sexta-feira, 20 de julho de 2012

84, CHARING CROSS - VIAGENS E VIAGENS

Elaine  Pereira




Neste sábado pulo no avião de novo. O que mais amo é viajar e tenho tido boas oportunidades ultimamente. Mas quem não gosta? Só quem tem que fazer isso por obrigação, claro, acaba cansando, como tudo o que é em excesso.

Por que queremos ver o mundo, outras paragens, outros rostos, outros sons? As respostas óbvias todo mundo sabe, mas me ocorre o planeta como casa, depois do advento do google maps as perspectivas na minha cabeça ficaram tão engraçadas, deformadas a princípio, o mundo é tão grande, mas de cima tudo parece perto.

Uma outra coisa que faz tanta diferença é o momento da nossa vida em que fazemos a viagem. Um lugar nunca é o mesmo, nunca “voltamos” para uma cidade porque ela não é mais aquela que visitamos antes. E há viagens de felicidade, de comemoração, de exploração, aprendizado, curiosidade, de sonho e até as ruins de pesadelo, mas dessas não vou falar não, a vida é por demais real para ainda reforçarmos o que não nos agrada.
A companhia é o fundamental. Desde a nossa própria, viajar sozinho é uma experiência gratificante, mas grita em nós a vontade de compartilhar do ser humano, cutucar alguém para dividir a emoção. As boas companhias fazem da nossa jornada um passeio pelo paraíso, ainda que se vá para o Afeganistão no meio das bombas.

Deixar a casa é engraçado. Acabei de me mudar e vou viajar, e é interessante como quanto mais velha vou ficando mais fácil vai sendo sair, simplesmente fechar a porta e ir, sem nem olhar para trás, seja para voltar ou não. Ainda vou me aprimorar mais e ser turista em minha própria vida, esse é na verdade o meu sonho de consumo.
 
Tanta, tanta coisa para se saber, tanta coisa para aprender, ver, sentir, tocar, cheirar, derramar lágrimas por, morrer de rir, pensar a respeito. Não é necessário nenhum meio de transporte. Um curso, online ou não, um livro, um filme, uma música, uma pessoa mais velha com história pra contar (essa vou ser eu daqui a algum tempo, isso já garanti), um amigo antigo, ou novo, uma conversa altamente intelectual e filosófica ou simplesmente falar bobagem, tudo isso faz parte da viagem em que estamos permanentemente. É preciso se dar conta disso. Estamos em uma viagem de primeira classe, não importa os solavancos, turbulências, atrasos, tempo feio.

Às vezes é tão, mas tão difícil esperar o trem, ou tão doloroso perder o voo, descobrir que a nossa companhia não está mais disponível, ver as portas se fecharem conosco do lado de fora. Mas tudo isso passa, cada um de nós sabe pelo que passou, e aqui estamos, ainda com a passagem na mão.

É. O planeta apesar de meio capenga ainda oferece muito para se desfrutar. O que você está fazendo agora?

PRIMEIRA FONTE TEM CONTA INVADIDA

Caros leitores e amigos,

Tudo bem?
Fomos avisados pela equipe do Gmail que a nossa conta fora usada (invadida) por alguém que estaria (supostamente) na China. As postagens dos últimos três dias (incluindo a de hoje) sofreram atrasos por conta do ocorrido, mas até a tarde de hoje tudo deve estar normalizado.
Agradecemos a atenção de sempre,

Equipe Primeira Fonte

quinta-feira, 19 de julho de 2012

DIÁRIO DE UMA ADOLESCENTE. 90's x 00's.


Por Bianca Monteiro

Imagem do Google
Existe um conflito, muito dispensável aliás, entre os nascidos nos anos 90 e nos anos 2000. Diversas imagens são compartilhadas nas redes sociais com desenhos animados e características da década sempre tentando mostrar superioridade sobre a outra… Vejo esse debate direto e finalmente parei pra analisar.
Particularmente não concordo com esse “conflito”, não acho que exista esse critério de melhor/pior década, ou “eu sim fui criança de verdade”. Também ouvi isso, apesar de que os piões e bonecas das gerações passadas que não são tão vistos hoje, ainda eram na minha. 
Por mais que discorde, no fundo devo admitir que sinto que as crianças de 2000 e tantos perderam muitas coisas legais que as dos anos 90 (como eu) tiveram oportunidade de conhecer. Porque nunca conheci uma criança de hoje que lesse gibis da Mônica, enquanto o pessoal da minha idade teve esse hábito. Não vejo mais lancheiras das Meninas Superpoderosas ou pirulitos que tinham que ser mergulhados no saquinho de açúcar cristal que vinha junto e aqueles que tinham que colocar no dedo. Tinha um tubinho de leite condensado que chamava “Mocinha”, aliás. Nunca mais vi. Nem os esmaltes de 1,99 cheios de estrelinhas/glitter que eram tendência. “Pitchulinha” era meu refrigerante favorito por ter aquela garrafa tão mini que cabia certinho na minha mão. Ir trocar tampinhas na padaria pra completar as coleções do Guaraná Antárctica de Pokemóns e dos mini-cds da Coca… Além dos álbuns de figurinhas que eram o principal assunto no recreio, e que ainda existem, mas com menos força. Bater tazos que vinham no salgadinho. Aneizinhos coloridos de plástico que a gente ganhava na sacolinha surpresa de aniversário temático do coleguinha da escola… Agora as festas são todas sofisticadas. Não tem mais graça colocar o chapeuzinho. 
Apesar dos elementos nostálgicos, não acho que é válido dizer que “fui uma criança melhor” do que as de hoje. Fui feliz com meu anelzinho de plástico mas também seria com Iphone na mão.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

O NOVO BÓSON DE HIGGS EM BRASÍLIA





Por Dorothy Coutinho





Os cientistas descobriram uma partícula a que deram o nome de Bóson de Higgs.
Pensando bem, eu nem vou tentar explicar - mesmo consultando o Google – do que se trata esta subpartícula atômica.

Esse Bóson é mais complicado e difícil de entender do que os nossos políticos, mesmo porque o bóson é esférico enquanto os políticos têm outros formatos, outras mães, outros buracos. É um assunto complexo demais para a minha mente.

Outro mistério que desafia os cientistas da Física Quântica é a cassação do senador Hipócritas Torres, embora todos saibam que o Congresso brasileiro é um imenso buraco negro onde bilhões de verbas desaparecem e se transformam em antimatéria.

 “Tudo é relativo”, afirmou Einstein. Em Brasília, por exemplo, tudo o que estarrece a opinião pública é relativo: um bicheiro pode dar um celular para um senador e até o Collor pode julgar se alguém é honesto ou não.

Na CPI do Cachoeira para justificar a tentativa de convocação do coleguinha Policarpo Jr., da revista Veja, Collor saiu-se com essa: “Não me acoime de ter comportamento alapado, lançadiço ou rafeiro em relação ao hebdomadário em tela”.

Obrigado “Aurélio”: “Acoimar” – castigar, punir, censurar. “Alapado” – escondido. “Lançadiço” – desprezível. “Rafeiro” – indivíduo que acompanha sempre o outro, como cão de guarda, vigiando-o, defendendo-o. “Hebdomadário” – é semanário. Caso da “Veja”

Se os cientistas escavarem um imenso túnel dentro das montanhas suíças até Brasília, depois de atravessar as fortunas secretas e as contas milionárias do Maluf, do Sarney, do Jader, do Havelange, do Ricardo, de alguns governadores amigos do bicheiro, e do etc., irão descobrir também uma nova subpartícula atômica. 

