domingo, 16 de janeiro de 2011

NA DESGRAÇA, A HUMANIDADE PODE MELHORAR. ENTREVISTA COM ANA TERESA DREUX.



 Por Esther Lucio Bittencourt

A Profª. Dra. Ana Teresa Doria Dreux, Vice Presidente e Diretora de Ensino do Instituto Hahnemanniano do Brasil, do qual foi presidente, Professora Adjunta e Livre Docente de Clínica Homeopática da UNIRIO (www.ihb.com.br), desenvolveu fórmula homeopática de vacina contra a dengue à pedido da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. Também desenvolveu vacina e tratamento para a gripe H1N1.

Um amigo meu contagiou-se com o H1N1. Durante uma tarde usou o tratamento contra a gripe. À noite já estava sem febre e dores no corpo.

Ela acredita que “todo o dinheiro que foi, e é empregado na máquina de guerra, neste século e num futuro mais próximo que se imagina, será utilizado para total mudança nos paradigmas existenciais, como fontes de energia sustentáveis e não poluentes, construção de cidades modelos organizadas e o mais possível auto suficientes.

Vivemos nos mesmos padrões de construção medievais: agrupamentos sem coerência e planejamento, na época assolados pelas guerras feudais. O medo do inimigo humano se transformará no medo das calamidades naturais e o Homem exercerá sua ilimitada criatividade e despertará para o amor planetário e para com  seu semelhante", diz Ana Teresa.

Em leitura ao jornal O Globo, de 14 de janeiro de 2011, a professora ainda conta sobre a análise feita: "agosto de 1945 foram lançadas duas bombas atômicas sobre duas cidades no Japão. Na noite de 12 de janeiro de 2011, a tempestade que arrasou cidades e municípios serranos, pode ser considerada uma super célula que libera energia equivalente a 20 mil toneladas de dinamite por segundo. Isto é semelhante à bomba que arrasou Nagasaki".


Ela sugere precauções no trato com feridos, incluindo os alimentares, para evitar epidemias.

Primeira Fonte - Que epidemias poderemos esperar após as chuvas e deslizamentos de terra e concomitante destruição de várias cidades do estado do rio, por lama e inundação?

Ana Teresa - Prezada Esther, agradeço a confiança, não sou epidemiologista mas posso fornecer algumas informações:

Epidemias e doenças possíveis por contato com água suja: impetigo (infecção na pele), leptospirose (quando a urina de rato se mistura à água suja e entra pela pele), tétano (quando houver ferimentos), sarnas e micoses, hantavirus.

Por beber água contaminada ou alimentos que entraram em contato com ela: diarréias, salmoneloses, tifo, hepatite A, hepatite E, doença de Chagas, cólera, verminoses, amebiase, giardíase e a própria leptospirose. Por vetores que colocam seus ovos na água: dengue e febre amarela (há vacina).

PF - Como prevenir estas doenças?

AT - PREVENÇÃO: claro que é impossível dizer para as pessoas não entrarem em contato com a água suja e a lama nesta situação de catástrofe,  mas, principalmente, os funcionários que são encarregados de limpeza e os abnegados voluntários, devem proteger-se ao máximo com botas de borracha, luvas e máscaras. A água, se não for mineral, sempre que possível, deve ser fervida. Evitar comer saladas. Lavar os recipientes, latas e caixinhas de leite que podem ter ficado estocadas em locais onde entrou água, antes de abri-los. Usar água sanitária ou cloro  para lavar as caixas d'água. Tomar vacinas quando não as tomou antes, e o governo irá  providenciar neste sentido. Combater os focos de mosquitos. Uma maneira simples e barata é colocar borra de café em ralos e calhas onde a água pode ficar parada e não se percebe.

Quanto a ferimentos, imediatamente lavá-los com água e sabão, passar água oxigenada 10 volumes, mas somente uma vez porque depois ela atrapalha a cicatrização, povidine ou outro antisséptico disponível e fazer um curativo protetor. Sempre que possível, use luva descartável para não entrar em contato com o sangue do ferido.

