Telinha Cavalcanti
É difícil escrever um texto sobre a cantora Amy Winehouse sem cair em clichês. Parece que todo mundo já disse tudo sobre ela, então vou começar do começo.
Amy Winehouse só tinha 27 anos e dois discos lançados quando foi encontrada morta em sua casa, em Londres. Seus últimos anos de vida foram cercados pelos papparazzi: os tablóides londrinos se refestelavam em seus porres, em sua crescente fragilidade física e mental. A maldade humana tem muitas formas, e o prazer em ver uma jovem talentosa se transformando em farrapo é uma delas.
Repito: é muito difícil escrever um texto sobre Amy Winehouse sem cair em clichês. Sua própria trajetória musical tem precedentes: branca com voz e repertório de negra, Amy se junta a Janis Joplin e a Elvis Presley na categoria grande talento que morre cedo por conta de drogas.
Com apenas dois discos lançados, esta comparação não é pouca.
Amy Winehouse tinha um visual marcante, uma voz poderosa e compôs músicas onde o soul, o rythm & blues e o jazz se encontraram com o século 21, em apenas dois discos - Frank, de 2003 e Back to Black, de 2006, criou tal impacto que influenciou a cena musical britânica e mundial, trazendo o soul de volta às paradas - e isso tudo numa época em que cantores e cantoras são fabricados pelas gravadoras com base em tabelas de mercado consumidor.
Infelizmente, a ascensão, o apogeu e a queda da cantora foram rápidos demais. O casamento com Blake Fielder-Civil, fonte de inspiração, problemas com a polícia e brigas, acabou logo. As internações em clínicas de reabilitação se sucederam - e, durante um período na Jamaica, surgiram boatos que ela já estava compondo o material de seu terceiro disco. O último show de Amy Winehouse, na Sérvia, foi marcado por sua incapacidade de permanecer no palco e muitas vaias do público, o que causou o cancelamento da sua turnê européia.
Sua gravadora não se pronunciou sobre o material inédito deixado, embora já tenha sido divulgado que uma de suas últimas gravações foi um dueto com Tony Bennet que será lançado no álbum Duets II do cantor.
Seu pai, Mitch Winehouse, anunciou, durante o funeral da cantora, os planos para criar a Fundação Amy Winehouse, em benefício de pessoas que lutam contra as drogas, apoio a crianças e também a animais.
domingo, 31 de julho de 2011
sábado, 30 de julho de 2011
FREDZILA - UMA VIAGEM AO ANTIGO JAPÃO
Carlos Frederico Abreu
Ryokan
Muitos tem curiosidade a respeito das casas japonesas. É natural que, com a ocidentalização, o Japão tenha abandonado antigos hábitos e hoje, na prática, uma casa japonesa já não se diferencia tanto assim daquilo que conhecemos no Brasil. Uma estadia em um hotel tipicamente japonês (ryokan), permite-nos reparar no que mudou nos últimos 50 anos.
Durante a viagem, tive a opotunidade de me hospedar em um ryokan na cidade de Atami. É uma cidade pequena (40 mil habitantes), que fica encravada entre as montanhas e o oceano Pacífico (golfo de Sagami), e seu nome quer dizer, em japonês, "mar quente": a cidade é famosa por suas águas termais.
Ao chegar no Ikeda Ryokan, fomos levados por senhoras, empregadas do hotel, que mostraram onde ficava o yucata (um quimono leve), como usá-lo, etc. Deixaram ao chão alguns zabuton (almofadas para sentar). É um costume que elas ensinem e ajudem os hóspedes, estão ali para isso mesmo e seria desrespeitoso dispensá-las.
Uma mesa posta para o chá nos aguardava.
Seguindo a tradição, tiramos os sapatos e calçamos as sandálias: o piso é coberto por tatames, e, por conta disso, não se utilizam sapatos dentro do quarto. Eles ficam em um móvel baixo na entrada e devem ficar virados para frente (dá para perceber que meu colega de quarto não sabia disso.) Depois, vestimos o yukata.
O chuveiro, a pia e o banheiro são separados, o que é bem prático. Este ryokan oferecia, além de água quente e fria, águas termais. Antes de entrar propriamente no ofurô, a pessoa precisa se banhar do lado de fora, para não sujar o ofuro com sabão ou xampu; os japoneses não compreendem como nós, ocidentais, ficamos "de molho" na água suja da banheira...
No banheiro (ocidental), a gente encontra chinelos, pois não se pisa descalço no chão.
As portas corrediças no interior do quarto se chamam fusuma, quando opacas, ou shoji, mais leves e quase transparentes; são feitas com papel de arroz (washi) e não têm fechos ou trancas.
Como se trata de um ryokan mais moderno, contava com frigobar, televisão e telefone. Como é possível ver na foto, na varanda há uma pia. Fechando as portas, a pessoa que dorme não é importunada… prático, não?
Por volta das 18:00, as funcionárias do ryokan entram no quarto e preparam as camas, que consistem em colchões macios (futons) que ficam guardados nos armários durante o dia.
Para quem não está familiarizado com os procedimentos e a rígida etiqueta (eu, por exemplo, sempre me confundo na hora de amarrar a faixa que prende o yukata), os ryokans podem parecer intimidantes, mas é uma oportunidade para se mergulhar no passado. Uma noite em um quarto como este, você se sente transportado para o tempo dos samurais… vale muito a pena!
Além disso, existe um ditado japonês que diz: “Gou ni itte wa gou ni shitagae” (Faça, na vila, igual aos que nela moram), algo como “Em Roma, aja como os romanos”.
Ryokan
Muitos tem curiosidade a respeito das casas japonesas. É natural que, com a ocidentalização, o Japão tenha abandonado antigos hábitos e hoje, na prática, uma casa japonesa já não se diferencia tanto assim daquilo que conhecemos no Brasil. Uma estadia em um hotel tipicamente japonês (ryokan), permite-nos reparar no que mudou nos últimos 50 anos.
Durante a viagem, tive a opotunidade de me hospedar em um ryokan na cidade de Atami. É uma cidade pequena (40 mil habitantes), que fica encravada entre as montanhas e o oceano Pacífico (golfo de Sagami), e seu nome quer dizer, em japonês, "mar quente": a cidade é famosa por suas águas termais.
Ao chegar no Ikeda Ryokan, fomos levados por senhoras, empregadas do hotel, que mostraram onde ficava o yucata (um quimono leve), como usá-lo, etc. Deixaram ao chão alguns zabuton (almofadas para sentar). É um costume que elas ensinem e ajudem os hóspedes, estão ali para isso mesmo e seria desrespeitoso dispensá-las.
Uma mesa posta para o chá nos aguardava.
Seguindo a tradição, tiramos os sapatos e calçamos as sandálias: o piso é coberto por tatames, e, por conta disso, não se utilizam sapatos dentro do quarto. Eles ficam em um móvel baixo na entrada e devem ficar virados para frente (dá para perceber que meu colega de quarto não sabia disso.) Depois, vestimos o yukata.
O chuveiro, a pia e o banheiro são separados, o que é bem prático. Este ryokan oferecia, além de água quente e fria, águas termais. Antes de entrar propriamente no ofurô, a pessoa precisa se banhar do lado de fora, para não sujar o ofuro com sabão ou xampu; os japoneses não compreendem como nós, ocidentais, ficamos "de molho" na água suja da banheira...
No banheiro (ocidental), a gente encontra chinelos, pois não se pisa descalço no chão.
As portas corrediças no interior do quarto se chamam fusuma, quando opacas, ou shoji, mais leves e quase transparentes; são feitas com papel de arroz (washi) e não têm fechos ou trancas.
Como se trata de um ryokan mais moderno, contava com frigobar, televisão e telefone. Como é possível ver na foto, na varanda há uma pia. Fechando as portas, a pessoa que dorme não é importunada… prático, não?
Por volta das 18:00, as funcionárias do ryokan entram no quarto e preparam as camas, que consistem em colchões macios (futons) que ficam guardados nos armários durante o dia.
Para quem não está familiarizado com os procedimentos e a rígida etiqueta (eu, por exemplo, sempre me confundo na hora de amarrar a faixa que prende o yukata), os ryokans podem parecer intimidantes, mas é uma oportunidade para se mergulhar no passado. Uma noite em um quarto como este, você se sente transportado para o tempo dos samurais… vale muito a pena!
Além disso, existe um ditado japonês que diz: “Gou ni itte wa gou ni shitagae” (Faça, na vila, igual aos que nela moram), algo como “Em Roma, aja como os romanos”.
sexta-feira, 29 de julho de 2011
FESTIVAL DE AGOSTO DE SÃO LOURENÇO
Cidade do Sul de Minas Gerais, durante a festa de agosto, nao Parque Municipal Ilha Antonio Dutra acontecerá a tradicional festa da cidade, com rodeios, Showa, Parque de Diversões e Praça de Alimentação de 2 a 11 de agosto. A segunda etapa do curcuito mundial de Parapente , será de 5 a 7. O Festival Internacional de Corais será apresentado em várias localidades da cidade com temáticas e palestras no sétimo festival de regência de coral, além de concurso de coros e consertos sociais.
A reunião destes eventos constitui o Festival Ameride, que recebeu este nome em homenagem à população indígena e negra escrava nas Américas que formaram a cultura deste continente.
A reunião destes eventos constitui o Festival Ameride, que recebeu este nome em homenagem à população indígena e negra escrava nas Américas que formaram a cultura deste continente.
quinta-feira, 28 de julho de 2011
OS PARADOXOS DE MARCEL PROUST
Por Dade Amorim
Foto: Google Images |
Já adulto e escritor, Marcel Proust via segundas intenções em excesso nos aristocratas dos salões que frequentava. Em troca, entre os habitués desses salões, ele mesmo era incompreendido. O formalismo do escritor fazia-o obedecer a um código, de acordo com o qual ele, nunca bem integrado com seus hóspedes, não se sentava à mesa com eles. Preferia jantar antes de sua chegada para ficar livre de ter de prender-se a um só lugar durante a ceia, podendo assim dar atenção ora a um, ora a outro, mostrando-lhes desse modo que dava extrema importância à presença de cada um.
Parece que essa extrema importância emprestada por Proust aos convidados, não só de sua casa, como também dos salões que frequentava, criava um obstáculo a que convivesse com eles em termos de igualdade. Em uma carta do escritor à mãe, onde narra seu espanto e a agradável surpresa que lhe causara um cumprimento "de verdade" que conde d'Eu lhe concedera, “a saudação de um velho e bom homem extremamente educado", como jamais recebera, nem dos "simples burgueses" diante dos quais se curvava, mas que permaneciam "empertigados como príncipes".
Proust deixava transparecer aí sua não-integração à sociedade, à qual no entanto estava sempre presente. Ele via um pouco a alta sociedade, a aristocracia, e em particular os Guermantes, como uma realidade um tanto distante, apesar de ter aprendido a valorizar e aspirar a seus objetivos. Analisava, com agudeza e sem idealizações, o comportamento daqueles com quem convivia nos salões que ocuparam largo espaço em sua obra.
Havia simplicidade e uma certa timidez nos Guermantes, que surpreendiam o escritor, incapaz de entender a exata extensão e o significado verdadeiro desses sentimentos.
Criava-se assim um paralelismo entre Marcel e os personagens de seu grupo social, o que não o impediria de exercer uma análise de gênio desses personagens e de suas vidas.
A explicação disso deve estar enraizada na própria genialidade e perfeição técnica com que Proust se serviria das reminiscências para recriar esses personagens, aproveitando deles seu potencial de poesia e transubstanciando suas próprias dificuldades de convívio em um fator a mais de harmonia.
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Minhas aventuras com a fita para limpeza profunda de poros
Telinha Cavalcanti
O que é o poder da propaganda: vi na tv o anúncio de uma revolucionária fita para limpeza profunda de pele. Aí olhei no espelho, achei que meus poros ficariam mais bonitos e saudáveis se eu usasse a tal fita. Comprei a dita-cuja e então resolvi usar.
Li as instruções direitinho: molhe a pele, aplique a fita especialmente desenvolvida para remover impurezas do seu nariz, espere 10 a 15 minutos e retire de-li-ca-da-men-te.
Quando abri a fita, tinha um plástico nela.
Ninguém falou de plásticos.
Bem, vai assim mesmo. Eu já estava na chuva, era para me molhar.