Sobre a mesa do governo estão alguns problemas quânticos para equacionar: a estagnação do PIB, a CPI do Cachoeira, o Mensalão, e a expansão das greves do funcionalismo.
E o PT não tem nada a dizer a respeito de nenhum deles.
O partido virou um aglomerado sem massa. Não existe sem o seu Bóson de Higgs. Ele se chama Lula. 

Assim como o Bóson de Higgs, todo mundo já sabe em que buraco encontrar os ladrões. Só cabe à nossa polícia e à nossa justiça cavarem o túnel para comprovar cientificamente.


terça-feira, 17 de julho de 2012

QUITANDA DA VIDA 85

Telinha Cavalcanti


Mais uma receita encontrada na casa da minha mãe; essa tinha escrito "ótima" do lado :D
Eu já postei uma receita parecida aqui, mas não pude resistir :)


Macarrão ao Forno

Ingredientes:
500 gr de talharim
2 colhres sopa de manteiga
1 cebola picada
4 tomates maduros picadinhos
1 xícara de chá de maionese
1 xícara e meia de leite
1 lata de ervilhas escorridas
presunto desfiado
queijo parmesão ralado a gosto

Como fazer

Cozinhe o macarrão em água e sal. Escorra e reserve.
Refogue na manteiga a cebola, acrescente os tomates e deixe dourar um pouco.
Retire do fogo, acrescente a maionese e o leite, misturando muito bem.
Junte o presunto e as ervilhas.
Adicione o macarrão reservado, coloque em forma refratária e cubra com queijo ralado
Leve ao forno quente e deixe até dourar.

imagem: Receitáculo

domingo, 15 de julho de 2012

SENHORA DO TEMPO: O CADERNO DE POESIAS DE MINHA MÃE

Telinha Cavalcanti

Confesso a todos que roubei. Aliás, para ser mais exata, confesso que furtei. Não pude resistir, não consegui me controlar. Ninguém viu. Talvez, até agora, ninguém tenha percebido.

Trouxe comigo, de Recife, o caderno de poesias feito pela minha mãe, quando solteira. A data da primeira página informa que ela era uma moça de 17 anos, em primeiro de julho de 1946. 66 anos atrás! Está escrito com caneta tinteiro, mostrando a letra primorosa de mamãe, com o cuidado de fazer cada título com uma letra diferente, páginas e mais páginas feitas com delicadeza e cuidado, sem um erro, sem um rabisco, sem um ooops!



Guarda poemas de Bilac, Armando Wucherer e Augusto dos Anjos; há textos de Humberto de Campos, Ondina M Costa e outros, que não têm a identificação do autor. Em várias páginas, a assinatura de minha mãe, e na última folha, um acróstico assinado por um tal Lucio Rosablanco - nom de plume do poeta Geraldo Cavalcanti, meu pai.



E quem era essa mamãe-mocinha? Uma menina sonhadora, sem dúvida, romântica a não poder mais, com um pezinho no drama, outro pezinho no céu. Sonhava com O Grande Amor, é claro, ouvia as estrelas, falava de Deus e Maria e seus Santos. Copiava os romances trágicos, o desassossego, a angústia de Augusto dos Anjos para, poucas páginas depois, suspirar com O Suave Milagre de Eça de Queiroz.



Imagino uma moça magrinha, com vestidinho comprido, cabelos longos e escuros presos numa trança; está sentada à mesa com seu caderno, sua caneta, seu tinteiro e alguns livros. Minha avó passa e fala alguma coisa, que ela não ouve, absorta. Minha tia faz crochê numa cadeira de balanço. O gato Jerrí dorme na fresta de sol, meu avô ainda não chegou do trabalho.

Ser senhora do tempo não é dominar o tempo, e sim, trazê-lo ao lado, como amigo. Como um caderno antigo, que precisa de restauro, sim, mas que ainda guarda os corações azuis que ela fez com um molde de papel e raspinhas de lápis de cor.

sábado, 14 de julho de 2012

LEVE-ME AO SEU LÍDER - VOCÊ GOSTA DE FICÇÃO CIENTÍFICA? (PARTE 2)

Carlos Frederico Abreu

Conhece o ditado?
Ter orelha de porco, rabo de porco e focinho de porco não faz da feijoada um suíno?

Do mesmo modo, discos voadores, monstros e armas laser, não fazem de um livro, um filme, ou o que quer que seja, necessariamente uma obra de Ficção Científica (FC).

Bom, agora que você já sabe que aquilo que você chamava indiscriminadamente de FC, na verdade não se trata necessariamente de FC, passamos à tarefa mais difícil que é defini-la (ou morrer tentando).

Acomode-se bem na poltrona e respire fundo!

A Enciclopédia de Ficção Científica apresenta mais de sessenta definições e boa parte delas são insatisfatórias, pois acabam por deixar algo de fora, ou são genéricas demais.

Primeiro começaremos demolindo algumas inverdades e depois veremos o que sobra.

FC é um gênero literário.

BUMM ! Dada a sua natureza híbrida, que engloba diversos gêneros e seus subgêneros, não é correto dizer que é um gênero, mas sim um campo literário.

FC é sobre ciência.

BUMM ! Devido aos inúmeros escritores que no início do século 20 se utilizaram de descobertas cientificas para promover a ciência, isso acabou dando origem a um movimento chamado “Hard SF” (ou como eu costumo chamar, FC Manual de geladeira). Na verdade o foco está em vermos como o "evento", ou o que seja, afetou nossa sociedade.

FC é sobre futuro.

BUMM! Outro engano bem comum, pois a tecnologia está quase sempre associada ao futuro, mas novamente, o ponto crucial é a visão do escritor sobre suas expectativas, numa dimensão especulativa onde a narrativa se posiciona entre a possibilidade e a impossibilidade.

Até mesmo escritores decanos e estudiosos do assunto apresentam opiniões no mínimo controversas.

“Ficção científica é uma especulação realística sobre eventos futuros.”
(Robert Heinlein, autor de ‘Tropas Estelares’)

“Ficção Científica é a ficção na qual a ciência é um dos personagens.”
(Pierluigi Piazzi, professor e editor)

Já Willis McNelly (professor e estudioso) disse: "O verdadeiro protagonista de uma história de ficção científica é uma ideia, e não uma pessoa".

Perceberam por que é tão difícil reduzí-la a uma explicação que sirva perfeitamente?
Esta dificuldade se dá por uma característica própria da FC - a AUTOMETAMORFOSE ONTOLÓGICA.

Apesar do palavrão, significa dizer que ela é mais ou menos como um espelho bizarro – que se torna aquilo que reflete.

A FC dos nossos dias oferece basicamente o questionamento das fronteiras, ela é um agente de passagem entre esta realidade e uma outra (diferente desta).

Nesta altura do campeonato, você deve estar pensando: “Ok, mas o que eu digo quando aquele vizinho chato me encontrar no elevador e perguntar o que é FC?”

Faça cara de entendido (mas não exagere) e responda com naturalidade:

“Ficção Científica é, nada mais nada menos, que uma narrativa ficcional, onde aspectos da nossa realidade são alterados ou suspensos”.

Fácil, não?

sexta-feira, 13 de julho de 2012

ANIMA MUNDI - 20 ANOS

Telinha Cavalcanti

 

 O maior evento de animação da América Latina, o festival Anima Mundi, chega a sua 20ª edição e prepara uma grande festa na sua edição carioca, entre os dias 13 e 22 de julho.


Além das mostras (competitivas ou não)  exposições, oficinas inéditas, palestras com convidados internacionais e a exibição de cerca de 450 animações do mundo inteiro, a grande novidade é que o Anima Mundi agora integra a lista de festivais habilitados a indicar filmes para o Oscar de melhor curta de animação.


