quinta-feira, 31 de maio de 2012

DIÁRIO DE UMA ADOLESCENTE. QUANDO A SUBJETIVIDADE MUDA...

Por Bianca Monteiro

Ter um certo prazer em afirmar coisas é uma característica típica de um "cabeça-dura". Detesto admitir, mas faço parte disso e tenho certeza que não sou a única. Não gosto de mudar de opinião e evito completamente o tão conhecido "virar casaca", ou como eu mesma digo "trair o movimento". Não sei por que parecer uma pessoa estável é tão importante, mas, não há nada tão difícil quanto me convencer de algo. Queria experimentar essa ideia do "prefiro ser uma metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo"...

A pessoas como eu, digo: é necessário aceitar que não sabemos de tudo, ou conhecemos todos os lados da moeda. Existem diversos modos de ver uma situação, e dependendo de onde nos colocamos nela, alguns ficam ocultos, e outros mais evidentes. A ideia é abrir-se a novas possibilidades, de modo que logo a nossa condição já não influencie tanto no ponto de vista, já que nosso foco já alcança distâncias maiores.

Minha cabeça se assemelha a isso na disposição de memórias.
É até engraçado, depois de bastante tempo (ou até pouco, por mais que isso seja raro pra mim) tudo muda de significado devido às lembranças vividas. Eu, como boa nostálgica, noto isso a todo momento. Ontem mais cedo tive um exemplo claro: a música que eu ouvia tanto no ano passado pra expressar o quão partido meu coração estava (como o nome já diz, "Love Hurts", do Nazareth), era ali cantada por mim e pelo suposto motivo das minhas lágrimas antigas, e atual motivo da minha felicidade. Sorriso antigo, tristeza recente, e vice-versa: o poder das lembranças é tão forte que é capaz de mudar até mesmo uma "cabeça-dura" como eu.

E as fotos que antes foram tão boas de tirar e hoje não temos mais nem vontade de olhar? O álbum composto apenas das mesmas pessoas que hoje você nem entende por que foram parar lá? O livro que antes você gostava mas não leria de novo por não querer lembrar de ninguém que se indentifique com os personagens. Os planos que foram alterados, assim como os sonhos... As vontades que foram surgindo e sumindo sucessivamente. Os novos interesses, as teorias, ideologias... Os filmes que você já não suporta de tanto que contam sobre você e as bandas que você não pode nem ouvir o nome sendo que gostou tanto um dia.

Como a música dos Supercordas, "Meu Vidrinho de Fluidos Oníricos". Guardo minhas amostras não em frascos, mas em linhas.
Com música então, isso é realmente mais fácil de acontecer. A expressão "nossa música" já é previamente destinada a se referir a uma música que nenhum dos dois vai querer ouvir mais no futuro, quando o prazer em lembrar daquilo for nulo (ou não, né). Quantas boas músicas deixamos de gostar por terem sido gastas com pessoas que não eram tão boas assim? Quantos textos e palavras bonitas desperdiçamos pelo mesmo motivo? Olhar o passado só dá uma raivinha quando fomos idiotas em algum momento. Mas a vontade de corrigir inexiste, já que, do contrário, esse aprendizado não teria beneficiado depois de alguma forma. Não importa a hora exata, mas o erro será cometido de um jeito ou de outro se desconhercemos algo e não soubermos lidar, a experiência um dia vai fazer falta.

Andei sentindo tudo isso e achando... Engraçado, apenas. Eu quis tanto não mudar, e quando comecei a prestar atenção e comparar, notei outra pessoa aqui. E estou começando a achar isso bom.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Artesanato de Caxambu. Quem valoriza?! O turista.

Por Flávia Pereira



O artesanato se caracteriza por ser feito manualmente e com recursos naturais. Essa técnica vem desde o período antigo, o que enriquece ainda mais essa arte. Em Caxambu, no Sul de Minas, não poderia ser diferente. Temos várias lojas de artesanato espalhadas por essa cidade, o que valoriza ainda mais a sua história.

Mas, Caxambu valoriza tudo isso que tem?

Segundo Dona Célia (que preferiu não ser fotografada e não dizer o sobrenome) professora aposentada e comerciante, Caxambu não valoriza os artesãos que tem.  “Os caxambuenses são muito pessimistas, nada aqui vai pra frente” diz ela. “Já frequentei várias reuniões do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e, apesar dessas reuniões serem ótimas, elas não fazem efeito. Eles só falam e não fazem nada, o que nos desanima bastante. Precisamos divulgar Caxambu, porque, apesar de pagarmos o alvará que cobra taxas para a divulgação, esta não acontece”. Camila Moniz, atendente da loja Cherubina Acro Madaleno, estabelecimento que existe a mais de oito anos, ainda enfatiza “Se nossas lojas dependessem dos caxambuenses, estaríamos perdidos, isso porque eles acham tudo muito caro. Então, tudo que fazemos, pelo menos nessa loja, é direcionado aos turistas, já que não podemos contar com nossos conterrâneos.”

Em Caxambu, de quando em quando, acontecem feiras regionais nos hotéis, o que, segundo Dona Célia “é um atraso de vida”. “O que pagamos de taxa para o hotel, faz com que não valha a pena expor nossas mercadorias por lá.”

Mas, todos os produtos das lojas de artesanato Caxambuenses são produzidos em Caxambu? Na loja Cherubina Acro Madaleno, Camila diz que não. “Aqui temos artesanatos de Baependi, as casinhas de madeira vem de Cruzília, os carrinhos vêm de Santa Rita do Sapucaí, e os panos, o forte da loja, são feitos aqui mesmo”.

Lamento ter entrevistado somente duas pessoas, entretanto, as outras artesãs que abordei se negaram a me deixar entrevistá-las, alegando timidez ou o corriqueiro “não quero, não gosto, não vou”. Tive então o prazer de fotografar as mercadorias das duas lojas que foram citadas aqui, e espero que vocês as curtam da mesma forma que curti fotografá-las.








terça-feira, 29 de maio de 2012

QUITANDA DA VIDA 78

Telinha Cavalcannti

Achei uma receita recortada de revista, solta dentro de um livro; não lembro de ter feito antes, mas que deu cobiça, ah, deu sim :)

Frango com mel e limão (opa, parece até pinga!)

Ingredientes

4 filés de peito de frango
3 colheres (sopa) de molho de soja
1 colher (sopa) de óleo de soja, milho ou canola
1 colher (sopa) de mel
1 colher (chá) de suco de limão
1 dente de alho picado
   

Como fazer

Misture bem o mel, o óleo, o suco de limão, o alho e o molho de soja. Observe que a receita não leva sal, pois o molho de soja é bastante salgado. Em um saco plástico com fecho tipo zip, coloque o molho e, em seguida, os peitos de frango. Feche o saco, retirando o ar. Com delicadeza, mexa o frango de modo a ficar completamente cobertos pelo molho. Deixe descansar na geladeira por pelo menos 30 minutos.

Preaqueça uma frigideira anti-aderente, grelha ou churrasqueira em temperatura alta. Se achar necessário, unte com óleo para o frango não grudar.

