sexta-feira, 1 de abril de 2011

MÚSICA, MARAVILHA CURATIVA

Por Esther Lucio Bittencourt

É ... ecletismo é tudo na vida, penso eu. Bom mesmo é gostar de Roberto Carlos, achar Nietzsche uma comadre fofoqueira quando acaba com Wagner e gostar de Wagner. Curtir Cat's, musical composto por Andrew Lloyd Webber, baseado no poema de T. S. Elliot, Old Possum´s. Book of Pratical Cats. Cutir Ella Fitzgerald em Mac the knife cantado de improviso em sua apresentação na Alemanha com Duke Elington. Letra inventada na hora. Mac the knife, é uma peça da ópera dos Três Vinténs de Bertold Brecht e Kurt Weill, que Chico Buarque adaptou como a ópera do Malandro; chorar com Youkali de Kurt Weill; deliciar-se com Diamanda Galas dizendo The Black Cat de Edgar Allan Poe e chorar baixinho com as óperas de minha vida.

Há muitos anos, quando sentia depressão só conseguia sair dela ouvindo um repertório de músicas especiais. Época do Vinil, muitas bolachas perdidas de tanto ouvir e reouvir com os sulcos gastos. Era assim: começava com Frank Sinatra em I'm a foll to want you, depois vinha Ringo no seu álbum solo, após a separação dos Beatles, cantando. Voz rascante e doída. Seguia-se Janis Joplin com Mercedes Benz; após Jimmy Hendrix com Star Spangled Banner. Eita guitarra que nunca mais ouvi igual! E, finalmente Richard Wagner, em Lohengrin, na entrada dos cavaleiros na catedral e, depois, a bolacha inteira, gravação do festival de Bayreuth.

Pronto, estava curada. Mas os vinis se gastaram, o tempo passou e nunca mais convivi com esta tal de depressão, senhora caduca e peçonhenta.

Por estes dias tenho ouvido muito Bola de Nieve e Chavela Vargas. Querem uma prova do sabor da música? São os últimos da lista.

Por falar em sabor da música, andam amargas as aulas na Escola de Música da Prefeitura de Caxambu. Paira no ar a mais solene incerteza. Numa hora a aula de canto é transferida para dia e hora diferentes sem ninguém ser avisado, noutra quando você chega para fazer violino encontra a professora ensinando num banquinho de concreto na varanda do prédio, pois está sem sala.

Ora, se você faz aulas há alguns anos é porque quer aprender. Como, de repente, após ter feito a matrícula, nada funciona? Reclama com Prefeito, reclama com Secretária de Educação e, por fim, reclama com o professor de canto por que o dia de aula mudou e ninguém foi avisado. E, durante a aula, lá vem o professor que deveria ser música só, tirar satisfação com você porque não engoliu tudo calada. Em seguida você precisa cantar algumas notas.

E amanhã, sei lá se teremos alguma surpresa inventada e de mal gosto. Não há como praticar prazer com insegurança.

Por que nada, nesta cidade de Caxambu dá certo? Arre égua!
Que nos salve a música.










Não encontrei the black cat. Ficamos com Litanies de Satan.







E não é só isto. Temos as óperas, as músicas clássicas e como as aulas começaram, prefiro ouvir muito violino para facilitar o aprendizado. Não vamos esquecer do tango habanera de Kurt Weill com Ute Leper, Youkali.