Por Bianca Monteiro
A cada frase que escrevo, imagino a reação de quem me conhece. E rio das prováveis hipóteses que farão sobre para quem meus textos são escritos. Uma dica geral: não costumo falar de uma pessoa só. Meu “você” varia a cada texto. Quem é, só de ler, já sabe.
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Por algum milagre, um dia em que me senti útil e amada. Isso por causa do excesso de procura das pessoas, mesmo que por motivos banais na maior parte das vezes. Espero ansiosamente o dia em que eu não veja pessoas precisando de mim e acabe sentindo falta de te ver entre elas.
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Despeço-me dessa história. Já me cansei de perder tempo tentando entender, inventando novas desculpas sobre o porquê de ainda te considerar sendo que nem nos falamos há quase um mês e meio. Os que questionam essa escolha mal sabem que, apesar de me fazer muito mal, essa é a parte que mais gosto e que mais me faz ter orgulho de você. Seu juízo. O juízo de não me querer por perto. Ao contrário do que pensa, acho impossível te substituir. Não posso deixar as lembranças pra trás. E me pergunto se você se sente assim também.
Você costumava ser quem me fazia sorrir, e hoje me arranca qualquer sorriso do rosto sem o menor pudor. Posso até ficar relativamente feliz às vezes, mas não importa: ao ver sua indiferença, quero ir embora e chorar até desidratar. Assim como quando imagino você rindo ao ver todos os planos que fiz depois de você desmoronarem. Tenho essa oscilação de humor causada por você. Meus olhos cheios de lágrimas ao dizer seu nome, minha alteração completa a ponto de perceber sua presença e perder o humor. Era o que você queria? Que eu esquecesse quem parte meu coração pra sofrer pela perda do seu ombro pra chorar? Você era exatamente o tipo de pessoa que nunca me imaginaria vivendo sem. Por ser o único que conseguia me tirar da solidão que é a minha vida, completamente virtual. Mas quando isso se torna necessário... dá-se um jeito. Me viro como posso. Testo o quanto aguento.
P.S.: Dia do Orgulho Nerd, e consequentemente, da toalha. Dia de aguentar piadas de gente que não conhece as coisas que eu gosto e sai querendo julgar sem saber. Cumprir o desafio de sair com a toalha em público não tem preço! Acompanhada de duas amigas, melhor ainda. As duas que ainda me deixam esperanças de que, não importa o quão estranho seja, sempre terá alguém pra compartilhar gostos contigo. E isso, sim, você pode chamar de “amigo”. Obrigada por me aguentarem! Sempre seremos as mochileiras das galáxias.
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Sabe aquele dia em que dá tudo errado? O meu foi esse. Acordar com a gripe bem pior do que ao longo da semana. Estudar muito, mas pela primeira vez ficar nervosa e esquecer tudo a ponto de não saber nem do que o professor está falando na questão. Estar passando mal e fazer todas as provas correndo pra conseguir entregar antes do meio-dia. Nem assim deu certo. As questões deixadas pra depois acabaram não sendo feitas. Ao menos com visitas em casa, saí e me distraí um pouco. Mas, meu primeiro sorriso do dia foi no ensaio. O acaso é fascinante, não? Merecedor da minha admiração. Apesar de que nós dois dançando somos uma negação. Pra mim, foi comédia pura. Como dizem meus Beatles, “não há realmente nada que eu preferiria fazer, porque estou feliz apenas em dançar com você.”
Minha mãe poderia chegar. Seria a felicidade literalmente tocando a minha campainha. Segunda coisa que compensaria meu dia. Sorte demais dois acasos certos no mesmo dia... pra contrastar com o desastre.
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Passei a gostar menos de pensar no acaso, admito. Antes, ele era natural, seguia a história de chegar quando menos esperamos. Mas, com nossa última conversa, passei a criar expectativas demais sobre eles e, consequentemente, me decepcionei. Eles cederam. Como eu.
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Eu superarei, certamente. Eu sempre supero!