alto). Ele é reverencial, quase como se diante de uma entidade materializada, e não somente um homem de carne e osso (e muita gordura) vestindo fraldas (mawashi).
Hoje em dia, ocorrem seis torneios por ano, envolvendo em torno de 800 lutadores em seis categorias.

Cada torneio (sumo-basho) se dá em uma cidade japonesa diferente e dura 15 dias.
Apesar do status de quase divindade, o salário de um lutador não é lá estas coisas, não se compara ao de um grande astro do basebol ou do futebol.
Apesar disso, cada lutador recebe casa, comida (muita comida) e roupa lavada, podendo se dedicar ao esporte sem precisar arcar com os custos.
A vida de um lutador é bem rigorosa, são os jovens aprendizes (12 a 15 anos de idade) que trabalham para os mais velhos, dentro de uma hierarquia rígida e inflexível. Vivem na e para a academia (beya). Vida social zero, sem noitadas em boates, festas ou agitos.
Para chegar nas divisões superiores são anos de dedicação, treino, serviço braçal e chanco-nabe, uma espécie de ensopado hiper-gorduroso que é a base da alimentação desses gigantes (e que não leva carne de quadrúpedes) . Para se ter idéia do trabalho de manter aquele corpinho, um lutador de sumô de 160 quilos consome em um dia, o que uma pessoa normal consome em uma semana!
Apenas os lutadores da primeira divisão ganham salários e podem usar aquele penteado especial, o oicho. A luta em si, não dura muitas vezes, nem 10 segundos.

O perdedor é aquele que cair ou tocar (com qualquer parte do corpo) fora do ringue de quatro metros e cinqüenta centímetros de diâmetro (dohyo).
Como o espaço é razoavelmente pequeno, e já que não há distinção por peso, nem sempre o mais pesado vence a luta. O juiz (com o leque à mão) decreta o vencedor e sua decisão é apoiada por mais 5 juizes e se necessário com a utilização de video-tape.
Apesar de ser um esporte milenar, o uso de tecnologia é aprovado pela comissão reguladora desde 1969.

Outra diferença entre o sumo e as artes marciais conhecidas é que o juiz carrega um punhal cerimonial. Com ele deveria se matar ao proferir uma sentença errônea.
Não há registros de um juiz que o tenha usado. ( Já pensou se fosse no futebol brasileiro?)
No sumô são proibidos socos, puxões de cabelo e morder, o resto vale. Parece simples, mas existem quase 300 golpes aprovados em diversas técnicas.
Como no teatro Kabuki, mulheres não lutam ou tem qualquer tipo de participação que não seja na platéia, mas estrangeiros podem participar, desde que passem por todas as etapas de ordenação, como um autentico japonês.
Já houve campeões mongóis e havaianos, e atualmente quem faz grande sucesso é um búlgaro de 25 anos com o nome de Kotoocho (este ai embaixo!)


Na minha primeira viagem ao Japão, em 2008, assisti todas as suas lutas pela televisão dos hotéis onde me hospedei. Ele conquistou o torneio do Imperador com 14 vitórias e uma única derrota.
Kotoosho faz grande sucesso e fora da arena é simpático, aparece nos comerciais de laticínios.



Glossário rápido do iniciante no Sumô:
Tchiri – Movimento feito antes das lutas para mostrar que os lutadores não escondem armas, eles batem as palmas das mãos duas vezes e abrem os braços deixando as palmas das mãos visíveis.
Dohyo – O ringue em que é disputado o Sumo, uma plataforma quadrada (com uma altura de 60cm) feita de terra batida com um grande círculo desenhado com aproximadamente 4,55 metros de diâmetro.
Mawashi – A vestimenta de todos os lutadores de Sumo, que lembra um tipo de fralda usada tanto nos treinamentos como nas competições (o uso de sunga debaixo do Mawashi é facultativo).
O-icho – Penteado usado por todos os lutadores, em torneios ou ocasiões formais.
Tikaramizu- Água especial, colocada numa tina de madeira ao lado do ringue, com a qual os lutadores matam a sede antes de cada confronto. Serve também como ritual para concentrar as energias dos competidores.
Rikishi - Lutador de Sumo.
Shio – Sal que fica num recipiente ao lado do ringue. Antes de cada confronto os próprios lutadores espalham o sal no ringue para purificá-lo, eliminar os maus espíritos.
Yokozuna – A mais alta posição que um lutador pode chegar. Normalmente são chamados como lendas vivas.
Tyon mague – Penteado (coques feitos no alto da cabeça dos lutadores) especial que só pode ser utilizado pelos Yokozunas. Somente eles tem autorização do imperador japonês para usar este penteado.
Gyoshi – Os árbitros das competições de Sumo que são ranqueados em oito níveis. Ele sobe no ranking de acordo com a idade e competência no Dohyo.
Dohyo Matsuri – Cerimônia xintoísta que abre qualquer evento de Sumo. Nela se homenageia os deuses e pede-se proteção e realização de boas colheitas.
(fonte: bushido-online)
O sumô é o esporte mais popular no Japão, apesar de enfrentar o crescente interesse das novas gerações por esportes ocidentais, como o baseboro (baseball) e o futebol (não vou chamar golfe de esporte, ok?)
A explicação se dá talvez pelo sumô estar carregado de simbolismos, que se confundem com a história do pais. Existem registros de mais de 2.500 mil anos falando sobre as lutas.
Se prestar atenção, se parece muito com uma luta entre dois ursos, que é o maior animal do Japão. Diz-se que o sumô começou como parte de cerimônias religiosas xintoístas e depois se tornou um evento a parte, como conhecemos, a partir do século 8.
No passado, golpes fatais eram permitidos e não raramente o perdedor morria.

Até hoje sobre a arena existe um telhadinho, lembrando um templo xintoísta.

Hoje em dia, ocorrem seis torneios por ano, envolvendo em torno de 800 lutadores em seis categorias.
Apesar do status de quase divindade, o salário de um lutador não é lá estas coisas, não se compara ao de um grande astro do basebol ou do futebol.
Apesar disso, cada lutador recebe casa, comida (muita comida) e roupa lavada, podendo se dedicar ao esporte sem precisar arcar com os custos.
A vida de um lutador é bem rigorosa, são os jovens aprendizes (12 a 15 anos de idade) que trabalham para os mais velhos, dentro de uma hierarquia rígida e inflexível. Vivem na e para a academia (beya). Vida social zero, sem noitadas em boates, festas ou agitos.
Para chegar nas divisões superiores são anos de dedicação, treino, serviço braçal e chanco-nabe, uma espécie de ensopado hiper-gorduroso que é a base da alimentação desses gigantes (e que não leva carne de quadrúpedes) . Para se ter idéia do trabalho de manter aquele corpinho, um lutador de sumô de 160 quilos consome em um dia, o que uma pessoa normal consome em uma semana!
Apenas os lutadores da primeira divisão ganham salários e podem usar aquele penteado especial, o oicho. A luta em si, não dura muitas vezes, nem 10 segundos.
O perdedor é aquele que cair ou tocar (com qualquer parte do corpo) fora do ringue de quatro metros e cinqüenta centímetros de diâmetro (dohyo).
Como o espaço é razoavelmente pequeno, e já que não há distinção por peso, nem sempre o mais pesado vence a luta. O juiz (com o leque à mão) decreta o vencedor e sua decisão é apoiada por mais 5 juizes e se necessário com a utilização de video-tape.
Apesar de ser um esporte milenar, o uso de tecnologia é aprovado pela comissão reguladora desde 1969.
Outra diferença entre o sumo e as artes marciais conhecidas é que o juiz carrega um punhal cerimonial. Com ele deveria se matar ao proferir uma sentença errônea.
Não há registros de um juiz que o tenha usado. ( Já pensou se fosse no futebol brasileiro?)
No sumô são proibidos socos, puxões de cabelo e morder, o resto vale. Parece simples, mas existem quase 300 golpes aprovados em diversas técnicas.
Como no teatro Kabuki, mulheres não lutam ou tem qualquer tipo de participação que não seja na platéia, mas estrangeiros podem participar, desde que passem por todas as etapas de ordenação, como um autentico japonês.


