quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

HELLO, DOLLY. FIQUE PEIXE E DIGA ALÔ!

Por Dorothy Coutinho

Amigas e amigos,

imagem: blog tride3
Não tem como não se estressar. Os canais da TV aberta até que têm se esforçado para humanizar a ralé, mudando de pele, melhorando suas programações, principalmente nos pacotes de filmes exibidos, onde podemos notar somente 40% de violência e 40% de cenas de sexo no ar. Todos em horários aprovados pelas nossas crianças! Os outros 10% – “aprenda a cozinhar sua burra” – são exibidos no horário matutino.


Já no aspecto artístico e cultural da programação das empresas de TV por assinatura, a cabo, satélite, rádio, telefone, assinatura, lamparina, luz de vela, etc, para aqueles 20.000 filmes, em geral americanos, peloamordedeus, nem as crianças ao Norte de Katmandu aguentam mais.

Todos os idiotas deste País já apareceram ou irão aparecer nas telas desses canais com slogans publicitários tipo: “Isso é Cinema”, momento em que até os telespectadores mais passivos têm vontade de gritar em uníssono: “Vai tomar no rabo”. Ligeiramente vulgar e intelectualmente pobre, eu sei.

Acontece que os gênios das operadoras costumam nos encaixar em pacotes nunca solicitados ou mudam o nome dos canais assim sem mais nem menos. O canal Macunaíma, por exemplo, passa a se chamar Premium, o canal Iracema vira Emotion, Happy, Classic, o escambau, e por aí vai, sempre oferecendo os elementos básicos para os pobres entenderem a língua mãe! De modo que quando algum débil mental sorridente disser; “TV Emotion, that’s cinema” fique peixe para responder; “Fuck you, mother fucker”.

A relação de amor e ódio com as operadoras e prestadoras de serviços no nosso país tem sido um nó entre nós. É só dar uma olhada nas colunas de reclamações dos jornais. Sejam serviços de Internet, telefonia fixa, celulares, TV a cabo e outros, cartões de crédito, energia, água, disque-hambúrgueres, SAC (saco cheio?), disque- pizzas, etc.

Elas parecem saber da nossa necessidade aliada à nossa burrice ao assinarmos os seus elaborados contratos leoninos. Sabem também que essa burrice dispensa manutenção. Daí o retorno às nossas solicitações estar sempre aquém do mínimo exigido na cartilha do “direito do consumidor”. São as discagens plantadas propositadamente erradas, as longas esperas, os sacos e as sacolinhas cheios, pipi nas calças, ausência de informações, valsas de Strauss, e no final, as contas altíssimas. Tudo parte de um plano de tortura para testar a nossa paciência. Tudo graças à privatização sem critérios na avaliação do item prestação de bons serviços.

Se de um lado nosso povo vem elevando sua cultura ouvindo as valsinhas ao telefone, por outro lado, após ligarmos para os SAC’s – também conhecidos como Fodafones – o maior aglomerado da telefonia instalado no Brasil, nos transformamos num povo dinâmico. Ficamos sempre com os bagos alertas já que a qualquer momento alguém poderá atender a sua oitava discagem, no oitavo número de telefone, que a oitava atendente com voz enlatada no gerúndio, te passou. Basta passar nesse tipo de teste de paciência à distância!

E aí, então. Ufa! Tudo vai se resolver. Até que enfim. Nesse momento respire fundo, conte até 10, fique peixe. Quer dizer: fique frio, teiquirize, não se destempere e diga alô!