segunda-feira, 29 de abril de 2013

De um certo caderninho



                                                  João Cabral de Melo Neto

Lavo a alma lendo boa poesia, é verdade. O antigo caderninho de onde tiro poemas, pequenas crônicas e textinhos inclassificáveis às vezes me parece meio pedante, meio besta mesmo. Esse manifesto que encontrei no tal caderninho foi escrito numa fase um pouco exaltada, assim meio condoreira (menos, Dade, menos!), mas tem lá seus encantos. Gosto dele, apesar de tudo.

 Acredito na poesia como uma experiência que não para de se renovar, e ao longo do tempo pode tornar as pessoas melhores. O exercício da poesia induz o autoconhecimento, sem o qual ninguém sai do lugar. Dá a medida e o peso do que é preciso saber, porque ilumina a razão com a experiência mais íntima das coisas e dos acontecimentos. Aliás, poesia é acontecimento.

Poesia não serve para rimar palavras ou burilar frases de efeito. Ela relativiza as defesas que criamos para nos aprisionar; remove as máscaras com que tentamos nos esconder ou nos engrandecer. Desmistifica toda fantasia que não exista para celebrar, mas para enganar os outros e a nós mesmos. O exercício da poesia revela a inutilidade de nossos álibis. É o par de asas a nosso alcance.

Acredito profundamente na poesia, porque aproxima estranhos e diferentes, semeia um conhecimento para o qual não existem currículos bastantes, desperta o corpo e a alma das pessoas para uma liberdade que nada pode destruir, porque consegue dizer o que nenhuma outra linguagem comunica. Um bom poema é o simulacro de um momento na vida de alguém, com sua grandeza e fragilidade.

Acredito na força da poesia, capaz de revelar a beleza de uma fruta, um corpo ou uma guerra; uma paixão ou um canto de casa empoeirado, a lama da estrada, as nuvens de chumbo – melhor ainda se o arco-íris não aparecer.

E porque não se impõe nem obriga a nada, acredito que a poesia é a expressão mais verdadeira da difícil liberdade humana.


‘A palo seco’*, poema de João Cabral de Melo Neto, poeta brasileiro nascido em Recife, 1920, que morreu no Rio de Janeiro em 1999, fala de um conceito de poesia que me parece coisa de gênio (que ele era).

Aqui vão alguns trechos:

1.1 Se diz a palo seco
o cante sem guitarra;
o cante sem; o cante;
o cante sem mais nada;

(...)

4.1 A palo seco canta
o pássaro sem bosque,
por exemplo: pousado
sobre um fio de cobre;

a palo seco canta
ainda melhor esse fio
quando sem qualquer pássaro
dá o seu assovio.

* Do espanhol, Cantes a palo seco diz respeito a um tipo de música pertencente à categoria dos palos flamencos. São tradicionalmente cantados à capela ou, em alguns casos, acompanhados apenas por algum instrumento de percussão.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

FÓRMULA HOMEOPÁTICA PREVINE E TRATA GRIPE SUÍNA



NOVO PROTOCOLO DA GRIPE SUÍNA ELABORADO PELA DRA. ANA TERESA DORIA DREUX

 “Antiviral Tamiflu não é suficiente para combater um dos tipos de gripe suína”, mostra estudo de especialistas australianos. ( O Globo , março de 2013 ).

 A Profa. Dra. Ana Teresa Doria Dreux, Livre Docente de Clínica Homeopática da UNIRIO, Vice-Presidente do Instituto Hahnemanniano do Brasil, que desenvolveu uma fórmula homeopática contra Dengue, posta em prática e devidamente aprovada, trabalhou elementos para a prevenção e cura da gripe suína. No final desta matéria, você encontrará a fórmula e a explicação sobre cada elemento usado.


Ana Teresa Doria Dreux  


OTIMISMO

 A Dra. Ana Teresa deixa uma mensagem de otimismo a todos: “cultivem a alegria, apanhem sol, deixem o ar e a luz entrarem em suas casas e mentes e tenham confiança na Homeopatia. Não há nada que se compare ao nosso sistema imunológico quando bem estimulado, pois é VIVO. Alimentação rica em verduras, frutas, gengibre, alho, cítricos, água e água de coco. Evitem ou administrem o estresse, pois como dizia um nosso professor: ” a emoção é dona da vida.”"