Como sempre, o QG do festival é no Centro Cultural Banco do Brasil, com o apoio do Centro Cultural dos Correios, Casa França-Brasil, Oi Futuro de Ipanema, Oi Futuro do Flamengo, cine Odeon BR na Cinelândia e cine Itaú Arteplex, em Botafogo.


 O festival foi criado em 1993 por um grupo de quatro animadores brasileiros: Marcos Magalhães, Aída Queiroz, César Coelho e Léa Zagury e hoje é um dos três maiores eventos do gênero no mundo. Como parte das comemorações da sua vigésima edição, a  exposição ANIMA MUNDO 20 ANOS mostra os seus melhores momentos, com fotos, troféus, veiculação de curtas e muito mais no subsolo do monumento a Estácio de Sá, no Aterro do Flamengo. A exposição está aberta todos os dias, das 11h às 20h e a entrada é franca.

A edição paulista do Anima Mundi vai de 25 a 29 de julho, no Centro Cultural Banco do Brasil e no Memorial da América Latina.

Maiores informações no site do festival  e no seu blog.

FAL AZEVEDO E ANIBAL BRAGANÇA LANÇAM LIVROS AMANHÃ, EM CAXAMBU







Amigos, programem suas agendas para o dia 14 de julho, próximo sábado: a partir das 17 horas, Fal Azevedo (Fal Do Drops) e Aníbal Bragança estarão lançando seus livros no Centro Cultural Kaleidoscópio, em Caxambu-MG.

Haverá palestra com os autores sobre a história do livro no Brasil e de como o livro saiu dos blogs para as editoras.
Tudo absurdamente imperdível!!! 



quinta-feira, 12 de julho de 2012

UMA EXPOSIÇÃO MACANUDA

Telinha Cavalcanti

Os fãs de Liniers, quadrinista argentino, não podem perder a exposição Macanudismo, em cartaz na Caixa Cultural Rio de Janeiro.


Mas quem é Liniers? O que quer dizer Macanudo?


Comecemos pela segunda pergunta. Macanudo é uma palavra em espanhol que já foi traduzida como "supimpa" pelo próprio autor, mas que a sua assessoria informa que significa "extraordinário, excelente, magnífico".

Liniers já é velho conhecido dos brasileiros. Antes de ser publicado no jorna Folha de São Paulo e ter seus livros traduzidos para português,  seus quadrinhos corriam a internet, ainda em espanhol, desde o tempo do Fotolog, criando uma base sólida de fãs e leitores.Sua obra poética e delicada traz a menina Enriqueta e seu gato Fellini, o fantástico Senhor que Traduz os Títulos de Filmes, a amiga imaginária (o amigo imaginário?) Olga, pingüins, duendes e tantos outros personagens. Sua obra nos traz o sonho e o otimismo, a ironia e o enamoramento, o absurdo e o mistério, o antídoto para dias difíceis; traz coisas que podem ter acontecido a Picasso, coisos amarelos e azuis e as verdadeiras aventuras do autor.
 

Liniers comemora dez anos de trabalho com a exposição Macanudismo que, depois de imenso sucesso na Argentina, veio para o Rio de Janeiro. Ela traz 650 obras entre tiras originais, quadrinhos, pinturas, ilustrações e livros, além de eventos como palestras com Laerte e Adão Iurusgarrai, oficinas com Rafael Coutinho e Fábio Zimbres e o filme "Liniers, El Trazo Simple de Las Cosas".



Mais tirinhas de Liniers aqui:  Macanudo

Mais informações sobre a exposição, que está em cartaz de 10 de julho a 9 de setembro, e seus eventos no site oficial.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

SHAKESPEARE COM PEQUI

Por Telinha Cavalcanti

Sergio Ricardo Soares, pernambucano, professor do curso de jornalismo da Universidade Federal do Tocantins, lançou o curta-metragem WILLIAM SHAKESPEARE´S MACBETH DO TOCANTINS semana passada no evento Cinema Off - Tocantins.



PF: Sérgio, o que você buscou ao fazer o curta? Como veio a idéia de ambientar uma história da antiga Escócia no Tocantins?

SÉRGIO RICARDO SOARES - A ideia veio da vontade de continuar realizando cinema em outras terras. No caso do Tocantins, tudo me é um pouco estranho, desabitual: hábitos, temperamento, sotaque, clima, paisagens, etc. Então eu quis trazer esse estranhamento pro cinema, claro, com resultados cômicos.
Aí foi só prosseguir no trabalho com o absurdo: primeiro, condensar Macbeth em menos de 15 minutos. Segundo, colocar elementos locais que nada tinham a ver com a peça original. Terceiro, manter alguns elementos da ambientação européia, medievais, para aumentar ainda mais o absurdo. Houve então um cuidado muito grande para fazer algo surrealista, algo sarcástico, mas que não levasse a uma visão agressiva sobre o lugar, que respeito (embora não me encaixe nele) procurei usar sobretudo algumas características da fala local que me soam muito engraçadas ou bizarras, atribuindo cada aspecto desse a um personagem diferente. Creio que no final tudo soou como uma homenagem bem humorada

PF: Como foi a escolha dos atores?


SRS: Como em quase todos os outros trabalhos, contei com a boa vontade e os esforços dos alunos do curso. Não houve financiamento algum. Então, tudo foi na base dos empréstimos e do improviso. Isso incluiu o elenco, que conta com apenas dois profissionais.

PF: Qual a importância do uso do Facebook durante as filmagens?

SRS: Usei para chamar o pessoal pras reuniões e ensaios, é mais fácil do que usar email. E, claro, como divulgação para os teasers do filme.

PF: Como você foi parar em Palmas? É uma cidade feita por migrantes? A ideia que eu tenho é das cidades amazônicas fundadas nos anos 70/80, cuja população veio de longe...

SRS: Prestei concurso para professor na Universidade Federal de Tocantins. Vivi a vida inteira em Recife - com um breve intevalo, durante a infância, quando minha família morou no Rio de Janeiro. Já são 3 anos em Palmas. E sim, na gênese da cidade tem isso. Porém, esse fato é aproveitado de forma distorcida pelo poder local, dando a impressão de que há uma diversidade e que a cidade é de todos e para todos. Na verdade, ela foi criada por uma elite goiana e, culturalmente, embora haja gente de todos os estados, a natureza goiana é quem acaba dominando. Está no sotaque, na culinária, na geografia e há ainda uma força imensa das culturas do Maranhão e do Pará, porém, em geral essas duas faces sejam tratadas com preconceito e remetam mais às classes menos privilegiadas. Em resumo: ricos são pós-goianos, pobres são pós-paraenses e principalmente, maranheneses. O resto dos estados, no máximo forma guetos, sobretudos os gaúchos. A maior evidência disso tudo: só há uma música aqui - pseudo-sertanejo.

PF: Quais seriam, então, as opções culturais de Palmas para quem não curte o modelo churrasco-pescaria-cerveja-música sertaneja? Existe contracultura em Palmas?

SRS: Fraquíssima. E o que contam aqui é que já houve mais. Já houve muito punk, muito gótico, shows de heavy metal, mas tudo isso vai perdendo terreno pras pecuárias (coisas tipo rodeio) e bares sertanejos. Até pouco mais de um ano atrás só havia um cinema, e que ainda por cima tirava férias. Hoje já tem Cinemark e Lumière, com péssimas programações. A referência cultural da cidade cada vez mais é o SESC, com bom teatro, bom cinema, concertos e exposições. Agora está acontecendo uma imensa feira literária, a FLIT (Festa Literária Internacional do Tocantins) e é a melhor opção cultural anual.