Na minha primeira viagem ao Japão, em 2008, assisti todas as suas lutas pela televisão dos hotéis onde me hospedei. Ele conquistou o torneio do Imperador com 14 vitórias e uma única derrota.
Kotoosho faz grande sucesso e fora da arena é simpático, aparece nos comerciais de laticínios.



Glossário rápido do iniciante no Sumô:
Tchiri – Movimento feito antes das lutas para mostrar que os lutadores não escondem armas, eles batem as palmas das mãos duas vezes e abrem os braços deixando as palmas das mãos visíveis.
Dohyo – O ringue em que é disputado o Sumo, uma plataforma quadrada (com uma altura de 60cm) feita de terra batida com um grande círculo desenhado com aproximadamente 4,55 metros de diâmetro.
Mawashi – A vestimenta de todos os lutadores de Sumo, que lembra um tipo de fralda usada tanto nos treinamentos como nas competições (o uso de sunga debaixo do Mawashi é facultativo).
O-icho – Penteado usado por todos os lutadores, em torneios ou ocasiões formais.
Tikaramizu- Água especial, colocada numa tina de madeira ao lado do ringue, com a qual os lutadores matam a sede antes de cada confronto. Serve também como ritual para concentrar as energias dos competidores.
Rikishi - Lutador de Sumo.
Shio – Sal que fica num recipiente ao lado do ringue. Antes de cada confronto os próprios lutadores espalham o sal no ringue para purificá-lo, eliminar os maus espíritos.
Yokozuna – A mais alta posição que um lutador pode chegar. Normalmente são chamados como lendas vivas.
Tyon mague – Penteado (coques feitos no alto da cabeça dos lutadores) especial que só pode ser utilizado pelos Yokozunas. Somente eles tem autorização do imperador japonês para usar este penteado.
Gyoshi – Os árbitros das competições de Sumo que são ranqueados em oito níveis. Ele sobe no ranking de acordo com a idade e competência no Dohyo.
Dohyo Matsuri – Cerimônia xintoísta que abre qualquer evento de Sumo. Nela se homenageia os deuses e pede-se proteção e realização de boas colheitas.
(fonte: bushido-online)
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
DON JUAN NO TERCEIRO MILÊNIO
Giacomo Casanova
da CAPA ESPADA ao LIVRO
Por Lilian Zaremba
Sedução é tormento antigo, encanto devastador.
Da maçã bíblica, fruto proibido, ao conversível importado numa vitrine, preço nas esferas, distante do bolso do seu olhar, sedução ganhou muitos contornos nas curvas do Tempo.
Hoje então, o que é verdadeiramente sedutor ?
O anúncio na TV, a brisa na praia ao entardecer, a eloqüênciade um discurso ou a voz aveludada que sussurra em nosso ouvido ?
Quando o assunto é sedução amorosa, costuma-se obter ao menos dois pontos de vista a respeito : o primeiro é cômico. Observar o incrível esforço que demanda a batalha de um sedutor é, visto a distância, bem divertido.
O segundo ângulo de observação é, infelizmente, trágico.
Isso acontece quando a sedução acaba por deixar alguém na mão ... nesse caso, em geral, o problema é o stress moral ...
De qualquer forma, como nem sempre é possível resistir e não se envolver, a saída para uma cilada sedutora poderá ser o raciocínio, mesmo que este ocorra posteriormente ! Raciocínio e sedução, quase como água e óleo, são uma dessas coisas que ninguém deve se meter a explicar ... Just one of those things...
se EXISTE uma ORIGEM...
Don Juan, o maior sedutor de todos os tempos, nasceu em Sevilha, Espanha, em 1630, encarnado como aristocrata cínico.
Personagem saído da imaginação de um padre, o Frei Gabriel Tellez, que utilizava o codinome Tirso de Molina, para assinar suas peças de teatro.
Abusado, maldito, aventureiro, este o Don Juan desenhado pela pena do padre-dramaturgo que inaugurou, provavelmente sem saber, o mito do homem irresistível.
Don Juan escapou das fábulas do Frei Gabriel migrando como pólen, solto para sempre no ar que atravessa os séculos. Conseguiu fugir das chamas da moral capa e espada do século 17, onde sempre no fim, era obrigado a acertar suas contas com Deus.
Hoje este sedutor incorrigível anda solto por aí, embora sempre exista quem lhe ameace com as chamas do inferno. Pensando de forma objetiva, queimar pode até ser num inferninho, desde que muito bem acompanhado, é claro.
Aristóteles acreditava que o sono liberta a mente da responsabilidade moral. Se assim for, Don Juan pode ser aquele indivíduo sonâmbulo a espreita. Dormindo acordado, sonhando com a sedução de um mundo mais feliz.
um OUTRO DON JUAN
Espetáculo e filosofia, homem e Deus, valete ridículo e mestre maldito, liberdade escolhida e punição divina, à partir deste conjunto de idéias antagônicas Molière desenhou seu Don Juan. Durante algum tempo Molière se viu censurado, impedido de encenar seu Tartuffo, nome de seu Don Juan, porque vez por outra alguém se percebia retratado ... quando esse alguém era o Rei, então ...
Molière foi acusado: ateu e libertino, embora o problema não fosse seu : suas peças eram ótimas e até hoje muito divertidas. Riso ou sorriso certo.
Embora a figura de Don Juan tenha nascido masculina, não é de hoje que salpicam as saias nas rédeas da sedução. Mas é preciso definir territórios : não se deve misturar por exemplo, sereias e Don Juanitas, digamos assim.
As sereias possuem outro encanto sedutor, diferente mas talvez até complementar nessa altura do campeonato.
No famoso romance Ligações Perigosas, escrito pelo francês Choderlos de Laclos em 1782, Don Juan, ou melhor o Don Juanismo, está concentrado numa figura feminina, a Marquesa de Merteuil. Assim, Don Juan no século 18, quem diria, mudou de sexo...
Um Don Juan feminino, mais moderno e nada cruel, como Valentina engraçadamente sedutora, Funny Valentine, ampliada em seus encantos.
a LENDA da FIDELIDADE
Seguindo a tradição histórica que cunhou as características do personagem, Don Juan, essencialmente um sedutor, não cultiva a alma mas os sentidos, numa expressão do amor sensual absolutamente infiel : ele não ama apenas uma pessoa mas, todas.
Gregorio Marañon, em seu livro Don Juan e o Don Juanismo lançado em 1958, acredita que o destino desse personagem, e de resto, de todos que a ele se alinham nas atitudes, está rodeado pelo aro da lenda.
A lenda construída no sonho de um desejo eterno pelo amor perfeito. Este, sempre tão distante do real. Triste sina ou fantástico estímulo, tudo vai depender desta equação fantasia versus realidade, ou fantasia e realidade...
Extensa é a lista dos escritores, autores, artistas e pensadores que se debruçaram sobre o mito de Don Juan. Julia Kristeva,Sören Kierkegaard, Lord Byron, Mozart, Bernard Shaw, Balzac, Baudelaire, Richard Strauss, Tolstoi, Bertold Brecht, e Georges Bataille são apenas alguns ... Bataille é um dos melhores representantes da atitude crítica diante da obsessão Don Juanística. Para ele, Don Juan não é um réles sedutor de bar, mas um prosaico colecionador de conquistas, um herói da orgia e da transgressão.
O pensamento de Bataille, como não poderia deixar de ser, é um ataque ao puritanismo...
