Hernán Rivera Letelier. A contadora de filmes. Trad. Eric
Nepomuceno. São Paulo: Cosac Naify, 2012.
O deserto chileno deu a Hernán Rivera Letelier a ideia para
esse romance ambientado ali, uma paisagem declaradamente sem graça e monótona,
que no entanto serviu de cenário para uma história comovedora. Walter Salles,
nosso (se me permitem a opinião) maior diretor cinematográfico, escreveu uma
espécie de resenha para o livro, e não sei se me atrevo a escrever outra. Isso
porque Salles, além de fabuloso nos filmes, é também inspiradíssimo quando
escreve, e o texto que preparou para as orelhas do livro é tão perfeito que
vocês não devem deixar de ler, caso se interessem pela história.
A heroína Maria Margarita consegue mudar e animar sua vida
triste em companhia da família pela habilidade que desenvolve narrando os
filmes a que assiste, depois que a mãe os abandona e o pai fica inválido.
Quando iniciei a leitura, não imaginei que a narrativa iria crescer tanto e se
tornar tão envolvente. Mas vale a pena. Como lembra Salles, há uma
possibilidade de transcender a realidade, mesmo quando ela se apresenta áspera
como no contexto dessa história.
Caso você se interesse pelo livro, não deixe de ler a
resenha das orelhas, que não deixa nada de lado e dá a medida exata do valor
desse romance. Além, é claro, de enaltecer o autor da história e mostrar bem
detalhadamente a sensibilidade de nosso diretor maior, porque, de cinema, duvido
que alguém entenda mais que ele. Por isso, não dá para falar só do livro em si,
vocês me desculpem. Embora ele mereça ser lido com atenção e mexa muito com a
sensibilidade do leitor.