PF: Dentro deste contexto, a sua iniciativa com o curta é ainda mais significativa. Já tem planos para novos filmes? (William Shakespeare´s Macbeth do Tocantins é o quarto curta-metragem de Sérgio Ricardo Soares, que já dirigiu Pulga D´Água, Os Beijos Que Não Te Dei e Reduto, enquanto morava em Recife).

SRS: Sim, vários, mas batem no financiamento. Sem dinheiro, não pretendo fazer mais nada. É muito desgastante e com pouco reconhecimento. Há um grande projeto de documentário pra participar dos editais (desde que alguém faça o projeto por mim, pois tenho alergia aos formulários). Sobre os curtas anteriores, Pulga D´Água teve quatro prêmios no festival de cinema digital da FUNDAJ, creio que em 2004; Os Beijos Que Não Te Dei foi o melhor roteiro no FAM - Festival Audiovisual Mercosul em Florianópolis, em 2006 e Reduto não teve carreira, foi excluído de todos os festivais em Pernambuco.

PF: Qual a aceitação de William Shakespeare´s Macbeth do Tocantins?


SRS: MACBETH foi limado do maior festival daqui, o CHICO, que está ocorrendo essa semana. Foi considerado de baixa qualidade, o que falaria mal contra o cinema local.

PF: Você pretende inscrever o curta em mais algum festival?


SRS: Certamente. Mas ainda vou investigar o que há de mais recomendável.

PF: Por que você decidiu colocar o filme no youtube, uma vez q pretende divulgá-lo em festivais?


SRS: Vou mandar pra festivais, mas não conto com eles. Acho que pra um produto deste tipo a internet é o melhor meio de divulgação.

PF: Qual o seu conselho para quem se sente exilado culturalmente na cidade onde vive?

SRS: Nade contra a corrente para se sentir vivo culturalmente. Sempre haverá duas ou três pessoas que te ouvirão.


A ambição de uma mulher, 
a fraqueza de espírito de um homem 
e uma profecia maldita.
Essa combinação mancha de sangue 
os pequis de um reinado marcado pela loucura.
Uma produção LaMélèque livremente inspirada
na obra "Macbeth", de William Shakespeare.
Clique no link para assistir

terça-feira, 10 de julho de 2012

CAXAMBU MAIS GOURMET PROMOVE O TERCEIRO CAFÉ NO PARQUE





A Associação Caxambu Mais realiza  o Caxambu Mais Gourmet, festa tradicional na cidade,  que termina no dia 21 deste mês . No dia 14, sábado próximo, poderemos tomar o Café no Parque, em sua terceira edição. É um café da manhã  cercado pela natureza e o ruído das fontes do Parque das Águas de Caxambu





No dia 15, haverá o primeiro Caxambu mais Poético com participação de todos os que se inscreveram para o concurso de poesias e o resultado será divulgado no Rinmque da Patinação do Parque das Águas de Caxambu, das 16 às 18 horas.

No próximo fim de semana, do dia 21,  haverá o Caxambu Gourmet quando restaurantes da cidade e de outras localidades apresentam pratos variados ao som de bandas de jazz.

Julio Alfaro Dias, Presidente da Associação Caxambu Mais informa que, este ano, o Festival fará uma homenagem ao Master de Cuisine Antonio Godtfredsen, proprietário do Restaurante “O Dinamarquês” e, para isso, cada restaurante deverá preparar um prato temático homenageando o saudoso Toninho. Uma oportunidade para os chefs mostrarem talento e criatividade e para o público se deliciar com novos sabores.


Antonio Godtfredsen, falecido recentemente


Haverá ainda workshop sobre mitos e verdades sobre dietas e a exposição Arte em Minas, de 19 a 21 de julho no Caxambu Shopping.
.  





QUITANDA DA VIDA 84

Telinha Cavalcanti

Gente, há séculos eu procurava esta receita, anotada em algum papel, salva em algum arquivo .txt... É deliciosa e viciante, maravilhosa para festinhas ou lanches da tarde. Eu fiquei doidinha por ela ;)

SANDUÍCHE DE CARNE LOUCA

Ingredientes
1 kg de lagarto
2 dentes de alho amassados
500g de cebola cortada em rodelas finas
700g de tomates picados
1 colher de chá de orégano
1/4 de xícara de vinagre
1/3 de xícara de azeite
12 pães tipo francês

Como fazer

Numa panela de pressão, junte o lagarto, o alho, o sal e 2 xícaras de água. Leve ao fogo alto e, quando iniciar a pressão, diminua o fogo e deixe cozinhar por 50 minutos. Retire do fogo, deixe esfriar e desfie a carne.
Em uma panela com azeite, frite a cebola por 5 minutos. Acrescente os demais ingredientes e a carne desfiada. Deixe cozinhar por 15 minutos para apurar o gosto da carne.
Sirva morno, com pão francês.
Imagem: Guia Mongaguá

segunda-feira, 9 de julho de 2012

FESTIVAL CANTE E CONTE EM BAEPENDI







Programação do 30º Festival Cante & Conte que começa no dia 15 de julho na cidade de Baependi, no sul de Minas Gerais




Apresentação no Festival Cante e Conte- retirado do blog cante e conte 



Dia 25 de Julho - 20:00 horas Abertura do Festival Cante&Conte na Praça Monsenhor Marcos com grandes Homenagens comemorando seus 30 anos Cantando, Contando e Encantando! Em seguida Seresta.  

Dia 26 de Julho - 20:30 horas no Cine Łegend Apresentação de Ballet Clássico da Escola de dança da Academia Equilíbrio com a professora Patricia Vitor e suas alunas. 21:00 horas no Cine Legend Teatro com Chico Cica "Vamos celebrar nossa Mineiridade" 

Dia 27 de Julho - 20:00 horas na Praça Monsenhor Marcos SHOW DE HUMOR COM A PEÇA “RASGANDO O VERBO” NO ESTILO Stand Up Comedy COM Rafael Chasse Vieira DO R.J. 21:30H MOSTRA DE MÚSICA COM O TEMA 40 ANOS DO CLUBE DA ESQUINA. 00:00H SHOW DE REGGAE COM A BANDA FILHOS DA TERRA DA CIDADE DE SP 

Dia 28 de Julho - na Praça Monsenhor Marcos DURANTE ESTE DIA, ESTARÁ ACONTECENDO ORIENTAÇÕES SOBRE O PROJETO “CORAÇÕES DE BAEPENDI”. 10:00 PINTA O SETE com Recreação Infantil. 16:00H TEATRO COM O GRUPO GALPÃO CINE HORTO DE BH COM O PROJETO “PÉ NA RUA” COM A PEÇA “O SANTO E A PORCA”. 20:30H SHOW MUSICAL COM A CANTORA JUCILENE BUOSI DE POUSO ALEGRE APRESENTANDO “ UM RETRATO”. 22:00H APRESENTAÇAO DE PERFORMANCE POP MIX COM O ARTISTA MATHIAS EMATNE 23:00H SHOW MUSICAL COM ELDER COSTA E BANDA DE POUSO ALEGRE APRESENTANDO “NADA SERÁ COMO ANTES” UM TRIBUTO AOS 40 ANOS DO CLUBE DA ESQUINA. 