 Informa a médica que a Influenza A ou gripe H1N1 atingirá de forma mais grave as pessoas que tem asma, os imunodeprimidos como os que tomam medicamentos como corticóides, os subnutridos, os aidéticos , e as grávidas pelas condições especiais a que fica submetido o organismo durante a gestação.

 "O contágio da gripe realmente é perigoso, e esta pode evoluir para formas pneumônicas, pois moramos em grandes centros populacionais onde circulamos em contato com centenas de pessoas por dia. Não deixe se levar pelo pânico, evite ambientes fechados com ar refrigerado, pratique muita higiene, use álcool gel, principalmente quando tocar em dinheiro, maçanetas de portas, banheiros públicos.

Evite comida que fica exposta em vitrines. Sugiro também, como fazem os indianos, deixar os sapatos na entrada da casa e circular com um chinelo ou um sapato só para uso interno. Se for guardar o sapato no armário, limpá-lo com papel toalha embebido em álcool, especialmente a sola. As ruas são muito sujas."


 

RESULTADOS 

A Dra. Ana Teresa já acumulou resultados de cura da gripe e da prevenção da mesma com a fórmula homeopática que desenvolveu além de esultados obtidos também contra Dengue. E é ela quem nos conta sua experiência.

 "Como fiz com a fórmula Dengue, que costumo administrar no início do verão, todos os anos, a partir do inicio de Maio, determinava que se fizesse a prevenção da gripe sazonal nos funcionários do Instituto Hahnemanniano do Brasil com o Influenzinum 200 CH, uma vez por semana, medicamento preparado a partir de vacina para gripe do Instituto Pasteur.

A prevenção da sazonal tem sido testada há anos nos funcionários do IHB clientes, família, etc.Tivemos bons resultados, pois nossos funcionários não pegavam gripe apesar de circularem no IHB, cerca de 1000 pacientes por mês, muitas delas gripadas, no Ambulatório Escola e na farmácia, além de lá freqüentarem alunos da graduação da UNIRIO e alunos dos cursos de pós-graduação em Homeopatia.

Quando surgiu a gripe suína em 2009, resolvi incluir o Aviarium, preparado a partir da tuberculose Aviária, visto que esta gripe ataca mais os pulmões. Foram tomados os dois medicamentos por seis semanas pelos funcionários e suas famílias e ninguém contraiu nenhuma gripe.

Não há risco de se tomar esta tuberculina na potência 200CH e só uma vez por semana, como prescrevi, pois que é recomendado até para crianças que se resfriam com facilidade, ou tiveram pneumonia, abrindo o apetite e melhorando a imunidade.

No ano de 2013 incluí o Oscillococcinum, criado por um médico Francês a partir de bactérias existentes no coração e no fígado de uma espécie de pato e comprovou-se que tem o poder de levantar a imunidade contra Influenza, alias medicamento homeopático campeão de vendas na Europa.

Quanto à fórmula para tratamento, recebi em anos anteriores telefonemas de pessoas com a gripe confirmada que não tinham feito a prevenção e se curaram muito rapidamente com a fórmula, outros com sintomas, mas sem a confirmação laboratorial, e que também tiveram excelente e rápido resultado.

Este tratamento de prevenção não tem nada a ver com o Tamiflu.
São medicamentos diluídos em potências centesimais, pelo método criado por Samuel Hahnemann há mais de 200 anos e não combatem o vírus, é o paciente que o combate pela ação do semelhante, isto é, despertando nele uma reação imunológica à doença específica."  

PEQUENA HISTÓRIA DA GRIPE NO MUNDO 

 "Quanto à semelhança com a gripe espanhola, ainda são conjecturas.
É bom lembrar que nesta época o mundo em 1918, saía da primeira guerra mundial com milhares de cadáveres insepultos, falta de alimentos, terror, e havia uma depressão mental e econômica como uma grande nuvem negra sobre a população da Terra.

Aqui no Rio, os mais abastados migravam para suas fazendas e lá ficavam por alguns meses. Lembro que antibióticos não existiam e as pneumonias raramente não eram fatais.

