domingo, 29 de maio de 2011

HELLO DOLLY! UM PACOTE INTEIRO – PEGAR OU LARGAR

Por Dorothy Coutinho 
Foto: Google Images
Toda emoção é inconstante, assim como toda paixão é bipolar. Tudo é mistério, tudo é instável. E buscar uma razão lógica para as emoções em publicações sobre o assunto só me leva até a página dois. Por vezes, no final da leitura ou no final do dia, desisto da busca.


E um novo dia surge trazendo com ele as coisas que estão certas, mas depois... As pessoas que dizem que te amam e depois... Um amigo que estava muito bem de saúde, mas, depois... Na manhã que você estava infeliz, mas que depois, lá pelo meio da tarde...

Tento me desembaraçar das imposições culturais que me impedem de considerar esses dias em dias comuns. Que a vida é assim. Assim, o quê cara pálida?

Faço caretas, danço sozinha, e fico só pensando no que está faltando fazer, querendo de volta as horas em que fiquei bestando. Seguro na química a pressão, nos chás o colesterol e mesmo sem fazer fisioterapia para apressar o passo quero fazer muita coisa ainda, mesmo sem saber para quê!

Uma dessas coisas é escrever. E do meu caldeirão de bruxa sai boa parte do que escrevo.

Cada uma das minhas histórias pode ser complexa, hilária, obscura, inocente, reveladora, ou perversa.

O desejo de escrever é o da cumplicidade para obter respostas, mesmo que elas não existam.

Falo sobre o que somos: nobres, vulgares, sonhadores, consumidores, soprados pela esperança, ou corroídos pelo terror, generosos ou tantas vezes mesquinhos.

Falo da solidão daquele homem sentado à beira do rio: será que ele cultiva medos secretos, pensa na morte ou simplesmente deseja ser amado?

Falo de um pequeno apartamento sendo reformado à espera do jovem casal e penso nas luminárias que estão sendo instaladas no lugar das anteriores que foram parar no saco do passado.

Falo em encontrar conexões entre atitudes e pensamentos mesmo sabendo que não temos controle sobre coisa alguma, já que somos reféns dos imprevistos.

Falo do dilema “pegar ou largar”.

Falo do pacote inteiro que nos lembra que na vida, a única conclusão lógica que temos é a de que todo homem é mortal.