Jogue fora o molho;  grelhe o frango por 6 a 8 minutos de cada lado, ou até que o frango fique douradinho. Sirva com salada verde e arroz branco ou integral.

imagem: Taste of Home

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Sobre 'A menor mulher do mundo', conto de Clarice Lispector


Dade Amorim



O traço que marca o texto de Clarice Lispector, relativamente aos de outros escritores contemporâneos, é o desassombro, que pode ser entendido como poesia em estado bruto ou como inconvencionalismo total. Pessoalmente, prefiro a primeira hipótese.
Primeiro porque, entre todas as definições conhecidas de poesia, prefiro aquela que não poupa os sentimentos ditos nobres ou delicados, muito mais indicados para uso interno – em relações interpessoais, amorosas ou familiares – do que para a literatura ou a criação artística em geral. Segundo porque sua franqueza crua e direta, capaz de abalar convenções e convicções intocáveis, condiz com a poesia, que é também um inconvencionalismo total.
No caso do conto em questão, a poesia e a personalidade literária da autora ficam tão claras que tornam o texto quase paradigmático do uso das palavras e da visão de mundo em Clarice. O único modo realmente poético de falar dessa mulher que mais parece um macaco é expor o efeito que sua figura e sua mera existência causam nas pessoas ditas civilizadas, e esse efeito pode ser um susto, uma estranheza expressa sob a forma de enternecimento/piedade, ludicidade, fuga ou até repulsa. O fato de a mulher ser uma miniatura perfeita e ainda por cima estar grávida, além de ser surpreendente, abre um espaço para a ternura e ao mesmo tempo incomoda as pessoas, reforçando o sentimento de estranheza e um obscuro temor: quem a vê, pressente alguma ligação com ela, compartilha um pouco de sua natureza curiosa e repulsiva, que denuncia muito abertamente o lado grotesco de cada um, que o narcisismo repudia e se nega a reconhecer.
As reações que o conto descreve ilustram bem o resultado desses sentimentos.
O explorador, habituado às extravagâncias da natureza, sublima a figurinha que se coça em sua presença “onde uma pessoa não se coça” e desvia os olhos “como se estivesse recebendo o mais alto prêmio de castidade”.
Há a “perversa ternura” da senhora que nunca se deveria deixar que chegasse perto de Pequena Flor, como o explorador nomeou a mulher-miniatura. Porque, como diz Clarice, “Quem sabe a que escuridão de amor pode chegar o carinho.” As palavras, que parecem expressar enternecimento, na prática, podem falar de outra coisa. Como explicar por exemplo os maus tratos e maldades praticadas contra seres tão enternecedores como crianças ou animais indefesos? Como interpretar a facilidade com que sentimentos amorosos se metamorfoseiam em crueldade e violência?
Reduzir a mulherzinha a boneca é outro jeito de tomar o mal-estar nas rédeas, assim como fizeram as meninas do internato, que esconderam o cadáver da colega para brincar com ela, exercendo seu instinto maternal mais feroz – e negando a morte. Uma outra velha senhora sentencia que “Deus sabe o que faz”, o que poderia ser traduzido por “podemos ficar tranquilos, a culpa de sua existência não nos cabe e não temos nada com isso”.
Nesse texto, que fala de amor e ódio como águas do mesmo rio, Clarice consegue extrair das palavras todos os matizes, o lado obscuro e o mais glorioso da vida, tantas vezes misturados de tal modo que não chegamos a entendê-los à luz da razão – essa senhora pretensiosa, mas inepta para ir além da mera teoria.

Imagem E. Manet. Femme nue se coiffant.

domingo, 27 de maio de 2012

SENHORA DO TEMPO - MANUAL DO CANADÁ E ESTADOS UNIDOS CONTRA ATAQUES ZUMBIS


Esther Lucio Bittencourt



Cena do Game Resident Evil  (imagem Google)

 A Profecia bíblica sobre o surgimento dos zumbis!

''E naqueles dias os homens buscarão a morte, e não a acharão; e desejarão morrer, e a morte fugirá deles.'' (Apocalipse 9:6)


Todos nós, quando crianças tivemos medo do bicho papão. Àquele ser que habitava nosso imaginário infantil herdado dos portugueses, dos negros, dos índios e que frequentava também a Galiza, a Catalunha e as Astúrias, principalmente.

Minha mãe, Sara, que em criança também conviveu com seus medos, me contou que, para vencê-los obrigava-se a ir no escuro da noite para os diversos cômodos da casa.

Meu maior bicho papão foi João dos Vasos, que carregava um saco às costas onde, diziam, servia para roubar as crianças e as transformar em sabão, e Maria Poaba, uma senhora idosa, pequena e magra que andava sempre com um guarda chuva no braço, duas rodelas de ruge no rosto e trazia o o cenho sempre franzido e assustador.

Telinha Cavalcanti conta de seus medos: "Quando eu tinha uns 5, 6 anos, os nossos vizinhos eram amigos dos meus pais e tinham 5 filhos; uma das meninas era da minha idade, uma mais velha e os restantes eram mais novos, até a bebê de um aninho. A avó morava com eles e contava histórias de arrepiar - porque, imagine, 5 crianças correndo pela casa... Ela contava a história de um cigano que entrava na igreja montado no cavalo, de noite, para impedir um casamento. Daí saía um raio do sacrário e matava o cigano. E que ciganos roubavam crianças e criavam como deles, então a gente não podia brincar na rua depois que escurecia, senão viriam os ciganos para nos levar embora - uma maneira de manter a turminha sob controle...


Morria de medo do papa-figo, que também é conhecido como homem-do-saco, aqui no Rio de Janeiro. O papa-figo rouba as crianças para comer o fígado (figo) delas; dizem que é doença, outros dizem que é maldição, e mais uns dizem que é por pura maldade. Uma vez, já casada, vi um homem andando na rua; um homem que correspondia à perfeição à descrição do papa-figo: magro, velho, pobre, carregando um saco nas costas. Tive medo até que me lembrei que eu era adulta.

E ainda tem a história da medalha do agnus-dei: essa é aconteceu no meu colégio, quando eu estava na segunda série. De repente, começou a rolar esta lenda: uma aluna havia morrido e seu fantasma aparecia deixando uma medalhinha dourada de agnus dei onde passava. Nessa mesma época a escola estava com uma área fechada, em obras, e diziam que ela aparecia por lá. Até hoje não gosto dessas medalhas."

Estas lembranças de medo foram provocadas porque o apocalipse zumbi está a caminho. É no que acredita o Governo do Canadá e o Governo dos Estados Unidos onde o CDC -Centers for Disease Control and Prevention - também lançou alerta contra a invasão de zumbis.

Os dois países lançaram  manual publicado no site do Centro de Informações para Emergências do Estado,no caso do Canadá e no  CDC, no caso dos Estados Unidos que justifica: "Ainda que as chances de um zumbi batendo na sua porta sejam pequenas, nós acreditamos que, se você está pronto para zumbis, está pronto para qualquer desastre".



Protocolos oficiais de segurança são comuns em caso de terremotos, tsunamis, incêndios, carros bombas, inundações,etc... mas alertar a população de um país sobre o risco de um ataque de zumbis é dizer que é provável que eles estejam fazendo experiências genéticas, como as do filme Resident Evil, que é também um game de sucesso, para nitendo ou pc, assim como Alone in the Dark, que joguei poucas vezes porque prefiro os RPG, como Heroes, Dragons and Dangeons.

 "Você está pronto?" 