Imagine uma fita branca coberta com celofane transparente ficando melequenta por causa da água "que ativa os ingredientes especiais" tentando aderir ao seu nariz e a imensa sensação de ridículo ao se olhar no espelho.
Depois de alguns segundos a dúvida de que havia feito burrada se transformou em certeza total, literalmente na minha cara.
Tentei tirar o plástico e a fita veio junto. Acabei descobrindo na bula da fita (e onde estava essa bula que eu não vi antes?) que o plástico deveria ter sido retirado antes da fita ser aplicada. Com as mãos limpas e secas.
Agora parecia que um marshmallow havia sido esfregado no meu nariz.
Mas aí a fita começou a secar, o que iria deixar imediatamente meus poros limpos e minha pele maravilhosa.
A fita endurece quando seca - e depois ela repuxa. E, se você usa óculos, não use óculos junto com a fita! Descobri isso da pior maneira possível, mas a fita sai mais fácil dos óculos que da pele.
Quando fui tirar a fita, delicadamente como a minha pele merece, parecia estavam depilando o meu nariz, por mais absurda que esta comparação possa parecer!
Bem, após esse incidente, não sei o estado dos meus poros. O meu nariz está vermelho demais para ver se ficou alguma sujeira. E, se houver, ela deve estar disfarçada por partículas da fita, que ficaram muito apegadas a mim.
That's all, folks.
O que é o poder da propaganda: vi na tv o anúncio de uma revolucionária fita para limpeza profunda de pele. Aí olhei no espelho, achei que meus poros ficariam mais bonitos e saudáveis se eu usasse a tal fita. Comprei a dita-cuja e então resolvi usar.
Li as instruções direitinho: molhe a pele, aplique a fita especialmente desenvolvida para remover impurezas do seu nariz, espere 10 a 15 minutos e retire de-li-ca-da-men-te.
Quando abri a fita, tinha um plástico nela.
Ninguém falou de plásticos.
Bem, vai assim mesmo. Eu já estava na chuva, era para me molhar.
Imagine uma fita branca coberta com celofane transparente ficando melequenta por causa da água "que ativa os ingredientes especiais" tentando aderir ao seu nariz e a imensa sensação de ridículo ao se olhar no espelho.
Depois de alguns segundos a dúvida de que havia feito burrada se transformou em certeza total, literalmente na minha cara.
Tentei tirar o plástico e a fita veio junto. Acabei descobrindo na bula da fita (e onde estava essa bula que eu não vi antes?) que o plástico deveria ter sido retirado antes da fita ser aplicada. Com as mãos limpas e secas.
Agora parecia que um marshmallow havia sido esfregado no meu nariz.
Mas aí a fita começou a secar, o que iria deixar imediatamente meus poros limpos e minha pele maravilhosa.
A fita endurece quando seca - e depois ela repuxa. E, se você usa óculos, não use óculos junto com a fita! Descobri isso da pior maneira possível, mas a fita sai mais fácil dos óculos que da pele.
Quando fui tirar a fita, delicadamente como a minha pele merece, parecia estavam depilando o meu nariz, por mais absurda que esta comparação possa parecer!
Bem, após esse incidente, não sei o estado dos meus poros. O meu nariz está vermelho demais para ver se ficou alguma sujeira. E, se houver, ela deve estar disfarçada por partículas da fita, que ficaram muito apegadas a mim.
That's all, folks.
terça-feira, 26 de julho de 2011
QUITANDA DA VIDA XXXVII
Telinha Cavalcanti
Nhoque da sorte. Você já ouviu falar nisso, né? Dia 29 é dia de comer sete nhoques em pé, com uma nota de dólar embaixo do prato.
Eu não acredito nisso. Para mim, sorte é ter nhoque no jantar :D
Esta receita foi a Perpétua que trouxe, disse que aprendeu na TV. Então, não está muito explicadinha, mas acho que dá para entender direito :)
Nhoque de Polenta com carne moída
Primeiro, você faz angu com fubá ou polenta grossa, no ponto duro.
Mas como faz o angu, Perpétua? Quanto bota de fubá? Uma xícara de fubá para duas de água?
Ah, o quanto quiser. Nem muito, nem pouco. Não esquece de botar sal!
Deixa esfriar e junta 1 colher e meia de farinha de trigo, 1 gema, 1 colher de queijo ralado.
Amassa bem e forma os nhoques, com um pouco de farinha como se fosse um nhoque normal.
Bota água para ferver com um pouco de óleo e quando ele subir, tira e joga numa bacia com água gelada e pedras de gelo, para que ele fique macio. Se esfriar normalmente, ele fica duro.
Molho de carne moída:
Refoga alho e cebola em um pouco de óleo. Junta a carne moída e sal a gosto. Mistura molho de tomate. Junta salsa ou coentro.
Mas quanta carne, Perpétua? 200 gr tá bom?
Tá bom, mas se você gostar de mais carne, bota mais carne.
Cubra o nhoque com este molho e sirva bem quente, com queijo ralado por cima.
Eu sei que a receita está vaga, mas vocês não sabem a luta que foi para conseguir :D
Nhoque da sorte. Você já ouviu falar nisso, né? Dia 29 é dia de comer sete nhoques em pé, com uma nota de dólar embaixo do prato.
Eu não acredito nisso. Para mim, sorte é ter nhoque no jantar :D
Esta receita foi a Perpétua que trouxe, disse que aprendeu na TV. Então, não está muito explicadinha, mas acho que dá para entender direito :)
Nhoque de Polenta com carne moída
Primeiro, você faz angu com fubá ou polenta grossa, no ponto duro.
Mas como faz o angu, Perpétua? Quanto bota de fubá? Uma xícara de fubá para duas de água?
Ah, o quanto quiser. Nem muito, nem pouco. Não esquece de botar sal!
Deixa esfriar e junta 1 colher e meia de farinha de trigo, 1 gema, 1 colher de queijo ralado.
Amassa bem e forma os nhoques, com um pouco de farinha como se fosse um nhoque normal.
Bota água para ferver com um pouco de óleo e quando ele subir, tira e joga numa bacia com água gelada e pedras de gelo, para que ele fique macio. Se esfriar normalmente, ele fica duro.
Molho de carne moída:
Refoga alho e cebola em um pouco de óleo. Junta a carne moída e sal a gosto. Mistura molho de tomate. Junta salsa ou coentro.
Mas quanta carne, Perpétua? 200 gr tá bom?
Tá bom, mas se você gostar de mais carne, bota mais carne.
Cubra o nhoque com este molho e sirva bem quente, com queijo ralado por cima.
Eu sei que a receita está vaga, mas vocês não sabem a luta que foi para conseguir :D
domingo, 24 de julho de 2011
CONHECI UM PÃO ONTEM NA FESTA!
Telinha Cavalcanti
"Eu conheci um pão ontem na festa!"
Se você entendeu esta frase, lamento informar: acaba de entregar a idade.
Lembrei desta gíria semana passada, por dois motivos: vi na TV um programa que falava sobre pães e padarias chiques de São Paulo, e a apresentadora disse que o padeiro era um pão. Daí, ela perguntou pro filho do padeiro se ele conhecia esta gíria, e ele respondeu, claro, que não. Ela explicou que "pão" era usado, nos anos 70, como "gato" é hoje, para designar um homem bonito. O menino (18, 19 anos?) perguntou se ela também era um pão. Ela começou a rir, meio nervosa, e disse que não era assim que se usava, era só para homem.
O segundo motivo foi a música "Festa do Bolinha", que tem um versinho que diz "Com tanto pão dando bola no salão / Luluzinha foi gostar logo do Bolão".
Então eu comecei a pensar em quantas gírias já deixaram de ser usadas e perderam seu sentido. Tem muita gíria velha que ainda se usa, como "bicho" (tá meio exclusiva do Roberto Carlos e da Xuxa, mas ainda se entende).
"Gente-Bem". Outra que eu não conhecia, Amado Marido que lembrou. Está na abertura do desenho Manda-Chuva, "Malandro como ninguém, mas com pinta de gente-bem, o chefe" - eu virundava para "mas com pinta disse que tem um chef". Gente-bem é mais ou menos gente fina.
"Qual é o Pó?" - Qual é a novidade? Hoje em dia se você perguntar isso, o povo pode até desconfiar :D
A novela Vale Tudo, de 89, acabou de ser reprisada na TV a cabo. Nela, se usava a expressão "transar" para quase tudo - inclusive para aquilo mesmo. "Vou transar essa entrevista, não se preocupe, já marquei para sexta feira" ou "Você transa bem esse lance de família?"
"Sapear" - entender pouca coisa, conhecer de modo superficial. "Não entendo muito de computação, só sapeio o básico"
"Pé de boi" - essa Amado Marido falou numa reunião de trabalho e ninguém entendeu. Pé de boi é o cara trabalhador, sério, concentrado. É um elogio, gente.
"Cabeça de porco" - mais uma que Amado Marido desencavou. Serve para designar uma vila pobre, de casas mal cuidadas, um lugar que não chega a ser uma favela, mas é bem capaz de se tornar em pouco tempo.
"Do balacobaco" - essa eu vi no filme "The Doors", uma pérola da tradução brasileira. Quiseram colocar uma gíria dos anos 60 e saíram com essa, dos anos 40. Nunquinha que Jim Morrisson diria isso - ele falou "fucking great".
"Arame" - meu sogro que me contou. Gíria para dinheiro. Ele explicou que dinheiro, como arame, resolve um monte de coisa :)
"Mintchura" - veio de uma música da Neusinha Brizola, mistura de mentira com loucura. "Mintchura, a cobertura era uma kitinette!"
"Cafona" - É muito brega falar "cafona" hoje em dia...
E você? Lembra de mais alguma?
"Eu conheci um pão ontem na festa!"
Se você entendeu esta frase, lamento informar: acaba de entregar a idade.
Lembrei desta gíria semana passada, por dois motivos: vi na TV um programa que falava sobre pães e padarias chiques de São Paulo, e a apresentadora disse que o padeiro era um pão. Daí, ela perguntou pro filho do padeiro se ele conhecia esta gíria, e ele respondeu, claro, que não. Ela explicou que "pão" era usado, nos anos 70, como "gato" é hoje, para designar um homem bonito. O menino (18, 19 anos?) perguntou se ela também era um pão. Ela começou a rir, meio nervosa, e disse que não era assim que se usava, era só para homem.
O segundo motivo foi a música "Festa do Bolinha", que tem um versinho que diz "Com tanto pão dando bola no salão / Luluzinha foi gostar logo do Bolão".
Então eu comecei a pensar em quantas gírias já deixaram de ser usadas e perderam seu sentido. Tem muita gíria velha que ainda se usa, como "bicho" (tá meio exclusiva do Roberto Carlos e da Xuxa, mas ainda se entende).
"Gente-Bem". Outra que eu não conhecia, Amado Marido que lembrou. Está na abertura do desenho Manda-Chuva, "Malandro como ninguém, mas com pinta de gente-bem, o chefe" - eu virundava para "mas com pinta disse que tem um chef". Gente-bem é mais ou menos gente fina.
"Qual é o Pó?" - Qual é a novidade? Hoje em dia se você perguntar isso, o povo pode até desconfiar :D
A novela Vale Tudo, de 89, acabou de ser reprisada na TV a cabo. Nela, se usava a expressão "transar" para quase tudo - inclusive para aquilo mesmo. "Vou transar essa entrevista, não se preocupe, já marquei para sexta feira" ou "Você transa bem esse lance de família?"
"Sapear" - entender pouca coisa, conhecer de modo superficial. "Não entendo muito de computação, só sapeio o básico"
"Pé de boi" - essa Amado Marido falou numa reunião de trabalho e ninguém entendeu. Pé de boi é o cara trabalhador, sério, concentrado. É um elogio, gente.
"Cabeça de porco" - mais uma que Amado Marido desencavou. Serve para designar uma vila pobre, de casas mal cuidadas, um lugar que não chega a ser uma favela, mas é bem capaz de se tornar em pouco tempo.
"Do balacobaco" - essa eu vi no filme "The Doors", uma pérola da tradução brasileira. Quiseram colocar uma gíria dos anos 60 e saíram com essa, dos anos 40. Nunquinha que Jim Morrisson diria isso - ele falou "fucking great".
"Arame" - meu sogro que me contou. Gíria para dinheiro. Ele explicou que dinheiro, como arame, resolve um monte de coisa :)
"Mintchura" - veio de uma música da Neusinha Brizola, mistura de mentira com loucura. "Mintchura, a cobertura era uma kitinette!"
