sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

DIÁRIO DE UMA ADOLESCENTE. VOLTA ÀS AULAS, ROTINA...

Por Bianca Monteiro


Pressão. Essa é a palavra que define o que se passa de fevereiro a dezembro, com um pequeno intervalo em julho. Responsabilidade. É como se o tempo voasse, por incrível que pareça, até no que não gostamos de fazer, parece ter sido perdido. Sou suspeita de falar, já que a cada segundo que passa sinto que realmente o perdi sem estar fazendo o que devia… 


Sou obsessiva com obrigações, mas tão preguiçosa a ponto de acumulá-las para a última hora, estando ciente disso (e achando lindo, diga-se de passagem). Obviamente, isso me prejudica um pouco na escola. Se fosse um pouco mais organizada e tivesse foco, talvez pudesse ser impecável. Mas não sinto essa tendência de perfeição em mim de forma alguma, mesmo sendo exigente, às vezes me contento com o considerado pouco. Contraditório, já sei. Estar no meio termo é sempre assim. E os “sintomas” agravam com as férias, perda do costume, do horário, da disciplina… Quando sua rotina vira “readaptação”.

Comecei o ano com o pé esquerdo. A ansiedade para usar o material novo, ver os amigos, agora finalmente com a sala “dos sonhos”, a expectativa… 
Tudo foi quebrado logo no primeiro dia, me causando um estresse sem tamanho que desencadeou outra série de problemas (reputação, amizades, empatia, respeito, e até mesmo saúde). 


Fui parar num lugar que absolutamente não era meu. E não suporto injustiça, autoritarismo, falta de critério/argumento/liberdade de expressão. Ainda mais que isso, prepotência, intolerância, chantagens, cinismo, incapacidade de aceitar a existência de opiniões contrárias e de assumir os próprios erros. Estava com meu nome em jogo, porém, não podia ficar calada. Minha mini-revolução provou que anos de experiência sem razão ou qualquer questionamento de nada valem sem um ponto de vista pedagógico dando um limite. Depois disso, tudo voltou ao normal, não tinha mais clima tenso a ser superado, ou âmbito indesejado, onde você se sente uma peça fora de lugar…

O ambiente agradável melhorou minha situação, mas não extinguiu aquelas que eram independentes disso. 
Aliás, a questão sala/colegas não tem absolutamente nada a ver com o que vem me afligindo… 


O problema com sono e falta de tempo são os piores, me sinto sobrecarregada, fico desestimulada a fazer qualquer coisa e acabo não fazendo. Ocupações (e preocupações) excessivas, muitas vezes desnecessárias, ausência de sono, milhares de compromissos ao mesmo tempo. Não dou conta, quase. 


Se na segunda semana de aulas já estou sentindo esse esgotamento, não sei como será daqui pra frente. Por mais que odeie carnaval, feriados e afins, este foi ansiado por mim no quesito organização. Colocarei minha vida em dia: estudar (já que ainda não o fiz), ler livros e assistir filmes de amigos que estão comigo há tempos pra finalmente poder devolver, colocar uma espécie de intervalo nas minhas redes sociais, pois agora realmente meu tempo está apertado… 9 horas de aula num só dia, duas vezes por semana. 


Sem contar o inglês, teatro, meu bom e velho twitter, toda a interação com os amigos, e principalmente, meus interesses pessoais. Livros (clássicos, alguns realmente chatos, me perdoem) da escola tendo que ser tratados com prioridade em relação aos meus… 


Acho essa a pior parte da falta de tempo, talvez. Medo de esquecer quem sou por ser justamente essa a intenção deles. Fazer o estudante se desvencilhar do que chama de vida e se preparar para não ter mais isso (pelo menos por alguns anos, e não mais a mesma).