quinta-feira, 10 de maio de 2012

DIÁRIO DE UMA ADOLESCENTE. O GRANDE PROBLEMA DOS PAIS.

Por Bianca Monteiro

Detesto formalidades. Sempre me incomodou a existência daquelas relações sociais que somos obrigados a ter, aquelas pessoas que temos que engolir contra a nossa vontade apenas porque fazem parte da vida de outras com quem convivemos, como se viessem de brinde no pacote... Gente que não escolhemos, mas que vêm junto. E na maior parte das vezes, temos que passar por isso por causa dos pais e familiares em geral. Não consigo me acostumar com essas situações por acreditar muito na individualidade e não conseguir assimilar bem esses conceitos de grupo, de "conjunto". É terrívelmente desconfortável ter que herdar e lidar com suas inimizades, implicâncias, convivências sociais/profissionais, rotina. Não só nesse sentido, mas acho que em tudo, é difícil mesmo viver com outras pessoas por ter que se adaptar aos que os outros gostam ou não, e fica pior com a quantidade de gente. Não dá pra agradar todo mundo ao mesmo tempo, certo? Pois é.

Em outras palavras, não consigo aceitar o fato de que devo fazer ou não algo só porque alguém está com vontade, mesmo se eu não estiver. Depender da vontade alheia. E como filha, amiga, parente/familiar, enfim, é exatamente o que devo fazer, ou pelo menos é esperado que eu faça. Está aí o que de fato me incomoda. Não basta ter que arcar com as minhas escolhas na vida, ainda tenho que aguentar outras e sofrer consequências. E é desfavorável porque, claro, sou eu quem deve seguir os outros, mas aposto que se fosse o contrário, os outros que seguissem minhas vontades, nem perceberiam a diferença. Acho que é exatamente esse o comportamento dos pais... Pois por serem quem comanda, criticam nossa intolerância, mas não percebem que fariam o mesmo se os papéis se invertessem.

Por exemplo, se algum familiar seu brigar em alguma loja, e diz que nunca mais vai entrar lá, você deve fazer parte disso e também não pode mais entrar. Ou se brigar com alguém, e por você ser um parente solidário, também estará automaticamente brigado com aquela pessoa. Ou até o contrário, ele pode fazer amizade com alguém que você não suporta, e você terá que concordar e sorrir.

É realmente mais grave quando, por algum acaso, pegam uma pessoa (ou até mesmo um local, uma instituição) do seu convívio (seja social, profissional, whatever) ignorando esse fato e usando-o para outros fins. Seja o que for, acabaremos, de novo, sofrendo as consequências disso. Os pais deveriam estar cientes disso: todas as suas escolhas nos afetam indiretamente, então, mais cuidado! Não é só porque decidem algo que nós temos fazer também, porém, já que por enquanto não há escolha, calma lá, sem radicalismo, tudo deve ser pensado antes da melhor forma para não criar dificuldades indesejadas aos outros.