DON JUAN no TERCEIRO MILÊNIO
O Don Juan inventado no século 17, foi seguramente reinventado nesta distância que nos coloca no belvedere do século 20 / 21.
Do personagem original, frio sedutor, calculista e no fundo, em guerra contra a morte moral e física, às diversas formas derivadas que acabaram por moldar sua mitologia, Don Juan virou sinônimo de sedução e sedução sinônimo de muitas outras formas e personagens, numa diluição assustadora.
Em nosso mundo contemporâneo, longe dos palcos de Molière e da sedução quase ingênua dos pequenos crimes da carne, os Don Juans sobreviventes levam adiante sua batalha.
Num esforço agora heróico, seduzem a si próprios tentando fazer com que sonhos impossíveis ainda possam ser sonhados.
=====================================================
sugestão: passeio virtual pela exposição "Casanova- A Paixão pela Liberdade". Evento que mostra os textos manuscritos originais do sedutor em seu livro de memórias, que não por acaso está na Biblioteca Nacional da França.
Casanova – filme de Fellini
Don Juan – de Strauss
da CAPA ESPADA ao LIVRO
Por Lilian Zaremba
Sedução é tormento antigo, encanto devastador.
Da maçã bíblica, fruto proibido, ao conversível importado numa vitrine, preço nas esferas, distante do bolso do seu olhar, sedução ganhou muitos contornos nas curvas do Tempo.
Hoje então, o que é verdadeiramente sedutor ?
O anúncio na TV, a brisa na praia ao entardecer, a eloqüênciade um discurso ou a voz aveludada que sussurra em nosso ouvido ?
Quando o assunto é sedução amorosa, costuma-se obter ao menos dois pontos de vista a respeito : o primeiro é cômico. Observar o incrível esforço que demanda a batalha de um sedutor é, visto a distância, bem divertido.
O segundo ângulo de observação é, infelizmente, trágico.
Isso acontece quando a sedução acaba por deixar alguém na mão ... nesse caso, em geral, o problema é o stress moral ...
De qualquer forma, como nem sempre é possível resistir e não se envolver, a saída para uma cilada sedutora poderá ser o raciocínio, mesmo que este ocorra posteriormente ! Raciocínio e sedução, quase como água e óleo, são uma dessas coisas que ninguém deve se meter a explicar ... Just one of those things...
se EXISTE uma ORIGEM...
Don Juan, o maior sedutor de todos os tempos, nasceu em Sevilha, Espanha, em 1630, encarnado como aristocrata cínico.
Personagem saído da imaginação de um padre, o Frei Gabriel Tellez, que utilizava o codinome Tirso de Molina, para assinar suas peças de teatro.
Abusado, maldito, aventureiro, este o Don Juan desenhado pela pena do padre-dramaturgo que inaugurou, provavelmente sem saber, o mito do homem irresistível.
Don Juan escapou das fábulas do Frei Gabriel migrando como pólen, solto para sempre no ar que atravessa os séculos. Conseguiu fugir das chamas da moral capa e espada do século 17, onde sempre no fim, era obrigado a acertar suas contas com Deus.
Hoje este sedutor incorrigível anda solto por aí, embora sempre exista quem lhe ameace com as chamas do inferno. Pensando de forma objetiva, queimar pode até ser num inferninho, desde que muito bem acompanhado, é claro.
Aristóteles acreditava que o sono liberta a mente da responsabilidade moral. Se assim for, Don Juan pode ser aquele indivíduo sonâmbulo a espreita. Dormindo acordado, sonhando com a sedução de um mundo mais feliz.
um OUTRO DON JUAN
Espetáculo e filosofia, homem e Deus, valete ridículo e mestre maldito, liberdade escolhida e punição divina, à partir deste conjunto de idéias antagônicas Molière desenhou seu Don Juan. Durante algum tempo Molière se viu censurado, impedido de encenar seu Tartuffo, nome de seu Don Juan, porque vez por outra alguém se percebia retratado ... quando esse alguém era o Rei, então ...
Molière foi acusado: ateu e libertino, embora o problema não fosse seu : suas peças eram ótimas e até hoje muito divertidas. Riso ou sorriso certo.
Embora a figura de Don Juan tenha nascido masculina, não é de hoje que salpicam as saias nas rédeas da sedução. Mas é preciso definir territórios : não se deve misturar por exemplo, sereias e Don Juanitas, digamos assim.
As sereias possuem outro encanto sedutor, diferente mas talvez até complementar nessa altura do campeonato.
No famoso romance Ligações Perigosas, escrito pelo francês Choderlos de Laclos em 1782, Don Juan, ou melhor o Don Juanismo, está concentrado numa figura feminina, a Marquesa de Merteuil. Assim, Don Juan no século 18, quem diria, mudou de sexo...
Um Don Juan feminino, mais moderno e nada cruel, como Valentina engraçadamente sedutora, Funny Valentine, ampliada em seus encantos.
a LENDA da FIDELIDADE
Seguindo a tradição histórica que cunhou as características do personagem, Don Juan, essencialmente um sedutor, não cultiva a alma mas os sentidos, numa expressão do amor sensual absolutamente infiel : ele não ama apenas uma pessoa mas, todas.
Gregorio Marañon, em seu livro Don Juan e o Don Juanismo lançado em 1958, acredita que o destino desse personagem, e de resto, de todos que a ele se alinham nas atitudes, está rodeado pelo aro da lenda.
A lenda construída no sonho de um desejo eterno pelo amor perfeito. Este, sempre tão distante do real. Triste sina ou fantástico estímulo, tudo vai depender desta equação fantasia versus realidade, ou fantasia e realidade...
Extensa é a lista dos escritores, autores, artistas e pensadores que se debruçaram sobre o mito de Don Juan. Julia Kristeva,Sören Kierkegaard, Lord Byron, Mozart, Bernard Shaw, Balzac, Baudelaire, Richard Strauss, Tolstoi, Bertold Brecht, e Georges Bataille são apenas alguns ... Bataille é um dos melhores representantes da atitude crítica diante da obsessão Don Juanística. Para ele, Don Juan não é um réles sedutor de bar, mas um prosaico colecionador de conquistas, um herói da orgia e da transgressão.
O pensamento de Bataille, como não poderia deixar de ser, é um ataque ao puritanismo...
DON JUAN no TERCEIRO MILÊNIO
O Don Juan inventado no século 17, foi seguramente reinventado nesta distância que nos coloca no belvedere do século 20 / 21.
Do personagem original, frio sedutor, calculista e no fundo, em guerra contra a morte moral e física, às diversas formas derivadas que acabaram por moldar sua mitologia, Don Juan virou sinônimo de sedução e sedução sinônimo de muitas outras formas e personagens, numa diluição assustadora.
Em nosso mundo contemporâneo, longe dos palcos de Molière e da sedução quase ingênua dos pequenos crimes da carne, os Don Juans sobreviventes levam adiante sua batalha.
Num esforço agora heróico, seduzem a si próprios tentando fazer com que sonhos impossíveis ainda possam ser sonhados.
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sugestão: passeio virtual pela exposição "Casanova- A Paixão pela Liberdade". Evento que mostra os textos manuscritos originais do sedutor em seu livro de memórias, que não por acaso está na Biblioteca Nacional da França.
Casanova – filme de Fellini
