quarta-feira, 30 de novembro de 2011

COMÉRCIO INTERNACIONAL E CÂMBIO

(imagem Google)



...."Minha monografia é sobre comércio internacional e câmbio"
Laís Niman






Laís, em artigo para o Primeira Fonte, publicado no domingo passado, falou sobre a monografia que está redigindo. Então, como não podia deixar de ser, intervi com perguntas. 
Pedirei que você explique sobre isto: a perda da hegemonia do dólar e sua significância para a economia mundial. Pelo que você explica, as moedas locais têm mais valor do que o dólar. Como isto afeta o câmbio? O comércio internacional? Não precisa ser monografia. Mas algo bem prático e curto que diga respeito ao dia a dia nosso, sabendo que neste momento o Brasil se prepara para enfrentar a crise que ameaça recessão (esta já esta por aqui tem tempo, mas encobrem) e tendo em vista que há um prazo de, no mínimo, 10 anos para recuperação da economia européia.


COMÉRCIO INTERNACIONAL E CÂMBIO


Por Laís Niman






Então, em relação a minha monografia, o assunto é meio polêmico e demanda muitos detalhes técnicos, mas posso fazer uma abordagem mais geopolítica. Acho mais atrativo e menos chato para o leitor.
Na verdade, eu estava estudando sobre o SML - Sistema de Pagamentos em Moeda Local, desenvolvido no MERCOSUL e adotado por Brasil e Argentina (por enquanto). Minha análise, a principio, era intrabloco, sob a perspectiva das regras internas e eu defendia a adoção obrigatória por todos os membros (hoje, o SML é um convenio FACULTATIVO, que os países membros podem utilizar. Por uma série de motivos, minha tese era a transformação do SML em regra cogente.). Enfim, o foco era a integração da América do Sul.
Contudo, o meu orientador, que é meu chefe no núcleo de Direito Internacional que eu coordeno, fez o "favor" de empolgar com o meu trabalho e AMPLIAR o meu estudo. Segundo ele, esse é um dos principais temas da atualidade, mas muito pouco estudado (minha maior dificuldade é a falta de material para escrever. O preço do ineditismo é bem alto). E, sendo assim, eu ampliei meu foco de estudo, que agora é mundial.
É fato que o dólar está indo pro buraco e o sistema de pagamento em moeda local aparece como uma boa alternativa. Agora é essa a minha tese. Por isso estou meio doida... Estou me desdobrando pra estudar tudo! Meu professor  admitiu que a profundidade seria para um mestrado. Mas mesmo assim, estamos fazendo.


Sobre as suas perguntas, posso dizer, muito genericamente, que, ao realizar o comércio exterior em moeda local, elimina-se a necessidade de realizar contrato de câmbio, sendo que as transações se livram das flutuações negativas do dólar (mto constantes, desde a crise de 2008). Além disso, os países aumentam a liquidez das suas moedas; o custo das transações é bem mais reduzido, o que facilita a participação de micro e pequenas empresas no comércio internacional..
As transações em moeda local permitem uma maior aproximação entre os países e familiarizam suas moedas (aumento da integração e, consequentemente, maior robustez do comércio internacional).


Somada à opção do pagamento em moeda local, aparecem outras alternativas ao dólar como, por exemplo, moeda única (euro, principalmente), SDR/DES do FMI, moedas regionais, moeda existente substituta...
Mas não precisa de muito para concluir que não serão frutíferas. O euro também vem se desvalorizando (mas isso é uma outra longa história), com um viés anticrescimento que atropela toda a Europa; o SDR/DES (Direitos Especiais de Saque) do FMI, uma "cesta de moedas", unidade de pagamento para empréstimos concedidos pelo Fundo, poderia, conforme entendem alguns, ser adotado como padrão mundial, mas a cesta é composta por euro, ienes, libras e dólares (SÓ!!!!), ficando moedas expressivas como real e yuan de fora: pode-se esperar que os quatro componentes da cesta aceitem novas moedas? (NÃOOO!!!)...
São apenas alguns comentários para jogar algumas perspectivas do assunto (tipo um "brain storm" rs)..


De fato, a utilização de moedas locais parece bem promissora.. tanto que já se fortalece no âmbito dos BRICS (agora com S maiúsculo heheh). China e Rússia realizam suas transações bilaterais em yuan e rublo, sob o índice Micex; Brasil e Rússia devem ser os próximos.
Uruguai e Brasil já emitiram uma carta de intenções para a adoção do SML...
Mercosul e Índia também pretendem utilizar suas moedas locais...
etc.


Resumindo, em cada canto do mundo, tenta-se dar um jeito para a queda do dólar... Resta-nos analisar a melhor opção, ou, pelo menos, a menos pior!
Mas isso, Esther (e não querendo ensinar o pai nosso pro vigário) é um assunto muito complexo, que envolve inúmeras questões, análises profundas e amplas... E nem entrei no mérito político da coisa!


Com calma, eu posso te mandar um material melhor, decente, mais explicado. Isso são alguns contornos do assunto, bem resumidos e "toscos"!
Uma conversa entre amigos mesmo!


Passando minha monografia, eu estarei mais livre para contribuir!


Até mais!