"O conteúdo do manual que é bem explicativo divide-se em "estratégias pré-ataque, o que fazer nos primeiros cinco dias de epidemia e como mapear os melhores locais para fuga. Há ainda uma série de vídeos que ilustram o que fazer - e não fazer - em caso de um vírus zumbi à solta. As dicas incluem, por exemplo, manter ao menos metade do tanque do seu veículo abastecido, planejar uma rota de evacuação, estocar água e alimentos e ter um kit de primeiros socorros por perto - ainda que, uma vez que você seja mordido, não há muito o que possa ser feito. Um dos trechos ainda avisa: cuidado, tudo pode começar com um surto de gripe particularmente agressivo, então é bom ficar atento às notícias da TV. A campanha, que começou esta semana, contou também com tweets enviados pela conta oficial do Centro de Emergências com conteúdo sobre os ataques. Um discreto aviso esclarecendo que o apocalipse ainda não começou de verdade ajudou a evitar (por enquanto) o pânico dos canadenses. A rota de fuga:




Alguns itens do kit de emergência anti-zumbi do CDC



Opiniões sobre o pressuposto ataque: o que você faria?

Telinha Cavalcanti-" 1) fugia 2) dava um tiro na cabeça dele - que é a única maneira de matar um zumbi . "

Fal Azevedo, que lançou recentemente o livro "Sonhei que a Neve Fervia": Olha, eu ia pra Garanhuns, porque Alexandre me explicou que lá nem hecatombe, nem guerra nuclear, nem fim-do-mundo, nem zumbis, nem doença da vaca louca nos alcançarão. Nosso plano sempre foi fugir pra Garanhuns.

Airée Tavares Costa- "Amiga, eu não entendi bem o lance - é pegadinha? o governo ACREDITA em Zumbi? afinal o que é zumbi? nao será isso propaganda de filme? NÃO SEI. AGORA UMA PERGUNTA: seriam zumbis estrangeiros querendo viver no Canada? Será que os estudos sobre OVNIS estão muito adiantado por lá e eles temem uma invasão? Se eu acreditasse em zumbi ia procurar um pai de santo e pedir armas pra lutar.

Jorge Carrano -"Querida Esther, Nume epidemia desta natureza, acho que viveríamos seguindo nossos instintos, vagando sem rumo certo de um para outro lugar onde fosse possível obter abrigo e amparo. Estou fazendo uma analogia com o que se passa em "Ensaio sobre a Cegueira", do grande Saramago."

Sonja Faria Rosa-  "Nossa, Esther, que loucura! Eu realmente não posso imaginar o que faria. Acho que me trancaria no quarto com uma faca bem grande mas de que adiantaria se já estão mortos?
Pergunta dificil esta!"

Idely Mancini Vall Bastos - "Não ter problemas deve ser muito bom! Acho mesmo que os zumbis aqui passariam desapercebidos, temos tantos seres estranhos no nosso Congresso alem dos Carlinhos Cachoeiras da vida, que os Zumbis seriam parte integrante da população, ou será que já não vemos alguns por ai? O Canadá deve estar com a "vida ganha" como dizia meu pai, mas aqui não temos tempo pra eles."

Silvia Falda - "Eu acho que as pessoas estão ficando discrentes de tudo e sobretudo de Deus e acabam se apoiando em crendices malucas, superstições, medos...Quando se teme e crê em Deus não se tem medo de nada porque não se está só. Temor a Deus não é um medo de alguém que possa nos repreender ou fazer mal; é respeitar e amar como se ama e respeita a um pai. Um pai generoso que nos apóia nos momentos mais difíceis até quando somos ameaçados por algo ou alguém desconhecido. Hoje em dia há maldições e pragas maiores do que zumbis, pais que atiram filhos pela janela, filhos contra pais, irmãos contra irmãos,etc.
Falando em realidade de vida, eu dou aula aos sábados para adolescentes em uma comunidade católica e a realidade de vida destes meninos é bem mais aterrorizante do que zumbis.
Um foi abandonado pelo pai, sente-se culpado por isto e um dia destes queimou-se na cozinha tentando esquentar sua comida enquanto a mãe trabalha o dia todo para sustentá-los. Outra perdeu o irmãozinho por um "susto" que o pai deu na mãe. Outro filho de mãe alcoólatra conta que nasceu na rua graças a um bombeiro e recebeu o nome deste para homenageá-lo.Meu filho de 15 anos fala que há vários jogos na moda de matar zumbis, daí a influência na notícia... "

Dade Amorim-  "Caramba, isso é no mínimo engraçado. Mandei pra minha afilhada-filha que está morando em Ottawa."


Criança Zumbi


No filme Residente Evil a  Umbrella Corporation realiza experiências genéticas ilegais em seu laboratório no subterrâneo de Raccoon City.

Durante um dia normal de trabalho na base da Umbrella em Raccoon, conhecida como Colméia (The Hive) por estar situada vários quilômetros abaixo da terra, uma sabotagem faz com que o T-Vírus contamine o local,o que ativa os mecanismos de defesa da Rainha Vermelha, que por sua vez mata a todos para que a infecção não chegue a superfície.

A jovem Alice acorda numa mansão também localizada em Raccoon, totalmente sem memória. Após um encontro inusitado com o jovem Matt, uma equipe de segurança da Umbrella invade o local e obriga ambos a irem com eles para o Hive.A missão de Alice e Rain é colocar seu exército em ação para eliminar a disseminação do vírus devastador.

Um importante detalhe, no entanto, pega a equipe de surpresa: os companheiros tidos como mortos não tiveram suas vidas totalmente destruídas. Na realidade, eles se transformaram em zumbis devoradores, que caçam suas vítimas dentro do próprio laboratório. Basta uma mordida ou um arranhão de um deles para que haja uma contaminação ou, pior ainda, que a vítima sofra uma mutação e se transforme em um outro zumbi.

Alice e sua unidade militar têm três horas para concluir sua missão, antes que o vírus ameace se propagar por toda a Terra. Para ter acesso à "Rainha Vermelha", o grupo precisa passar por uma série de obstáculos cada vez mais assustadores dentro do labirinto que forma a Colméia e acaba descobrindo que os zumbis humanos são o medonho resultado do último e malfadado projeto da corporação Umbrella - o T-vírus.

Filme Resident Evil 4- O recomeço




sábado, 26 de maio de 2012

FREDZILA - DISCURSO DE HARUKI MURAKAMI

Carlos Frederico Abreu

Haruki Murakami (imagem Gopogle)

O escritor japonês Haruki Murakami fez este discurso ao receber o prêmio Cataluña, em 2011, poucos meses após o grande terremoto que assolou o Japão.

Como um sonhador irrealista

A última vez que visitei Barcelona foi na primavera, dois anos atrás. Eu participei de um evento de autógrafos, e fui surpreendido com o número de leitores na fila para um autógrafo.

Demorou mais de uma hora e meia para assinar todos eles, porque muitos dos meus leitores do sexo feminino queriam me beijar. Levou algum tempo. Eu tenho tomado parte de eventos assim em muitas outras cidades em todo o mundo, mas apenas em Barcelona estavam lá as mulheres que queriam me beijar. Apenas esta razão bastaria para Barcelona parecer-me um lugar extraordinário. Estou muito contente por estar de volta aqui nesta bela cidade, que tem uma história tão rica e maravilhosa cultura.

Mas sinto muito em dizer que hoje, devo falar sobre algo mais sério do que beijos.

Como vocês certamente sabem que às 14:46 do dia 11 de março de 2011, um terremoto atingiu a região nordeste do Japão. A força deste terremoto foi tão grande que a Terra girou mais rápida sobre o seu eixo, e o dia foi encurtado em 1,8 milionésimos de segundo.