Don Juan – de Strauss
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
IMPRESSO NO BRASIL - PRÊMIO JABUTI
Amanhã haverá sessão de autógrafos na Livraria da Travessa , no centro do Rio se Janeiro, do livro Impresso no Brasil, que ganhou o Prêmio Jabuti deste ano como melhor livro na áerea da Comunicação.
O Lançamento do livro ocorreu dia 12 de abril, na Biblioteca Nacional, quando foram feitas duas mesas redondas que discutiram e importância do livro da história da cultura brasileira e suas perspectivas actuais, diante, não só da emergência da cultura digital, como da concentração do mercado e do espaço aberto por pequenas e médias editoras.
Organizado pelos professores Anibal Bragança da Universidade Federal Fliminense e Márcia Abreu, da Unicamp , havará outra sessão de autógrafos na Livraria da Eduff, em Niterói, segunda feira dia 12.
A equipe do Primeira Fonte parabeniza osd professores pela prômio e pala obra.
"Será muito bom poder compartilhar com você as alegrias que nos trouxe o Prêmio Jabuti concedido ao livro Impresso no Brasil - Dois séculos de livros brasileiros, que organizei com Márcia Abreu (da Unicamp), como melhor lançamento do ano na área de Comunicação.
Em anexo, além das fotos da entrega do prêmio, o convite para as sessões de autógrafos que realizaremos na Livraria da Travessa, no centro do Rio (sexta, dia 9), e na Livraria da Eduff, em Icaraí (segunda, dia 12).
Vamos comemorar juntos? Ficarei feliz com sua presença.
Abraço,
Aníbal"
Os autores ao receber o Prêmio Jabuti
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
QUITANDA DA VIDA 54
Telinha Cavalcanti
Estava procurando uma receita legal para postar aqui quando encontrei esta receita de sequilhos no site da Nestlé. Minha lombriga se assanhou e eu vim correndo dividir com vocês :)
Sequilhos
Ingredientes
1 lata de leite moça
2 ovos
5 colheres (sopa) de manteiga em temperatura ambiente
1 colher (chá) de sal
meia colher (chá) de essência de baunilha
2 colheres (sopa) de fermento
5 xícaras (chá) de maizena
Modo de Preparo
Em uma tigela, misture bem o leite moça com os ovos, a manteiga, o sal, a essência de baunilha e o fermento. Junte aos poucos a maisena, mexendo até obter a consistência de enrolar. Faça bolinhas, coloque-as em uma assadeira untadada bem separadas, deixando uma distância de cerca de 2 cm entre elas, e achate-as ligeiramente com um garfo. Asse em forno médio-alto (200°C), preaquecido, por cerca de 15 minutos. Sirva.
Dicas
- Se desejar, substitua a maisena pela mesma quantidade de araruta.
- Se desejar, substitua 1 xícara (chá) de maisena por 100g de coco seco ralado.
- Esta massa se conserva bem em geladeira até o dia seguinte. Se desejar, após frios, coloque-os em um pote com tampa.
Receita e imagem: Nestlé
Estava procurando uma receita legal para postar aqui quando encontrei esta receita de sequilhos no site da Nestlé. Minha lombriga se assanhou e eu vim correndo dividir com vocês :)
Sequilhos
Ingredientes
1 lata de leite moça
2 ovos
5 colheres (sopa) de manteiga em temperatura ambiente
1 colher (chá) de sal
meia colher (chá) de essência de baunilha
2 colheres (sopa) de fermento
5 xícaras (chá) de maizena
Modo de Preparo
Em uma tigela, misture bem o leite moça com os ovos, a manteiga, o sal, a essência de baunilha e o fermento. Junte aos poucos a maisena, mexendo até obter a consistência de enrolar. Faça bolinhas, coloque-as em uma assadeira untadada bem separadas, deixando uma distância de cerca de 2 cm entre elas, e achate-as ligeiramente com um garfo. Asse em forno médio-alto (200°C), preaquecido, por cerca de 15 minutos. Sirva.
Dicas
- Se desejar, substitua a maisena pela mesma quantidade de araruta.
- Se desejar, substitua 1 xícara (chá) de maisena por 100g de coco seco ralado.
- Esta massa se conserva bem em geladeira até o dia seguinte. Se desejar, após frios, coloque-os em um pote com tampa.
Receita e imagem: Nestlé
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
O mago Saramago
Por Dade Amorim
José Saramago. História do cerco de Lisboa. Rio de Janeiro: O Globo; São Paulo: Folha de São Paulo, 2003.
Ler um texto de José Saramago não é para qualquer um. Não que essa leitura exija um grau altíssimo de erudição, nada disso. Mas é preciso conhecer ao menos um pouco a construção da língua portuguesa em uso no país de origem do autor. É preciso acompanhar com atenção os meandros da história, às vezes um tanto tortuosos, porque de outro modo se corre o risco de não entender exatamente o alcance de certos trechos. É necessária alguma paciência, digamos assim, porque para um brasileiro acostumado à linguagem usada por aqui, há quem chegue à conclusão de que os textos de Saramago são maçantes. Isso tem acontecido com uma frequência bem maior do que seria de supor.
Talvez as diferenças entre o português de Portugal e o português do Brasil sejam suficientemente grandes para justificar um estranhamento de quem não se familiarizou com a literatura lusitana. Há termos, expressões e quase sempre um estilo diversificado entre os escritores dos dois países.
No entanto, José Saramago é um dos maiores autores portugueses de todos os tempos, levando-se em conta sua capacidade narrativa, as sutilezas de suas observações, a maneira sagaz com que trata a realidade e o raro domínio da língua portuguesa comprovado em seus livros, fatores que o levaram ao prêmio máximo da literatura universal, o Nobel, em 10 de dezembro de 1998. Muitas de suas obras, como o Memorial do convento, O ano da morte de Ricardo Reis, O evangelho segundo Jesus Cristo, A caverna, Ensaio sobre a cegueira, Todos os nomes e Viagem a Portugal, são trabalhos de grande fôlego, capazes de manter o leitor consciente preso e interessado até a última página.
Autor polêmico, externou opiniões sobre o catolicismo, religião predominante em sua terra, que escandalizaram muitos fieis, assim como seus pontos de vista sobre a luta internacional contra o terrorismo chegaram a lhe render acusações de anti-semitismo. Nada disso no entanto diminui o valor de Saramago como autor.
A primeira narrativa de História do cerco de Lisboa trata do trabalho de um revisor de provas, encarregado de corrigir um texto do mesmo nome, que quase cai na tentação de negar que os cruzados daquela época tenham ajudado o rei de Portugal a tirar a cidade do domínio muçulmano, o que alteraria por completo o sentido dado ao texto por seu autor original.
Numa segunda narrativa, simultânea à primeira, trata-se propriamente da tomada de Lisboa dos muçulmanos, quando o revisor, Raimundo Silva, põe os doze mil cruzados, “em que tínhamos depositado tantas das nossas esperanças”, afastando-se do lugar onde deveriam exercer sua atividade militar. Restam nesse caso apenas “outros tantos portugueses, em número insuficiente para cercar tudo numa frente contínua”, o que fortalece o poder dos mouros, e na verdade concede ao revisor ainda mais poder, já que seu trabalho concorre para alterar os fatos, criando em paralelo uma narrativa ficcional que utilizaria acontecimentos supostamente verdadeiros.