"Cafona" - É muito brega falar "cafona" hoje em dia...
E você? Lembra de mais alguma?
sábado, 23 de julho de 2011
FREDZILA - ANALFABETO EM JAPONÊS
Carlos Frederico Abreu
No Japão se utilizam, basicamente, quatro alfabetos:
Kanji - ideogramas de origem chinesa. Possuem duas maneiras de ser lido, ou seja, podem ter significados diferentes. Apesar de existirem mais de 4 mil ideogramas, o joyo kangi, por exemplo, é uma lista de 1.945 básicos, definidos pelo governo, digamos assim, como o bastante para uma criança.
Hiragana - um sistema fonético com 46 ‘letras’ que representam os sons em japonês e é utilizado junto com o kanji.
Katakana - como o hiragana, também é um sistema fonético.
É usado unicamente para representar nomes de origem estrangeira.
Ser um estrangeiro (gaijin) analfabeto nos três primeiros é complicado.
A única escapatória é esperar que alguém tenha tido o cuidado de escrever em inglês, em romaji, ou que você conheça a palavra em japonês, é claro.
Além disso, a língua japonesa é estruturalmente diferente da portuguesa - a ordem das palavras na frase é oposta à ordem que nós utilizamos.
Esta diferença traz algumas vantagens para o aprendizado; por exemplo, os verbos não são conjugados para cada pessoa e praticamente não se usam pronomes pessoais.
Mas, se comparada à semântica das palavras, a gramática perde muito em caracterizar uma cultura. Algumas palavras em português têm o exato sentido em japonês, por exemplo, “branco”, se diz “shiro”. Já ‘azul’ se diz ‘ao’ e ‘verde’ se diz ‘midori’. Mas, quando uma fruta está verde, dizem que está ‘ao’ (azul?).
Quando o sinal de trânsito abre, também, diz-se que o sinal ficou ‘ao’.
Exemplos de como um analfabeto sofre:
Tentando escapar do calor senegalês de julho, parti pra dentro de um café com samambaias de plástico e cadeiras vermelhas. ‘Cofi’ houses são abundantes, desde as internacionais como Tully, Starbucks, até as particulares, mais charmosas, com ares extrovertidos, modernosos ou europeizadas, como esta para onde eu fugi.
Imediatamente o balconista me reconheceu como um forasteiro derretendo-se diante de seus olhos (puxados) e mandou um ‘Can I help you?’.
Olhei para a lousa, onde estão escritas as opções com giz . Tudo está em kanji (ou o que for), até os preços e o telefone do PROCON japonês.
Nestes momentos, mais importante do que conhecer o telefone da embaixada brasileira, é saber duas palavras: Mizu e Biru. Água e cerveja.
Pedi uma ‘biru’.
‘Onli cofi’ disse o solícito balconista.
Fiz uma careta, mistura de contrariado e frustrado.
‘Something cold'. 'Ice.’
‘Cofi i miko’.
Imaginei que se tratava de café com leite gelado, com pedras de gelo, e sem açúcar.
‘Nooooooooo.’
‘Ti?’ (Tea)
‘It´s ok.’
Não gosto de chá, mas pelo menos veio gelado e era, realmente, chá.
No Japão é muito comum você pensar que uma coisa é uma coisa e na verdade é outra. Por exemplo, sanduíches de queijo e presunto. Nunca é queijo, embora pareça, é sempre ovo.
Ou então você chega sedento numa máquina de vendas automática, você quer água, gelada, sem sabor, sem vitaminas, sem íons-plus, apenas a boa e velha água, não aquela água da Coca-Cola... mas parece que só tem café gelado (BOSS) e energéticos.
Mas ai então você vê uma garrafinha bonitinha que parece chá gelado, prometendo ser no mínimo refrescante.
Você paga 180 ienes e mais sedento que um legionário perdido no Saara, você abre a tal garrafinha e despeja dentro da boca seca.
Ao invés de beber, você... mastiga.
Sopa gelada.
No Japão se utilizam, basicamente, quatro alfabetos:
Kanji - ideogramas de origem chinesa. Possuem duas maneiras de ser lido, ou seja, podem ter significados diferentes. Apesar de existirem mais de 4 mil ideogramas, o joyo kangi, por exemplo, é uma lista de 1.945 básicos, definidos pelo governo, digamos assim, como o bastante para uma criança.
Hiragana - um sistema fonético com 46 ‘letras’ que representam os sons em japonês e é utilizado junto com o kanji.
Katakana - como o hiragana, também é um sistema fonético.
É usado unicamente para representar nomes de origem estrangeira.
Ser um estrangeiro (gaijin) analfabeto nos três primeiros é complicado.
A única escapatória é esperar que alguém tenha tido o cuidado de escrever em inglês, em romaji, ou que você conheça a palavra em japonês, é claro.
Além disso, a língua japonesa é estruturalmente diferente da portuguesa - a ordem das palavras na frase é oposta à ordem que nós utilizamos.
Esta diferença traz algumas vantagens para o aprendizado; por exemplo, os verbos não são conjugados para cada pessoa e praticamente não se usam pronomes pessoais.
Mas, se comparada à semântica das palavras, a gramática perde muito em caracterizar uma cultura. Algumas palavras em português têm o exato sentido em japonês, por exemplo, “branco”, se diz “shiro”. Já ‘azul’ se diz ‘ao’ e ‘verde’ se diz ‘midori’. Mas, quando uma fruta está verde, dizem que está ‘ao’ (azul?).
Quando o sinal de trânsito abre, também, diz-se que o sinal ficou ‘ao’.
Exemplos de como um analfabeto sofre:
Tentando escapar do calor senegalês de julho, parti pra dentro de um café com samambaias de plástico e cadeiras vermelhas. ‘Cofi’ houses são abundantes, desde as internacionais como Tully, Starbucks, até as particulares, mais charmosas, com ares extrovertidos, modernosos ou europeizadas, como esta para onde eu fugi.
Imediatamente o balconista me reconheceu como um forasteiro derretendo-se diante de seus olhos (puxados) e mandou um ‘Can I help you?’.
Olhei para a lousa, onde estão escritas as opções com giz . Tudo está em kanji (ou o que for), até os preços e o telefone do PROCON japonês.
Nestes momentos, mais importante do que conhecer o telefone da embaixada brasileira, é saber duas palavras: Mizu e Biru. Água e cerveja.
Pedi uma ‘biru’.
‘Onli cofi’ disse o solícito balconista.
Fiz uma careta, mistura de contrariado e frustrado.
‘Something cold'. 'Ice.’
‘Cofi i miko’.
Imaginei que se tratava de café com leite gelado, com pedras de gelo, e sem açúcar.
‘Nooooooooo.’
‘Ti?’ (Tea)
‘It´s ok.’
Não gosto de chá, mas pelo menos veio gelado e era, realmente, chá.
No Japão é muito comum você pensar que uma coisa é uma coisa e na verdade é outra. Por exemplo, sanduíches de queijo e presunto. Nunca é queijo, embora pareça, é sempre ovo.
Ou então você chega sedento numa máquina de vendas automática, você quer água, gelada, sem sabor, sem vitaminas, sem íons-plus, apenas a boa e velha água, não aquela água da Coca-Cola... mas parece que só tem café gelado (BOSS) e energéticos.
Mas ai então você vê uma garrafinha bonitinha que parece chá gelado, prometendo ser no mínimo refrescante.
Você paga 180 ienes e mais sedento que um legionário perdido no Saara, você abre a tal garrafinha e despeja dentro da boca seca.
Ao invés de beber, você... mastiga.
Sopa gelada.
sexta-feira, 22 de julho de 2011
PRIMEIRA FONTE ENTREVISTA: GIANE PORTAL, FOTÓGRAFA DE GATOS
Telinha Cavalcanti
Fotografando a alma dos gatos
Giane Portal é uma fotógrafa muito especial: ela tem, como principais clientes, donos de gatos. Ela é uma fotógrafa especializada em felinos. E, com modelos tão imprevisíveis, ela se vale de uma técnica primorosa aliada ao seu olhar sensível, resultando em fotos que encantam e conseguem capturar a essência de cada animal.
Tive o prazer de fazer um book dos meus gatos com ela e vi uma profissional centrada, séria e criativa. Ao mesmo tempo em que buscava a melhor luz, composição e cenário para a foto, interagia com os modelos com tranqüilidade e afeição. E foi nesse momento em que ela conseguiu capturar mais que uma foto, e sim o olhar, o caráter de cada um deles.
Bijoux
PRIMEIRA FONTE: Giane, quando você começou a fotografar?Foi em 2004, meio por acaso. Tinha acabado de comprar a minha primeira câmera digital (como já conhecia um pouco de fotografia comprei uma câmera já com uns recursos mais avançados e um bom zoom ótico), mas não tinha muito o que fotografar na época. A câmera era um pouco grande para levar para a balada, e Goku e a Lua estavam sempre fazendo gracinhas e poses charmosas. Comecei a fotografá-los e não parei mais. Na época, descobri o fotolog, onde comecei a postar diariamente e conheci muitas das amigas gateiras com as quais me relaciono até hoje, como a Claudia Porto (tropafelina), Tatiana Vieira (Gatil Doce Encanto) e Leila Maria (Sos Gatinhos). Uma pessoa que particularmente me impressionava com seu trabalho era a Alice Cohen. Tenho guardadas suas fotos felinas desde aquela época, marcaram muito.
Em 2005 abri uma foto no Flickr, ano em que ganhei o prêmio de "Excellence in Domestic Animal / Pet Photography" num concurso por votação popular organizado pelos próprios usuários da rede. Aquilo foi um estímulo sensacional pois ainda usava uma câmera BEM amadora, e estava competindo com fotógrafos profissionais. Em 2006 comprei minha primeira DSLR e a qualidade técnica de minhas fotografias melhorou muito. Começaram então surgir os pedidos para utilizar fotos em materiais editoriais e comerciais, e eu percebi que poderia haver um mercado aí. Em 2010, fiz meu primeiro "catbook" profissional e desde então tenho me dedicado à fotografia de felinos, um hobby que se tornou uma profissão!
Lara
PRIMEIRA FONTE: Qual foi a sua formação profissional? Você sempre estudou fotografia?
Eu fiz faculdade de Comunicação Social, especialização em Publicidade e Propaganda e, na verdade eu sempre trabalhei como designer, nunca curti a parte publicitaria em si... Já trabalhei em agência de publicidade, mas era responsável pela parte de web. Quanto à minha formação como fotógrafa, eu sou quase autodidata, mas tive cadeira de fotografia na faculdade, fiz um curso há muitos anos atrás na época de câmeras de filme e recentemente fiz uma oficina de iluminação em estúdio.
PRIMEIRA FONTE: Você também fotografa gente e outros bichos?
Bem, eu considero meu diferencial a fotografia de gatos. Pessoas eu fotografo ocasionalmente, durante as sessões das fotos felinas. Mas não tenho um estúdio dedicado a fazer books de pessoas, não fotografo eventos, nada disso. Eu também adoro cães mas fotografo esporadicamente, até por conviver bem mais com "gateiros".
Jean-Luc
PRIMEIRA FONTE: Tem algum bicho que fez uma coisa inesperada, deu mais trabalho para fotografar ou ficou atrapalhando a foto de um outro modelo?
Fotografar gatos é sempre um desafio, demanda tempo, paciência e conhecimento de psicologia felina. Muitos dos gatos que os donos consideram tímidos, na realidade, só são abordados por estranhos de maneira errada. Então eu costumo ouvir muito "nossa, mas ele sempre se esconde quando chega gente estranha em casa" ou "ela deve ter gostado de você, geralmente é muito tímida". Mas se você souber como se aproximar de um felino, em 80% dos casos a situação está resolvida.
Claro, tem também aqueles que são realmente assustados, como no caso da sua Carolina. Nesses casos, o ideal seria dispor de bem mais tempo, para que se pudesse desenvolver um vínculo de confiança - e isso nem sempre é viável. Nesses casos, quanto mais quieta e tranquila for a aproximação, melhor. Às vezes a presença de outras pessoas ou muita excitação acaba também afastando o felino.
E nunca podemos esquecer: gato faz o que quer, quando quer. Lembro que quando fui fotografar o Godard, da Aline Garbati, ela disse que eu não veria nem a sombra dos outros gatos... Pois a Meg resolveu que gostava de posar e rendeu muitos cliques. O Fellini até apareceu, quando havia comida. e Phoebe desapareceu. Saímos para jantar, e na volta... a mocinha bem bela e relaxada na sala de estar. Isso já me deu muita informação a respeito da verdadeira personalidade dessa gata!