No entanto, a Homeopatia teve aí seu momento de glória quando o medicamento que se usou foi o Gelsemium, (lembro que é um remédio de ansiedade e medo) além de excelente estimulante do sistema imunológico contra vírus (é um também um dos componentes da fórmula contra a dengue)."  

 "FÓRMULA PREVENÇÃO DA GRIPE 

(adultos e crianças de qualquer idade) 1) Aviarium 200CH/ Influenzinum 200 CH/ Oscillococcinum 200CH/ aã, 15 ml, Alcoolatura a 70%. (assim dura por tempo indeterminado) ou glóbulos, 12g Para pessoas intolerantes ao álcool, crianças ou grávidas mandar veicular em glóbulos Tomar 6 gotas com um pouco d’água ou 6 glóbulos . Crianças bastam 3 glóbulos. Deixar por alguns segundos sublingual. Evitar escovar os dentes e tomar café e substâncias de gosto ativo por 20 minutos antes e depois da administração do medicamento. Não coloque- os perto de celulares, computadores e TV. FAZER ISTO UMA VEZ POR SEMANA POR 6 SEMANAS.  

FÓRMULA TRATAMENTO DA GRIPE 

 Aconitum napellus 5Ch / Antimonium tartaricum 5CH/ Bryonia 5CH/ Belladonna 5CH/ Baptisia tinctoria 3CH/ Gelsemium 5Ch/ aã / glóbulos, 24g.ou 30 ml se for em gotas .(Como preferir) Aos primeiros sintomas de gripe começar a tomar a fórmula.

Se houver CALAFRIOS, tomar 4 glóbulos de 15/ 15 minutos por 4 vezes. Seguir com 4 glóbulos de 1/1 hora, espaçando as doses na medida que melhorarem os sintomas. Enquanto estiver gripado, suspender a prevenção.

Para os bebes pequenos, os glóbulos devem ser diluídos com 1 colherinha d’água para facilitar a administração e evitar engasgos . Os maiores já podem chupar os glóbulos.
AS GRÁVIDAS PODEM E DEVEM TOMAR de preferência em glóbulos para evitar o álcool. Diabéticos devem evitar os glóbulos, pois são feitos de sacarose, açúcar de cana.
Obs.: Os medicamentos não devem ser colocados perto de computadores, TV ou telefones celulares. Os glóbulos devem ser dissolvidos lentamente na boca.  

AS PESSOAS QUE NÃO PODEM INGERIR ÁLCOOL PODEM FAZER TODOS OS MEDICAMENTOS EM GLÓBULOS.

Sugiro tomar vitamina C para reforçar a imunidade: 500 mg. uma vez ao dia para adultos. Crianças consultar o pediatra.

BASEADA EM QUE INFORMAÇÕES A FÓRMULA FOI ELABORADA 

A fórmula foi elaborada de acordo com os sintomas veiculados na mídia no final de Maio de 2009: - 

Aconitum, (começo rápido, calafrios, sede intensa, febre alta com inicio súbito, ansiedade com medo da morte); 
- Antimonium tartaricum (opressão no peito com tose e expectoração espessa e difícil de ser eliminada, doente torporoso, pneumonia); 
- Bryonia (dores intensas no corpo e articulações, prostração, dores como em facadas no pulmão, tosse incessante, falta de ar, pneumonia); 
- Belladonna (dor na garganta, com secura e vermelhidão, febre muito alta e contínua, dor de cabeça congestiva, irritabilidade); 
- Baptisia tinctoria (febre rapidamente elevada, congestão da face, prostração física e mental, sensação geral de quebradura do corpo, sufocação, dispnéia, calafrios nas costas, sensação de que a garganta vai fechar, com dificuldade de engolir líquido, pode haver diarréia); 
- Gelsemium (estados inflamatórios e infecciosos com ansiedade e medo, cefaléia congestiva, músculos respiratórios enfraquecidos com lentidão da respiração, fraqueza muscular e prostração intensa). 