Os danos causados ​​pelo terremoto foram extensos, mas o tsunami provocado pelo terremoto causou devastação ainda muito maior. Em alguns lugares a onda do tsunami atingiu uma altura de 39 metros. Em face de tal onda, até mesmo o décimo andar dos edifícios não ofereceram refúgio. As pessoas que viviam perto da costa não tiveram tempo de escapar, e cerca de 24.000 pessoas perderam suas vidas - 9.000 ainda estão desaparecidas. A grande onda que quebrou as barreiras levou-os embora, e nós ainda não conseguimos encontrar seus corpos.

Muitos foram provavelmente perdidos nas profundezas do mar gelado. Quando eu paro para pensar sobre isso e imaginar que eu também poderia sofrer um destino tão terrível, meu peito doi. Muitos sobreviventes perderam suas famílias, amigos, casas, propriedades e os próprios fundamentos de suas vidas. Aldeias inteiras foram destruídas completamente. Muitas pessoas perderam toda a esperança de viver.

Eu acho que ser japonês significa viver com desastres naturais. Do verão ao outono, tufões passam pelo Japão.Todos os anos causam grandes danos e muitas vidas são perdidas. Há muitos vulcões ativos em cada região. E claro, há muitos terremotos. O Japão se situa entre as quatro placas tectônicas na extremidade oriental do continente asiático. É como se estivéssemos vivendo em um ninho de terremotos.

Podemos prever o tempo e os tufões em maior ou menor grau, mas não podemos prever quando e onde um terremoto ocorrerá. Tudo o que sabemos é que este não será o último grande terremoto, e que um outro certamente ocorrerá no futuro próximo. Muitos especialistas prevêem que um terremoto de magnitude 8 atingirá a região de Tóquio nos próximos vinte ou trinta anos. Pode acontecer em dez anos, ou pode acontecer amanhã à tarde. Ninguém pode prever com certeza a extensão dos danos do que aconteceria se um terremoto desses ocorresse em uma cidade tão populosa como Tóquio.

Apesar disso existem 13 milhões de pessoas vivendo suas vidas em Tóquio. Eles pegam trens lotados para ir aos escritórios, e trabalham em arranha-céus. Mesmo depois desse terremoto, eu não ouvi dizer que a população de Tóquio esteja em declínio. Por quê então, você pode perguntar. Como tantas pessoas podem levar suas vidas diárias em um lugar tão terrível? Não vivem com medo?

Em japonês temos a palavra "Mujo" que significa que tudo é efêmero. Tudo que nasce neste mundo acabará por desaparecer. Não há nada que possa ser considerado eterno ou imutável.

Esta visão do mundo foi derivada do budismo, mas a idéia de "Mujo" foi gravado no espírito do povo japonês para além do contexto estritamente religioso, tendo raiz na consciência étnica comum desde os tempos antigos.

A idéia de que todas as coisas são transitórias é uma expressão de resignação. Acreditamos que não serve de nada ir contra a natureza. Pelo contrário, os japoneses descobriram expressões positivas de beleza nisso. Se pensarmos sobre a natureza, por exemplo, prezamos as flores de cerejeira da primavera, os vaga-lumes de verão e as folhas vermelhas do outono. Para nós é natural observá-las com paixão, como uma tradição. Pode ser difícil encontrar um quarto de hotel perto dos locais conhecidos por serem os melhores para apreciar as flores de cerejeira (hanami), os vaga-lumes e as folhas vermelhas em suas respectivas épocas, e esses lugares invariavelmente, lotam com os visitantes.

Por que isso acontece?

A resposta pode ser encontrada no fato de que as flores de cerejeira, os vaga-lumes e o vermelho das folhas, perdem sua beleza dentro de um espaço muito curto de tempo. Viajamos de lugares distantes para testemunhar este momento glorioso. E ficamos de alguma forma aliviados em confirmar que não são apenas belos, mas que já estão começando a cair no chão, a perder suas pequenas luzes ou sua cor viva. Nós encontramos a paz de espírito no fato de que o pico da beleza foi atingido e que já está começando a desaparecer.

Eu não sei se os desastres naturais são culpados por tal mentalidade. Tenho certeza de que, no entanto, em certo sentido temos sido capazes de superar coletivamente sucessivas catástrofes naturais e de aceitar o inevitável, em virtude dessa mentalidade. Talvez essas experiências também tenham moldado a nossa noção de estética.

A esmagadora maioria do povo japonês ficou profundamente chocada com este terremoto. Embora possamos estar acostumado a terremotos, ainda não fomos capazes de chegar a um consenso sobre sua escala da destruição. Sentimo-nos impotentes e preocupados sobre o futuro do nosso país. Em última análise, vamos necessitar de energia mental para nos levantar e reconstruir. A este respeito, não tenho preocupações particulares. Assim nós sobrevivemos ao longo de nossa longa história. Desta vez, bem, nós certamente não ficaremos congelados e em estado de choque para sempre. Casas podem ser reconstruídas, e estradas podem ser restauradas.

Pode-se dizer que estamos vivendo como hóspedes indesejados no planeta Terra. O planeta Terra nunca nos pediu para morar aqui. Se ela sacode um pouco, não podemos reclamar, pois agitar-se de vez em quando é apenas um dos comportamentos naturais da Terra. Queiramos ou não, temos de viver com a natureza.

O que eu quero dizer aqui não é sobre edifícios ou estradas, coisas que podem ser reconstruídas, mas sim sobre aquelas que não podem ser reconstruídos facilmente, tais como ética e valores. Essas coisas não são fisicamente tangíveis e uma vez que são quebradas, é difícil recuperá-las, como pode ser conseguido com máquinas, trabalho e materiais.

O que eu estou falando concretamente é sobre a usina nuclear de Fukushima.

Como vocês provavelmente sabem, pelo menos três dos seis reatores nucleares danificados pelo terremoto e o tsunami ainda não foram restaurados e continuam a vazar radiação em torno deles. Derretimentos do núcleo ocorreram e o solo ao redor foi contaminado. A água com altos níveis de radioatividade foi dispersa no oceano ao redor, e o vento está levando a radiação para áreas mais distantes. Centenas de milhares de pessoas tiveram de evacuar suas casas. Fazendas, sítios, fábricas, centros comerciais estão agora desertos, tendo sido completamente abandonados. Aqueles que sobreviveram não poderão retornar. Também me entristece dizer que os danos causados ​​por este acidente não se limitam ao Japão, mas vão se espalhar para os países vizinhos também.

A razão pela qual este acidente trágico ocorreu é mais ou menos clara. As pessoas que construíram essas usinas nucleares não tinham imaginado que tal tsunami atingiria-os. Alguns especialistas apontaram que um tsunami de escala semelhante havia atingido essas regiões anteriormente e insistiram que as normas de segurança deviam ser revistas. As empresas de energia elétrica, no entanto, ignoraram-os. Como empreendimentos comerciais, essas empresas não querem investir maciçamente na preparação para um tsunami que pode ocorrer apenas uma vez a cada centena de anos.

Parece-me que o governo que supostamente devia garantir a segurança e as medidas de segurança para as usinas nucleares, rebaixou as normas de segurança, a fim de promover a geração de energia nuclear. Devemos investigar esta situação e se os erros forem encontrados, eles deverão ser retificadas. Centenas de milhares de pessoas foram forçadas a deixar suas terras e tiveram suas vidas viradas de cabeça para baixo.

Estamos irritados com isso e essa raiva é natural.