Tem também os exibidos... os que roubam as fotos! Para muitos gatos, câmera apontada significa: estou recebendo atenção! E então acabam procurando ficar sempre na frente das lentes. O Goku, meu gato mais velho, é fotografado desde bebezinho e simplesmente ama uma foto, é comum eu estar tentando fotografar outros gatos da casa e ele se meter na frente, ou começar a miar quando vê que estou fotografando outro felino!
PRIMEIRA FONTE: Como é o feito o book felino?
Bom, o "pacote padrão" dá direito a 100 fotos digitais em baixa resolução com a logomarca fofurasfelinas. Dessas 100 fotos, você escolhe 10 para ampliar no formato 20X30 (sem a logomarca). Quem tem poucos gatos geralmente me pede um pacote mais light, com cerca de 50 fotos em baixa e 3 fotos ampliadas.
Eu fico cerca de três, quatro horas no local. Depois de fazer o tratamento das fotos, as envio por e-mail e amplio as que o cliente selecionar. Caso o cliente queira mais fotos impressas, o valor delas é cobrado à parte. As pessoas usam as fotos ampliadas como book, decoração, etc.
* Os gatos que ilustram esta matéria são meus :)
quinta-feira, 21 de julho de 2011
RIO, VOCÊ FOI FEITO PARA MIM - O DESPERTAR DE UMA PAIXÃO
Gilvania Ferreira
Olá, meu nome é Gilvania, tenho 37 anos, sou jornalista de profissão, pernambucana de nascimento, e, há 12 anos, sou carioca de coração.
Não tenho vergonha de dizer que tudo começou por causa de um homem. Não do jeito que você talvez esteja pensando agora. Bem pelo contrário, até.
A amiga leitora sabe o que a gente faz quando aquele homem que a gente achou que era “o cara” nos dá o fora? Bom, eu não sei quanto a você, mas da última vez que isso aconteceu comigo eu passei umas duas horas chorando, outras tantas xingando o infeliz e muitas mais tomando uma das melhores decisões da minha vida: viajar para o Rio de Janeiro. Porque sofrer por amor pode até ser bonito e comovente nas novelas, romances e afins, mas na prática, convenhamos, é um saco. A gente fica se sentindo uma coitadinha por um tempão, tende a se achar a criatura mais feia e mal amada das galáxias e ainda por cima fica insuportável de sensível. Não é?
Em junho de 1999, era assim que eu estava me sentindo. Eu já tinha os meus 25 anos e o tal príncipe encantado ainda não tinha aparecido. Por mais que os beijasse, eles insistiam em permanecer como sapos. Não que eu tenha nada contra sapos, entenda-me, mas aquilo ali definitivamente não estava mais funcionando comigo.
Com aquela dor de quem não só tinha levado fora mas também descoberto chifres na testa, achei melhor me afastar um pouco de tudo e todos que me cercavam.
Sem férias há três anos e com o coração e orgulho feridos, fui conhecer a tal Cidade Maravilhosa. Minha avó materna e minha mãe não cansavam de elogiar o Rio de Janeiro e, apesar de ter torcido o nariz sempre que elas comentavam isso, resolver dar um crédito a elas.
E foi assim que meu caso de amor pelo Rio de Janeiro começou.
Naquele 28 de outubro de 1999, eu me senti viva de novo – como dizia a música do James Taylor* que tocava no meu walkman enquanto o avião sobrevoava a cidade.
A viagem durou cinco dias, mas foi preciso apenas um para eu cair de amores pela cidade e sua gente, pelo seu relevo, suas cores e contrastes e pra esquecer até o motivo pelo o qual eu tinha viajado. Literalmente, eu vi novos horizontes, abri meus olhos e percebi que a vida é boa demais e cheias de oportunidades e se a gente ficar muito tempo presa a um amor que não nos fez bem pode perder tudo isso.
sofrer por um amor que não vale a pena e perder esta paisagem?
nunquinha :)
nunquinha :)
O sentimento foi tão forte que, 10 anos depois de ter conhecido a cidade, eu me casei lá no alto do Corcovado – isto mesmo, no Cristo Redentor. Meu marido, que chegou na minha vida depois do Rio, nem precisou perguntar o porquê de casar lá e não aqui em Pernambuco.
Agora, cá estou no Primeira Fonte para não só falar sobre o Rio como também compartilhar dicas que – espero – sejam bem uteis na sua próxima viagem ou num simples passeio pela cidade. Nossos encontros serão quinzenais, às quintas-feiras, e se você quiser passar umas dicas fique à vontade – até porque, em outubro, estarei lá novamente :P
*Only a dream in Rio é o nome da música que James Taylor gravou em agradecimento à cidade após o sucesso que teve no Rock in Rio 1.
quarta-feira, 20 de julho de 2011
84 CHARING CROSS - DIÁRIO DE BORDO: PARIS, MAIS QUE UMA CIDADE, É UM ESTADO DE ESPÍRITO
Gisela Deschamps
Sempre que falo que morei muitos anos em Paris a reação das pessoas é a mesma “Puxa! Que sorte a sua!” ou “Nossa! Que inveja!”.
Paris, a conhecida ou a imaginada, provoca esse tipo de reação.
Paris é como uma mulher maravilhosa numa capa de revista: os homens podem desejá-la, as mulheres podem invejá-la, mas ninguém ficará indiferente a ela.
A primeira vez que fui a Paris era muito criança. Mais tarde voltei com 18 anos e ai ela já era a cidade que enfeitiça.
Só que eu ainda era muito jovem para sair dos lugares-comuns de visitação – Torre Eiffel, Place de la Concorde, Champs-Elysées, Arco do Triunfo, Notre Dame, Sacre Coeur, etc. - para explorar os cantinhos, para aproveitar toda história que cada esquina que Paris tem para contar.
O ponto alto dessa minha visita, aquele que ficou marcado para sempre em minha memória, foi um concerto na catedral de Notre Dame.
O órgão da catedral é do século XIV com 32 tubos é maravilhoso e por si só valeria conhecer a catedral que, claro, tem muito, muito mais a mostrar.
O concerto era de órgão e coro e foi sobre uma obra de Lizt. A catedral estava lotada e eu fiquei encostada a uma das pilastras curtindo cada nota, cada movimento. O cheiro da igreja, o silêncio de quase reverência da platéia e de repente eu quase podia ver Napoleão Bonaparte entrando pela nave, se dirigindo ao altar para ser coroado (o que acabou sendo com ele mesmo se coroando, mas isso é outra história).
Naquele tempo jamais imaginaria que dali alguns anos teria Paris como cidade vizinha, praticamente meu endereço.
Morei no subúrbio parisiense, conhecido como “banlieue parisienne”, mas trabalhava em Paris e também ia para lá praticamente todos os fins de semana a passeio e, foi assim que comecei a conhecer a “outra” Paris, aquela que não consta nos guias de viagens mas que nem por isso é menos sedutora. Acho que posso dizer que existe uma Paris para os dias de sol e outra para os de chuva.
A Paris sem chuva deve ser percorrida a pé. Não importa a distância, não importa o que você tenha planejado visitar vá a pé. Ou se você estiver hospedado no subúrbio ou num bairro muito distante do centro, tome o metro e desça na estação Concorde e a partir dai toda Paris está à sua frente.
Saindo da estação Concorde em direção a Rue de Rivoli sempre amei passear sob os arcos desta rua. Ali estão galerias de arte, lojas de antiguidades, cafés e o salão de chá Angelina, com seus doces divinos!
O Louvre e o Jardim de Tulleries estão do outro lado da rua; a linda estátua de Joana D´Arc na place des Pyramides na esquina das ruas Rivoli e Pyramide.
Caminhar às margens do Sena é uma delicia. As diversas barraquinhas verdes que são sebos ao ar livre vendendo todos os tipos de livros, mapas antigos, revistas e discos de vinil.
Surpreendentemente do outro lado da rua temos lojas que vendem animais vivos – cachorros, gatos e também coelhos, galinhas e até patos, e floriculturas.
Um dos meus lugares favoritos em Paris é a Place des Voges. A praça em si não é muito interessante, uma praça quadrada com árvores, tanques de areia para crianças brincarem e bancos. Mas o entorno da praça são prédios antigos e ao nível das calçadas são arcos (acho que deu para perceber que gosto de arcos). Sob esses arcos se encontram lojas, cafés, restaurantes. Mesas espalhadas ali sob os arcos e quase sempre um músico tocando harpa.
A Place de Vosges era um lugar de reunião dos revolucionários na época da Revolução Francesa. Ali, no número 6, ainda está a casa do famoso escritor Vitor Hugo.
Todo o bairro ao redor da Place des Vosges é hoje muito freqüentado. É o famoso Marais. Com um pouco de sorte você cruza celebridades que tem apartamento por ali.
Um local não tão visitado mas muito interessante é a Conciergerie, também às margens do Sena. A Conciergerie é o vestígio principal do antigo Palácio da Cidade, que foi residência e sede do poder real francês do século X ao século XIV. Foi convertido em prisão do Estado em 1392, após o abandono do palácio por Carlos V e seus sucessores.
Ali ficavam os prisioneiros que seriam executados na Place de la Concorde e até hoje é possível visitar a cela onde ficou presa Maria Antonieta, que, por ironia do destino, ficava exatamente em frente à aquela de seu maior inimigo (um pequeno jardim separa as celas) – Robespierre.
Montmartre é outra cidade dentro de Paris. Tem que ser percorrida calmamente, subindo e descendo as inúmeras escadarias. Entrar por dentro de ruelas e descobrir cafés antigos onde Toulouse-Lautrec ou Dégas com certeza se sentaram.
Claro, é obrigatório, visitar a Basílica de Sacre-Coeur e a Place du Tertre com seus pintores e retratistas.
Uma vez tínhamos ido jantar com amigos em Paris e ao sairmos da casa deles começava a nevar. Aquela neve fininha. Em vez de irmos para casa resolvemos subir até Montmartre e a visão de Paris lá do alto, começando a ficar com os telhados todos branquinhos pela neve, foi uma das coisas mais lindas que já vi.
Para sentir-se um verdadeiro habitante é preciso comprar um sanduíche de queijo na baguette, uma garrafinha de vinho e se sentar para comer num banco de jardim.
O parisiense come na rua numa boa. Não é difícil ver as pessoas sentadas à beira do Sena almoçando um lanche que compraram num bar ou até que trouxeram de casa.
Agora se você quiser curtir um verdadeiro piquenique francês compre pães, queijos, frios, frutas, água e vinho (francês pouco toma refrigerante) e vá para o jardim de Luxemburgo ou o jardim de Bagatelle.
Eu gosto mais de Bagatelle, mas ele é mais fora de mão.
Situado no Bois de Boulogne, o parque possui 24 hectares e foi construído em 1777 pelo Conde d’Artois, irmão do rei Louis XVI. São 24 hectares de jardins com coleções famosas de rosas, com lagos, quiosques, hortas, um castelo e um trianon. Todos os anos, no mês de junho, o parque promove um concurso internacional de rosas.
Um piquenique á beira do lago e você se sentirá um verdadeiro parisiense.
Outro lugar pouco conhecido dos turistas é o restaurante Le Procope. Ele não é importante como restaurante em si, mas pelo que representa.
Fundado em 1686 por um italiano, Francesco Procópio na hoje Rue de L´Ancienne Comédie, o restaurante era a principio um café. Hoje considerado o mais antigo café da Europa.
Em suas mesmas se sentaram La Fontaine, Voltaire, Rousseau, Balzac, Vitor Hugo e tantos outros.
No século XVIII era lugar de reunião de Robespierre, Dantos e Marat. (Nesta casa Marat imprimia, em 1792 o jornal revolucionário “L´ami du peuple” (O amigo do povo).
Dizem que Napoleão deixava seu chapéu em garantia quando saia do restaurante em busca de dinheiro para pagar sua conta.
Ainda está lá a mesa onde Voltaire trabalhava escrevendo seus livros, testemunha da história; e as paredes do restaurante são cobertas de frases de personagens famosos da história que por lá passaram.
Se você quiser pode apenas tomar um café no térreo e visitar o restaurante sem consumir, mas se quiser comer lá terá direito a uma refeição maravilhosa, ainda que um pouco cara.
