sábado, 1 de janeiro de 2011

DILMA CONVOCA A OUSAR, SONHAR E CRIAR NO GRANDE SERTÃO E VEREDAS QUE É O BRASIL

Por Esther Lucio Bittencourt

Na República como no Império: Dilma passa em revista
a tropa dos Dragões da Independência 
Quando John Lennon, na música God, disse que o sonho acabou, numa frase em que se referia aos Beatles, o mundo decretou, in totum, a morte do sonho.
Hoje, dia 1 de janeiro de 2011, a presidente do Brasil, Dilma Roussef, que viveu intensamente os anos de sonho e de chumbo, apoiada em Guimarães Rosa, decretou em seu discurso de posse que é preciso sonhar, ousar e criar. Concluiu com a frase de Guimarães Rosa, em seu “Grande Sertão e Veredas”: "O correr da vida embarulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem".

Ainda usando palavras de Rosa, ela informa que o "o que tem de ser, tem muita força".


Em seu discurso de posse ela conclamou o povo brasileiro a convocar o sonho, a ousadia e a criatividade para construir um Brasil mais justo. Está na contramão da proposta de Lennon ao avisar que o sonho acabou. Ela propõe exatamente o contrário: o retorno à coragem de sonhar.

Falou sobre a maciez da seda da faixa presidencial que cingirá, pela primeira vez, os ombros de uma mulher e informa que: “Não faremos a menor concessão ao protecionismo dos países ricos que sufoca qualquer possibilidade de superação da pobreza de tantas nações pela via do esforço de produção.”

Cingirá.... uma palavra macia a acompanhar uma mulher que é considerada firme, energica, dura. Mas o aço é duro e dúctil. Com sua dureza pode investir contra inimigos, com sua ductibilidade pode ganhar formas diversas.

Esta seda macia da faixa presidencial foi retirada dos ombros do ex-presidente Lula por sua mulher, Marisa. Parece que faltou ousadia ao torneiro mecânico que inventou, redescobriu, ousou o Brasil, saiu do poder com 86% de aprovação popular e fez de Dilma Rousseff  sua sucessora, de realizar o gesto. A faixa foi colocada na nova presidente com muita rapidez; a saída do parlatorio foi abrupta: havia risco de choro convulsivo.

A mulher presidente que solicita receber a centelha de energia que carrega todas as mulheres disse ainda que: “No Ensino Médio, além do aumento do investimento público vamos estender a vitoriosa experiência do PROUNI para o Ensino Médio Profissionalizante, acelerando a oferta de milhares de vagas para que nossos jovens recebam uma formação educacional e profissional de qualidade.


Mas só existirá ensino de qualidade se o professor e a professora forem tratados como as verdadeiras autoridades da educação, com formação continuada, remuneração adequada e sólido compromisso com a educação das crianças e jovens.


Somente com avanço na qualidade de ensino poderemos formar jovens preparados, de fato, para nos conduzir à sociedade da tecnologia e do conhecimento.


Pela primeira vez o Brasil se vê diante da oportunidade real de se tornar, de ser, uma nação desenvolvida. Uma nação com a marca inerente da cultura e do estilo brasileiros - o amor, a generosidade, a criatividade e a tolerância.


Uma nação em que a preservação das reservas naturais e das suas imensas florestas, associada à rica biodiversidade e a matriz energética mais limpa do mundo, permitem um projeto inédito de país desenvolvido com forte componente ambiental.


O mundo vive num ritmo cada vez mais acelerado de revolução tecnológica. Ela se processa tanto na decifração de códigos desvendadores da vida quanto na explosão da comunicação e da informática.


Temos avançado na pesquisa e na tecnologia, mas precisamos avançar muito mais. Meu governo apoiará fortemente o desenvolvimento científico e tecnológico para o domínio do conhecimento e a inovação como instrumento da produtividade.


Mas o caminho para uma nação desenvolvida não está somente no campo econômico. Ele pressupõe o avanço social e a valorização da diversidade cultural. A cultura é a alma de um povo, essência de sua identidade.


Vamos investir em cultura, ampliando a produção e o consumo em todas as regiões de nossos bens culturais e expandindo a exportação da nossa música, cinema e literatura, signos vivos de nossa presença no mundo.


Em suma: temos que combater a miséria, que é a forma mais trágica de atraso, e, ao mesmo tempo, avançar investindo fortemente nas áreas mais sofisticadas da invenção tecnológica, da criação intelectual e da produção artística e cultural.”


A presidente Dilma Roussef que tropicou por três vezes no português, cansou, chorou e sabe que terá grandes sertões, veredas, estradas vicinais, mataburros, porteiras, riachos, e pouco oásis a percorrer na sua costura política e econômica para cumprir suas promessas deixa-nos o eco se suas palavras claras, quase escandidas do primeiro discurso presidencial.


Nós, povo, dizemos apenas uma palavra: amém. E vamos ousar, criar, inventar e sonhar: meu sonho é de que poderemos ser um país mais justo e honesto. Sonho firme. Pois meu sonho será realidade.