quinta-feira, 31 de maio de 2012

DIÁRIO DE UMA ADOLESCENTE. QUANDO A SUBJETIVIDADE MUDA...

Por Bianca Monteiro

Ter um certo prazer em afirmar coisas é uma característica típica de um "cabeça-dura". Detesto admitir, mas faço parte disso e tenho certeza que não sou a única. Não gosto de mudar de opinião e evito completamente o tão conhecido "virar casaca", ou como eu mesma digo "trair o movimento". Não sei por que parecer uma pessoa estável é tão importante, mas, não há nada tão difícil quanto me convencer de algo. Queria experimentar essa ideia do "prefiro ser uma metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo"...

A pessoas como eu, digo: é necessário aceitar que não sabemos de tudo, ou conhecemos todos os lados da moeda. Existem diversos modos de ver uma situação, e dependendo de onde nos colocamos nela, alguns ficam ocultos, e outros mais evidentes. A ideia é abrir-se a novas possibilidades, de modo que logo a nossa condição já não influencie tanto no ponto de vista, já que nosso foco já alcança distâncias maiores.

Minha cabeça se assemelha a isso na disposição de memórias.
É até engraçado, depois de bastante tempo (ou até pouco, por mais que isso seja raro pra mim) tudo muda de significado devido às lembranças vividas. Eu, como boa nostálgica, noto isso a todo momento. Ontem mais cedo tive um exemplo claro: a música que eu ouvia tanto no ano passado pra expressar o quão partido meu coração estava (como o nome já diz, "Love Hurts", do Nazareth), era ali cantada por mim e pelo suposto motivo das minhas lágrimas antigas, e atual motivo da minha felicidade. Sorriso antigo, tristeza recente, e vice-versa: o poder das lembranças é tão forte que é capaz de mudar até mesmo uma "cabeça-dura" como eu.

E as fotos que antes foram tão boas de tirar e hoje não temos mais nem vontade de olhar? O álbum composto apenas das mesmas pessoas que hoje você nem entende por que foram parar lá? O livro que antes você gostava mas não leria de novo por não querer lembrar de ninguém que se indentifique com os personagens. Os planos que foram alterados, assim como os sonhos... As vontades que foram surgindo e sumindo sucessivamente. Os novos interesses, as teorias, ideologias... Os filmes que você já não suporta de tanto que contam sobre você e as bandas que você não pode nem ouvir o nome sendo que gostou tanto um dia.

Como a música dos Supercordas, "Meu Vidrinho de Fluidos Oníricos". Guardo minhas amostras não em frascos, mas em linhas.
Com música então, isso é realmente mais fácil de acontecer. A expressão "nossa música" já é previamente destinada a se referir a uma música que nenhum dos dois vai querer ouvir mais no futuro, quando o prazer em lembrar daquilo for nulo (ou não, né). Quantas boas músicas deixamos de gostar por terem sido gastas com pessoas que não eram tão boas assim? Quantos textos e palavras bonitas desperdiçamos pelo mesmo motivo? Olhar o passado só dá uma raivinha quando fomos idiotas em algum momento. Mas a vontade de corrigir inexiste, já que, do contrário, esse aprendizado não teria beneficiado depois de alguma forma. Não importa a hora exata, mas o erro será cometido de um jeito ou de outro se desconhercemos algo e não soubermos lidar, a experiência um dia vai fazer falta.

Andei sentindo tudo isso e achando... Engraçado, apenas. Eu quis tanto não mudar, e quando comecei a prestar atenção e comparar, notei outra pessoa aqui. E estou começando a achar isso bom.