Para mim é impossível falar de Paris em poucas palavras.
Paris tem que ser vista, ouvida, cheirada e porque não, saboreada.
E, cruzando toda ela, o rio Sena corre tranqüilo refletindo em suas águas e dividindo ao meio uma cidade que representa em cada detalhe um pouco da história de toda humanidade.
Sempre que falo que morei muitos anos em Paris a reação das pessoas é a mesma “Puxa! Que sorte a sua!” ou “Nossa! Que inveja!”.
Paris, a conhecida ou a imaginada, provoca esse tipo de reação.
Paris é como uma mulher maravilhosa numa capa de revista: os homens podem desejá-la, as mulheres podem invejá-la, mas ninguém ficará indiferente a ela.
A primeira vez que fui a Paris era muito criança. Mais tarde voltei com 18 anos e ai ela já era a cidade que enfeitiça.
Só que eu ainda era muito jovem para sair dos lugares-comuns de visitação – Torre Eiffel, Place de la Concorde, Champs-Elysées, Arco do Triunfo, Notre Dame, Sacre Coeur, etc. - para explorar os cantinhos, para aproveitar toda história que cada esquina que Paris tem para contar.
O ponto alto dessa minha visita, aquele que ficou marcado para sempre em minha memória, foi um concerto na catedral de Notre Dame.
O órgão da catedral é do século XIV com 32 tubos é maravilhoso e por si só valeria conhecer a catedral que, claro, tem muito, muito mais a mostrar.
O concerto era de órgão e coro e foi sobre uma obra de Lizt. A catedral estava lotada e eu fiquei encostada a uma das pilastras curtindo cada nota, cada movimento. O cheiro da igreja, o silêncio de quase reverência da platéia e de repente eu quase podia ver Napoleão Bonaparte entrando pela nave, se dirigindo ao altar para ser coroado (o que acabou sendo com ele mesmo se coroando, mas isso é outra história).
Naquele tempo jamais imaginaria que dali alguns anos teria Paris como cidade vizinha, praticamente meu endereço.
Morei no subúrbio parisiense, conhecido como “banlieue parisienne”, mas trabalhava em Paris e também ia para lá praticamente todos os fins de semana a passeio e, foi assim que comecei a conhecer a “outra” Paris, aquela que não consta nos guias de viagens mas que nem por isso é menos sedutora. Acho que posso dizer que existe uma Paris para os dias de sol e outra para os de chuva.
A Paris sem chuva deve ser percorrida a pé. Não importa a distância, não importa o que você tenha planejado visitar vá a pé. Ou se você estiver hospedado no subúrbio ou num bairro muito distante do centro, tome o metro e desça na estação Concorde e a partir dai toda Paris está à sua frente.
Saindo da estação Concorde em direção a Rue de Rivoli sempre amei passear sob os arcos desta rua. Ali estão galerias de arte, lojas de antiguidades, cafés e o salão de chá Angelina, com seus doces divinos!
O Louvre e o Jardim de Tulleries estão do outro lado da rua; a linda estátua de Joana D´Arc na place des Pyramides na esquina das ruas Rivoli e Pyramide.
Caminhar às margens do Sena é uma delicia. As diversas barraquinhas verdes que são sebos ao ar livre vendendo todos os tipos de livros, mapas antigos, revistas e discos de vinil.
Surpreendentemente do outro lado da rua temos lojas que vendem animais vivos – cachorros, gatos e também coelhos, galinhas e até patos, e floriculturas.
Um dos meus lugares favoritos em Paris é a Place des Voges. A praça em si não é muito interessante, uma praça quadrada com árvores, tanques de areia para crianças brincarem e bancos. Mas o entorno da praça são prédios antigos e ao nível das calçadas são arcos (acho que deu para perceber que gosto de arcos). Sob esses arcos se encontram lojas, cafés, restaurantes. Mesas espalhadas ali sob os arcos e quase sempre um músico tocando harpa.
A Place de Vosges era um lugar de reunião dos revolucionários na época da Revolução Francesa. Ali, no número 6, ainda está a casa do famoso escritor Vitor Hugo.
Todo o bairro ao redor da Place des Vosges é hoje muito freqüentado. É o famoso Marais. Com um pouco de sorte você cruza celebridades que tem apartamento por ali.
Um local não tão visitado mas muito interessante é a Conciergerie, também às margens do Sena. A Conciergerie é o vestígio principal do antigo Palácio da Cidade, que foi residência e sede do poder real francês do século X ao século XIV. Foi convertido em prisão do Estado em 1392, após o abandono do palácio por Carlos V e seus sucessores.
Ali ficavam os prisioneiros que seriam executados na Place de la Concorde e até hoje é possível visitar a cela onde ficou presa Maria Antonieta, que, por ironia do destino, ficava exatamente em frente à aquela de seu maior inimigo (um pequeno jardim separa as celas) – Robespierre.
Montmartre é outra cidade dentro de Paris. Tem que ser percorrida calmamente, subindo e descendo as inúmeras escadarias. Entrar por dentro de ruelas e descobrir cafés antigos onde Toulouse-Lautrec ou Dégas com certeza se sentaram.
Claro, é obrigatório, visitar a Basílica de Sacre-Coeur e a Place du Tertre com seus pintores e retratistas.
Uma vez tínhamos ido jantar com amigos em Paris e ao sairmos da casa deles começava a nevar. Aquela neve fininha. Em vez de irmos para casa resolvemos subir até Montmartre e a visão de Paris lá do alto, começando a ficar com os telhados todos branquinhos pela neve, foi uma das coisas mais lindas que já vi.
Para sentir-se um verdadeiro habitante é preciso comprar um sanduíche de queijo na baguette, uma garrafinha de vinho e se sentar para comer num banco de jardim.
O parisiense come na rua numa boa. Não é difícil ver as pessoas sentadas à beira do Sena almoçando um lanche que compraram num bar ou até que trouxeram de casa.
Agora se você quiser curtir um verdadeiro piquenique francês compre pães, queijos, frios, frutas, água e vinho (francês pouco toma refrigerante) e vá para o jardim de Luxemburgo ou o jardim de Bagatelle.
Eu gosto mais de Bagatelle, mas ele é mais fora de mão.
Situado no Bois de Boulogne, o parque possui 24 hectares e foi construído em 1777 pelo Conde d’Artois, irmão do rei Louis XVI. São 24 hectares de jardins com coleções famosas de rosas, com lagos, quiosques, hortas, um castelo e um trianon. Todos os anos, no mês de junho, o parque promove um concurso internacional de rosas.
Um piquenique á beira do lago e você se sentirá um verdadeiro parisiense.
Outro lugar pouco conhecido dos turistas é o restaurante Le Procope. Ele não é importante como restaurante em si, mas pelo que representa.
Fundado em 1686 por um italiano, Francesco Procópio na hoje Rue de L´Ancienne Comédie, o restaurante era a principio um café. Hoje considerado o mais antigo café da Europa.
Em suas mesmas se sentaram La Fontaine, Voltaire, Rousseau, Balzac, Vitor Hugo e tantos outros.
No século XVIII era lugar de reunião de Robespierre, Dantos e Marat. (Nesta casa Marat imprimia, em 1792 o jornal revolucionário “L´ami du peuple” (O amigo do povo).
Dizem que Napoleão deixava seu chapéu em garantia quando saia do restaurante em busca de dinheiro para pagar sua conta.
Ainda está lá a mesa onde Voltaire trabalhava escrevendo seus livros, testemunha da história; e as paredes do restaurante são cobertas de frases de personagens famosos da história que por lá passaram.
Se você quiser pode apenas tomar um café no térreo e visitar o restaurante sem consumir, mas se quiser comer lá terá direito a uma refeição maravilhosa, ainda que um pouco cara.
Para mim é impossível falar de Paris em poucas palavras.
Paris tem que ser vista, ouvida, cheirada e porque não, saboreada.
E, cruzando toda ela, o rio Sena corre tranqüilo refletindo em suas águas e dividindo ao meio uma cidade que representa em cada detalhe um pouco da história de toda humanidade.
terça-feira, 19 de julho de 2011
QUITANDA DA VIDA XXXVI
Telinha Cavalcanti
Você já ouviu falar no termo "comfort food"? É aquela comida que é especial para você, é aquele colinho em forma de bolo, canja, arroz-doce. A sua comfort food não precisa ser a mais cara, a mais gourmet, a mais especial. É aquela que aquece corpo e alma, e desentristece na hora mais necessária.
Outro dia, um frio danado aqui no Rio de Janeiro, senti falta da minha mãe. Senti falta do seu carinho, do seu cafuné, do seu colo, do seu jeito de me olhar. E não importa que eu a tenha visto há menos de um mês: doeu a sua falta. Então eu fui pro fogão e, na falta de um papeiro, usei uma panelinha mesmo e fiz um prato de papa de maizena com nescau, do jeitinho que ela fazia quando eu era criança, e comi de colherinha, fazendo render.
Esta é uma das minhas comfort foods. Qual é a sua?
Papa de maizena com nescau
1 xícara de leite
1 colher de sopa maizena diluída em um pouco de leite
3 colheres de açúcar
2 colheres de nescau
1 pitada de sal
Mexa bem a maizena em um pouco de leite, para diluir direitinho. Em uma panelinha - ou um papeiro, se você for pernambucana - misture o leite, a maizena diluída, o nescau, o açúcar e a pitada de sal.
Claro que tudo pode variar para mais ou para menos, dependendo do seu gosto - mas lembre de duas verdades incontestáveis:
1) use sempre uma colher de sopa de maizena para cada xícara de leite
2) o nescau fica mais escuro quando a papa fica pronta.
Leve ao fogo médio, mexendo sempre para não empelotar. Quando engrossar e aparecer o fundo da panela, coloque num prato fundo, espere esfriar e coma pelas beiradas.
Se não quiser esperar, criatura agoniada, pode colocar no freezer por alguns minutos - esfria na beira, o meio fica morninho :)
Você já ouviu falar no termo "comfort food"? É aquela comida que é especial para você, é aquele colinho em forma de bolo, canja, arroz-doce. A sua comfort food não precisa ser a mais cara, a mais gourmet, a mais especial. É aquela que aquece corpo e alma, e desentristece na hora mais necessária.
Outro dia, um frio danado aqui no Rio de Janeiro, senti falta da minha mãe. Senti falta do seu carinho, do seu cafuné, do seu colo, do seu jeito de me olhar. E não importa que eu a tenha visto há menos de um mês: doeu a sua falta. Então eu fui pro fogão e, na falta de um papeiro, usei uma panelinha mesmo e fiz um prato de papa de maizena com nescau, do jeitinho que ela fazia quando eu era criança, e comi de colherinha, fazendo render.
Esta é uma das minhas comfort foods. Qual é a sua?
Papa de maizena com nescau
1 xícara de leite
1 colher de sopa maizena diluída em um pouco de leite
3 colheres de açúcar
2 colheres de nescau
1 pitada de sal
Mexa bem a maizena em um pouco de leite, para diluir direitinho. Em uma panelinha - ou um papeiro, se você for pernambucana - misture o leite, a maizena diluída, o nescau, o açúcar e a pitada de sal.
Claro que tudo pode variar para mais ou para menos, dependendo do seu gosto - mas lembre de duas verdades incontestáveis:
1) use sempre uma colher de sopa de maizena para cada xícara de leite
2) o nescau fica mais escuro quando a papa fica pronta.
Leve ao fogo médio, mexendo sempre para não empelotar. Quando engrossar e aparecer o fundo da panela, coloque num prato fundo, espere esfriar e coma pelas beiradas.
Se não quiser esperar, criatura agoniada, pode colocar no freezer por alguns minutos - esfria na beira, o meio fica morninho :)
segunda-feira, 18 de julho de 2011
Em busca da crônica perdida
Por Dade Amorim
Proust, Marcel. Em busca do tempo perdido. Porto Alegre: Globo, 1981.
A crônica estava em moda, por assim dizer. Assim como certos vestidos, penteados e adereços que circulavam pelos salões elegantes, a crônica, menos antiga e não menos necessária, era um must da segunda metade do século XIX. Talvez se pudesse dizer que ela representava para os leitores mais qualificados do período o que as miscelâneas dos rodapés de jornais representavam para os menos dotados – ou menos esnobes. Desde os textos simplificadores, não-canônicos, surgidos nos primeiros jornais ingleses do século XVIII, o gênero se tornara conhecido e apreciado na Europa.
