quinta-feira, 17 de maio de 2012

SÓ PRA COMEÇAR



Dorothy Coutinho


Está todo mundo puxando o saco do povão, quer dizer o nosso: banqueiros, operadoras de telefonia, empresários, publicitários, emissoras de televisão, jogadores de futebol, obesos mórbidos, pagodeiros universitários, sem contar os pedidos de autógrafos e de empréstimos, entre outros. Mas a glória não nos modificará.

O sucesso do Brasil não nos subirá à cabeça, mesmo no caso de uma reviravolta, e o Tiririca assumir o Judiciário.
Ainda assim, continuaremos as mesmas pessoas simples, alegres ou reflexivas, que éramos antes de ficarmos formidáveis.

Mas isso não quer dizer que não estejamos fazendo planos. Sabemos que não basta atingir a onipotência. É preciso saber o que fazer com ela.

Eu, por exemplo, uma emergente que faz, e apesar da idade avançada, ando pensando maior e mais longe. Vou abrir uma “vaquinha entre amigos”, o mais novo com 70 anos, para juntos, comprarmos uma grande extensão de terra.

Após algumas investigações descobrimos uma bela extensão de terra (que não é indígena), e que seus atuais donos estão tentando vendê-la incluindo a parte construída, por uma ninharia. Quase dado!
Além do terreno que é uma beleza: matas, rios, muito minério, inclusive ouro, algumas benfeitorias, ótimo lugar para passeios e piqueniques, terra de primeira qualidade, provavelmente com petróleo em baixo, pelo preço de pasmem, um quarto e sala sem vaga na garagem. Imperdível!

Mesmo com todo o nosso sucesso econômico e financeiro, com a “vaquinha” fechada entre os amigos, com os empréstimos consignados, com o total das rifas de quermesses de igreja, ou com as vendas de empadinhas das mulheres do grupo, é possível que o total arrecadado não seja suficiente para fazer o negócio.
Já pensamos até numa oferta razoável: dar o cão “Farofa” (de 18 anos de idade) como garantia para que possamos arrematar toda a propriedade.

Esse é o nosso sonho: um lugar que tenha a nossa cara e que seja a nossa casa, e que a gente tenha orgulho de receber visitantes sem ter que estar explicando, a toda hora, a violência, a insegurança, a desorganização na saúde pública, os altos juros, a falta de saneamento básico, a corrupção política, e os etc. Só prá começar.