Por estes sintomas relatados na matéria médica homeopática, percebi que cobririam a totalidade dos sintomas da nova forma de gripe, relatados na mídia. 
Claro que existem quadros graves, onde há edema agudo do pulmão, que a fórmula pode evitar se tomada logo nos primeiros sintomas. 
Existem remédios mais específicos para o edema pulmonar, mas nestes casos há que se fazer uma prescrição orientada para isto, com outros componentes, que não achei necessário colocar na fórmula, pois ela visa que o doente não atinja este estado de gravidade.

Deixo claro que este é o fruto de minha experiência e que de forma nenhuma a homeopatia mascara ou impede que qualquer tratamento alopático seja prejudicado. Deve-se procurar sempre seguir as orientações de seu medico particular, procurando os serviços de saúde quando os quadros se mostrarem graves ou os sintomas não responderem a Homeopatia. " 

Profa. Dra. Ana Teresa Doria Dreux. CRM-RJ: 5233019-0 Livre Docente de Clínica Homeopática da UNIRIO Vice Presidente do Instituto Hahnemanniano do Brasil anadreux@oi.com.br - contato@ihb.org.br - farmacia@ihb.org.br www.ihb.org.br Farmácia IHB: 21 -2215--8482



quarta-feira, 10 de abril de 2013

HELLO, DOLLY! COLESTEROL É VIDA- OU, DE PERTO NINGUÉM É NORMAL

Dorothy Coutinho Se você pensa que é sadio, é porque não procurou direito sua doença. Falo principalmente da “doença mental”. Aliás, expressão pouco usada, porque o chique agora é “transtorno”, “desordem” ou “distúrbio”. A tendência é não sermos mais vistos como responsáveis pelos nossos próprios atos. O sujeito é assaltado porque lhe faltaram oportunidades de acesso à educação, ou porque foi vítima de bullyng e tantos outros indicadores, sempre com resultados de uma formulação manipulada, onde nem sempre as relações de causa e efeito têm uma base sólida. O pior é que elas resistem até mesmo a obvia verdade de que a grande maioria dos que enfrentaram ou enfrentam momentos difíceis não é de delinqüentes. No terreno da psicanálise de boteco que tem o condão de adaptar suas explicações, o sujeito que surra mulher e filhos é porque foi também surrado pela mãe, ou do outro que não foi surrado e nem sequer advertido, ou seja, foi negligenciado, mas com efeitos também desastrosos. E o número de transtornos e desordens só aumenta. Surgem os novos “pacientes”, gente que agora padece de síndromes antes nunca descritas. E os males do espírito que não geram sintomas físicos, ou, se geram, são de difícil definição? O diagnostico vira conceitual e subjetivo e fica assim, um papo de maluco: “eu acho que você está deprimido porque acho que seu quadro configura o que eu acho que é depressão”. Não há mais preguiça, não há mais agressividade. Há transtornos, desordens de atenção, só desordens. As emoções antes normais em qualquer ser humano podem se revelar em algum transtorno. Vai depender do freguês e da moda psiquiátrica corrente. Não se fica mais triste, fica-se deprimido. Não se fica mais ansiosa, fica-se com distúrbios de ansiedade. Chegamos sem notar, ao ponto em que todo indivíduo, se confrontado com um hipotético “padrão normal”, será portador de vários transtornos. É o caso de se pensar que assim como a infância e a falsa descoberta de um número alarmante de bebês portadores de transtorno bipolar, passou a ser uma doença, a puberdade, a adolescência, a jovem maturidade, a meia idade e a velhice é tudo doença também. Ninguém escapa, porque o objetivo e englobar. O problema não é a ciência decretar que, de uma forma ou de outra, somos todos malucos. Isso todo mundo sabe. O problema é quando eles decidem qual é a nossa maluquice e nos forçam a uma normalidade que não queremos e nem temos por que aceitar. Assim, podemos ser forçados a agir “normalmente” ou considerados insanos, se discordarmos da normalidade oficial. Tenho medo de não me encaixar na portaria da ANVISA que define a normalidade, já que de perto ninguém é normal! Eu só sei que colesterol é vida!!!

segunda-feira, 8 de abril de 2013

O FAROL

Claudia Lopes Borio

(trecho de um livro inédito)