Por alguma razão os japoneses raramente ficam com raiva. Nós sabemos como ser pacientes, mas não somos bons em mostrar nossa raiva. Somos certamente diferentes do povo de Barcelona ​​a este respeito. Mas desta vez, mesmo os japoneses estão seriamente irritados. Ao mesmo tempo devemos nos criticar por ter tolerado e permitido que estes sistemas corrompidos existissem até hoje. Este acidente não pode ser dissociado de nossa ética e valores.

Como vocês sabem, nós, o povo japonês, somos os únicos a ter experiência com ataques nucleares. Em agosto de 1945, aviões militares dos EUA lançaram bombas atômicas sobre as   cidades de Hiroshima e Nagasaki, resultando na morte de mais de duzentas mil pessoas. A maioria das vítimas estava desarmada, eram pessoas comuns. Agora, porém, não é o momento para considerar erros e acertos. O que eu quero salientar aqui é que não apenas duzentas mil pessoas morreram na sequência imediata do bombardeio nuclear, mas também que muitos sobreviventes morreram posteriormente a partir dos efeitos da radiação durante um período prolongado de tempo. Foi o sofrimento dessas vítimas que nos mostraram a terrível destruição que a radioatividade trouxe ao mundo e às vidas das pessoas comuns.

Tivemos duas políticas fundamentais após a Segunda Guerra Mundial. Uma delas foi a recuperação econômica, a outra foi a renúncia à guerra. Abrimos mão do uso das forças armadas, em busca de sermos mais prósperos e buscar a paz. Estas idéias tornaram-se as novas políticas de pós-guerra do Japão.

As seguintes palavras estão esculpidas no memorial para as vítimas da bomba atômica em Hiroshima: "Que todas as almas aqui descansem em paz, pois não se deve repetir o mal."

Estas são palavras sublimes de fato, que reconhecemos que somos vítimas e agressores ao mesmo tempo.

Sessenta e seis anos após os bombardeios nucleares, os reatores nucleares de Fukushima espalharam radioatividade durante três meses, contaminando o solo, o mar e o ar em torno deles. Esta é a segunda fonte de devastação causado pela energia nuclear no Japão, mas desta vez ninguém atirou uma bomba atômica. Nós, o povo japonês, somos de certa maneira responsáveis por esta tragédia, cometemos erros graves e contribuimos para a destruição de nossas próprias terras e vidas.

Por que isso ocorre? O que aconteceu com a nossa rejeição da energia nuclear após a Segunda Guerra Mundial? O que foi que corrompeu o nosso objetivo de uma sociedade pacífica e próspera, que era tão diligentemente perseguido?

A razão é simples. A razão é a "eficiência".

As empresas de energia elétrica insistiram que as usinas nucleares ofereciam um sistema de geração eficiente de energia. Em outras palavras, era um sistema a partir do qual eles poderiam obter lucro. Por seu lado, o governo japonês duvidou da estabilidade do abastecimento de petróleo, particularmente desde a crise do petróleo, e promoveu a geração de energia nuclear como política nacional. As empresas de energia elétrica gastam enormes quantias de dinheiro em propagandas, assim subornam os meios de comunicação para doutrinar o povo japonês com a ilusão de que a geração de energia nuclear é completamente segura.

O Japão, uma nação-ilha, freqüentemente atingida por terremotos, se tornou o terceiro maior na geração de energia nuclear, sem que o povo japonês percebesse o que estava acontecendo. Tínhamos ido além do ponto sem retorno. O ataque foi feito.

Aqueles que duvidam da energia nuclear estão agora diante da pergunta intimidante: "Você seria a favor de escassez de energia?" Os japoneses passaram a acreditar que a dependência da energia nuclear é inevitável. Viver sem ar condicionado durante o verão quente e úmido japonês é quase semelhante à tortura. Conseqüentemente, aqueles que tem dúvidas sobre a geração de energia nuclear passaram a ser rotulados como "sonhadores irrealistas".

E assim chegamos onde estamos hoje. As usinas nucleares que deveriam ser eficientes, em vez disso oferecem-nos uma visão do inferno. Esta é a realidade. A assim chamada "realidade" que tem sido proclamado por aqueles que promovem a energia nuclear no entanto, não é a realidade de todo. Não é nada mais do que "conveniência" superficial, que a sua lógica imperfeita se confunda com a própria realidade.

Esta situação marcou o colapso do mito sobre proezas tecnológicas do Japão, dos quais o povo japonês é tão orgulhoso. Além disso, permitimos que esta lógica distorcida representasse a derrota da ética e dos valores japoneses existentes. Nós agora culpamos as empresas elétricas e o governo japonês, o que é justo e necessário. Ao mesmo tempo no entanto, devemos também apontar o dedo para nós mesmos. Nós somos vítimas e agressores mais uma vez, e devemos considerar esse fato a sério. Se não conseguirmos fazer isso, vamos cometer o mesmo erro novamente.

"Que todas as almas aqui descansem em paz, pois não se deve repetir o mal."

Temos de gravar estas palavras em nossos corações.

O Dr. Robert Oppenheimer, que foi o principal arquiteto do desenvolvimento da bomba atômica, ficou horrorizado com a devastação infligida a Hiroshima e Nagasaki pelos ataques nucleares. Ele uma vez disse ao Presidente Truman, "Senhor Presidente, há sangue em minhas mãos". Truman tirou um lenço limpo e branco do bolso e disse: "Vá em frente e limpe-as."

Claro, não há lenços suficiente no mundo para limpar tanto sangue.

Nós, os japoneses, deveriamos ter sido implacáveis ao dizer "não" à energia nuclear. Isto é o que eu acredito. Deveríamos ter trabalhado para desenvolver fontes alternativas de energia para substituir a energia nuclear a nível nacional, colhendo todas as tecnologias existentes, sabedoria e capital social. Mesmo que as pessoas em todo o mundo zombassem de nós dizendo: "A energia nuclear é o sistema de geração de energia mais eficaz, e os japoneses são estúpidos de não usá-la", devíamos ter mantido a aversão à energia nuclear que foi desencadeado pela nossa experiência com armas nucleares.

Nós deveríamos ter feito o desenvolvimento da não-geração de energia nuclear, a pedra máter da nossa política após a Segunda Guerra Mundial. Isso deveria ter sido a maneira de assumir a nossa responsabilidade coletiva para as vítimas de Hiroshima e Nagasaki. No Japão precisávamos de uma ética forte, valores fortes, e uma forte mensagem social. Esta teria sido uma oportunidade para o povo japonês fazer uma contribuição real para o mundo. Nos esquecemos de tomar esse caminho importante, preferindo seguir o caminho mais rápido de "eficiência" em apoio ao nosso desenvolvimento económico rápido.

Como mencionei anteriormente, podemos superar os danos causados ​​por desastres naturais, por mais terríveis e extensos que possam ser. E às vezes os nossos espíritos podem crescer mais forte através do processo de superação. Este é certamente algo que podemos alcançar. É o trabalho de especialistas reconstruir estradas e prédios, mas é dever de cada um de nós restaurar a nossa ética e os valores danificados. Podemos começar pelo luto daqueles que morreram, cuidando das vítimas desta catástrofe e alimentando o nosso desejo natural para não deixar sua dor e as lesões terem sido em vão. Isto irá assumir a forma de um esforço silencioso e árduo. Devemos somar forças, como a aldeia que sai junta para semear os campos em uma manhã ensolarada de primavera. Todos fazendo o que podem fazer, com seus corações.