História do cerco de Lisboa é uma demonstração do virtuosismo e da criatividade com que esse mago chamado José Saramago era capaz de surpreender seus leitores, sem falar na perfeição com que descreve o mundo medieval, distinguindo-o, a seu modo original e perfeccionista, das características do islamismo e do cristianismo.
domingo, 4 de dezembro de 2011
SENHORA DO TEMPO - INDO ÀS COMPRAS...
Por Vera Guimarães
Enquanto os filhos eram pequenos, normalmente era eu que comprava as roupas deles. Certa época, quando eu estava particularmente atarefada no serviço, houve uma semana em que viajei e meu marido, buscando as crianças na escola, encontrou uma das meninas tão malvestida, com a calça com a cintura frouxa, que passou com eles na loja e os abasteceu de camisas, blusas, shorts. Todo mundo gostou. Mas no geral isso era comigo mesmo.
À medida que cresciam e que manifestavam gosto pessoal, eu os acompanhava às lojas. Aí, alguns traços de personalidade deles, já vislumbrados em outras ocasiões, afloravam. Por exemplo, para o controle das semanadas (o equivalente a um picolé por dia), tínhamos um livro de contabilidade, onde cada um registrava o valor do que recebeu, o quanto e em que gastou, e o saldo. Sim, trabalhávamos com HISTÓRICO, DEVE, HAVER e SALDO. Era o famoso “livro verde”.
Pois bem, um dos filhos era controlado, equilibrado e mantinha os gastos compatíveis com a receita. Outro era absolutamente guardador, gastava em nada e suas semanadas se acumulavam, formando o que os outros chamavam de “o império”. O terceiro, não na ordem de idade, gastava tudo no mesmo dia, sempre tinha motivo para gastar mais e nos implorava por adiantamentos, que ora dávamos, ora não dávamos. Sei que estava sempre no vermelho.
Com as roupas, era o mesmo. O guardador não se importava com o que vestia, pelo contrário, era até apegado a elas. Uma vez, insistindo em vestir uma camisa muito velha, já apertada, eu disse que aquela roupa já não estava servindo e ouvi: “Não, mãe, se eu não respirar ela fica boa.”
O controlado, equilibrado, oh, céus!, que trabalheira acompanhá-lo às compras. Está bem, acompanhá-la... Que dificuldade para escolher uma simples calça jeans! “Levo esta ou esta?” Eu dava meu palpite. Mas vinham as objeções: “Ah, mas esta..., sei não, e se... porque...” E passávamos horas no shopping e às vezes voltávamos sem uma peça de roupa sequer.
Bersuit Vergarabat-Mi Caramelo
Já com a perdulária não havia a menor dificuldade de escolha: ela queria simplesmente tudo, sem noção e sem censura. Acompanhava as propagandas pela televisão e queria porque queria “marshmallow caramelow”, que detestou. Vendo anúncios de xampu, pediu que comprássemos “caspa”.
Uma vez, saímos com ela especialmente para comprar um agasalho para a escola. Eu já tinha a ideia exata do que precisávamos: um casaco de malha azul marinho. Está bem, o meu papel era aquele, provê-la da roupa adequada para a ocasião. Mesmo assim, até hoje me arrependo de não haver atendido ao pedido dela, ela toda saltitante, toda peruinha: “Já sei o que quero, mãe, compra esse aqui, compra!” Mas mães costumam ser racionais e bobas.
Por que não a deixei levar para casa o casaquinho cor de mel, com linda raposinha de pele como gola?
La tarde es Caramelo, Vicente amigo
Enquanto os filhos eram pequenos, normalmente era eu que comprava as roupas deles. Certa época, quando eu estava particularmente atarefada no serviço, houve uma semana em que viajei e meu marido, buscando as crianças na escola, encontrou uma das meninas tão malvestida, com a calça com a cintura frouxa, que passou com eles na loja e os abasteceu de camisas, blusas, shorts. Todo mundo gostou. Mas no geral isso era comigo mesmo.
À medida que cresciam e que manifestavam gosto pessoal, eu os acompanhava às lojas. Aí, alguns traços de personalidade deles, já vislumbrados em outras ocasiões, afloravam. Por exemplo, para o controle das semanadas (o equivalente a um picolé por dia), tínhamos um livro de contabilidade, onde cada um registrava o valor do que recebeu, o quanto e em que gastou, e o saldo. Sim, trabalhávamos com HISTÓRICO, DEVE, HAVER e SALDO. Era o famoso “livro verde”.
Pois bem, um dos filhos era controlado, equilibrado e mantinha os gastos compatíveis com a receita. Outro era absolutamente guardador, gastava em nada e suas semanadas se acumulavam, formando o que os outros chamavam de “o império”. O terceiro, não na ordem de idade, gastava tudo no mesmo dia, sempre tinha motivo para gastar mais e nos implorava por adiantamentos, que ora dávamos, ora não dávamos. Sei que estava sempre no vermelho.
Com as roupas, era o mesmo. O guardador não se importava com o que vestia, pelo contrário, era até apegado a elas. Uma vez, insistindo em vestir uma camisa muito velha, já apertada, eu disse que aquela roupa já não estava servindo e ouvi: “Não, mãe, se eu não respirar ela fica boa.”
O controlado, equilibrado, oh, céus!, que trabalheira acompanhá-lo às compras. Está bem, acompanhá-la... Que dificuldade para escolher uma simples calça jeans! “Levo esta ou esta?” Eu dava meu palpite. Mas vinham as objeções: “Ah, mas esta..., sei não, e se... porque...” E passávamos horas no shopping e às vezes voltávamos sem uma peça de roupa sequer.
Bersuit Vergarabat-Mi Caramelo
Já com a perdulária não havia a menor dificuldade de escolha: ela queria simplesmente tudo, sem noção e sem censura. Acompanhava as propagandas pela televisão e queria porque queria “marshmallow caramelow”, que detestou. Vendo anúncios de xampu, pediu que comprássemos “caspa”.
Shampoo anti-caspa, Pantene- imagem google
Uma vez, saímos com ela especialmente para comprar um agasalho para a escola. Eu já tinha a ideia exata do que precisávamos: um casaco de malha azul marinho. Está bem, o meu papel era aquele, provê-la da roupa adequada para a ocasião. Mesmo assim, até hoje me arrependo de não haver atendido ao pedido dela, ela toda saltitante, toda peruinha: “Já sei o que quero, mãe, compra esse aqui, compra!” Mas mães costumam ser racionais e bobas.
Por que não a deixei levar para casa o casaquinho cor de mel, com linda raposinha de pele como gola?
La tarde es Caramelo, Vicente amigo
sábado, 3 de dezembro de 2011
FREDZILA - BEPPU
Carlos Frederico Abreu
Finalmente, chegamos a Beppu.
Pequena cidade litorânea, estranha e curiosa, repleta de onsens (banhos quentes) e fontes termais. Com menos de 200 mil habitantes, vive praticamente da exploração do calor das profundezas.
Vista do alto parece estar pegando fogo, devido a quantidade de torres de vapor que se pode ver por toda parte, entre prédios e casas. Desde muito tempo, o vapor produzido no subterrâneo foi canalizado engenhosamente para os hotéis da região, além das casas de banho e hospitais, onde o banho quente é usado como parte do tratamento de diversas moléstias.