Vamos, vamos subir no farol? – chamou Cássio.
Como sempre, no final da tarde, era horário para alguma excursão, alguma aventura, quando não estava dando onda na frente da casa e os rapazes seguiam para mais uma sessão de surfe. Todos se arrumaram, pegaram chapéus, passaram óleo bronzeador, e seguiram rumo à ponta.
 O farol era tão natural como se fizesse parte da própria ilha, tão proporcional, em tamanho, em brancura, e em leveza, como se tivesse nascido ali sobre aquele morro, e não tivesse sido trazido de navio lá da Inglaterra. Inteiramente de ferro, era uma surpresa tocar nas suas paredes  imensas e maciças e sentir a sua solidez áspera, grossa e quente.
Francisco, George, Zezinho, Cássio e seu irmão tinham subido os dois morros junto com ela. Francisco fora de bermudas e chinelo, desprezando o aviso que ela fizera, de que poderia haver cascavéis entre o mato que crescia naquelas elevações crestadas pelo sol, com pedras quentes que irradiavam um cheiro metálico de ferro de passar roupa ligado.
Ela colocara a calça comprida e o tênis, por precaução. Na subida, chegara a ouvir o guizo da cascavel, quando passaram do primeiro morro para o segundo – mas seria apenas a sua imaginação? Ou o capim de folhas duras e cortantes balançando com o vento?
A subida começava tranqüila, o primeiro morro até que era baixo, e era unido ao segundo por uma estreita língua de terra. Passavam, meio temerosos, por uma trilha estreita, margeada de altos capins, escalando algumas pedras que eram escorregadias pois tinham uma fina camada de sal por cima, e os pés deslizavam. Ela procurava manter a galhardia e subia, sem se queixar. O segundo morro era bem mais íngreme e a subida se tornava difícil, os pés escorregando com a areia e os capins que cortavam a  pele.
Quando chegaram lá em cima, um tanto quanto sem fôlego, a porta do farol estava escancarada e alguns operários lutavam com dificuldade para carregar a porta antiga, que tinham retirado. Eles tinham tido a sorte de ir até lá justamente em um dia em que os operários contratados pela Marinha estavam trocando a gigantesca porta maciça, que já estava bastante apodrecida. Havia uma porta nova em folha encostada ao lado, e algumas latas de tinta azul marinho preparada para pintá-la. Os meninos se sumiram na direção oposta, como se fossem descer o morro diretamente em direção ao mar, ela suspeitava que tinham ido fumar maconha olhando a paisagem. De fato a vista era magnífica, via-se o mar em todas as direções, estavam em uma ponta avançada na direção do oceano aberto.
Francisco adiantou-se:
- Boa tarde, como vão vocês? – perguntou aos operários suados, que trabalhavam em meio a ferramentas e cabos.
Eles cumprimentaram, meio desconfiados, e pararam para fumar um cigarro. Então Francisco perguntou:
- Podemos subir?
Um operário olhou para o outro e o mais velho falou:
- Podem, mas desçam em seguida e não mexam em nada.
Ela se sentiu excitada como criança com um brinquedo novo, pois nunca pensara que seria possível subir no farol. Francisco e ela entraram. O farol  era imenso por dentro, um verdadeiro salão empoeirado e meio vazio, com uns vinte metros de diâmetro, acumulando algumas caixas velhas e engrenagens. O ar ali tinha cheiro de coisa velha e pó parado, mas ao mesmo tempo era fresco. Diretamente na parede começava uma escada circular de ferro, muito sólida, que percorria o farol por dentro até em cima, dando talvez uma volta e meia, até desembocar no compartimento superior. A meio caminho havia uma janelinha, e mais para cima outra.
Ela sentiu medo, então. Era muito alto.
