quarta-feira, 6 de abril de 2011

PINDORAMA 10° 0' 0" S / 55° 0' 0" W. VIAGEM A FOZ DO IGUAÇU

Por Esther Lucio Bittencourt


Regina Branco, todos os anos comemora seu aniversário onde os astros indicam melhor sintonia.


Há três anos eles indicaram Foz do Iguaçu como local preferido para uma boa conjunção de sorte. Minha sobrinha mora lá. Então ela me convidou para ir e fomos unir o útil ao agradável, matar saudades de Jaqueline, minha sobrinha , e ver as cataratas.



Ela havia comprado um Berlingo da Citroen, novinho em folha e, neste carro confortável que estreávamos, nos revezamos ao volante até Foz.


Regina Branco
Em Sorocaba nos perdemos. Demos voltas e mais voltas da universidade até uma praça onde havia um posto de gasolina. Perguntávamos onde era a saída para a estrada e as respostas eram evasivas, dobra aqui e depois ali. O aqui e o ali nunca chegavam. Víamos a estrada lá em baixo, mas carro não é avião, decididamente. Por fim pagamos a um motoqueiro que nos libertou do moto contínuo e entramos na Rodovia Castelo Branco.

Sorocaba à noite
Seguimos para Tatuí onde pretendíamos dormir. Antes porém visitamos o Conservatório Dramático e Musical de Tatuí Dr. Carlos de Campos, que já estava fechado, mas admiramos as paredes do lugar onde músicos de todos mundo vêm aprender um pouco mais.

É considerado um dos maiores Conservatório da América Latina, e se destaca no cenário nacional e internacional por sua alta qualidade de ensino.

A lua cheia , enorme, clareava tudo em torno.

No hotel, Regina e eu, antes de deitarmos , resolvemos apreciar a lua que estava um escândalo de enorme.
No dia seguinte, depois de um bom café da manhã seguimos viagem. A próxima parada seria no Paraná, beirando Foz.

Conservatório Musical Dramático de Tatuí
Num ponto da estrada havia obras para duplicação de pistas, precisamos seguir por outro caminho e daí achamos um atalho que nos indicaram. Fomos em frente. Na rodovia havia caminhões aos montes e durante o dia vimos a paisagem de canas de açúcar plantadas no lugar da soja e do trigo, alguns acampamentos dos sem terra com carros e motos estacionados, uma grande piscina num deles e uma faixa anunciando forró para o fim de semana.

Não havia uma casa neste atalho, nada, só o céu, as estrelas, a sólidão infinita de um carro sozinho rolando no asfalto. E a lua. Ops.... onde estava aquele Luão que víramos em Tatuí?

Regina ao volante assustou quando falei que não via a lua enorme, cheia e petulante no céu, como no dia anterior.

Parou o carro e descemos para observar. Nenhum sinal da lua. Somente estrelas e mais estrelas fazendo buracos brilhantes no negrume da noite. Nenhuma casa à vista, nenhum carro. Silêncio e deserto absoluto.

De repente Regina lastimou-se: -Já sei, Esther, o eixo da terra retornou ao seu estado anterior e o mundo acabou. Nossos parentes e amigos, certamente, morreram.

-Regina, não é assim, estamos no fim de sei lá aonde, perdidas neste atalho, mas teríamos sentido o solo tremer, ouviríamos algum rugido da terra retornando ao seu estado de eixo reto, em vez de inclinado, argumentei.

-É sim, Esther. O mundo acabou.

-Bem Regina, já que não tem ninguém em volta vou fazer pipi no mato que não me aguento mais.

E assim obrei.
-Vamos encontrar alguma casa para perguntar, falou Regina aflita.

E fomos.

Rodamos, rodamos, eu satisfeita por não estar mais com a bexiga cheia e Regina ainda aflita tentando usar o celular para falar com alguém que lhe desse alguma esperança de vida.

A esta altura eu ocupava o volante e pensava: vai ver, mesmo nestes baixios sem morros, a lua encontrou um grotão para se escondeu e surgirá na próxima curva. Mas nem curva a estrada tinha. Era uma reta só!

Regina, calada em seu canto, rememorou o passado, sua estadia na India, no Kilimanjaro, de onde trouxe um amor que tangia suas cordas até àquele momento. Ao mesmo tempo lamentava a perda da família e dos amigos.

-O que faremos, Esther, nós duas sozinhas no mundo? Deve haver mais alguém que sobreviveu, você não acha?

- Acho, Regina. Mas só tenho certeza de uma coisa: estamos seguindo por um atalho que pegamos na Rodovia Castelo Branco, via Londrina, até Foz do Iguaçu.

Neste momento, neste exato segundo, uma fímbria de luz amarela revelou o negro que a cobria. A lua saía da sombra da Terra. Era um eclipse. E nós não sabíamos.


Haja risada para gozarmos de nós mesmas e logo logo o atalho desembocou em outra rodovia e deparamos com um hotelzinho de beira de estrada. Passáramos por Medianeira, e estávamos em São Miguel do Iguaçu. Pulamos de São Paulo até lá, evitando o caminho mais longo por Curitiba.

Estava tarde, mas uma sopa nos serviriam. E chás, certamente.

No dia seguinte, por volta das onze horas chegaríamos à Foz do Iguaçu. Estávamos a 50 quilômetros da cidade localizada no extremo oeste do Estado do Paraná, com uma população de 260 mil habitantes e que tem no turismo e comércio suas principais divisas. Iguaçu, em tupi-guarani, significa "água grande". Ocupa uma área de 433,3 km² e está situada na divisa entre Brasil, Argentina e Paraguai, formando um delta na união dos Rios Paraná e Iguaçu.


Na semana que vem tem mais.

Acampamento dos Sem-terra