Nós, escritores profissionais, que somos versados ​​no uso das palavras, também temos uma contribuição positiva para dar para esta missão coletiva. Devemos conectar esta nova ética e valores para novas palavras, criando e construindo novas histórias vibrantes. Nós então seremos capazes de compartilhar estas histórias. Elas terão um ritmo que pode encorajar as pessoas, assim como as músicas que o povo canta ao plantar as sementes.

Reconstruímos o Japão que tinha sido completamente destruído pela Segunda Guerra Mundial. Devemos agora voltar a este mesmo ponto de partida mais uma vez.

Como mencionei no início deste discurso, vivemos em um mundo transitório. Toda vida vai desaparecer. Os seres humanos são impotentes diante das forças maiores da natureza. O reconhecimento do efêmero é um dos conceitos básicos da cultura japonesa. Embora respeitemos o fato de que todas as coisas são transitórias e entendamos que vivemos  em um mundo frágil e precário, ao mesmo tempo estamos imbuídos com vontade de viver com mentes positivas.

Estou orgulhoso por minhas obras serem tão apreciadas pelo povo catalão e de ter sido concedido a mim um prêmio de tanto prestígio. Vivemos distantes e falamos línguas diferentes. Temos culturas diferentes. Mas ao mesmo tempo somos cidadãos do mundo, compartilhamos os mesmos problemas, alegrias e tristezas. É por isso que as histórias escritas por um autor japonês foram traduzidas para a língua catalã e vocês as abraçaram. Fico feliz em compartilhar as mesmas histórias com vocês.

Sonhar é o trabalho de romancistas, mas compartilhar nossos sonhos é uma tarefa ainda mais importante. Não podemos ser romancistas sem este sentido de compartilhar alguma coisa.

Eu sei que o povo catalão tem superado muitas dificuldades. Acredito que temos muitas coisas para compartilhar.

Como seria maravilhoso se nós, no Japão e na Catalunha, pudéssemos construir uma casa para "sonhadores irrealistas" e forjássemos uma "comunidade em espírito" que transcendesse tanto o país e cultura. Eu acredito que este seria o ponto de partida para o renascimento, já que temos experiências com desastres naturais e atos arbitrários de terrorismo nos últimos tempos. Não devemos ter medo de sonhar. Nunca devemos permitir que cães enlouquecidos com os nomes "eficiência" e "conveniência" nos amedrontem.

Devemos ser "sonhadores irrealistas" e seguir em frente com determinação.

Os seres humanos morrerão e desaparecerão, mas a humanidade vai prevalecer e será constantemente regenerada. Acima de tudo, devemos acreditar nesta força.

Para concluir, vou doar o prêmio em dinheiro para as vítimas do terremoto e do acidente nuclear japonês. Estou profundamente grato ao povo catalão por me oferecer este prémio e esta oportunidade. Eu também gostaria de expressar minhas mais profundas condolências às vítimas do recente terremoto em Lorca.

Haruki Murakami nasceu em Kyoto em 1949 e vive atualmente em Tóquio, depois de vários anos de exílio voluntário nos Estados Unidos. Sucesso entre a crítica e o público americano e inglès, é autor de diversos romances, entre os quais Minha Querida Sputnik, Norwegian Wood, Caçando Carneiros e da trilogia IQ84, que será lançada em breve em português. O autor recebeu inúmeros prêmios literários e tem sua obra traduzida em 16 idiomas.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

84, CHARING CROSS - FLORES

Elaine Pereira

Estive no fim de semana em uma cidade com nome de flor.



O Brasil é tão vasto que não há como identificar o mesmo país em distâncias tão exageradas.

Santa Catarina é um pedaço da Alemanha que fugiu para os trópicos. A história de Blumenau é como a história de tantas outras cidades da região, construídas com as mãos laboriosas dos alemães que vieram buscar gerações menos sisudas para sua descendência. Quem vê a Oktoberfest acha que a Alemanha é só festa. Quem trabalha com alemães como eu já trabalhei e convivi ao aprender a língua deles, percebe que existe uma seriedade intrínseca, a própria língua é áspera, cheia de cantos vivos, não é melodiosa. Mas transparece eficiência.

Sabemos que muitas coisas feias foram ditas em alemão e em nome de um povo alemão que nem sabia direito o que estava acontecendo. Passou, mas a lição ficou. Só que aqui tudo se torna estranhamente diferente, inimigos ancestrais no Brasil parecem esquecer onde é que começou essa história.


A cidade já sofreu muito com a água, mas já cresceu muito, trabalha muito. E é linda. E tem capivaras à beira do rio, que eu achava que eram pacas, mas não entendo nada de roedores. O fato é que elas são simpaticíssimas, a gente pára para olhar para elas e elas nos observam de volta, um estranhamento engraçadíssimo. O que é isso minha gente? Capivaras no meio da cidade? Sim. E um barco à beira do rio relembrando o fundador da cidade. E relógio de flores. E o resto todo, igreja, estilo enxaimel, praça, e na cidade toda se respira um ar de Europa.


Blumenau é uma cidade onde se pode ter momentos inesquecíveis. Ou não. Quando viajamos escolhemos o que fazer, ver tudo, comprar tudo, ficar no sol, na neve. Eu desta vez não escolhi nada. Deixei a cidade me surpreender. E não poderia ter sido mais perfeito. Não sou de grandes jantares, de lugares sofisticados, mas se tiver, ótimo. E de repente do nada pulou um momento perfeito, surreal como o olhar das capivaras, mas irretocável. São as famosas lembranças de viagem que não guardamos em souvenirs, fotos, papéis, são aquelas que se incorporam ao nosso corpo, à nossa mente.

É um privilégio tão grande ser capaz de sentir um momento perfeito, sem deixar que ele escape.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

SALA DE LEITURAS - OFICINAS LITERÁRIAS




Inscrições para minicursos e oficinas intensivas na Sala de Leituras já podem ser feitas,em Icaraí, Niterói, Estado do Rio de Janeiro, contato: saladeleituras@gmail.com Tel. (21) 9354 2494, sob a coordenação de Cyana Leahy.

 A proposta é levantar novas reflexões sobre velhos problemas linguísticos e literários, raramente abordados em nossas escolas e universidades. São grupos de até oito pessoas, profissionais e estudantes de variadas áreas do conhecimento.

 MINICURSOS E OFICINAS LITERÁRIAS

Os temas abordados são : Como contar Histórias para jovens de todas as idades': desenvolver recursos sensoriais, emocionais e racionais para criar ouvintes leitores e novos contadores de casos, notícias, imagens, sons; 'Algumas Invisibilidades Literárias': conhece Carolina Maria de Jesus? E Ercília Nogueira Cobra, Júlia Lopes de Almeida, Hilda Hilst? E a poesia machadiana? E os haicais do Pimentel? E Martinho da Vila e Cyro Martins? Por que essa exclusão de nossos olhos leitores?; 'Por uma Gramática Inteligente': refletir sobre a memorização tradicional de normas, nomes, rótulos e regras, temporários e 'descartáveis', a serem modificados, de cima para baixo, a cada nova reforma? Para que? 'Tradução Literária sem sotaque nem traição': traduzir a Arte da Palavra exige, além de dominar os idiomas, respeitar variações geográficas, culturais, históricas...

Os minicursos são bimestrais: 20 horas-aula, 3ªs ou 5ªs feiras, 16h/18h ou 19h/21h. Valor de cada minicurso: R$230,00 mensais (incluído o material).