-Vamos mesmo? – perguntou a Francisco.
- Vamos, Browns!
Ela foi atrás. Se ele conseguia, ela tinha que conseguir também.
Subiram, então, até o topo, os pés batendo nos degraus de metal, e bem no alto emergiam ao ar livre por uma espécie de escotilha, e ela não teve coragem de se desprender da parede, pois havia uma estreita varandinha e a terra estava muito, muito longe lá em baixo. Francisco saiu e ficou de pé, sem segurar em nada, com magnífica coragem, mas ela sentia um começo de pânico no suor frio que se acumulava na nuca. Não conseguia nem sequer terminar de subir os dois ou três últimos degraus da escada e ficou colada à parede. Era como se voassem na ponta de um foguete, sem proteção nenhuma. O céu parecia passar velozmente por eles, mas na verdade eram as nuvens, empurradas pelo vento. Ela espantou uma sensação de vertigem e se concentrou nos detalhes à mão. Devia ter feito cara de apavorada, pois Francisco lhe estendeu a mão.
- Sobe.
- Não consigo! (alarme total, pânico em todos os sistemas)
- Respire. – disse ele. (respirar)
Segurou-se na mão dele e subiu.
O suor esfriava sobre o seu lábio e ela lambeu-o - salgado. Saiu na varandinha aberta. Pernas bambas. O vento fustigava o seu rosto com muita força. Ela se virou na direção de onde soprava, para que os cabelos não batessem em seus olhos. Encostou as mãos na parede, atrás das costas. O ferro, aquecido. O cheiro metálico.
O farol era um olho de vidro às suas costas, com uma lâmpada gigante amplificada por várias lentes especiais. O mais engraçado é que era uma lâmpada tão comum quanto qualquer uma que se usava em casa em um abajur, só que de tamanho gigante. O abismo atraía e ela poderia sair voando se não se grudasse à parede (voar, pular). Era belo e aterrador ao mesmo tempo. Respirou, inebriando-se da beleza daquele céu, daquele momento (flutuar, cair).
A descida, naturalmente, era muito pior, e ela deixou Francisco ir na sua frente, enquanto ela olhava apenas para os seus pés calçados de sandálias  e as suas canelas compridas, e sentia os joelhos doerem suavemente quando se dobravam suportando o peso de seu corpo com obediência  ao ritmo de um versinho inventado, “farol, faroleiro, lume, lumiar”. E os pés batiam nos degraus metálicos, e a mão percorria a parede, raspando aquela aspereza boa e circular, o interior de um caracol, enquanto a outra mão tocava, com as pontas dos dedos, nas costas de Francisco, amparando-se como se pudesse cair.
Uma vez lá em baixo, ela pôde respirar novamente e enxergou a paisagem magnífica em toda volta, onde o vento era uma presença sólida contra o seu rosto, pois logo ali à frente estava o imenso e ilimitado oceano Atlântico, onde nascia o sol, de onde vinham as nuvens e de cujo horizonte surgiam os navios cargueiros que iluminavam a noite e apitavam um dó profundo ao passar, sem que se soubesses jamais de onde eram, qual o seu nome, quem os pilotava e o que transportavam em seu cavernoso interior.
Chegaram à praia e ela ainda sentia as pernas moles, foi correndo até o mar e tirou a roupa, com calor, e mergulhou, para limpar a pele do sal, do sol, do medo que sentira.
Muitos anos mais tarde ela pensaria, como tantas outras recordações, se teria de fato subido no farol, ou se isso teria sido apenas uma recordação inventada, mas o fato é que ela se lembrava nitidamente da porta sendo trocada, a escada circular, o salão empoeirado, o grande olho de vidro e o barulho do guizo da cascavel, que ela não teve coragem de contar para ninguém, pois este sim, poderia ter sido a sua imaginação.

