sábado, 5 de novembro de 2011

FREDZILA - PACHINKO

Carlos Frederico Ferreira de Abreu

Antes de vir ao Japão, alimentava uma vontade enorme por fazer duas coisas, beeeeeeeeeem básicas: uma era cantar num karaokê, a outra jogar pachinko.




Pra minha surpresa, os pachinko palaces que vi não me animaram, e posso estar enganado, mas percebi um ar de reprovação sutil (não poderia deixar de ser) por parte da guia japonesa quanto à minha sugestão de irmos a um.


Além da aparência decadente, penso que o jogo deve provavelmente ser visto como nocivo para a sociedade, coisa que não deve ser incentivada, mesmo como atração turística.

Os pachinkos pelos quais passei ficam isolados, são prédios enormes e sem janelas, à maneira dos cassinos do ocidente, para que se perca a noção do dia e da noite e se jogue continuamente.



Acho que é um dos poucos lugares onde não há proibição formal de se fumar, já que vi vários cinzeiros espalhados.

Fora isso, o barulho frenético das máquinas acaba dando uma dor de cabeça para os não iniciados.
Sei que existe também um sistema hipócrita de troca de bolinhas por produtos e posteriormente por dinheiro (do lado de fora), para manter as aparências de um jogo 'legal'.


Já li um entendido em pachinko rebatendo a crítica de que o jogo não é apenas um pinball na vertical, pois no pinball o jogador trava uma batalha contra a morte, representada pela perda da bola (vida) nos buracos ‘fatais’. A luta é por manter-se ‘vivo’.

Já no pachinko,  há uma representação zen, pois multiplica-se aquilo que se tem para ser melhor (mais rico), já que o jogador começa com poucas bolinhas e é bem sucedido quando consegue sair com muitas mais do que entrou.

A queda contínua das bolas, num fluxo equilibrado, como uma corrente, acompanhada de sons e luzes, induz o jogador a um estado de percepção alterada, um mantra eletrônico viciante.


Eu sei é que como qualquer outro jogo, e deve ter causado sua parcela de sofrimento.
Não é a cara do Japão que se deseja vender para turistas, com certeza.