Oficinas intensivas: 6ª feira, 16h/20h ou sábado, 9h às 13h. Valor de cada oficina: R$80,00 (incluído o material). Cobramos 30% do valor total no ato da inscrição, sem devolução, com direito ao material. Cada grupo tem até 08 alunos.

Profª Drª CYANA LEAHY-DIOS Professora (UFF), Editora (CL Edições), Escritora de prosa literária, prosa acadêmica, poesia (Editoras Autêntica, Casa da Palavra, CL Edições, EdUFF, Franco, Martins Fontes, Papirus, Sette Letras), Tradutora (Editoras Bertrand, Casa da Palavra, Martins Fontes), Coordenadora da Sala de Leituras. Licenciada em Letras (UFF), Mestra em Educação (UFF), PhD em Educação Literária (London University).

GENOMA HUMANO


Dorothy Coutinho






Os gregos sacaram que toda a vida de um elefante, de uma formiga, a minha e a sua, cresce na proporção do número áureo! Em essência, somos iguais. A proporção do DNA de um negro, circassiano, ruivo, judeu, alemão, oriental, nordestino, wiking, terrestre, batráquio ou sodomita, é a mesma.

A ciência avança e, os políticos, as ideologias e o povo só têm contato com o avanço quando interessa à própria ciência! O Projeto Genoma nos Estados Unidos se propõe a analisar e mapear 99% do mapa genético humano, contidos na dupla hélice do DNA, desde o governo Clinton.

O projeto vai transformar a medicina e mitigar sofrimentos – afastar as possibilidades de câncer, de cardiopatia, de doenças auto-imunes e até de enfermidades psiquiátricas, dizem alguns cientistas. O projeto criará um mundo “de Frankensteins e desfigurados”. Dizem outros. A ciência pirou!

A Grã Bretanha partilha o projeto com os EUA. Uma comissão foi criada para investigar o mal uso de informações sobre o código genético. O temor dos britânicos é a criação de párias genéticos - pessoas portadoras de mutações associadas a doenças.

É a teoria dos “belos genes”. A eugenia apresenta duas feições: - a negativa – elimina os “traços biológicos indesejáveis”. - a positiva – preocupa-se com a aplicação de uma reprodução seletiva. E pensar que os Estados Unidos já lideravam o melhoramento da raça, antes mesmo dos nazistas! Senão vejamos: o boom da eugenia se deu no período da Grande Depressão. Era a ideologia da elite branca, anglo-saxônica e protestante, para impedir que o sonho americano fosse estendido aos imigrantes. A hereditariedade se tornou mais importante do que os fenômenos sociais, econômicos e culturais. Um Comitê investigava e descrevia a hereditariedade nos seres humanos, ressaltando virtudes de uma raça superior e apontando os desvios e os perigos de uma raça inferior.

 O discurso de Roosevelt em 1909 nos dá a dimensão do fenômeno eugênico nos EUA. “ ....um dia perceberemos que o principal dever, o dever inevitável de um cidadão correto e digno é deixar sua descendência no mundo. E também que ele não tem o direito de permitir a perpetuação do cidadão incorreto. O grande problema da civilização é assegurar um aumento relativo daquilo que tem valor, quando comparado aos elementos menos valiosos ou nocivos da população. O problema não será resolvido sem uma ampla consideração e imensa influência da hereditariedade. Desejo muito que se possa evitar completamente a procriação de pessoas erradas. E o que se deve fazer, quando a natureza maligna dessas pessoas for suficientemente flagrante? Os criminosos devem ser esterilizados. E aqueles mentalmente retardados devem ser impedidos de deixar descendência. Com a ênfase que deve ser dada à procriação de pessoas adequadas”.

Cruz credo!

A primeira lei sobre alteração da composição ética e racial, foi promulgada nos EUA em 1924 e vigorou até 1965. O movimento começou a declinar com a ascensão de Hitler. A Lei de Saúde Hereditária - primeiro passo do programa eugênico de eliminação das raças inferiores na Alemanha deu no que deu: o massacre de 6 milhões de judeus tendo à frente do programa o médico Josef Mengele. A Sociedade Americana de Genética quis condenar a política genética do Reich, mas jamais conseguiu votos suficientes. No fundo, o Reich tentou fazer o que os EUA queriam ter feito!

A manipulação dos genes, para evitar doenças congênitas, é assunto polêmico. O Conselho Federal de Medicina aqui no Brasil dispõe que as técnicas de reprodução assistida não devem ser aplicadas com a intenção de seleção. Isso, por enquanto!


quarta-feira, 23 de maio de 2012

Lançamento de Sonhei que a Neve Fervia no Rio de Janeiro

Telinha Cavalcanti

A livraria Prefácio, em Botafogo, ficou pequena para noite de autógrafos do novo livro de Fal Azevedo, Sonhei que a Neve Fervia.

Amigos de longa data, blogueiros, pessoal que lê o blog Drops da Fal, leitores só dos livros, representantes da editora Rocco - juntando todo mundo, teve fila de espera de duas horas para o autógrafo, a foto e o carinho da Fal. E, enquanto a fila andava, cervejas iam e vinham, alimentando conversas animadas, reencontros, apresentações, gente que veio de longe, gente que se conhecia do lado de cá da tela do computador finalmente se encontrando ao vivo, para o abraço que faltava na amizade. A fila, sem dúvida, foi um dos pontos altos da noite :)

Mas o que tornou esta noite de autógrafo diferente de tantas outras? A autora. Cada pessoa que chegava era um amigo a ser abraçado, olho no olho, com dedicatória exclusiva. A fotógrafa Cristina Carriconde estava lá, não me deixa mentir:



Além do livro, do carinho, dessas horas que passaram tão rápido como todas as horas felizes, a Fal foi prá casa com cada um de nós - não só nas palavras, mas na delicadeza dos pequenos detalhes: no lançamento de São Paulo, os amigos receberam um potinho de geleia de laranja, a preferida do Alexandre, feita por Suzi e enviada lá de Curitiba. No Rio, a mesma Suzi, com o talento que transborda nas bijouterias de sua marca, a Brigite, fez marcadores de página de uma delicadeza tal que não houve quem não admirasse - e Deus mora nos detalhes, vejam só: uma plaquinha com o nome da Fal arrematava a peça.


O poder que a Fal tem de unir as pessoas é um fato; a emoção que une a escritora aos seus leitores vai além das páginas de seus quatro livros ou dos cliques do mouse. A noite de autógrafos começou às sete e seguiu até a livraria fechar. Horas de risos, abraços, saudades; foi lindo demais.

Confira mais fotos do evento. Essas, por outras participantes do evento.














terça-feira, 22 de maio de 2012

QUITANDA DA VIDA 77

Telinha Cavalcanti

Se tem uma cozinheira-de-televisão que eu venero é a Nigella. Ela gosta de cozinhar - e, principalmente, gosta de comer :)
Suas receitas são simple e deliciosas. E ela ataca a geladeira no final do programa! #quem_nunca, né? ;)

Potinhos de Chocolate

Ingredientes:
3/4 de xícara de chocolate meio amargo picado
100 g de manteiga
2 ovos grandes
3/4 de xícara de açúcar
3 colheres (sopa) de farinha de trigo
1/2 xícara de chocolate ao leite picado

Modo de preparo:

Unte de 4 a 6 potinhos de cerâmica (ou pirex pequenos, que possam ir ao forno) com manteiga e reserve. Misture o chocolate meio amargo picado e a manteiga e derreta em banho-maria ou no microondas. Deixe esfriar.