No hotel (Kamenoi), além do onsen (banho de fontes termais), onde os hóspedes podiam cozinhar por vontade própria, o lobby de entrada possuia uma grande variedade de artigos da região à venda.
Passei alguns minutos tentando entender alguns deles, confesso, sem muito sucesso.
Uma moça que atendia no caixa, me vendo perdido por alí, se aproximou e delicadamente esticou uma bandeja em minha direção.
Sobre ela, alguns filés de carne rosada, marmorizada e garfinhos. Achei que seria má educação minha recusar e experimentei a ‘iguaria’.

Sashimi de carne de cavalo.
Nada mal, bem macia e quase adocicada.
(Nunca mais olharei para um cavalo com os mesmos olhos...)
O Umi-Jigoku, 'Oceano do inferno', água verde azulada envolta no vapor, onde se pode comprar ovos que foram cozidos numa cesta mergulhada na água fervente.
Mais ou menos 93 graus centígrados.


O Chino-Ike-Jigoku, que tem nome de filme de horror, 'Inferno do Lago de Sangue', tem a água vermelha e barrenta.


Como disse uma obachan (avózinha), o japonês pega um fenômeno da natureza, reveste de santidade xintoísta e cobra ingresso para o turista ver. É lógico, sem esquecer das lojinhas vendendo tudo que se possa imaginar, de espada samurai à roupa de ninja.

Em Beppu vemos coqueiros por toda parte, o que contribui para o clima ‘caliente’ segundo a guia.
Não sei onde ela aprendeu esta palavra... provavelmente numa aula de aeróbica.

O mais estranho sobre Beppu é a naturalidade com que os moradores da cidade convivem com verdadeiras mini-erupções vulcânicas.
Vi uma senhora, de quimono, cuidando do seu jardim, em frente de casa. Muito cuidadosamente ia podando uma roseira.
Atrás dela, de um montinho de pedras ao chão, brotava uma coluna de vapor.
Normal.

Pequena cidade litorânea, estranha e curiosa, repleta de onsens (banhos quentes) e fontes termais. Com menos de 200 mil habitantes, vive praticamente da exploração do calor das profundezas.
Vista do alto parece estar pegando fogo, devido a quantidade de torres de vapor que se pode ver por toda parte, entre prédios e casas. Desde muito tempo, o vapor produzido no subterrâneo foi canalizado engenhosamente para os hotéis da região, além das casas de banho e hospitais, onde o banho quente é usado como parte do tratamento de diversas moléstias.

No hotel (Kamenoi), além do onsen (banho de fontes termais), onde os hóspedes podiam cozinhar por vontade própria, o lobby de entrada possuia uma grande variedade de artigos da região à venda.

Uma moça que atendia no caixa, me vendo perdido por alí, se aproximou e delicadamente esticou uma bandeja em minha direção.
Sobre ela, alguns filés de carne rosada, marmorizada e garfinhos. Achei que seria má educação minha recusar e experimentei a ‘iguaria’.

Sashimi de carne de cavalo.
Nada mal, bem macia e quase adocicada.
(Nunca mais olharei para um cavalo com os mesmos olhos...)
Pela manhã fomos visitar dois jigokus (infernos).
O Umi-Jigoku, 'Oceano do inferno', água verde azulada envolta no vapor, onde se pode comprar ovos que foram cozidos numa cesta mergulhada na água fervente.
Mais ou menos 93 graus centígrados.


O Chino-Ike-Jigoku, que tem nome de filme de horror, 'Inferno do Lago de Sangue', tem a água vermelha e barrenta.

Como disse uma obachan (avózinha), o japonês pega um fenômeno da natureza, reveste de santidade xintoísta e cobra ingresso para o turista ver. É lógico, sem esquecer das lojinhas vendendo tudo que se possa imaginar, de espada samurai à roupa de ninja.

Em Beppu vemos coqueiros por toda parte, o que contribui para o clima ‘caliente’ segundo a guia.
Não sei onde ela aprendeu esta palavra... provavelmente numa aula de aeróbica.