A nossos olhos de hoje, o papel de jornalista devia cair bem naquele romancista de fim de século, de trânsito livre nos salões elegantes da aristocracia decadente do Segundo Império. Ele tinha acesso a todos os segredos, participava dos hábitos correntes, discernia com agudeza o que era do que não era elegante; era arguto, fino, irônico e humano sem deixar de ser também um esnobe, e acima de tudo era um homem culto, entendido de arte e de artistas, convivendo com eles, transpondo-os para sua narrativa com naturalidade. Tinha portanto tudo para tornar-se um autor apreciado em seu tempo, e mais ainda, um imenso talento que o tornaria um autor consagrado muito além de sua época, responsável por uma nova concepção de romance. Tudo isso sem deixar de ser peculiarmente um francês de alta sociedade do final do romantismo, o que fazia dele quase automaticamente um cronista social, um cronista de modas, um comentarista de pequenos acontecimentos cuja importância se prenderia quase exclusivamente à importância e aos hábitos sociais de seus contemporâneos e a suas idiossincrasias.
A crônica mundana absorve parte considerável da Busca, praticamente em todos os volumes. O gênero conserva suas cores vivas, sua volubilidade própria, embora servindo a uma construção mais ampla e mais ambiciosa do que a crônica feita para o consumo imediato, como a que lemos em um jornal. Ela dá um tom diferente à linguagem usualmente mais melancólica do texto, introduz um humor sóbrio e se produz utilizando a mesma matéria-prima do romance, do qual é parte integrante, embora mantendo suas características.
A atividade em sociedade se desenvolveu nessa história de vidas de modo quase tão natural quanto os passeios pelo campo e o convívio em família, não certamente por vontade aleatória do autor, mas porque fazia efetivamente parte de sua realidade, da experiência vital que aciona seu potencial criativo e alimenta seu imaginário. Na verdade, o próprio convívio da família abastada poderia ser facilmente apontado como uma forma de iniciação à vida mundana, levando-se em conta, é claro, sua qualidade de experiência infantil. O pequeno Marcel aprende – ou é instado a aprender, embora sem muito sucesso – muito cedo a conter seus sentimentos. Acima de tudo, no entanto, o que ele efetivamente aprende é a vivenciá-los de acordo com os sinais emitidos por situações e pessoas que lhe são importantes, principalmente sua mãe. É na infância que ele percebe – e possivelmente começa a construir – a extensão dos danos possíveis de uma rejeição ou negativa, as cores carregadas que podem tingir um simples impedimento circunstancial. É também nessa fase que ele experimenta na própria carne o sofrimento desproporcional de suas noites no quarto à espera da visita da mãe, retida por deveres de anfitriã ou decidida a não lhe fazer todas as vontades. É então que ele começa a desenvolver os mecanismos de compensação, o amor à leitura e o gosto da solidão.
É também aí que começa seu aprendizado mundano de convívio, com os próprios convidados de sua família, sobretudo nos encontros com Swann, nos signos de seu valor social, na observação e na admiração por aquele amigo singular de seu pai. É então que aprende a distinguir os nomes carregados de um sentido diferente dos nomes comuns, os nomes daqueles que não devem ser "como os outros", e que no entanto só com o tempo ele compreenderá exatamente em que sentido e de que modo.
Claro que este é um comentário despretensioso, tentando analisar um aspecto – que nem pode ser considerado o principal – da obra de Proust. Há muito mais a dizer a respeito e é bem possível que voltemos a falar dele e de sua Busca.
Marcel Proust(foto Google)
Claro que este é um comentário despretensioso, tentando analisar um aspecto – que nem pode ser considerado o principal – da obra de Proust. Há muito mais a dizer a respeito e é bem possível que voltemos a falar dele e de sua Busca.
Marcel Proust(foto Google)
domingo, 17 de julho de 2011
SENHORA DO TEMPO
MENSAGEIROS, PORTADORES, CELULARES
Por Vera Guimarães
Acabei de comprar um iPhone. Digo isso sem um pingo de deslumbramento. E sem pretender ser blasée também. O sentimento que me domina é de uma ligeira contrariedade. Contrariedade por abandonar o meu celular, por ter que aprender coisas novas, por ter que gastar um tanto do meu tempo transferindo minha agenda para o novo aparelho, por saber que vou apanhar da nova tecnologia, por ... etc etc etc.
Não sou muito ligada em novidades tecnológicas. Por mim, o celular antigo estava ótimo. Bem, tenho que reconhecer que... em termos. Fora do Brasil, recentemente, ao passar de um país para outro, tive que acionar o serviço da operadora aqui no Brasil. Quando a moça perguntou o modelo do meu aparelho, houve aquele silencio e um “Ah... bem, vamos tentar o seguinte: a senhora...” Entendi, da mesma forma que, com o aparelho anterior ao penúltimo, entendi por que, viajando da minha cidade para Minas, ao transpor a fronteira entre os estados, o relógio sumia, meus dados desapareciam, a bateria se esgotava em segundos. Entendi e comprei outro. Entendi que, embora eu esteja satisfeita com a função faz/recebe ligações, a tecnologia que chega e se instala inutiliza e mata a anterior. Inspira, dona Vera, expira, inspira... e encaremos o novo.
Vários fatores da vida moderna exigem que dois velhinhos na casa dos setenta se mantenham conectados o tempo todo, razão por que estamos com celulares providos de serviço de mensagem, internet, até GPS. Nem sempre foi assim. Podíamos esperar. Por notícias boas. Por notícias ruins. Hoje é tudo em tempo real, documentado com fotos e vídeos.
Na minha infância conheci a figura do portador. Portador era aquela pessoa que trazia uma encomenda, uma carta, um recado. Ele vinha das fazendas dos tios com uma peça de carne. Ele levava para uma das primas o vestido feito pela minha irmã. Ele nos entregava uma carta com notícias de longe. Vinham nas jardineiras, nas carroças, nas charretes, nos trens, às vezes eram os próprios motoristas ou cobradores de veículos como essa jardineira abaixo:
Entre os mensageiros mais famosos da história, sem falar em Hermes, o mensageiro dos deuses, assunto de Marli de Tolosa Blog da Maliu , destacam-se os Pony Express http://pt.wikipedia.org/wiki/Pony_Express . Consta que o serviço, atravessando a pradaria dos Estados Unidos do século XIX, era tão perigoso que os escolhidos deveriam ser, não apenas leves, para poderem galopar 16 km sem interrupção e sem matar o cavalo, mas também sozinhos, sem família que pudesse reclamar a eventual e bastante comum perda da vida deles.
Na minha cidade, de médio porte nas décadas de 1940/1950, havia os Correios, assim, com maiúscula, serviço decente e respeitado. A agência funcionava num prédio erguido para aquela finalidade, uma construção de dois pavimentos, em linhas modernas, instalações amplas e limpas. Era lá que eu ia buscar o jornal de domingo, dia em que ele não era distribuído nas casas. Era lá que eu, menina de recados, ia postar cartas das irmãs e meus cartões de boas festas nos fins de ano.
Trocávamos cartas, que os Correios levavam para lá e traziam para cá. E faziam isso de forma rápida, barata e confiável. Certamente uma exceção que confirma a regra, no caso a regra da confiabilidade, havia uma funcionária numa cidadezinha perto da nossa, onde tínhamos parentes, que sistematicamente abria a correspondência antes do destinatário, tornando-se leitora privilegiada de nossas mensagens e eventuais segredos.
Na década de 1960 mantive um namoro por cartas por cima do oceano Atlântico. Vendo os atuais preços do serviço dito expresso e os inúmeros relatos de atrasos e perdas de encomendas, custo a acreditar que naquele tempo nossas cartas cruzavam o mar em dois, três dias.
Relembremos, pois, a magia das cartas, na voz de Isaurinha Garcia:
http://www.youtube.com/watch?v=peA5LzKIDJw
Por essa época, telefonar era algo impensável. Nem em casas ricas tinha telefone. Em algumas fazendas próximas à cidade havia um serviço precário de telecomunicação. O que existia mesmo era um posto telefônico, uma construção com uma sala de espera, cabines com telefones fixos na parede, balcão de atendimento, lá dentro a central telefônica, com mesas enormes, cheias de fios. Somente em casos de urgência urgentíssima utilizava-se esse serviço. Se algum parente nos chamasse, seguia-se este roteiro: a ligação caia na central, a telefonista anotava nosso nome e endereço, marcava com quem chamou uma determinada hora para ela ligar de volta, acionava-se um mensageiro, ele ia à nossa casa, íamos à central, a telefonista começava a série de tentativas para nos conectar, aí quando quem queria falar conosco estivesse na linha a telefonista nos mandava para uma das cabines e nos passava a ligação. Que nem sempre se completava. Ou se se completava, o som era péssimo, muita estática, e tínhamos que gritar.
Adeus, privacidade!
Em meados da década 1950 foi criada a telefônica da cidade, iniciativa de industriais e comerciantes locais, que faziam de casa em casa o trabalho de convencimento de possíveis acionistas. Minha mãe, mesmo que não tivesse recursos para algo supostamente supérfluo, era progressista e aderiu prontamente à iniciativa modernizante.
Eu me deslumbrei com esse telefone em casa, confesso. Ligar para amigas, paquerar, passar trote (céus, que coisa mais brega!, ainda bem que nunca fui boa nisso e logo desisti), pedir música na Rádio Cultura..., muita novidade e pouca utilidade numa cidade em que tudo se alcançava a pé.
Até que chegaram os celulares. Agora nos ligamos a todas as pessoas, informamos nossos passos, sabemos do roteiro de todo mundo, agendamos nossa vida, conversamos por telefone até com quem está perto de nós. Vários enredos de romances, contos e novelas que dependiam de carta e portador hoje não funcionariam.
E veio a internet. Estamos agora a um clique do inimaginável. Alcançamos qualquer pessoa a qualquer hora. Mas temos que correr atrás das inovações. Ou esperar inutilmente por resposta de minhas netas a meus e-mails. Descubro depois que elas nem mais olham a caixa de entrada do provedor. Estão no twitter, no facebook, no Messenger. “E-mail é coisa de velho, vó!”
Por Vera Guimarães
Acabei de comprar um iPhone. Digo isso sem um pingo de deslumbramento. E sem pretender ser blasée também. O sentimento que me domina é de uma ligeira contrariedade. Contrariedade por abandonar o meu celular, por ter que aprender coisas novas, por ter que gastar um tanto do meu tempo transferindo minha agenda para o novo aparelho, por saber que vou apanhar da nova tecnologia, por ... etc etc etc.
Não sou muito ligada em novidades tecnológicas. Por mim, o celular antigo estava ótimo. Bem, tenho que reconhecer que... em termos. Fora do Brasil, recentemente, ao passar de um país para outro, tive que acionar o serviço da operadora aqui no Brasil. Quando a moça perguntou o modelo do meu aparelho, houve aquele silencio e um “Ah... bem, vamos tentar o seguinte: a senhora...” Entendi, da mesma forma que, com o aparelho anterior ao penúltimo, entendi por que, viajando da minha cidade para Minas, ao transpor a fronteira entre os estados, o relógio sumia, meus dados desapareciam, a bateria se esgotava em segundos. Entendi e comprei outro. Entendi que, embora eu esteja satisfeita com a função faz/recebe ligações, a tecnologia que chega e se instala inutiliza e mata a anterior. Inspira, dona Vera, expira, inspira... e encaremos o novo.
Vários fatores da vida moderna exigem que dois velhinhos na casa dos setenta se mantenham conectados o tempo todo, razão por que estamos com celulares providos de serviço de mensagem, internet, até GPS. Nem sempre foi assim. Podíamos esperar. Por notícias boas. Por notícias ruins. Hoje é tudo em tempo real, documentado com fotos e vídeos.
Na minha infância conheci a figura do portador. Portador era aquela pessoa que trazia uma encomenda, uma carta, um recado. Ele vinha das fazendas dos tios com uma peça de carne. Ele levava para uma das primas o vestido feito pela minha irmã. Ele nos entregava uma carta com notícias de longe. Vinham nas jardineiras, nas carroças, nas charretes, nos trens, às vezes eram os próprios motoristas ou cobradores de veículos como essa jardineira abaixo:
Entre os mensageiros mais famosos da história, sem falar em Hermes, o mensageiro dos deuses, assunto de Marli de Tolosa Blog da Maliu , destacam-se os Pony Express http://pt.wikipedia.org/wiki/Pony_Express . Consta que o serviço, atravessando a pradaria dos Estados Unidos do século XIX, era tão perigoso que os escolhidos deveriam ser, não apenas leves, para poderem galopar 16 km sem interrupção e sem matar o cavalo, mas também sozinhos, sem família que pudesse reclamar a eventual e bastante comum perda da vida deles.