Dia 29 de Julho - na Praça Monsenhor Marcos 10:00H FEIRA DE ARTESANTO 11:30H APRESENTAÇÃO DA CORPORAÇAO MUSICAL CARLOS GOMES 12:00H FEIJOADA BENEFICENTE PARA A ASSOCIAÇÃO CANTE & CONTE COM UMA RODA DE SAMBA COM A PRESENÇA DE ALGUNS MÚSICOS DA ESCOLA DE SAMBA DA PORTELA- RJ. 16:00H O GRUPO DANÇA JOVEM DE BH, APRESENTA UMA INTERVENÇÃO URBANA COM “SINAL DO VENTO” 20:30H APRESENTAÇÃO DE JAZZ DA ESCOLA DE DANÇA LUNA MORETSOHN 21:00H ENCERRAMENTO DO FESTIVAL COM “SAMBA E CIA”, COM O GRUPO CAROÇO DE BANANA DE CAXAMBU



FAL AZEVEDO E ANIBAL BRAGANÇA LANÇAM LIVROS EM CAXAMBU







Amigos, programem suas agendas para o dia 14 de julho, próximo sábado: a partir das 17 horas, Fal Azevedo (Fal Do Drops) e Aníbal Bragança estarão lançando seus livros no Centro Cultural Kaleidoscópio, em Caxambu-MG.
Haverá palestra com os autores sobre a história do livro no Brasil e de como o livro saiu dos blogs para as editoras.
Tudo absurdamente imperdível!!! 



domingo, 8 de julho de 2012

SENHORA DO TEMPO: CONTARES SOBRE ZÉ MENINO TOLOSA

Marli Tolosa




Zé Menino Tolosa com sua filha, Marli, ao colo


Bem cedinho, dia mal aberto, horizonte cor-de-rosa e berilo. 
Friorento e mal agasalhado o menino com cara de índio, alegrinho e buliçoso entregava o pão de porta em porta, levados numa cesta de vime fixado na bicicleta. 

Ele assobiava pra espantar os fantasmas das suas mágoas. Pois é, ele as tinha. A mãe morrera, ficara sob a guarda do pai severíssimo, justo porém duríssimo que embora não ministrasse castigos físicos era um crítico cruel e tornava a vida insuportável, mantendo com os filhos a disciplina férrea que ele mesmo recebera dos jesuítas. 

Entregar o pão para ganhar o pão, era a menor das penas que a vida imputara àquele menino que mal completara 12 anos e já se sentia absolutamente dono do seu destino. 
Além disso tinha todo o salário para si e ele adorava roupas. A padaria lhe fornecia cama e refeições. 

Dormia em "prateleiras" de concreto (beliches de três andares, ligados à parede) com pijamas e lençóis feitos dos sacos de farinha e de açúcar (ninguém ia ver mesmo) que a padaria fornecia de graça. 
Sempre havia um padeiro casado que pedia à sua mulher que fizesse pijamas para o órfão da vez. Daquela vez era ele. 

Havia um ganho secundário nesse trabalho: à noite, enquanto ouvia a arenga dos padeiros e ria das suas anedotas, ele cortava cuidadosamente algumas palhas, justinho no feitio das tampas das garrafas de leite e fazia os cordões para amarrar. Era como se usava naquele tempo. 
Conhecedor do trajeto do leiteiro ele cumpria seu próprio roteiro dando um jeito pro leite ter sido entregue antes do pão. 

Manhãzinha, as ruas vazias, ele abria a garrafa deixada em algumas casas, (que ele variava sempre, pra não se denunciar) e tomava no gargalo um gole de leite fechando em seguida com a palha e o cordão adrede preparados. 

Os padeiros perceberam seu expediente. Um dia um deles pediu ao garoto que pusesse um papelzinho na caixa do pão de uma certa casa de uma determinada rua. " Não deixe ninguém ver!" Foi a ordem. 
Ele tentou protestar mas os demais padeiros mostraram que se ele tinha técnica e sutileza pra tomar o leite ele seria bem capaz de cumprir essa nova tarefa. E assim ele fez. 

Não por elegância, mas por timidez, não perguntou o que estava escrito nos recados lacrados. Pensou que estava deixando poesias e carinhos pra alguma bonita cabocla. 

Depois o número de bilhetinhos que ele teve que entregar e a variedade de endereços, fez com que o José Menino Tolosa entendesse que havia se tornado um mensageiro da Revolução Constitucionalista. 

"Quando se sente bater, no peito heroica pancada, deixa-se a folha dobrada, enquanto se vai morrer." 

Viu, então,  que alguns padeiros pararam de deixar a folha dobrada. 

Ele parou de tomar o leite alheio. Menos como um comportamento maduro e sim como uma forma de honrar os colegas mortos.




Na garagem de sua casa, no bairro do Jabaquara

sábado, 7 de julho de 2012

LEVE-ME AO SEU LÍDER!

Carlos Frederico Abreu

Você gosta de Ficção Científica? - Parte 1


Você gosta de Ficção Científica? Você gosta de Ficção Científica daquelas com naves espaciais, robôs inteligentes, espadas de energia, monstros alienígenas e guerras interplanetárias?

Se logo na primeira pergunta você respondeu que não, bem, tenho uma dica bem legal de um site sobre como matar lesmas do jardim para você. Clique aqui.

Se você respondeu "sim" para as duas perguntas, caro leitor, então serei obrigado a lhe dizer que você, muito provavelmente, não sabe o que é Ficção Científica.

Mas não fique chateado, pois antes que você acabe de escrever um comentário pedindo a minha cabeça, vou tentar explicar o por que da afirmação.

Não mude de canal !

A Ficção Científica (vamos chamar de FC, que é bem mais chique e pressupõe que entendemos do assunto) pertence ao campo literário, apesar de não podermos imaginar Hollywood sem ela.

Por mais evidências de que ‘A Utopia’ de Tomas More incendiou as mentes dos navegadores do século 17, ou que os sumérios foram seus primeiros escritores, vamos convencionar aqui, que seu batismo ocorreu somente no início do século 20.

Revista Radio News, novembro de 1928

“A Ficção Científica é uma mistura de romance, ciência e profecia.” (Hugo Gernsback).

No início da década de 20, o editor e inventor frustrado, Hugo Gernsback, estava atrás de uma idéia para vender uma nova linha de revistas (até o final de sua vida, ele foi responsável por publicar quase 50 diferentes revistas).

Publicações baratas (“pulp magazines”) já tinham enorme penetração nos lares americanos, e o próprio Hugo publicava uma revista intitulada Modern Eletronics, sobre rádios e promovendo novas descobertas eletrônicas, ‘puxando a brasa’ para sua própria empresa, que importava componentes eletrônicos da Europa.

Famoso por seu espírito empreendedor, Hugo (que depois daria nome ao mais famoso prêmio de FC) vislumbrou a possibilidade de injetar nos jovens americanos uma nova droga, tão inspiradora quanto um sonho e tão viciante quanto açúcar. Esta revista se chamaria Amazing Stories,e nos quase nove anos de sua existência, foi responsável por popularizar a Ficção Científica naquele país, fomentando talentos e estabelecendo não só parâmetros, mas também criando seu primeiros ícones.

Para entender melhor o sucesso (nem tanto financeiro, mas como gênese de um movimento duradouro), precisamos lembrar que no período compreendido entre as décadas de 20 e 50, os Estados Unidos da América passava por um processo de crescimento acelerado que se apoiava no trinômio ‘futuro, ciência e consumo’.

O início do século 20 foi marcado por um crescimento tecnológico extraordinariamente rápido e avassalador.
A ciência passava a ser apontada como a nova salvação - eletricidade, aviões, rádio, cinema e a imprensa (responsável pela disseminação dos “Novos Tempos”).

Em cada lar americano, o rádio (invenção para as massas sedentas por diversão barata) despejava doses maciças de propaganda, vendendo o “Sonho americano” de um futuro Jetson, logo ali na esquina.

Ao mesmo tempo, em cada garagem, hobistas e adeptos do “faça-você-mesmo”, (por definição um sujeito comum com ambições maiores do que sua capacidade inventiva), trabalhavam dia e noite em uma idéia revolucionária que mudaria o mundo.