sábado, 6 de abril de 2013

HOMEOPATIA EVITA E CURA A DENGUE



 
ENTREVISTA COM A DRA. ANA TERESA DÓRIA DREUX

Por Esther Lucio Bittencourt


Há 9 anos, a então Presidente do Instituto Hahnemanniano do Brasil (IHB), Ana Teresa Doria Dreux, CRM no. 52.33019-0, e outros colegas homeopatas, foram chamados à Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, por uma médica que lá trabalhava no setor de Homeopatia, que pediu para que criassem uma fórmula ou sugerir um medicamento que pudesse ajudar no tratamento da dengue.

Ana Teresa Dreux criou então uma fórmula  homeopática, “que durante este tempo tem sido usada por mim e outros colegas homeopatas para prevenção e tratamento da dengue, como ela explica. 

Sua composição é:

RHUS TOX. / EUPATORIUM PERF./ CHINA OFF./ LEDUM PALUSTRE/
GELSEMIUM/ 5CH/ aã.

Basta levar esta fórmula a qualquer farmácia homeopática. Pode ser feita em glóbulos (sacarose), tabletes (lactose) ou gotas (alcoolatura a 30 %).

Com o recrudescimento do surto da dengue em vários estados do Brasil,  está na hora de colocar em ação a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS, que foi aprovada por portarias em  maio e junho de 2006, sendo ministro da Saúde José Gomes Temporão. Essas práticas incluem acupuntura, fitoterapia, medicina antroposófica e homeopatia, que é uma especialidade médica desde 1980."

MEDICAMENTOS À BAIXO CUSTO

Afirma Ana Teresa que esta “foi uma decisão importantíssima para a saúde da população e está sendo cada vez mais praticada em vários pontos do território nacional. Aqui no Rio, um exemplo é o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, Unirio, em convênio científico com o Instituto Hahnemanniano do Brasil .

A Unirio foi pioneira em instituir a obrigatoriedade da Homeopatia no currículo da faculdade de Medicina e em criar a primeira residência médica em homeopatia em 2004. Essas práticas não só são de baixo custo e de comprovada eficiência, como atendem à demanda da população por uma medicina mais humanizada e dentro do conceito do médico de família.

Os pacientes que usam a homeopatia já têm em suas casas medicamentos formulados por seus homeopatas para compor uma pequena farmácia de emergência para eventos corriqueiros na vida cotidiana, tais como picadas de insetos, acidentes domésticos, gripes, resfriados, cólicas, dores de dente ou garganta, prevenção e tratamento da dengue. 
 
COMO TOMAR O PREVENTIVO DA DENGUE

O preventivo da dengue deve ser usado assim:

  • Tomar 3 glóbulos ou tabletes ou gotas, UMA VEZ AO DIA, enquanto durar a temporada da epidemia. Isto tanto para adultos como para crianças de qualquer idade, sendo que no caso de crianças não se usa a forma alcoólica. 
  • medicamento deve ser dissolvido lentamente na boca. Para bebês, a mãe pode dissolver 2 glóbulos com uma colher de chá de água para facilitar a administração.
  • Se o bebê estiver com MENOS de 3 meses e estiver sendo amamentado, a mãe pode tomar 6 glóbulos antes de uma mamada, que o efeito passará para o leite materno. Grávidas podem e DEVEM utilizar a fórmula.

PODE SER DADO PARA BEBÊS QUE NÃO ESTÃO SENDO AMAMENTADOS, DE QUALQUER IDADE. DEVE SER USADA COMO TRATAMENTO, no caso de dengue ou  mesmo suspeita de dengue, desta forma: 

  • Tomar 3 glóbulos (ou gotas ou tabletes) de 2/2 horas, ESPAÇANDO PARA 3/3 HORAS E 4/4 HORAS, etc, à medida que os sintomas melhorarem, ATÉ A REMISSÃO COMPLETA DOS SINTOMAS .

Afirma a professora que "estou apenas cumprindo meu trabalho de médica. Não tenho mais consultório particular, só atendo como médica voluntária no Ambulatório Escola do Instituto, que é de utilidade pública, onde todos, ricos e pobres, podem ir. Desejo que a Homeopatia seja valorizada e que os brasileiros saibam que existe uma especialidade eficaz e de baixo custo para a nossa população."

Primeira Fonte - A partir de que pesquisa a senhora concluiu que rhus tox., eupatorium perf., china off, ledum palustre e gelsemium, todos 5ch, faziam a prevenção contra a dengue?


Ana Tereza - Verificando na matéria médica homeopática, os sintomas destas 5 plantas, uma das quais é Quina usada para febre amarela e malária (QUININO), que surgem na dengue e que se manifestam nos pacientes e experimentando durante 9 anos em pacientes e funcionários do IHB.