PF - A  modificação climática que ocorre no planeta, provocando o degelo de várias camadas antiquíssimas e atuais das calotas polares e dos picos nevados, que caem em forma de chuva por condensação de vapores dos mares e dos rios, podem ressuscitar antigas doenças para as quais não temos o organismo preparado?

AT - Quanto a ressuscitar antigas doenças não o creio pois para as principais como a varíola, a febre amarela, a paralisia infantil, a difteria, o tétano e outras já existem vacinas.

O que pode acontecer é surgirem cepas de super virus e bactérias por conta da modificação do clima pelo aquecimento global, resistentes aos antibióticos circulantes por uso e abuso dos mesmos antibióticos e que não responderão aos tratamentos existentes. 

A melhor prevenção é estimular a imunidade natural do organismo. Educar a população a se alimentar com o máximo de alimentos com bons  nutrientes e de baixo custo,  que existem aqui no Brasil. A  farinha da folha da mandioca, a farinha da casca do maracujá, o uso de limão e todas as frutas silvestres que encontrarem,  além  da jaca,  do abacate,  do abacaxi, (cujo chá da casca é ótimo para reumatismos e diurético), acerola, graviola, goiaba, coco e sua água, o caju e sua castanha, a castanha do Pará, o açaí, o maracujá (calmante e anti hipertensivo), amora,  cujo chá das folhas é maravilhoso para fogachos e outros transtornos da menopausa substituindo os  hormônios, dispendiosos e cheios de efeitos colaterais.

Evitar de todas as maneira desperdiçar seu dinheiro comprando refrigerantes e comida industrializada e cheia de gordura trans como biscoitos, achocolatados, embutidos, sucos e sopinhas industrializadas para bebês, gelatina (corante e açucar), miojo, tabletes de caldo de carne e galinha.

Procurar ingerir proteína de boa qualidade como o feijão preto temperado com louro, alho e cebola, ovos, carne de sol, frango de quintal, em vez de presunto, mortadela, salsicha, etc. É preferível até ingerir sardinha em lata na falta de outras opções.

As partes menos nobres da vaca e de menor custo, como músculo e dobradinha tem o mesmo valor protéico que outros cortes bem mais caros. Procurar ter em seus quintais uma pequena horta com limão galego, banana,  couve, taioba, xuxu, jiló, abóbora, batata doce, aipim, etc, e  temperos curativos como gengibre, o primeiro dos vegetais anti inflamatórios, cidreira, hortelã, boldo, etc, pois já escreveu Pero Vaz de Caminha: "em se plantando tudo dá..."  

A pessoa que tomar todos os dias um refresco batido com água, suco de um limão e uma colher de chá de gengibre picado, previne-se de gripes ou resfriados. Pode-se acrescentar uma maçã e ou uma fatia de abacaxi. O melado de cana e a rapadura são ótimas fontes de minerais e ferro. O mel, deve ser usado em vez do açúcar.

A população deve cada vez mais ficar independente de recursos que falham imediatamente nas catástrofes como eletricidade, comunicação e abastecimento. 

A não muito longo prazo a população SERÁ OBRIGADA a mudar hábitos obviamente fatais como jogar lixo na natureza. Organizar-se para separar o lixo, colocá-lo em local próprio, exigir coleta seletiva para lixo reciclável .

Quanto ao clima, que tende a piorar, prevenir-se tendo em casa algum material simples de primeiros socorros, velas e fósforos, lanternas que não precisam de pilhas (que já existem no mercado e são de baixo custo), cordas, e levar consigo como nas guerras uma identificação como uma pulseira de metal ou medalha, principalmente para as crianças que se perdem e não sabem informar seu nome e o dos pais.

Isto parece cruel e extremo, mas o que estamos presenciando neste começo de 2011 é uma realidade que excede qualquer filme de catástrofe pela extensão do panorama de horror estampado nos noticiários.

No entanto, devemos pensar que nada é pior do que a guerra e que no século XX, tivemos duas grandes guerras onde o Homem destruía o próprio Homem e a natureza,  onde imperava o ódio e o terror.

Nas catástrofes, surge a solidariedade e o amor abnegado ao próximo, e talvez seja esta a lição que a humanidade terá que aprender no século que se inicia.