domingo, 20 de novembro de 2011

SENHORA DO TEMPO - MEU ENCANTO RADICAL

Vera Guimarães

Desde muito menina eu amava ir ao cinema. Era nos filmes que encontrávamos muito do que queríamos ser. As atrizes nos inspiravam com suas roupas, seus cabelos, seu comportamento, seu repertório de personagens. Naquela época eu me espantava com a sensualidade de Sophia Loren, os mistérios de Lana Turner, os peitões de Gina Lollobrigida, o sofrimento de Anna Magnani, as sobrancelhas finas de Greta Garbo. Não, nenhuma delas era espelho para mim.


Em meados da década 1950, uma atriz apareceu e consubstanciou todo o meu ideal de aparência, de atitude, de beleza. Ela era a personificação da garota do Alceu, aquela moça esperta, linda, esportiva, inteligente, espirituosa, trazendo frescor, humor, graça, elegância, refinamento, malícia na dose certa. Era Audrey Hepburn:


 Encantada com ela, eu me fazia a pergunta: “Por que eu não sou assim?” Bem que tentei, mas o máximo que dela consegui me aproximar foi na franja e na gola levantada. Vejam minha fotinha, em sépia, no meio das Audreys. Aquela sou eu aos 14 anos.

À medida que o tempo passava, só crescia minha admiração por A. Hepburn. Nem um pouco original, eu. O mundo a amava. Até hoje vejo seus filmes com enlevo, com carinho, com emoção, com admiração.
Há alguns anos, fizemos uma sessão de ROMAN HOLIDAY, que no Brasil se chamou A PRINCESA E O PLEBEU, aqui em casa. Uma das netas, ainda pequena, com uns nove anos, não resistiu e acabou dormindo. No dia seguinte, ao abrir os olhos, perguntou: “E aí, o que aconteceu com a princesa?” Eu mesma até hoje choro na cena final, um inesquecível show de dignidade dos três personagens, e parafraseio Anna: “Definitely, Audrey!”






Como se não bastasse ser linda e boa atriz, A. Hepburn mostrou ser pessoa sensível e solidária e se engajou em causas humanitárias, principalmente em ações voltadas para a infância, tornando-se embaixadora do UNICEF. Para imitá-la nisso, não basta uma franja ou uma gola levantada. 

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Façam ideia da minha felicidade, então, quando Claudio Luiz, o arquiteto das estrelas, atualmente dedicado também a elaborar ex-libris, sabendo da minha admiração por A. Hepburn, se inspirou na diva para fazer o meu.

Não que eu tenha uma biblioteca que justifique ex-libris, mas eu não poderia perder a oportunidade de ter um desenho feito para mim por Claudio Luiz, poderia?