Para o dengue hemorrágico uso um mineral, o Phosphorus que age no sangue e no fígado entre outras muitas coisas e o Crotalus, veneno da cascavel americana, que causa um quadro semelhante ao da dengue hemorrágica. Só uso em caso de confirmação da baixa de plaquetas, sendo PERIGOSO tomá-los sem estar com o quadro da doença, ou indicação do médico homeopata. Não se pode tomá-los todos os dias para prevenção. Quando existe a necessidade eles CURAM. 


Isto que fiz não é nada demais. Todo médico homeopata tem conhecimento destes medicamentos muitíssimos usados. Deixo claro que esta é a minha experiência pessoal como médica homeopata. 


PF - O que é a homeopatia ?

AT - Uma especialidade médica do setor da terapêutica que usa a lei da semelhança: O semelhante curará o semelhante.

"Nos inúmeros casos que tenho tratado, a doença evolui de maneira branda, e resolve sem agravar ou deixar sequelas. Para os pacientes que a usam como preventivo, até hoje não houve um caso de contaminação, pelo menos a mim relatado. Passei a distribui-la todos os anos para todos os funcionários do IHB, nas épocas de epidemia, e desde então nenhum funcionário (cerca de 22) contraiu a doença, mesmo os que moravam em locais endêmicos.

Em caso de DENGUE HEMORRÁGICA, ou mesmo suspeita (isto é, plaquetas
abaixo de 150 000), principalmente em crianças, ACRESCENTA-SE ao tratamento acima, dois medicamentos: PHOSPHORUS, 12 CH ,4 glóbulos ou tabletes ou gotas, tomar pela manhã e CROTALUS, 12 CH, 4 glóbulos ou tabletes ou gotas, tomar à tarde, até as plaquetas normalizarem  (150 000). NÃO PARAR COM A OUTRA FÓRMULA. AGIR COM RAPIDEZ.

Nos casos que tenho acompanhado, as plaquetas SOBEM rapidamente de
maneira surpreendente.

Alcoolatura a 30% é indicada para pacientes que não podem tomar açucar
(diabéticos). Tomar com um pouco de água.

Óbvio que para crianças é mais indicado os tabletes. Para quem tem alergia
a leite, use-se os glóbulos.

Pode-se usar externamente a pomada de Ledum palustre como repelente, que
funciona de modo bastante eficaz e não traz alergias. Mas só para quem NÃO
PODE de jeito nenhum usar repelente.

QUALQUER FARMÁCIA HOMEOPÁTICA pode veicular estes medicamentos", avisa a médica.

COMPLEXO B

Previne ainda Ana Teresa que "uma boa medida é tomar vitaminas do complexo B, que eram usadas no Vietnã pelos soldados americanos pois deixam um odor na pele que afasta o mosquito, e a vitamina C, que reforça o colágeno e a imunidade. Existe o Teragran Jr., uma fórmula que reúne estas duas vitaminas, para crianças.

Claro que a homeopatia não DISPENSA nem INTERFERE nos cuidados médicos
obrigatórios nestes casos, nem deve-se desleixar na erradicação do vetor (mosquito) combatendo seus focos de proliferação."

DENGUE

"A dengue foi relatada primeiramente em 1779/80, na Ásia, na África e na América do Norte simultaneamente. A forma hemorrágica, no sudeste da Ásia nos anos 50. Em 1975 foi a principal causa de morte e hospitalização nesta região. É uma virose transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes Aegypti (que também transmite a febre amarela), hospedeira do virus. Este  pode ser de 4 tipos. A pessoa fica imunizada apenas pelo tipo de que foi contagiada sendo que pode contrair a dengue dos outros 3 tipos, ficando mais suscetível à virose. O tratamento é sintomático, com hidratação, antialgicos e transfusão de hemácias quando o quadro hemorrágico é grave. A toxina do vírus ataca o fígado causando uma hepatite que pode ser agravada e fatal se é administrado paracetamol (tilenol) pois este medicamento tem sua dose terapêutica muito próxima da dose tóxica a qual acarreta hepatite medicamentosa.  Assim, vários casos de morte fulminante foram provocadas  pelo somatório das duas causas. Não se deve também administrar aspirina (ácido acetil salicílico) pois esta fluidifica o sangue piorando as hemorragias. A prevenção e o tratamento pela homeopatia tem alcançado uma enorme eficácia", informou a Dra. Ana Teresa.