Porém, o fermento para esta receita de sucesso foi sem dúvida o medo.

O mundo lá fora era agora perigoso, e os inimigos do país espreitavam esperando uma oportunidade para transformar o sonho em pesadelo.ao longo do tempo, os inimigos recebiam novos nomes... "comunistas", "marcianos", "a bomba"!

Neste ambiente propício, era apenas uma questão de tempo para que a FC crescesse.

Quatro anos após o lançamento de Amazing Stories, não havia mais uma única revista dedicada ao fantástico, mas 18 delas, disputando o mesmo público e basicamente com os mesmos escritores (escondidos atrás de pseudônimos). Aquelas mais bem sucedidas, vendiam um milhão de exemplares por número e empregavam um exército de escritores.

Sem dúvida são números impressionantes, ainda mais para a época (sem esquecer da Grande Depressão de 1929), e fizeram mais do que fundar um gênero de sucesso até os dias atuais, mas eternizaram estereótipos que estão vivos dentro de nossas cabeças.

Por este motivo é tão difícil, ao vermos um robô ou um alienígena nojento, não imaginarmos que estamos diante de Ficção Científica, não é mesmo?

Mas e se eu lhe disser que não é bem assim, e que Ficção Científica não é exatamente isso?

sexta-feira, 6 de julho de 2012

ANIBAL BRAGANÇA AUTOGRAFA IMPRESSO NO BRASIL, PRÊMIO JABUTI DE 2011, EM CAXAMBU


Claudia Lopes Borio


O Escritor e professor Anibal Bragança com o pintor Israel Pedrosa e a professora Hagar Espanha Gomes durante lançamento de Impresso no Brasil, na Livraria Icaraí, em Niterói.

Anibal Bragança,  Coordenador-Geral de Pesquisa e Editoração da Fundação Biblioteca Nacional , autor de " Impresso no Brasil" , Prêmio Jabuti 2011 de melhor livro do ano (Comunicação) , edição da Unesp e Fundação Biblioteca Nacional, que autografará seu livro em Caxambu, município no sul de Minas Gerais, dia 14 a partir das 17 horas no Centro Cultural Kaleidoscópio, com entrada no Calçadão de Caxambu em entrevista a Claudia Lopes Borio, que colabora também com o Primeira Fonte.


"Aníbal Bragança,  historiador, livreiro, editor, professor,

pesquisador da Universidade Federal  Fluminense, acaba de lançar,
juntamente com  Márcia Abreu, da USP, a obra “Impresso no Brasil –
Dois Séculos de Livros Brasileiros” (com outros co-autores), que
ganhou o Prêmio Jabuti. Atualmente, reside em Niterói e é diretor de
pesquisa da Fundação Biblioteca Nacional.
Aníbal Bragança foi entrevistado para o Jornal Primeira Fonte por
Claudia Borio, bibliófila, leitora e escritora de  Curitiba, Paraná."


CLB- Anibal, você é “português com direitos equivalentes” aqui no Brasil. Como você se sente com relação a isso, você acha que Portugal fica cada vez mais distante do Brasil, cultural e até linguisticamente, ou continua sendo a nossa pátria-mãe?

 Anibal- Uma das matrizes culturais mais importantes na formação do Brasil é indubitavelmente a cultura portuguesa. Sinto-me muito bem, como português, que seja assim. Afinal há muito de positivo nisso. Certamente a miscigenação, a abertura para o outro, o acolhimento presentes na cultura brasileira tem muito a ver com a dos nossos colonizadores. E o chamado “estatuto de igualdade” recíproca entre Brasil e Portugal decorre dessa história comum entre os dois países. Mas o Brasil tem uma cultura muito rica e diversificada, o que a faz singular em relação à herança portuguesa.

CLB- Você trabalhou por um bom tempo num programa do governo brasileiro, destinado ao incentivo à leitura, o Programa Nacional de Incentivo à Leitura (Proler). Você acha que esse programa teve bom resultado, e o que acha que deveria ser feito para que se incentive ainda mais a leitura nas escolas?


Anibal- Infelizmente fiquei poucos meses na coordenação nacional do Proler, mas o tempo suficiente para conhecer uma enormidade de agentes de leitura espalhados pelo Brasil, com uma dedicação desinteressada à causa da leitura, que muito fazem para a promover e, em especial, para formar novos agentes de leitura. Isso tem dado bons resultados, mas é necessário mais. Não só a escola deve ser um lugar de formação de leitores, e o é quando os professores são leitores, mas as famílias são o espaço mais determinante para a formação do leitor (quando os pais o são). É na primeira infância que as crianças devem ter contato com os livros, antes da escola. A escolarização da leitura muitas vezes afasta a criança do livro. É necessário associar a leitura a prazer, a viagens imaginárias, a conhecimentos de novos mundos, novas personagens, novos conhecimentos, o que toda criança adora.

CLB- Eu creio que “Impresso no Brasil” veio preencher uma lacuna na nossa história, contando um pouco da aventura que era produzir livros aqui nos nossos primórdios. Você não acha que os nossos primeiros editores, com suas prensas à la Gutenberg, pouquíssimos recursos e quase nada de dinheiro, foram uns verdadeiros heróis.... sem falar dos casos em que sofreram ataques ou boicotes por causa de governos estaduais ou das províncias.... pode falar um pouco sobre isso? 

    Anibal- O livro Impresso no Brasil – Dois séculos de livros brasileiros, que organizei com Márcia Abreu, publicado pela Edunesp e que ganhou o prêmio Jabuti 2011 de melhor livro da área de Comunicação, é uma obra que fala da história do livro e da leitura em nosso país, mas também aponta para os desafios atuais que enfrentamos, incluindo a concentração nas áreas editoriais e livreiras, a presença de editores estrangeiros em nosso mercado, o papel das editoras universitárias, os desafios para os pequenos e médios editores e mesmo a questão dos e-books e a cultura digital. Acho que toda a “aventura editorial” é um tanto heróica, especialmente nos seus primórdios. Mas é também um campo que se profissionaliza cada vez mais e que gira com muitos investimentos. 


CLB- O período da ditadura, especialmente após o fechamento do Congresso Nacional e o Ai-5, foi dificílimo para a imprensa nacional, tanto de livros como especialmente de jornais e revistas.... você acha que sobrevivemos galhardamente e saímos amadurecidos, ou perdemos muito nesse período... como você viveu esse período.... conte um pouco das suas experiências pessoais... 


Anibal- Eu era estudante de Economia na UFF e tinha fundado uma livraria-editora em Niterói, em 1966. Era um espaço de ação cultural e política. Logo após o AI-5 fui detido e levado para o DOPS. A livraria Diálogo foi fechada e tivemos muitos constrangimentos. Éramos jovens, eu e meus sócios, e continuamos na luta. Entretanto, ficamos baqueados, e acabamos tendo que vender a empresa. Voltei mais tarde a criar a Livraria Pasárgada e retomei o sonho de fazer uma livraria moderna que fosse ao mesmo tempo um centro cultural. Conseguimos por um bom tempo. Mas a censura à difusão de idéias e à circulação de livros e notícias é um ambiente muito hostil ao desenvolvimento das práticas culturais. Uns de nós se perderam, uns foram assassinados, outros sobreviveram e continuam. A vida é assim. 


CLB- Como você vê a literatura atual no Brasil, acredita que temos autores maduros e interessantes para os jovens leitores, ou ainda nos prendemos a uma produção literária de tradição muito romântica ou do tipo “arte pode ser esquisita e não precisa ser entendida”... você acha que temos futuro, ou que a indústria do livro atualmente ainda se sustenta muito pelas compras que o governo faz de livros didáticos e não pela produção literária propriamente dita? 