O mais estranho sobre Beppu é a naturalidade com que os moradores da cidade convivem com verdadeiras mini-erupções vulcânicas.
Vi uma senhora, de quimono, cuidando do seu jardim, em frente de casa. Muito cuidadosamente ia podando uma roseira.
Atrás dela, de um montinho de pedras ao chão, brotava uma coluna de vapor.
Normal.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
FEIRA DA PROVIDÊNCIA: UM PASSEIO PELO MUNDO QUASE TODO
Por Stella Cavalcanti
Quem mora no Rio de Janeiro já sabe: chegou o fim do ano, chegou a Feira da Providência. Este evento, que começou pequeno há 51 anos, hoje ocupa dois pavilhões do RioCentro. É uma imensa reunião de lojas do Brasil e do exterior, trazendo roupas, brinquedos, perfumes, tecidos, comidas, bijouterias, ouro, prata e - na falta de melhor palavra - quinquilharias de toda espécie.
Toda a renda do evento é revertida para os projetos sociais do Banco da Providência, que atua em 104 comunidades carentes do município, promovendo oportunidades de trabalho e geração de renda para mais de duas mil famílias. Uma atração do site oficial do evento são os cartazes da feira, feitos por Ziraldo :)
Não vou todo ano, porque o RioCentro é longe que dói. Meu Deus, como é longe. Na primeira vez que peguei um ônibus para lá, foram duas horas e tanto de viagem - e eu já estava pensando que ia chegar, cedo ou tarde, em Recife...
Este ano realizei um sonho e comprei um perfume artesanal, da Tunísia. Sempre que passava por esse estande, nos anos anteriores, loja morria de vontade de ter um - os frascos são lindos! Comprei quase nada de perfume, 15 ml num frasquinho de vidro que parece ter sido feito por fadinhas, de tão delicado que é.
Os perfumes são artesanais e estão expostos em jarras que parecem grandes licoreiras de cristal. A moça que me atendeu passou todos os perfumes em mim, para que eu escolhesse pelo cheiro da pele e não pelo nariz. Acabei ficando com o de mirra, que é absolutamente delicioso. Eu não consigo descrever, ele não é doce, não é cítrico... e tem uma fixação maravilhosa. Passei ontem de noite uma gotinha só, e hoje o perfume ainda está, suave, na minha pele.
Comprei dois anelzinhos de prata no estande do Irã, doces, queijos e uma panquequeira - a Feira da Providência tem um lado UD, com toda a sorte de tranqueira possível para a cozinha.
Só passei vontade mesmo porque me encantei com uma colcha indiana que custava R$ 400,00 e que, se eu comprasse, jamais teria coragem de usar.
Os Estados brasileiros estão bem representados com seus artesanatos e comidas. Comprei alfenin de coco na Paraíba, queijos e frios no Rio Grande do Sul, castanha caramelizada no Rio Grande do Norte e almocei uma costelinha de porco divina no restaurante mineiro. Há rendas, flores de madeira e muito mais. Foi no stand do Rio de Janeiro que conheci o trabalho de Eugenia Kos e suas maravilhosas garrafas pintadas:
A gente vai andando e observando os povos, os produtos, os costumes e a clientela. Tem muita gente comprando para revender, tem muita gente que vai matar saudade das coisas do país de onde veio. Tem países que vendem praticamente a mesma coisa do país ao lado, tem estande que vende como novidade coisas que se encontram no comércio popular de qualquer grande cidade e tem verdadeiros achados, que precisam de olho treinado para serem encontrados. Os preços variam entre bijouterias a partir de R$ 5,00 no estande da Áustria a tecidos bordados a R$ 400,00 na Índia. E tem muito ouro, inshallah, no estande de Dubai :)
A Feira vai até 04/12, no RioCentro, do meio dia às 11 da noite. A entrada é R$ 14,00 (inteira) e R$ 7,00 (meia).
Este post não é patrocinado :)
Algumas coisinhas que eu trouxe de lá, deste ano e de anos anteriores
Quem mora no Rio de Janeiro já sabe: chegou o fim do ano, chegou a Feira da Providência. Este evento, que começou pequeno há 51 anos, hoje ocupa dois pavilhões do RioCentro. É uma imensa reunião de lojas do Brasil e do exterior, trazendo roupas, brinquedos, perfumes, tecidos, comidas, bijouterias, ouro, prata e - na falta de melhor palavra - quinquilharias de toda espécie.
Toda a renda do evento é revertida para os projetos sociais do Banco da Providência, que atua em 104 comunidades carentes do município, promovendo oportunidades de trabalho e geração de renda para mais de duas mil famílias. Uma atração do site oficial do evento são os cartazes da feira, feitos por Ziraldo :)
Não vou todo ano, porque o RioCentro é longe que dói. Meu Deus, como é longe. Na primeira vez que peguei um ônibus para lá, foram duas horas e tanto de viagem - e eu já estava pensando que ia chegar, cedo ou tarde, em Recife...
Este ano realizei um sonho e comprei um perfume artesanal, da Tunísia. Sempre que passava por esse estande, nos anos anteriores, loja morria de vontade de ter um - os frascos são lindos! Comprei quase nada de perfume, 15 ml num frasquinho de vidro que parece ter sido feito por fadinhas, de tão delicado que é.
Os perfumes são artesanais e estão expostos em jarras que parecem grandes licoreiras de cristal. A moça que me atendeu passou todos os perfumes em mim, para que eu escolhesse pelo cheiro da pele e não pelo nariz. Acabei ficando com o de mirra, que é absolutamente delicioso. Eu não consigo descrever, ele não é doce, não é cítrico... e tem uma fixação maravilhosa. Passei ontem de noite uma gotinha só, e hoje o perfume ainda está, suave, na minha pele.
Comprei dois anelzinhos de prata no estande do Irã, doces, queijos e uma panquequeira - a Feira da Providência tem um lado UD, com toda a sorte de tranqueira possível para a cozinha.
Só passei vontade mesmo porque me encantei com uma colcha indiana que custava R$ 400,00 e que, se eu comprasse, jamais teria coragem de usar.
Os Estados brasileiros estão bem representados com seus artesanatos e comidas. Comprei alfenin de coco na Paraíba, queijos e frios no Rio Grande do Sul, castanha caramelizada no Rio Grande do Norte e almocei uma costelinha de porco divina no restaurante mineiro. Há rendas, flores de madeira e muito mais. Foi no stand do Rio de Janeiro que conheci o trabalho de Eugenia Kos e suas maravilhosas garrafas pintadas:
A gente vai andando e observando os povos, os produtos, os costumes e a clientela. Tem muita gente comprando para revender, tem muita gente que vai matar saudade das coisas do país de onde veio. Tem países que vendem praticamente a mesma coisa do país ao lado, tem estande que vende como novidade coisas que se encontram no comércio popular de qualquer grande cidade e tem verdadeiros achados, que precisam de olho treinado para serem encontrados. Os preços variam entre bijouterias a partir de R$ 5,00 no estande da Áustria a tecidos bordados a R$ 400,00 na Índia. E tem muito ouro, inshallah, no estande de Dubai :)
A Feira vai até 04/12, no RioCentro, do meio dia às 11 da noite. A entrada é R$ 14,00 (inteira) e R$ 7,00 (meia).
Este post não é patrocinado :)
Algumas coisinhas que eu trouxe de lá, deste ano e de anos anteriores
azulejo pintado do Marrocos
girafa de madeira do Quênia
arca de noé peruana. Os presépios são absolutamente lindos, devia ter comprado um...
elefante de tecido da Índia. Muito auspicioso.
anéis de prata do Irã
caixinhas da Rússia. São bem pequenas :)
Tem matrioskas lindas no estande, moedas do tempo da União Soviética
e alguma memorabilia do comunismo.
o perfume que comprei na Tunísia - são só 15 ml!
Trouxe para casa com o mesmo cuidado que se tem com bebezinhos prematuros :)
A ARTE DE MEDIR RIOS RASOS- MARK TWAIN
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Mark Twain Google imagem |
"Mark Twain , pseudônimomo de Samuel Langborn Clemens (l835-1910), escritor americano que trabalhou como gráfico, ourives e marinheiro de embarcações no rio Mississippi antres de editar um jornal em Nevada.
“Mark Twain” era o grito dos homens que sondavam a profundidade do leito do Mississippi, significando, numa corruptela do inglês, uma medida de duas braças, ou 20 palmos. Depois de viajar pela Europa e Palestina, ele publicou um divertido relato de viagem, Innocents Abroad, em 1869. Seguiram-se dois romances clássicos Tom Sawyer (As aventuras de Tom Sawyer), de 1876 e Huckleberry Finn, de 1884."
Tudo começou após o doodle sobre Mark Tawain do Google. Este precisamente, que comemorava 176 anos de vida do autor que nasceu em 30 de novembro de 1835, no Missouri, Flórida, EEUU.
Aí, Telinha Cavalcanti falou que gostava muito de Tom Sawyer, personagem que junto com
Huckleberry Finn, protagonista da obra As Aventuras de Huckleberry Finn, também aparece em As Aventuras de Tom Sawyer, As Viagens de Tom Sawyer e Tom Sawyer Detetive e é o melhor amigo de Tom Sawyer, constitui a grande obra de Mark Twain.
Daí,lembrar do Rio Mississipi, das aventuras que em criança compartilhamos com os personagens que lá habitavam, foi um salto. O projeto Gutemberg disponibiliza Aventuras de Tom Sawyer e no prefácio seu autor faz questão de dizer que muitas das aventuras são reais e uma ou duas experiências são dele mesmo:
P R E F A C E
Most of the adventures recorded in this book really occurred; one or two were experiences of my own, the rest those of boys who were schoolmates of mine. Huck Finn is drawn from life; Tom Sawyer also, but not from an individual -- he is a combination of the characteristics of three boys whom I knew, and therefore belongs to the composite order of architecture.
The odd superstitions touched upon were all prevalent among children and slaves in the West at the period of this story -- that is to say, thirty or forty years ago.
Although my book is intended mainly for the entertainment of boys and girls, I hope it will not be shunned by men and women on that account, for part of my plan has been to try to pleasantly remind adults of what they once were themselves, and of how they felt and thought and talked, and what queer enterprises they sometimes engaged in.
The Author.
Hartford, 1876.
Samuel Langhorne Clemens, adotou o nome de Mark Twain, que significa duas braças, ou seja marca de duas braças ou doze metros, o que permite navegar sem encalhar pelo Rio que é uma divindade para os americanos e onde, segundo o escritor Willian Falkner, "o passado nunca morre". Samuel foi piloto de barcos no Rio Mississipi.
Daí, pular para Show Boat, foi fácil. O filme foi produzido baseado no livro do mesmo nome de Edna Ferber, inicialmente em 1929, parcialmente falado.
Em 1951outra produção aconteceu, com a atriz Ava Gardner no elenco e músicas de Jerome Kern e Oscar Hammerstein.
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Então esta canção ficou para sempre: Ol' Man River , cantada por Willian Warfield e coro da MGM.
No mesmo filme Ava Gardner canta Can't Help Lovin' That Man .
"Magnolia Hawks é uma moça de dezoito anos, vinda de uma família de artistas que administra um barco de shows, o "Cotton Blossom", cruzando o Rio Mississippi. Sua melhor amiga, Julie LaVerne (a atriz principal dos espetáculos, mulata mas passando-se por branca) é forçada a abandonar o barco por conta de sua origem, levando com ela Steve Baker, seu marido branco com quem, pela lei da época, ela não está legalmente casada. Magnolia então substitui Julie como principal artista da companhia. Ela conhece o simpático jogador profissional Gaylord Ravenal e casa-se com ele. Junto com sua filha recém-nascida, o casal muda-se para Chicago, onde vivem do produto das apostas de Gaylord. Após cerca de dez anos, ele atravessa um longo período de perdas no jogo e abandona Magnólia, acreditando estar causando a infelicidade da mulher com essas perdas. Magnólia então é forçada a criar sua filha sozinha. Julie também é abandonada pelo marido e torna-se irremediavelmente uma alcoólatra. Julie então ajuda Magnólia a tornar-se um sucesso nos palcos de Chicago, depois do abandono de Ravenal. Na maior alteração do filme em relação à peça de teatro (e a todas as outras versões da história), o casal volta a reunir-se no teatro onde a filha, Kim, está estreando seu primeiro show na Broadway ao invés de no barco onde a história começou."
"Grandes Entrevistas