Na minha cidade, de médio porte nas décadas de 1940/1950, havia os Correios, assim, com maiúscula, serviço decente e respeitado. A agência funcionava num prédio erguido para aquela finalidade, uma construção de dois pavimentos, em linhas modernas, instalações amplas e limpas. Era lá que eu ia buscar o jornal de domingo, dia em que ele não era distribuído nas casas. Era lá que eu, menina de recados, ia postar cartas das irmãs e meus cartões de boas festas nos fins de ano.
Trocávamos cartas, que os Correios levavam para lá e traziam para cá. E faziam isso de forma rápida, barata e confiável. Certamente uma exceção que confirma a regra, no caso a regra da confiabilidade, havia uma funcionária numa cidadezinha perto da nossa, onde tínhamos parentes, que sistematicamente abria a correspondência antes do destinatário, tornando-se leitora privilegiada de nossas mensagens e eventuais segredos.
Na década de 1960 mantive um namoro por cartas por cima do oceano Atlântico. Vendo os atuais preços do serviço dito expresso e os inúmeros relatos de atrasos e perdas de encomendas, custo a acreditar que naquele tempo nossas cartas cruzavam o mar em dois, três dias.
Relembremos, pois, a magia das cartas, na voz de Isaurinha Garcia:
http://www.youtube.com/watch?v=peA5LzKIDJw
Por essa época, telefonar era algo impensável. Nem em casas ricas tinha telefone. Em algumas fazendas próximas à cidade havia um serviço precário de telecomunicação. O que existia mesmo era um posto telefônico, uma construção com uma sala de espera, cabines com telefones fixos na parede, balcão de atendimento, lá dentro a central telefônica, com mesas enormes, cheias de fios. Somente em casos de urgência urgentíssima utilizava-se esse serviço. Se algum parente nos chamasse, seguia-se este roteiro: a ligação caia na central, a telefonista anotava nosso nome e endereço, marcava com quem chamou uma determinada hora para ela ligar de volta, acionava-se um mensageiro, ele ia à nossa casa, íamos à central, a telefonista começava a série de tentativas para nos conectar, aí quando quem queria falar conosco estivesse na linha a telefonista nos mandava para uma das cabines e nos passava a ligação. Que nem sempre se completava. Ou se se completava, o som era péssimo, muita estática, e tínhamos que gritar.
Adeus, privacidade!
Em meados da década 1950 foi criada a telefônica da cidade, iniciativa de industriais e comerciantes locais, que faziam de casa em casa o trabalho de convencimento de possíveis acionistas. Minha mãe, mesmo que não tivesse recursos para algo supostamente supérfluo, era progressista e aderiu prontamente à iniciativa modernizante.
Eu me deslumbrei com esse telefone em casa, confesso. Ligar para amigas, paquerar, passar trote (céus, que coisa mais brega!, ainda bem que nunca fui boa nisso e logo desisti), pedir música na Rádio Cultura..., muita novidade e pouca utilidade numa cidade em que tudo se alcançava a pé.
Até que chegaram os celulares. Agora nos ligamos a todas as pessoas, informamos nossos passos, sabemos do roteiro de todo mundo, agendamos nossa vida, conversamos por telefone até com quem está perto de nós. Vários enredos de romances, contos e novelas que dependiam de carta e portador hoje não funcionariam.
E veio a internet. Estamos agora a um clique do inimaginável. Alcançamos qualquer pessoa a qualquer hora. Mas temos que correr atrás das inovações. Ou esperar inutilmente por resposta de minhas netas a meus e-mails. Descubro depois que elas nem mais olham a caixa de entrada do provedor. Estão no twitter, no facebook, no Messenger. “E-mail é coisa de velho, vó!”
sábado, 16 de julho de 2011
FREDZILA
Carlos Frederico Abreu
Antes que alguém me pergunte o porque do ‘Fredzila’, já vou explicando.
Certa vez andando em um daqueles shoppings na Liberdade (para quem não conhece, um bairro de São Paulo, que concentra grande parte da colônia japonesa do país), acho que durante um festival (matsuri) qualquer, percebi que conforme eu avançava entre o povo (a maioria de orientais), ia abrindo um clarão na multidão, como se eles se desviassem, um tanto assustados (juro que ví olhares de pânico de algumas avozinhas).
Ok, você precisaria me conhecer para entender a analogia.
Precisaria saber que não sou, digamos, uma figura discreta, com meus cento e vinte quilos e um metro e oitenta e quatro.
Inevitável a lembrança de Godzila (Gojira), derrubando prédios, esmagando e aterrorizando os pobres japoneses.
Antes da viagem: entendendo a linha de mudança de data
Se quiser queimar alguns neurônios, tente entender isso: decole, digamos, 13:00 de terça, viaje por 10 horas, e chegue às 16:00 de quarta - sem ter uma noite entre estes dois dias.
Ziguezagueando no oceano pacífico está a linha de mudança de data, ou a Internacional Date Line (IDL), perto do meridiano 180°, indicando a separação entre o hoje e o amanhã. Apesar do nome, esta linha não é precisa e não está fixada por tratado ou por lei internacional alguma.
Este paradoxo aparece em antigas cartas de navegação, desde 1270, para desafiar a imaginação de marinheiros que relatavam de como se podia, dependendo da direção de sua viagem, ganhar um dia ou perdê-lo, ao final da circunavegação.
Apenas no século 19, com a evolução dos barcos e das comunicações, a linha chegou ao conhecimento da maioria de astrônomos, geógrafos e navegadores.
Jules Verne tornou famoso este fenômeno com o livro ‘Volta ao Mundo em 80 dias’(1873), mas antes dele, Edgar Allan Poe escreveu o não tão conhecido, ‘Uma sucessão de domingos’(1841), onde um homem muito rico promete a mão de sua sobrinha a um jovem, com a condição (impossível) que três domingos ocorressem no intervalo de uma semana.
A condição foi satisfeita quando ao encontrar dois capitães de navio que haviam completado uma circunavegação do globo, aquele que havia viajado para leste dizia que era segunda-feira, e que ontem fora domingo. O outro, que havia viajado na direção oeste, dizia que era sábado e que só seria domingo no dia seguinte.
Durante o vôo, uma viagem no tempo
Sobre Anchorage, no Canadá, faltando 7 horas e meia para chegar em Osaka
Agora me dei conta que as aeromoças estão pedindo para fechar as janelas e gradualmente as luzes internas estão se apagando. Simulação da noite em pleno dia. São 8:00 da manhã no Japão e chegaremos quase quatro da tarde, ou seja, se ficarmos acordados, estaremos perdendo uma noite de sono sem perceber!
Antes que alguém me pergunte o porque do ‘Fredzila’, já vou explicando.
Certa vez andando em um daqueles shoppings na Liberdade (para quem não conhece, um bairro de São Paulo, que concentra grande parte da colônia japonesa do país), acho que durante um festival (matsuri) qualquer, percebi que conforme eu avançava entre o povo (a maioria de orientais), ia abrindo um clarão na multidão, como se eles se desviassem, um tanto assustados (juro que ví olhares de pânico de algumas avozinhas).
Ok, você precisaria me conhecer para entender a analogia.
Precisaria saber que não sou, digamos, uma figura discreta, com meus cento e vinte quilos e um metro e oitenta e quatro.
Inevitável a lembrança de Godzila (Gojira), derrubando prédios, esmagando e aterrorizando os pobres japoneses.
Antes da viagem: entendendo a linha de mudança de data
Se quiser queimar alguns neurônios, tente entender isso: decole, digamos, 13:00 de terça, viaje por 10 horas, e chegue às 16:00 de quarta - sem ter uma noite entre estes dois dias.
Ziguezagueando no oceano pacífico está a linha de mudança de data, ou a Internacional Date Line (IDL), perto do meridiano 180°, indicando a separação entre o hoje e o amanhã. Apesar do nome, esta linha não é precisa e não está fixada por tratado ou por lei internacional alguma.
Este paradoxo aparece em antigas cartas de navegação, desde 1270, para desafiar a imaginação de marinheiros que relatavam de como se podia, dependendo da direção de sua viagem, ganhar um dia ou perdê-lo, ao final da circunavegação.
Apenas no século 19, com a evolução dos barcos e das comunicações, a linha chegou ao conhecimento da maioria de astrônomos, geógrafos e navegadores.
Jules Verne tornou famoso este fenômeno com o livro ‘Volta ao Mundo em 80 dias’(1873), mas antes dele, Edgar Allan Poe escreveu o não tão conhecido, ‘Uma sucessão de domingos’(1841), onde um homem muito rico promete a mão de sua sobrinha a um jovem, com a condição (impossível) que três domingos ocorressem no intervalo de uma semana.
A condição foi satisfeita quando ao encontrar dois capitães de navio que haviam completado uma circunavegação do globo, aquele que havia viajado para leste dizia que era segunda-feira, e que ontem fora domingo. O outro, que havia viajado na direção oeste, dizia que era sábado e que só seria domingo no dia seguinte.
Durante o vôo, uma viagem no tempo
Sobre Anchorage, no Canadá, faltando 7 horas e meia para chegar em Osaka
Agora me dei conta que as aeromoças estão pedindo para fechar as janelas e gradualmente as luzes internas estão se apagando. Simulação da noite em pleno dia. São 8:00 da manhã no Japão e chegaremos quase quatro da tarde, ou seja, se ficarmos acordados, estaremos perdendo uma noite de sono sem perceber!
sexta-feira, 15 de julho de 2011
A CIVILIZAÇAO PASSA PELOS BANHEIROS PÚBLICOS
Por Vera Guimarães
(foto: cocadaboa.blogspot.com)
Eu meço meu grau de jacuzice ou cosmopolitismo pelo aplomb e eficiência com que enfrento um banheiro público novo.
Nunca sei que tipo de torneira vou encontrar no banheiro da Central Station de qualquer lugar ou como é a descarga do toilet daquele restaurante que parecia tão velhinho, afinal instalado num prédio que tem resquícios de uma torre do século X. Sim, queridos, todos os banheiros foram reformados. Viva a globalização! E as torneiras agora se abrem por sensor, se fecham quando querem, ou você tem que cantar o hino nacional daquele país para acontecer alguma coisa. Se a gente não está acostumada a misturadores, corremos o risco de uma mãozinha escaldada ou congelada.
Num desses banheiros, achei que o próximo passo seria eu ser abduzida, tal o evento misterioso que se deu: ao ser acionada a descarga, a tampa do vaso criou vida própria e começou a se mover, dando uma volta completa. Em outro, fiquei procurando em algum lugar um botão ou uma peça móvel, girei braços, pernas e bolsa na esperança de um sensor escondido. Quando desisti, e já estava treinando a desculpa (em inglês, of course) para dar à pessoa que estivesse aguardando a vez quanto aos motivos de não ter cumprido com minha obrigação de cidadã terceiro-mundista pobre, mas limpinha, pois bem, quando virei as costas, o milagre se fez. Deveria ser uma descarga envergonhada, que não faz nada com as pessoas olhando.
Você está sempre segura do que fazer com as toalheiras? Parabéns! Eu nunca sei se é para torcer, apertar, bater a mão, esperar o milagre do sensor ou puxar com as duas mãos. Pior se a instrução vem em húngaro, "a única língua que o diabo respeita". (Chico Buarque, in BUDAPESTE).
Agora, sim, o que vem é civilização! Meus companheiros de viagem viram um banheiro público masculino sensacional. Eu não vi, mas eles tiraram foto e descreveram o funcionamento da coisa. Para a homaiada tomadeira de cerveja parar de ficar mijando pelas ruas, fizeram um gradeado, simplesmente um gradeado em semicírculo, sem porta, que apenas proporciona uma relativa reserva, no qual tem um cano com um bocal (???) onde o cidadão introduz o... a... , vocês sabem, e se alivia e preserva as senhoras e crianças da visão desses marmanjos inconvenientes, e livra as ruas do cheiro característico de seu produto excretado.