Anibal- Para o mercado do livro no Brasil é muito importante o programa do governo de fornecer as obras didáticas aos estudantes de escolas públicas. Mas há áreas da indústria editorial que sobrevivem sem essas compras. Entretanto, á área está enfrentando um processo de transformação muito acelerado, provocado pelas novas tecnologias que oferecem oportunidades nunca vistas antes para acesso a informação e cultura, criando uma nova realidade para as práticas de leitura e a circulação de textos. A Internet tem oferecido possibilidades para surgimento de novos autores e novos leitores, mas essas práticas são muito diferentes das da cultura do impresso. A literatura enfrenta esses mesmos desafios e oportunidades. Claro que temos muitos bons autores que fortalecem a tradição literária brasileira. 


CLB- Você realizou uma grande pesquisa nos arquivos da Livraria Francisco Alves, a casa editora mais antiga do Brasil, e antes disso pesquisou os arquivos para escrever a história de como foi editada essa obra-prima da literatura (e da história) brasileira, Os Sertões de Euclides da Cunha. Você acha que podem existir outros acervos históricos pelo Brasil afora que estão em perigo de se perder, pelo tempo e deterioração, e que merecem ser preservados... o que você recomendaria para os governantes e também para os pesquisadores que quisessem seguir esses passos? 


Anibal- Não só no Brasil, mas em todo mundo, os editores não valorizam os seus arquivos como fontes importantes para a história da cultura letrada, mas eles são. Tivemos sorte de encontrar partes consideráveis dos arquivos da Francisco Alves ainda preservados, com documentação que vem desde o século XIX. Há algumas poucas editoras, como a Melhoramentos, a FTD, a Nacional, que têm preservado partes de seus arquivos. É importante que todos os editores preservem sua correspondência e contratos com autores. Estes, além de todos os outros documentos, como originais manuscritos que ainda possam existir devem ser preservados e oferecido acesso aos pesquisadores, inclusive para mostrar o papel dos editores de livros na formação cultural do país.  


CLB- Você é fundador do LIHED (Núcleo de Pesquisa sobre o Livro e a História Editorial no Brasil). Gostaria que explicasse um pouco sobre esse núcleo, como foi fundado, qual seu objetivo principal. O núcleo se filia a alguma universidade, terá alguma revista científica que permita a pesquisadores nacionais participarem, publicarem seus trabalhos, enfim, como funciona? 


Anibal-  O LIHED está vinculado à Universidade Federal Fluminense, onde sou professor e pesquisador. O objetivo principal é criar um Centro de Memória Editorial no Brasil, com acervos de editores, livreiros e mesmo de autores. Temos um espaço físico na Biblioteca Central do Gragoatá, em Niterói, é um espaço virtual www.uff.br/lihed onde disponibilizamos textos e informações sobre a história do livro no Brasil. 


CLB- Você diria que o futuro da literatura reside nos leitores, aqueles que desligam a televisão ou que lêem no trem, no metrô, no ônibus, alheios a tudo? 


Anibal- A literatura ergue-se sobre um tripé composto por leitores, editores e autores, sem predominância de qualquer um deles sobre os demais. Todos são importantes e fundamentais para se construir a cultura letrada, que foi responsável pela construção do mundo moderno. Hoje o cenário cultural tem seu centro na cultura digital e audiovisual. Mas há lugar para todos, pois a diversidade oferece múltiplas possibilidades. Aqueles que conseguem participar plenamente do banquete cultural contemporâneo são privilegiados.



quinta-feira, 5 de julho de 2012

FAL AZEVEDO E ANIBAL BRAGANÇA LANÇAM LIVROS EM CAXAMBU





Fal Azevedo, autora de "Sonhei que a Neve Fervia ", lançado este ano, e "Minúsculos Assassinatos e Alguns Copos de Leite", ambos pela Editora Rocco e Anibal Bragança, Coordenador-Geral de Pesquisa e Editoração da Fundação Biblioteca Nacional , autor de " Impresso no Brasil" , Prêmio Jabuti 2011 de melhor livro do ano (Comunicação) , edição da Unesp e Fundação Biblioteca Nacional, autografarão seus livros em Caxambu, dia 14 de julho, sábado, a partir das 17 horas, no Centro Cultural Kaleidoscópio e na Galeria de Arte Pasárgada, numa promoção da Associação Minas das Geraes.




Para a festa a Associação conta com o apoio da Livraria Avalon de São Lourenço, da Casa Oriental, da Pepel e Cia, do Caxambu Visitors Bureau, Academia Caxambuense de Letras, Jornal Primeira Fonte e Restaurante Sputinik. Haverá apresentação de duo de piano e flauta

Funarte e FBN lançam Bolsas de Criação e Circulação Literária no Rio



Serão oferecidas 30 bolsas para a criação literária, no valor de R$ 15 mil cada, para escritores iniciantes, e 20 bolsas para circulação literária, no valor de R$ 40 mil


Galeno Amorim e Antonio Grassi no lançamento das Bolsas de Criação e Circulação Literária
Galeno Amorim e Antonio Grassi no lançamento das Bolsas de Criação e Circulação Literária


O presidente da Fundação Nacional de Artes – Funarte, Antonio Grassi, e o presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Galeno Amorim, lançaram, na quinta-feira (28/06), as Bolsas de Criação e Circulação Literária BN/Funarte. O evento, realizado no Auditório Machado de Assis, na sede da Biblioteca Nacional, no Rio, contou com a presença de diretores e colaboradores das duas instituições vinculadas ao Ministério da Cultura, escritores e público em geral. O projeto tem investimento total de R$ 1,6 milhão.
Na abertura, Antonio Grassi disse que a iniciativa permite aos novos escritores circularem pelo país com suas obras, e que a parceria entre a Funarte e a Biblioteca Nacional possibilita o desenvolvimento de várias ações, como a participação do Brasil na Feira de Frankfurt, Alemanha, e a realização do Ano Brasil-Portugal. Grassi destacou, ainda, que o resultado das ações comprova a eficácia do programa, que nas últimas edições teve 50% das obras publicadas, o que reforça a possibilidade de ampliação das Bolsas.
O presidente da Funarte ressaltou que a participação da Biblioteca Nacional no concurso traz a possibilidade de uma avaliação e de um acompanhamento dos projetos de forma mais refinada. “Não basta lançarmos um edital e darmos um prêmio, temos que acompanhar e ver o desdobramento dele e a parceria com BN vai possibilitar isso”. Grassi disse também que espera conseguir mais recursos para ampliar o número de contemplados, uma vez que a instituição tem a expectativa do aumento da quantidade de suplentes.

O presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Galeno Amorim exlicou que os Editais de Criação e Circulação Literária estão relacionados a várias ações da FBN, como a Caravana de Escritores, o Circuito Nacional de Feiras de Livro e Festivais Literários que, em 2011, devem envolver 200 iniciativas. Galeno acrescentou que a instituição pretende estimular os proponentes a interagirem com estes outros projetos, além de participarem dos Saraus e da programação cultural. O presidente da FBN afirmou também que os selecionados pelas Bolsas poderão participar dos Comitês do Proler, nos municípios atendidos pelo Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, principalmente aqueles que venham a ser contemplados com as Bolsas de Circulação Literária.

