Por Ana Laura Diniz e Esther Lucio Bittencourt
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Myriam: sumidade em barroco no país |
Profunda conhecedora do barroco brasileiro, Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira, mestre e doutora em arqueologia e história da arte pela Universidade Católica de Lovaina na Bélgica, pós-doutora pela Universidade de Londres e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro-IPHAN, foi ao Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos do Arraial das Congonhas do Campo (MG), com alunos, para uma aula expositiva em frente às obras (ainda restantes) de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Tivemos a sorte de percorrer as imagens ao lado da Myriam, que posteriormente, durante um café com pão de queijo, no Hotel Colonial, concedeu uma rápida entrevista para o Primeira Fonte.
Contou-nos ela que Aleijadinho esculpiu todas as 64 imagens dos Passos de Congonhas em três anos e meio, mas só posteriormente é que as esculturas receberam o acabamento da pintura e dos olhos de vidro. “Do ponto de vista arquitetônico, a Capela da Ceia supera todas as outras em qualidade de execução e acabamento”, disse.
Segundo Myriam, a identificação dos apóstolos apresentam alguma dificuldade. “Apenas Judas, Pedro, Tiago Maior e João podem ser reconhecidos com segurança”, explica.
HOJE, A PARTIR DE ONTEM
Simone Ribeiro, pintora consagrada, moradora de São Lourenço (MG), inspirou-se nas cores e nas formas barrocas para produzir o que a Myriam denominou de “barrocão”.
Um dos seus trabalhos mais recentes, batizado como Aleijadinho Pop, reuniu quatorze pinturas inspiradas nos Passos da Via Sacra, de Aleijadinho, e sete conjuntos esculturais: Ceia, Horto, Prisão, Flagelação, Coroação, Cruz às costas e Crucificação (confira as imagens reais no ensaio fotográfico).
Ela pinta a partir de desenhos que faz de fotografias. Eles são recobertos por massa acrílica e, depois, pintados com cores vibrantes, resultando em textura, volume e maior dramaticidade às obras.