Enquanto o chocolate esfria, aqueça o forno em 200°. Numa outra tigela, bata os ovos com o açúcar e misture com a farinha de trigo. Incorpore a mistura de chocolate já fria e se quiser adicione o chocolate ao leite. Distribua a mistura nos potinhos, coloque em uma assadeira e leve ao forno por cerca de 20 minutos: o topo deve ficar quebradiço e por dentro deve ficar molinho.

Deixe esfriar um pouco e sirva morninhos.

Receita e foto: GNT

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Maria Margarita, o Atacama e Waltinho Salles

Por Dade Amorim



Hernán Rivera Letelier. A contadora de filmes. Trad. Eric Nepomuceno. São Paulo: Cosac Naify, 2012.

O deserto chileno deu a Hernán Rivera Letelier a ideia para esse romance ambientado ali, uma paisagem declaradamente sem graça e monótona, que no entanto serviu de cenário para uma história comovedora. Walter Salles, nosso (se me permitem a opinião) maior diretor cinematográfico, escreveu uma espécie de resenha para o livro, e não sei se me atrevo a escrever outra. Isso porque Salles, além de fabuloso nos filmes, é também inspiradíssimo quando escreve, e o texto que preparou para as orelhas do livro é tão perfeito que vocês não devem deixar de ler, caso se interessem pela história.

A heroína Maria Margarita consegue mudar e animar sua vida triste em companhia da família pela habilidade que desenvolve narrando os filmes a que assiste, depois que a mãe os abandona e o pai fica inválido. Quando iniciei a leitura, não imaginei que a narrativa iria crescer tanto e se tornar tão envolvente. Mas vale a pena. Como lembra Salles, há uma possibilidade de transcender a realidade, mesmo quando ela se apresenta áspera como no contexto dessa história.

Caso você se interesse pelo livro, não deixe de ler a resenha das orelhas, que não deixa nada de lado e dá a medida exata do valor desse romance. Além, é claro, de enaltecer o autor da história e mostrar bem detalhadamente a sensibilidade de nosso diretor maior, porque, de cinema, duvido que alguém entenda mais que ele. Por isso, não dá para falar só do livro em si, vocês me desculpem. Embora ele mereça ser lido com atenção e mexa muito com a sensibilidade do leitor.

domingo, 20 de maio de 2012

SENHORA DO TEMPO- VENINA INVENTOU O GRAFITI

Por Esther Lucio Bittencourt

Quando era criança, no tempo de eu menina, (parafraseando Manuel Bandeira) tenho certeza de que não havia ninguém mais comportada, quieta e submissa.

Mas um dia, sei lá, deve ter batido um vento estranho e com um pedaço de cavão fiz desenhos primorosos na parede exterior do quarto de Venina Pantoja.

Venina, que era minha fonte de observação comportamental; saía para namorar às tardes de fim de semana com seu vestido de florezinhas pequenas, duas rodelas de rouge, bem definidas, nas bochechas; a boca de melindrosa bem delineada e o guarda chuva, fizesse sol ou chuva.

Ela era o fascínio de minha infância. Seu quarto guardava réstias compridas de cebola, e o mais fascinante um rádio que não tocava: era o seu cofre forte.

Ela era , como se diz, daquelas pessoas que fazem parte da família sem o ser? Mas com mando superior a qualquer ser vivente da casa? Agregada. Sim, Venina era agregada.

Naquele tempo isto era muito comum.

Nunca me perguntei ou a qualquer pessoa de onde viera Venina. Mas bastava sentar na cama dela e conversar sobre o rádio que não tocava, sentir o perfume forte da Coty, que todos os detalhes do mundo tinham a devida importância: detalhes.

Mas deixe voltar ao caso do rabisco. Foi um escândalo na família. Era quase hora do ajantarado de domingo quando fui denunciada por alguém. Pai e mãe aflitos, tias e tios, ofegantes e primos felizes com arte de quem era o exemplo para todos.

Crime dos crimes.

Teria sido um desenho semelhante a este:


Mas a parede precisaria ser pintada novamente daquela cor amarelo ocre que se usava muito antigamente e voltou a ser moda. Minha avó, a dona da casa, foi a primeira chegar e elogiar o desenho em seguida veio Venina com uma bala na mão e foi enfática: "não quero que tirem o desenho daí". E ele ficou lá, até que a casa foi toda repintada. Bem , isto é para introduzir o meu tema de hoje: PIXAÇÃO. Noutro dia o Google fez homenagem a ele: Keith Haring e falou sobre seus vários murais, que são grafites em muro e selecionei especialmente este por que foi feito em Pisa, na Itália num apelo à paz mundial:
O mundo gira e se modifica. O tempo passa e se repete e reconstrói. Antigamente era as pinturas nas cavernas, que hoje chamamos de rupestres:
Toca do Boqueirão da Pedra Furada (Pintura escolhida para a logomarca do Parque Nacional da Capivara, no Piauí). Hoje são as expressões do homem urbano que deseja contar sua história para a posteridade. Retornamos à linguagem antiga: a das pinturas, já que a fala, a voz, as letras estão momentaneamente em desuso. Hoje os grafiteiros, nem todos, são conhecidos como designers. E o são. Nicholas Ganz, pintor, grafiteiro e designer alemão escreveu um livro sobre o assunto - "O Mundo do Grafite: Arte Urbana nos Cinco Continentes" (Graffiti World):
O grafiti nasceu como arte contestadora mas hoje é exibida em galerias o que significa que não é arte de protesto mais e sim faz parte do esquema. Veja este caso da Vila Madalena, em São Paulo, onde numa viela com entrada para a rua da Harmonia as paredes são todas grafitadas e as imagens mudam sempre:
Coisa de moleque de rua, anteriormente, o grafite hoje é arte.

O conde de Glasgow, encomendou a dois brasileiros, conhecidos como os Gêmeos - Nina Pandolfo e Nunca - encomendou a eles que grafitasse seu castelo medieval na Escócia. Só que a justiça de lá está processando o Conde.


Mais trabalhos dos gêmeos Em síntese, creio que foi Venina Pantoja, ao dar força à minha pixação quem iniciou esta expressão urbana de arte, Ela e minha avó. Se tivesse podido ler o futuro certamente não teria me dedicado tanto aos estudos e sim ao desenho e ainda curtiria uma boa adrenalina:



sábado, 19 de maio de 2012

FREDZILA - OKONOMIYAKI EM HIROSHIMA

Carlos Frederico Abreu


Okonomi quer dizer ‘o que você quer’, e yaki quer dizer ‘grelhado ou frito’, então Okonomiyaki é exatamente isso, é aquilo que você quer comer, feito na chapa (teppan), na forma de um panquecão.

Diferente da versão comi em Osaka, que mais parece um omelete, o Okonomiyaki de Hiroshima vem em camadas, alternando repolho e udon (macarrão) frito, coberto por um molho escuro, espesso e bastante saboroso. Eu, é claro, pedi o X-TUDO da casa, com frutos do mar, maionese, carne de porco, etc. Muito bom!

O restaurante na estação ferroviária de Hiroshima. O andar inteiro é dedicado ao Okonomiyaki!


O cardápio com fotos das especialidades da casa


Este é o meu!

A cozinheira começa a fazer mais um pedido


Caprichando no udon frito e no repolho! Ao lado, tá saindo mais uma leva. O restaurante estava cheio!



É um prato para samurai!