sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Falando de jazz

Por Jorge Carrano

O post de estréia deste que assina foi sucesso de critica, mas foi fracasso de público. Pouca gente visitou, embora meus apelos junto aos familiares.

Prometo que em minha próxima entrada deixarei de lado os prolegomenos e entrarei nos finalmente.

Afinal, preciso de tempo para me organizar, tendo em vista a surpresa do convite e, mais ainda, da aceitação.

Já preparei até a pauta: minhas primeiras intervenções, para valer, serão:

Jazz para iniciantes (vou começar bem light); Jazz no cinema; e As grandes divas. Tudo na visão particular do blogueiro. Isto se não for sumariamente demitido antes.

Como não tenho tudo de memória, terei que consultar meus alfarrábios, contracapas de LPs, encartes de CDs e outras fontes, para confirmar dados e não cometer equívocos.

Hoje o texto ainda vai, como diria meu amigo Castelar, “no correr da pena”, de improviso.

Prometo a mais absoluta honestidade. Se não ouvi ou não assisti, não darei palpite. Posso indicar fonte, mas sem opinião.

Outra coisa é que não estabelecerei discussões retóricas, tipo quem foi a melhor? Ella Fitzgerald ou Billie Holiday? Cada um tem suas escolhas e devem ser respeitadas. Adianto que para mim são muitas as melhores, cada uma no seu estilo, no seu momento.

Alberta Hunter
Alberta Hunter
A linha editorial do Primeira Fonte é politicamente correta. Deduzo pela leitura do post assinado pela jornalista Ana Laura Diniz, que de forma abrangente discorreu sobre Alberta Hunter e sua carreira. É que na aludida entrada, publicada no dia 9 último, a Autora menciona que a cantora era afro-descendente.

Aqui, quando de minha lavra, se passar pelo copy-desk, se e quando necessário, e por vezes será, mencionarei a cor negra, com o maior respeito.

Vou fazer uma inconfidência. Com raras exceções, as melhores cantoras do gênero são negras. Minha mulher um dia comentou ao telefone com meu filho mais novo, que perguntou por mim, “seu pai está lá ouvindo as negas dele”. O chiste não tem caráter discriminatório, pejorativo, ofensivo ou seja lá o que for. A verdade é que tenho a maior paixão pelas “minhas negas”: Ella Fitzgerald, Billie Holiday, Nina Simone, Sarah Vaughan, Bessie Smith, Lena Horne (mulatinha, vá lá) e tantas outras intérpretes do cancioneiro americano em geral, e de blues, e jazz em especial que serão aqui enfocadas. Inclusive Alberta Hunter, como já mencionei acima, brilhantemente apresentada aos leitores pela Ana Laura. Se você não a conhecia fique tranqüilo, não se envergonhe, pois não é nenhum pecado. Mas siga o conselho e procure ouvir.

Algumas das fotos das capas dos discos que ilustram a matéria supramencionada, revelam uma velhinha, corcundinha e com a cabeça branca. Lembraria, mal comparando, a nossa Clementina de Jesus. Mas o registro vocal. Ah! Quanta diferença. (Bozzano). Era difícil acreditar que da garganta daquela velhinha de aparência frágil, saísse aquele vozeirão potente.

Bem, ela não nasceu velhinha para o mundo artístico. É que teve duas fases distintas. Esteve anos afastada dos palcos e dos estúdios, e quando retornou sua voz era outra. Inteligentemente voltou cantando de forma mais, digamos, recitativa, pronunciando cada sílaba, à lá Nat King Cole.

A canção abaixo é uma das minhas prediletas, na voz de Alberta Hunter. Também a gravaram, em boas interpretações, Frank Sinatra e Bing Crosby.


Wrap Your Troubles In Dreams

When skies are cloudy and grey
They're only grey for a day
So wrap your troubles in dreams
And dream your troubles away

Until that sunshine peeps through
There's only one thing to do
Just wrap your troubles in dreams
And dream all your troubles away

Your castles may tumble (that's fate after all)
Life's really funny that way
No use to grumble, smile as they fall
Weren't you king for a day?

Just remember that sunshine
Always follows the rain
So wrap your troubles in dreams
And dream your troubles away

Your castles may tumble (that's fate after all)
Life's really funny that way