sábado, 16 de julho de 2011

FREDZILA

Carlos Frederico Abreu



Antes que alguém me pergunte o porque do ‘Fredzila’, já vou explicando.

Certa vez andando em um daqueles shoppings na Liberdade (para quem não conhece, um bairro de São Paulo, que concentra grande parte da colônia japonesa do país), acho que durante um festival (matsuri) qualquer, percebi que conforme eu avançava entre o povo (a maioria de orientais), ia abrindo um clarão na multidão, como se eles se desviassem, um tanto assustados (juro que ví olhares de pânico de algumas avozinhas).

Ok, você precisaria me conhecer para entender a analogia.

Precisaria saber que não sou, digamos, uma figura discreta, com meus cento e vinte quilos e um metro e oitenta e quatro.

Inevitável a lembrança de Godzila (Gojira), derrubando prédios, esmagando e aterrorizando os pobres japoneses.

Antes da viagem: entendendo a linha de mudança de data




Se quiser queimar alguns neurônios, tente entender isso: decole, digamos, 13:00 de terça, viaje por 10 horas, e chegue às 16:00 de quarta - sem ter uma noite entre estes dois dias.

Ziguezagueando no oceano pacífico está a linha de mudança de data, ou a Internacional Date Line (IDL), perto do meridiano 180°, indicando a separação entre o hoje e o amanhã. Apesar do nome, esta linha não é precisa e não está fixada por tratado ou por lei internacional alguma.

Este paradoxo aparece em antigas cartas de navegação, desde 1270, para desafiar a imaginação de marinheiros que relatavam de como se podia, dependendo da direção de sua viagem, ganhar um dia ou perdê-lo, ao final da circunavegação.

Apenas no século 19, com a evolução dos barcos e das comunicações, a linha chegou ao conhecimento da maioria de astrônomos, geógrafos e navegadores.

Jules Verne tornou famoso este fenômeno com o livro ‘Volta ao Mundo em 80 dias’(1873), mas antes dele, Edgar Allan Poe escreveu o não tão conhecido, ‘Uma sucessão de domingos’(1841), onde um homem muito rico promete a mão de sua sobrinha a um jovem, com a condição (impossível) que três domingos ocorressem no intervalo de uma semana.

A condição foi satisfeita quando ao encontrar dois capitães de navio que haviam completado uma circunavegação do globo, aquele que havia viajado para leste dizia que era segunda-feira, e que ontem fora domingo. O outro, que havia viajado na direção oeste, dizia que era sábado e que só seria domingo no dia seguinte.

Durante o vôo, uma viagem no tempo

Sobre Anchorage, no Canadá, faltando 7 horas e meia para chegar em Osaka



Agora me dei conta que as aeromoças estão pedindo para fechar as janelas e gradualmente as luzes internas estão se apagando. Simulação da noite em pleno dia. São 8:00 da manhã no Japão e chegaremos quase quatro da tarde, ou seja, se ficarmos acordados, estaremos perdendo uma noite de sono sem perceber!