Mark Twain
From Sea to sea, 1889 uma antologia de 1823 aos nosos dias,
organizada por Fabio Altman. São Paulo:
Scritta, 1995"
Show boat, 1929, teatro
Original abertura de Show Boat de 1927, teatro
Revival, 1994
http://www.youtube.com/watch?v=r5WEQ8j1Me0&feature=related
Neste a incorporação foi desativada. É de 1939, apresentado em teatro.
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
RIO, VOCÊ FOI FEITO PRÁ MIM - ATÉ LOGO
Gilvania Ferreira
casando no Cristo Redentor
Há 12 anos, tenho um verdadeiro caso de amor com o Rio de Janeiro. E quem ama, cuida. Nestes últimos meses, não tenho me dedicado a cuidar desse sentimento como ele assim o bem merece. Responsabilidades do dia a dia, que por vezes nos obrigam a diminuir as horas de prazer, fizeram-me negligenciar a coluna sobre o Rio que tão gentilmente a minha comadre e madrinha de casamento, Stella Cavalcanti, ofereceu para que eu pudesse falar sobre este amor.
Tentei, mas nitidamente não estava dando ao Rio a atenção que ele merece e, muito menos, a quem aparecia por aqui para prestigiar o Primeira Fonte – a todos, a propósito, mil desculpas.
E aí chegou aquele momento doloroso da relação, que é o de dar um tempo. Mal pude compartilhar com todos os que aqui passaram os encantos de uma cidade tão retratada na mídia como um reduto de tudo o que é mais violento, dando aquela falsa impressão de que assim que você puser os pés no Rio morrerá vítima de uma bala perdida.
Claro que isso pode acontecer – como em qualquer outro lugar do mundo.
O Rio tem suas mazelas, é claro, eu também as vejo. Porém tem tantas coisas boas que chegam a ser injustas tantas piadas de mau gosto que fazem por conta de tão grave problema enfrentado pela cidade e por seus cidadãos.
Óbvio que tragédias acontecem diariamente, mas você bem sabe, amigo e amiga leitores, que isso não é uma questão localizada na cidade que tanto amo – só quase não é exibido nas maiores redes de TV do país.
com Garrincha, no Maracanã
Mas lembre-se: o Rio não tem a alcunha de Cidade Maravilhosa à toa. Sua geografia encantadora, a proximidade entre morro e mar, o verde se insinuando por entre as construções de concreto (ou seria o contrário?), a mistura de sotaques, de cores, de nacionalidades e de sorrisos tornam esta cidade especial.
Não é incomum os comentários de turistas estrangeiros que, ao contemplarem a bela vista do alto do Corcovado, afirmam ser aquele o cenário mais bonito do mundo. Exagero? Pegue sua mala e confira você mesmo.
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