Galeno Amorim destacou que a iniciativa vem coroar de maneira expressiva o esforço comum das duas instituições no âmbito do Plano Nacional do Livro e Leitura, implantado pelo Ministério da Cultura.
Para Janaína Michalski, autora de Céu de fundo do mar e outras memórias, livro infantil de contos, um dos selecionados no edital de 2010 dentre os mais de 1600 inscritos, participar do concurso representou “um conforto”, pois, além da bolsa para escrever, a seleção foi um reconhecimento artístico ao seu trabalho. “No momento, em que uma banca de pessoas respeitáveis aprova o meu projeto, com recursos do governo federal, significa que ele tem consistência artística e intelectual. Isso foi de extrema importância para minha autoestima de escritora, para o andamento do projeto e para me posicionar na carreira, já que tenho três livros em negociação para serem publicados.”

A jornalista paraense Conceição Campos, que também participou do mesmo edital, afirmou que sua experiência foi muito positiva. “Foi tão incrível! Além de ter um tempo para se realizar o projeto, na inscrição bastava ao escritor apresentar um projeto literário consistente, com metodologia e cronograma sérios. Foi o único edital, dos que vi até hoje, que permitia ao escritor receber para escrever. Os outros editais, concursos ou prêmios acabam exigindo que o escritor seja quase um editor.” Conceição Campos pretende concorrer às Bolsas de Literatura e Circulação Literária, e já tem prontos os dois projetos.
Participaram também do lançamento das Bolsas de Criação e de Circulação Literária a diretora executiva da Funarte, Myriam Lewin; o diretor do Centro de Artes Cênicas, Antonio Gilberto; o diretor do Centro da Música, Bebeto Alves; o gerente de Edições, Oswaldo Carvalho, além de outros funcionários da Funarte.


aqui, no site da Funarte, mais informações/

quarta-feira, 4 de julho de 2012

I will write

Telinha Cavalcanti

Eu sei que é muita audácia desta filombeta traduzir um poema do escritor inglês Neil Gaiman. Acontece que eu me emocionei demais quando li e quis muito dividir com vocês.

I will write in words of fire.
I will write them on your skin.
I will write about desire.
Write beginnings, write of sin.
You're the book I love the best,
your skin only holds my truth,
you will be a palimpsest
lines of age rewriting youth.
You will not burn upon the pyre.
Or be buried on the shelf.
You're my letter to desire:
And you'll never read yourself.
I will trace each word and comma
As the final dusk descends,
You're my tale of dreams and drama,
Let us find out how it ends.

Eu escreverei em palavras de fogo.
Eu as escreverei em sua pele.
Eu escreverei sobre desejo.
Escreverei começos, escreverei pecados
Você é meu livro preferido,
Apenas a sua pele mantém minha verdade,
Você será um palimpseto,*
Linhas de tempo reescrevendo a juventude.
Você não queimará sobre a pira.
Não será enterrado na prateleira.
Você é a minha carta ao desejo:
E você jamais poderá se ler.
Eu traçarei cada palavra e cada vírgula
Enquanto o último alvorescer vai caindo,
Você é meu conto de sonhos e drama,
Vamos descobrir como termina.


(não mantive as rimas; que pena)


*O palimpsesto é um antigo material de escrita, um tipo de pergaminho. Acredita-se que, devido à escassez deste material, ou ao seu alto preço, ele era reutilizado depois de passar por uma raspagem do texto anterior. fonte: Dicionário Informal

Este poema foi escrito para ser tatuado. Saiba mais aqui (site do Neil Gaiman) - e clique aqui para comprar o pôster (é um site inglês, o preço está em libras)

Mudanças

Queridos,

Este sábado não vai mais ter FREDZILLA. O nosso passeio pelo Japão do Carlos Frederico Abreu acabou, e ele vai nos levar, agora, para outro mundo; vem aí a coluna LEVE-ME AO SEU LÍDER.

Quem viver, verá.

Stella Cavalcanti

terça-feira, 3 de julho de 2012

QUITANDA DA VIDA 83

Telinha Cavalcanti

Um prato que é uma carta na manga :)


Omelete de presunto e batata

Ingredientes
250 gr de presunto
300 gr de batata
2 colheres de manteiga
6 ovos
sal
pimenta do reino

Como fazer
Corte o presunto e as batatas em cubos. Aqueça a manteiga em uma frigideira com tampa. junte as batatas, sacuda a frigideira algumas vezes e, quase no fim do cozimento, junte o presunto.
Tampe a frigideira e deixe no fogo até que a batata esteja cozida.
Bata os ovos e tempere com sal e pimenta. Despeje-os sobre o presusnto e a batata e mantenha o fogo médio. Frite a omelete virando-a com a ajuda de um prato para que doure dos dois lados. não deixe escurecer!
Você pode variar esta omelete cobrindo-a depois de frita com 2 ou 3 colheres de creme de leite com queijo ralado, colocando no forno para dourar.

Imagem: HubPages

domingo, 1 de julho de 2012

SENHORA DO TEMPO: GLOBO DE OURO

Telinha Cavalcanti

Foi outro dia, mesmo. Uma amiga avisou que estavam passando reprises do Globo de Ouro num canal da TV a cabo. E eu fui ver.

Eram outros tempos, crianças. Mais ingênuos? Talvez. Sei que as pessoas pareciam mais naturais. Os dentes, os cabelos. Hoje todo mundo parece saído de uma fábrica de dentes alvíssimos e cabelos lisos. Sim, nos anos 80 havia artiscas, cantores, atores, dentes e cabelos horríveis - e nem me fale da moda, das dancinhas, dos hits.

 


O cabelo armado, as backing vocals, a narração "natural" de César Filho e Isabela Garcia. As ombreiras. Meu deus, as ombreiras.

Mas a reprise do Globo de Ouro trouxe a adolescente que eu era, dançando da frente da TV, comprando LPs no Clube do Disco da Mesbla - junte dez cupons e ganhe um disco grátis!

A adolescente que gravava fitas com os sucessos das FMs, que tinham programas especiais para quem quisesse gravar, dez músicas sem intervalo - mas, ah, com vinhetas! como eu detestava as vinhetas das rádios! Uma loja de discos oferecia o serviço de gravação de fitas, então a gente elaborava as listagens dos lados A e B, somando o tempo das músicas para não ficar nenhuma cortada. E, geralmente, lado A era dançante, lado B era romântico.

O rock nacional era o máximo nos anos 80; quem hoje é medalhão, dinossauro, mito, tava começando, moleques como Os Paralamas do Sucesso, com Herbert Vianna de óculos vermelho, ainda sem acreditar nos shows lotados; os Titãs com tanta gente que mal cabia no palco, Kid Abelha com Paula Toller de minissaia. Todos, hoje, consagrados; naquela época, como diria o Legião, éramos tão jovens.

Pesquisando no site do programa, encontro estas atrações de 1988: Simone, Angélica, TNT, Carla Daniel, Rita Lee, Capital Inicial,  Fafá de Belém, Fagner e José Augusto. TNT? Não tenho a mais vaga recordação desse grupo. A Carla Daniel virou atriz, tá na reprise de Chocolate com Pimenta como a Dária, prima jeca da protagonista.

Bobaginhas pop descartáveis, músicas de protesto, músicas censuradas... era assim a nossa trilha sonora; sexta à noite era Globo de Ouro, sábado à tarde a gente via o Chacrinha, domingo, no Fantástico, tinha sempre dois novos clipes: um nacional e um em inglês, traduzido nas legendas. A música, a informação, funcionava de um jeito diferente, mais lento, menos profissional do que hoje.

Mas isso não importa; ligo a tv e danço o meu roquinho oitentista, não na TV do meus pais, imensa, pesadona, ainda sem controle remoto; danço na frente da minha tv, na minha casa, com 40 anos já vividos, e volto a ser menina,  berrando que ainda encontro a fórmula do amor, uou, uou, uou...