(Rubberball Fotos Royalty Free)
COMENTÁRIOS:
Gisela: Pqp, Vera, eu quero que a civilização chegue logo a Sorocaba pq o que tem de homem se aliviando na rua é brincadeira!
Claudia Lyra: Eu quero que a civilização chegue ao banheiro dos meus meninos...
Bela: Meu bem, a civilização chega ao banheiro dos meninos, mas os meninos nunca chegam na civilizaçao...os seus tb têm pinto sem pontaria? ah, fia, me responde... PARA QUE DIABOS SERVE AQUELA MANGUEIRINHA??? (neste perímetro banheiral, que fique claro!)
Eva: E a porta. Por que eles acham que não precisa fechar a porta?
Stella: aqui em casa o banheiro tem sempre a porta fechada e a tampa do vaso baixada, graziedio. fred já veio treinado para a minha mão. e os gatos ajudaram muito, pq vaso sanitário com tampa levantada é fatal para gato, eles caem e se afogam, segundo fred me disse.
Claudio Luiz: la no porto (estou em lisboa aproveitando o feriado) tem um tb interessante. Meio conversadeira. Fica um de frente pro outro, dá para conversar e não precisa ficar vendo o documento um do outro. Depois vou ver se fotografo.
Anamaria: Que máximo... um sucker de piru engolidor de xixi... aqui não ia dar certo, ia encher de tarado, hehehehe.
Claudia Lyra: Rapá, já cogitei a hipótese dos meninos sofrerem de Mal de Parkison bem nesse momento - e somente nesse - do xixi, porque não é possível que seja tão difícil acertar o bocão do Celite!!! Já pedi mais concentração nessa hora, que eles pensem no que estão fazendo, que mantenham o foco... mas tudo em vão...
(foto: cocadaboa.blogspot.com)
Eu meço meu grau de jacuzice ou cosmopolitismo pelo aplomb e eficiência com que enfrento um banheiro público novo.
Nunca sei que tipo de torneira vou encontrar no banheiro da Central Station de qualquer lugar ou como é a descarga do toilet daquele restaurante que parecia tão velhinho, afinal instalado num prédio que tem resquícios de uma torre do século X. Sim, queridos, todos os banheiros foram reformados. Viva a globalização! E as torneiras agora se abrem por sensor, se fecham quando querem, ou você tem que cantar o hino nacional daquele país para acontecer alguma coisa. Se a gente não está acostumada a misturadores, corremos o risco de uma mãozinha escaldada ou congelada.
Num desses banheiros, achei que o próximo passo seria eu ser abduzida, tal o evento misterioso que se deu: ao ser acionada a descarga, a tampa do vaso criou vida própria e começou a se mover, dando uma volta completa. Em outro, fiquei procurando em algum lugar um botão ou uma peça móvel, girei braços, pernas e bolsa na esperança de um sensor escondido. Quando desisti, e já estava treinando a desculpa (em inglês, of course) para dar à pessoa que estivesse aguardando a vez quanto aos motivos de não ter cumprido com minha obrigação de cidadã terceiro-mundista pobre, mas limpinha, pois bem, quando virei as costas, o milagre se fez. Deveria ser uma descarga envergonhada, que não faz nada com as pessoas olhando.
Você está sempre segura do que fazer com as toalheiras? Parabéns! Eu nunca sei se é para torcer, apertar, bater a mão, esperar o milagre do sensor ou puxar com as duas mãos. Pior se a instrução vem em húngaro, "a única língua que o diabo respeita". (Chico Buarque, in BUDAPESTE).
Agora, sim, o que vem é civilização! Meus companheiros de viagem viram um banheiro público masculino sensacional. Eu não vi, mas eles tiraram foto e descreveram o funcionamento da coisa. Para a homaiada tomadeira de cerveja parar de ficar mijando pelas ruas, fizeram um gradeado, simplesmente um gradeado em semicírculo, sem porta, que apenas proporciona uma relativa reserva, no qual tem um cano com um bocal (???) onde o cidadão introduz o... a... , vocês sabem, e se alivia e preserva as senhoras e crianças da visão desses marmanjos inconvenientes, e livra as ruas do cheiro característico de seu produto excretado.
(Rubberball Fotos Royalty Free)
COMENTÁRIOS:
Gisela: Pqp, Vera, eu quero que a civilização chegue logo a Sorocaba pq o que tem de homem se aliviando na rua é brincadeira!
Claudia Lyra: Eu quero que a civilização chegue ao banheiro dos meus meninos...
Bela: Meu bem, a civilização chega ao banheiro dos meninos, mas os meninos nunca chegam na civilizaçao...os seus tb têm pinto sem pontaria? ah, fia, me responde... PARA QUE DIABOS SERVE AQUELA MANGUEIRINHA??? (neste perímetro banheiral, que fique claro!)
Eva: E a porta. Por que eles acham que não precisa fechar a porta?
Stella: aqui em casa o banheiro tem sempre a porta fechada e a tampa do vaso baixada, graziedio. fred já veio treinado para a minha mão. e os gatos ajudaram muito, pq vaso sanitário com tampa levantada é fatal para gato, eles caem e se afogam, segundo fred me disse.
Claudio Luiz: la no porto (estou em lisboa aproveitando o feriado) tem um tb interessante. Meio conversadeira. Fica um de frente pro outro, dá para conversar e não precisa ficar vendo o documento um do outro. Depois vou ver se fotografo.
Anamaria: Que máximo... um sucker de piru engolidor de xixi... aqui não ia dar certo, ia encher de tarado, hehehehe.
Claudia Lyra: Rapá, já cogitei a hipótese dos meninos sofrerem de Mal de Parkison bem nesse momento - e somente nesse - do xixi, porque não é possível que seja tão difícil acertar o bocão do Celite!!! Já pedi mais concentração nessa hora, que eles pensem no que estão fazendo, que mantenham o foco... mas tudo em vão...
MINHA AMIGA DE INFÂNCIA VOLTOU!!!
Telinha Cavalcanti
Minha amiga de infância voltou! Foi assim mesmo que eu me senti ao ver a revista Luluzinha nas bancas. Não, não é a Luluzinha Teen, pufavô. É a clássica, com seu vestidinho vermelho, com a Aninha, o Bolinha, a peste do Alvinho e a Bruxa Alcéia! (Até agora a Meméia não apareceu, mas estou cruzando os dedos)
Luluzinha e Bolinha foram meus grandes amigos nas décadas de 70/80. Papai comprava para mim e também curtia. Certa vez, aos 9 anos, voltava da banca para casa com a minha irmã mais velha. Eu andava e lia ao mesmo tempo... até que bati com a cara no poste. Choro, humilhação, irmã rindo de mim. Nunca mais fiz isso, embora odiasse perder tempo até começar a ler :)
Luluzinha e Bolinha se firmaram como ícones pop da época. Até música da Jovem Guarda homenageou a dupla!
A Festa do Bolinha
Composição: Erasmo Carlos/Roberto Carlos
Eu ontem fui à festa na casa do Bolinha
Confesso, não gostei dos modos da Glorinha
Toda assanhada, nunca vi igual
Trocava mil beijocas com o Raposo no quintal
Porém, pouco durou aquela paixão
Pois Bolinha, com ciúmes, formou a confusão
Aninha tropeçou e os copos derrubou
E a casa do Bolinha num inferno se tornou
Bolinha provou que é ciumento prá xuxu
E... que não gosta da Lulu
Bobinha, que por ele ainda chora
Com tanto pão dando bola no salão
Luluzinha foi gostar logo de um bolão.
As expressões "Clube da Luluzinha" e "Clube do Bolinha" estão em uso até hoje, não é, meninas do Luluzinha Camp?
Luluzinha e Bolinha voltaram às bancas depois de 15 anos de ausência, na esteira do sucesso de suas versões teen. As histórias clássicas da Marge são ambientadas entre 1930/1940, com a moda, os carros e, principalmente, o comportamento da época: muitas histórias começam com a Luluzinha sendo castigada injustamente pelos pais. Com a ajuda do Bolinha, fantasiado de Detetive Aranha, o mistério era solucionado e o verdadeiro culpado pela arte aparecia.
Luluzinha e Bolinha chegaram ao Brasil em 1955. Mesmo enfrentando algumas mudanças de editoras, continuaram sendo publicados até os anos 90. No começo dos anos 2000, voltaram às bancas e às livrarias como livros, com coletâneas de histórias em preto e branco. Em 2009, foi lançada a revista Luluzinha Teen.
Uma característica importante da Luluzinha é que ela sempre foi uma menina esperta e destemida. Em uma historinha clássica, Lulu decide participar da corrida de carrinhos feitos com caixotes - que só aceitava meninos. Ela não só consegue ser a única menina a correr junto com todos os meninos do bairro como também ganha a corrida. E quando o Bolinha, revoltado com a derrota, a acusa de ter a ajuda do pai para construir seu carrinho, Lulu afirma que quem a ajudou foi a mãe! Luluzinha era uma feminista avant-la-lettre, brincando e brigando em pé de igualdade com os meninos da rua.
Agora, em 2011, as histórias são as mesmas, mas há gírias novas nos diálogos. Eu não gostei muito do anacronismo, vou ser sincera. Mas é porque eu sou old-school :)
Minha amiga de infância voltou! Foi assim mesmo que eu me senti ao ver a revista Luluzinha nas bancas. Não, não é a Luluzinha Teen, pufavô. É a clássica, com seu vestidinho vermelho, com a Aninha, o Bolinha, a peste do Alvinho e a Bruxa Alcéia! (Até agora a Meméia não apareceu, mas estou cruzando os dedos)
tá amassadinha, mas é porque eu li e reli...
Luluzinha e Bolinha foram meus grandes amigos nas décadas de 70/80. Papai comprava para mim e também curtia. Certa vez, aos 9 anos, voltava da banca para casa com a minha irmã mais velha. Eu andava e lia ao mesmo tempo... até que bati com a cara no poste. Choro, humilhação, irmã rindo de mim. Nunca mais fiz isso, embora odiasse perder tempo até começar a ler :)
Luluzinha e Bolinha se firmaram como ícones pop da época. Até música da Jovem Guarda homenageou a dupla!
A Festa do Bolinha
Composição: Erasmo Carlos/Roberto Carlos
Eu ontem fui à festa na casa do Bolinha
Confesso, não gostei dos modos da Glorinha
Toda assanhada, nunca vi igual
Trocava mil beijocas com o Raposo no quintal
Porém, pouco durou aquela paixão
Pois Bolinha, com ciúmes, formou a confusão
Aninha tropeçou e os copos derrubou
E a casa do Bolinha num inferno se tornou
Bolinha provou que é ciumento prá xuxu
E... que não gosta da Lulu
Bobinha, que por ele ainda chora
Com tanto pão dando bola no salão
Luluzinha foi gostar logo de um bolão.
As expressões "Clube da Luluzinha" e "Clube do Bolinha" estão em uso até hoje, não é, meninas do Luluzinha Camp?
Luluzinha e Bolinha voltaram às bancas depois de 15 anos de ausência, na esteira do sucesso de suas versões teen. As histórias clássicas da Marge são ambientadas entre 1930/1940, com a moda, os carros e, principalmente, o comportamento da época: muitas histórias começam com a Luluzinha sendo castigada injustamente pelos pais. Com a ajuda do Bolinha, fantasiado de Detetive Aranha, o mistério era solucionado e o verdadeiro culpado pela arte aparecia.
Luluzinha e Bolinha chegaram ao Brasil em 1955. Mesmo enfrentando algumas mudanças de editoras, continuaram sendo publicados até os anos 90. No começo dos anos 2000, voltaram às bancas e às livrarias como livros, com coletâneas de histórias em preto e branco. Em 2009, foi lançada a revista Luluzinha Teen.
Uma característica importante da Luluzinha é que ela sempre foi uma menina esperta e destemida. Em uma historinha clássica, Lulu decide participar da corrida de carrinhos feitos com caixotes - que só aceitava meninos. Ela não só consegue ser a única menina a correr junto com todos os meninos do bairro como também ganha a corrida. E quando o Bolinha, revoltado com a derrota, a acusa de ter a ajuda do pai para construir seu carrinho, Lulu afirma que quem a ajudou foi a mãe! Luluzinha era uma feminista avant-la-lettre, brincando e brigando em pé de igualdade com os meninos da rua.
Agora, em 2011, as histórias são as mesmas, mas há gírias novas nos diálogos. Eu não gostei muito do anacronismo, vou ser sincera. Mas é porque eu sou old-school :)
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