sexta-feira, 4 de maio de 2012

SONHEI QUE A FAL EXISTIA


Por Elaine Pereira





Lançamento do Livro "Sonhei que a Neve Fervia" de Fal Azevedo, a de rosa, entre amigos (Carol, Suzi, Elaine, Ivan e Giovanna), na Livraria da Vila, ontem, em São Paulo


Há tanto tempo tantas pessoas vinham esperando um evento e ele finalmente se realizou.

Dias antes eu vinha pensando em como conheci a Fal e ela mesma comentou que tinha sido no lançamento do livro anterior, do Minúsculos.

Para mim esse dia foi um divisor de águas porque aquela pessoa que eu lia e não via de repente se materializou na minha frente e mudou a minha vida. Em um ponto todo mundo que conhece a Fal concorda – ela é uma aglutinadora de pessoas.

Eu que vivia na concha de repente conheci pessoas do Brasil todo, umas que já se tinham visto pessoalmente, outras não. Eu perdida não sabia a história de ninguém mas tinha uma ideia da história da Fal.

Com o tempo fui entrando nesse mundo tão surreal, nacional, internacional, enriquecendo ao longo dos meses com o amor e a dor da Fal. Sim, porque sem dor não há Fal. É lamentável para nós que a amamos, mas a dor é tão parte dela que tem que constar.

Durante o percurso houve percalços, nós todos somos humanos e vamos nos desgastando nas arestas que todos temos, perdemos uns, ganhamos outros.

Ontem ao entrar na livraria eu sabia o que sentiria, e o que todo mundo sentiu. Alguns como eu da outra vez eram aqueles que ainda se deslumbrarão com o que vem. Outros voltavam pelo deslumbramento, alguns por curiosidade, outros pelo social, profissional.
Muitas ausências foram dolorosas para os ausentes – mas de novo – somos humanos. E havia no ar aquilo que não é possível definir. A cada abraço de quem não se via há muito tempo apesar de se falar todos os dias – o mundo hoje é pequeno – a emoção parecia espalhar pelo ar, foi impossível entrar lá sem esbarrar na egrégora de emoção que se formou.

As reclamações foram minguando, a alegria de ver, tocar, foi aumentando.

E Fal lá, sentada com o sorriso e os olhos de âmbar distribuindo assinaturas e abraços. Quem nunca ganhou abraço da Fal não sabe o que é abraço.

E então o lugar virou Nárnia, ou Oz, ou o País das Maravilhas, porque é surreal o que se sente nessas ocasiões. De repente não havia mais problema, reclamação, só a alegria imensa profunda e indescritível de ver as pessoas que a Fal reuniu, de ver que da tão profunda dor dela ela foi capaz de criar um amor que se espalha e contagia.

Rever, conversar, esquecer mágoas passadas, prometer, abraçar, dava vontade de sair cantando...

Quem ainda não leu no blog já tem a dica. O livro é profundo. O livro é triste. Mas o que é extraordinário é que ela nos oferece do fundo da dor mais profunda alguma coisa que deve ter sido trazida da nave-mãe (ela ainda vem, nós temos fé) e que nos faz ficar felizes simplesmente por estar lá. Ou aqui. Ou dentro de nós. Ou ao lado dos outros.
Monica Wadt com Giovanna 

Acho que na verdade a nave-mãe não vai poder voltar para buscar a Fal. Alguns seres especiais têm que ser deixados para espalhar o que ela espalhou ontem. Fal, sinto muito, nós não vamos te deixar ir.

E por favor prepare um livro a cada semestre, a gente anda muito precisado de eflúvios extraterrestres.


Fal, Elaine e Gio


Elaine com Silvia Fernandes. Monica Wadt e Marlene



Enfim, a ceia das guerreiras.Marli, mãe da Fal está perto da parede, de blusa vermelha.