sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Eunice Kathleen Waymon

Por Esther Lucio Bittencourt

Enquanto leio o "Cemitério de Praga", de Umberto Eco, onde o judeu Froïde, em conversa com Simoni, o personagem que não sabe quem é, - ele grafa froïde assim mesmo, referindo-se à Sigmund Freud-faz com que Freud enobreça o uso da cocaína e enumere suas vantagens, dentre elas a do emagrecimento, da cura da diabetes etc... o que me fez ser tentada ao uso pois preciso emagrecer e retirar o excesso de açúcar do sangue, então senti desejo de comer maça e ao levantar-me resolvi olhar os emails, dar uma passadinha no youtube para ver músicas que amigos ouvem, porque ando cansada do meu repertório, encontro Fernando Niman, mais uma vez, debruçado sobre Eunice Waymon.

Escuto o que ela toca e canta ao vivo na Holanda, ela tão outrora comportada aluna da Juliard, pelo menos era a mensagem que seus produtores ou ela mesma nos passava, ou era assim, quem sabe? e como hoje é dia de música no Primeira Fonte resolvi, antes de comer a maçã escrever sobre ela, enquanto ouço baby brown e outras canções, de uma eunice semi nua, com as vestes transparentes, exibida, despudorada, onde ficou a moça comportada das capas dos vinis, sim, a acompanho desde o tempo dos vinis, onde posava de intelectual, ou virgem suicida: é preciso ter o trabalho de ir ao Youtube e ver "Nina Simone Live in Holland 25 Decembre".

Após a primeira música vem outra sobre três negras, ou quatro, diferentes, assim como são diferentes os pontos de vista o que Lawrence Durrell tão bem explora no "Quarteto de Alexandria" e Gertrude Stein, bem ela não fala sobre pontos de vista diferentes, mas escreveu o livro "Três Vidas" e, Nina Simone me levou ao livro, interessante como uma coisa nos remete a outra e, para ser sincera, sei lá porque cargas d' água deixei o estilo jornalistico de lado, falei Nina Simone? poie é Eunice adotou o Nina como nome artístico e eu sabia até porque Simone, lembrei , em homenagem a Simone Signoret, escritora francesa (veja no Youtube o vídeo: "Interview Simone Signoret").

Vejam os sabores de Nina Simone que então passou a fazer uso excessivo das drogas, veja como está magra, da cocaína, mas mantém a voz impecável, e depois que parou engordou e perdeu a voz, não que faça apologia dos paraísos artificiais, como os chamava baudelaire, mas é uma luta constante manter a voz no bom diapasão, lá isto é, ei-la cantando "Ne me quitte pas" (veja no Youtube), a voz mais rouca oublié les temps de cocaine o que gertrude stein nunca precisou tomar, alguns absintos talvez, que sei? ópio? mas era livre alucinada assim como umberto eco o, o piamontês, consegue desagradar à igreja com "O Nome da Rosa" e agora, os judeus com "O Cemitério de Praga".

Aos 20 anos Nina adota seu nome artístico para poder cantar blue, chamada de música do diabo. Oh, maniqueísmo!

Diz a Wikipedia : e me confirma que a memória ainda que provocada, funciona.

""Nina" veio de pequena ("little one") e "Simone" foi uma homenagem à grande atriz do cinema francês Simone Signoret, sua preferida.

Nina Simone também se destacou e foi perseguida por ser negra e por abraçar publicamente todo tipo de combate ao racismo. Seu envolvimento era tal, que chegou a cantar no enterro do pacifista Martin Luther King. Casada com um policial nova-iorquino, Nina também sofreu com a violência do marido, que a espancava.

Em um breve contato com sua obra, aqueles que não conhecem percebem logo a diversidade de estilos pelos quais Nina Simone se aventurou, desde o gospel, passando pelo soul, blues, folk e jazz. Foi uma das primeiras artistas negras a ingressar na renomada Juilliard School of Music, em Nova Iorque. Sua canção “Mississippi Goddamn” tornou-se um hino ativista da causa negra, e fala sobre o assassinato de quatro crianças negras numa igreja de Birmingham em 1963.

Nina esteve duas vezes no Brasil, gravou com Maria Bethania e seu último show ocorreu em 1997 no Metropolitan. Era uma intérprete visceral, compositora inspirada e tocava piano com energia e perfeição. Morreu enquanto dormia em Carry-le-Rouet em 2003."

Particularmente não gosto da música Feellings mas depois desta interpretação de Nina no Montreux Jazz Festival, consegui gostá-la, mas só lá. Procure por Nina Simone "Feelings" (Montreux Jazz) no Youtube e confira. E tantas mais... tem pérolas imperdíveis por lá.