segunda-feira, 21 de maio de 2012

Maria Margarita, o Atacama e Waltinho Salles

Por Dade Amorim



Hernán Rivera Letelier. A contadora de filmes. Trad. Eric Nepomuceno. São Paulo: Cosac Naify, 2012.

O deserto chileno deu a Hernán Rivera Letelier a ideia para esse romance ambientado ali, uma paisagem declaradamente sem graça e monótona, que no entanto serviu de cenário para uma história comovedora. Walter Salles, nosso (se me permitem a opinião) maior diretor cinematográfico, escreveu uma espécie de resenha para o livro, e não sei se me atrevo a escrever outra. Isso porque Salles, além de fabuloso nos filmes, é também inspiradíssimo quando escreve, e o texto que preparou para as orelhas do livro é tão perfeito que vocês não devem deixar de ler, caso se interessem pela história.

A heroína Maria Margarita consegue mudar e animar sua vida triste em companhia da família pela habilidade que desenvolve narrando os filmes a que assiste, depois que a mãe os abandona e o pai fica inválido. Quando iniciei a leitura, não imaginei que a narrativa iria crescer tanto e se tornar tão envolvente. Mas vale a pena. Como lembra Salles, há uma possibilidade de transcender a realidade, mesmo quando ela se apresenta áspera como no contexto dessa história.

Caso você se interesse pelo livro, não deixe de ler a resenha das orelhas, que não deixa nada de lado e dá a medida exata do valor desse romance. Além, é claro, de enaltecer o autor da história e mostrar bem detalhadamente a sensibilidade de nosso diretor maior, porque, de cinema, duvido que alguém entenda mais que ele. Por isso, não dá para falar só do livro em si, vocês me desculpem. Embora ele mereça ser lido com atenção e mexa muito com a sensibilidade do leitor.