quarta-feira, 26 de outubro de 2011

ALBA ZALUAR DEFENDE NA ANPOCS A MESMA ANISTIA CONCEDIDA A EX PRISIONEIROS POLÍTICOS DA DITADURA MILITAR PARA TRAFICANTES

por Esther Lucio Bittencourt

A antropóloga Alba Zaluar, coordenadora e fundadora do Núcleo de Pesquisas da Violência (Nupevi) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, convidada pela diretoria da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs) a participar da Conversa com o Autor de ontem à noite no Hotel Gloria, em Caxambu afirmou que, para diminuir o tráfico de drogas os traficantes deveriam ser perdoados, mesmo os que já tenham cometido assassinatos, à semelhança de ex-prisioneiros políticos da ditadura militar do Brasil que foram anistiados. Alba Zaluar estuda há mais de 30 anos a violência urbana na cidade do Rio de Janeiro. Sua pesquisa com o escritor Paulo Lins, no final da década de 1980 deu origem ao filme Cidade de Deus (2002).

Comentou que em Medelin, na Colômbia, que adotou esta medida, os para-militares e traficantes foram perdoados e postos em outras atividades para recuperá-los, o número de mortes causadas pela violência do tráfico , em cerca de sete anos caiu de 300 por cento para 20%.

A antropóloga que hoje pesquisa nas favelas a atuação das UPPs, - Unidade de Política Pacificadora - disse que "a função da polícia militar é a de se aproximar das favelas respeitando a população local, ouvindo-a para estabelecer prioridades de segurança. Eles não precisam tocar violão com a população, ou ensinar futebol para as crianças, por, que vão ensinar futebol como ensinam os soldados a se comportarem, com muita disciplina, uma coisa muito mais rígida de que os moradores não gostam.

A situação do Morro do Alemão, apesar da Presença das UPPs não está sob controle, e eu acho que deveriam encontrar formas de pensar maneiras de fazer com que estes que ainda estão no tráfico desistissem e tudo seria mais fácil com o perdão. Porque não se anistia , por exemplo aqueles que têm condições de recuperação? Mesmo os que cometeram assassinatos.

Vou contar a condição do Ailton Batata" - ele inspirou a construção do personagem Cenoura no Filme “Cidade de Deus” – “ele me procurou cobrando porque se a história dele está no filme ninguém me procurou perguntado se podia ou não . Eu disse para ele, olha Ailton, eu fiquei muito chateada porque não fazem nenhum agradecimento a mim e vou fazer o possível para ajudá-lo através de meu advogado. Primeiro ele trabalhou num projeto chamado Agentes da Liberdade, da Prefeitura do Rio, que procurava prisioneiros e famílias destes para fazer socialização, profissionalização, evitando que estes prisioneiros voltassem para o tráfico. Hoje ele trabalha com o Choque de Ordem . Ele é homicida, está em liberdade condicional e trabalhando!”

A permanência da Força de Pacificação nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio, será prorrogada até junho de 2012, conforme foi anunciado dia 24 deste mês através da assinatura de novo acordo entre o Governo do Estado do Rio, o Ministério da Defesa e o Exército. Segunda a Antropóloga isto se faz necessário porque o Morro do Alemão é muito extenso, cheio de viradas, e se a polícia se retirar , certamente o crime voltará. Os traficantes ainda estão lá, muitos fugiram, mas no alto do morro é o reduto deles.

Hoje, Nathan Wachtel da Cátedra do Collège de France fará conferência às 9 horas, na sala 4 do Hotel Glória sobre “Memoires Marranes”, cuja obra do mesmo nome busca por trações judaicos pelas terras áridas do nordeste.

O 35º Encontro Anual da ANPOCS, que termina 28 deste mês em Caxambu, cidade do sul de Minas Gerais terá também a mesa redonda sobre Imagem e Memória, na sala 5 do Hotel Glória, às 9 horas com a presença de Gary Kildea, cineasta e antropólogo da Ethnographic Film Unit, Antropology Departament, Australian National University (Camberra), diretor do filme “Trobriand Cricket”.



Um documentário de 52 minutos. Termina hoje o Simpósio Celso Furtado, às 9 horas, na sala 7 do Hotel Gloria e outro simpósio será iniciado amanhã: 20 Anos do Mercosul, no mesmo horário, na sala 6.