Telinha Cavalcanti
Hm... frango frito com farofa... A Nigella faz esta receita com gordura vegetal hidrogenada, muita, muita gordura vegetal hidrogenada. Ela disse que, quando o frango é frito dessa forma, ele absorve menos gordura, fica mais sequinho e crocante. E quem sou eu para duvidar da Nigella?
Frango Frito em Pedaços
Ingredientes
1 xícara de farinha de trigo
1 frango pequeno (se você quiser facilitar, compre o frango já cortado, ora)
alho
1 cebola
1 colher de suco de limão
pimenta
óleo ou gordura vegetal hidrogenada
ovos
Como Fazer
Limpe e corte o frango pelas juntas (pule essa parte se você tiver comprado o frango cortado - ou as suas partes preferidas dele)
Deixe de molho num tempero feito de alho, cebolas moídas, sal, pimenta e suco de limão.
Reserve por uma hora. Bata levemente os ovos com uma pitada de sal. Primeiro, passe o frango na farinha de trigo, depois nos ovos batidos e novamente na farinha de trigo.
Ponha à parte o óleo numa panela funda. (ou a gordura vegetal hidrogenada, pura gordura trans, não reclame depois que eu não avisei)
Quando aquecer, vá colocando o frango para fritar, pedaço por pedaço. Não coloque tudo de uma vez senão o óleo vai esfriar.
O fogo deve ser baixo para que não queime por fora e fique cru por dentro. Prestenção, vai com cuidado. Escorra em muito papel-toalha
Imagem: Bairs Fried Chicken
terça-feira, 28 de agosto de 2012
sábado, 25 de agosto de 2012
LEVE-ME AO SEU LÍDER - A GUERRA DOS MUNDOS
Carlos Frederico Abreu
Um dos temas mais fascinantes na Ficção Científica (FC) é o chamado Primeiro Contato, o momento do encontro de humanos e alienígenas, bastante explorado tanto na literatura quanto no cinema e na televisão.
A princípio, toda obra explorando este tema nos é de certa forma familiar, graças aos relatos históricos, as narrativas europeias das viagens dos primeiros navegadores na descoberta do Novo Mundo, do encontro com povos aborígenas e primitivos.
Com as viagens espaciais de Cyrano de Voltaire, o alienígena do Primeiro Contato já possui um carater de estranhamento, mas ainda se presta a uma crítica das nossas investidas em outras terras, marca do Imperialismo dos séculos 17 e 18.
A primeira obra literária a tratar com propriedade o tema, foi 'A Guerra dos Mundos' (1898) de HG Wells, que estabeleceu a representação dos alienígenas na FC por décadas.
Ela marca uma mudança da explicita sátira, para formas mais palpáveis de ficção, uma transição da crítica social para o entretenimento.
A história se inicia nos arredores de Londres, século XX. O narrador e personagem principal (não identificado no livro), testemunha de um observatório astronômico, a primeira de uma série de explosões no planeta Marte. Depois disso, aquilo que parecia ser a queda de um meteoro perto de sua casa, acaba por ser uma espaçonave e de dentro saem os marcianos, que destroem todos os humanos que se aproximam com o raio da morte. Os marcianos se locomovem em máquinas com tripés metálicos - os tripods – facilmente vencendo a resistência militar dos humanos.
Já ouvimos falar ao menos de uma das reencarnações da narrativa de Wells da invasão marciana da Grã-Bretanha, entre as quais o famoso programa de rádio de Orson Welles (Mercury Theatre,1938), que espalhou o pânico na América do Norte. Há também as adaptações do livro para o cinema, onde a invasão é transposta da periferia de Londres para Los Angeles (1953, dirigido por Byron Haskins) e Nova Iorque (2005, dirigido por Spielberg). 'A Guerra dos Mundos' foi também adaptada novamente em 1927, reeditado em dois capítulos na primeira revista de FC, a pioneira Amazing Stories de Hugo Gernsback (agosto e setembro de 1927, com uma capa maravilhosa de Frank Paul mostrando os tentáculos das máquinas de guerra marciana).
O impacto dramático Wells conseguiu ao utilizar como influência o livro de Sir. George Tomkyns Chesney, 'A Batalha de Dorking: Reminiscências de um Voluntário' (1871), que narra em primeira pessoa, a dominação da Inglaterra invadida por um país com características alemãs. Chesney entendia a consequência do progresso tecnológico-militar já naquela época, e que viria em breve a alterar drasticamente o equilíbrio de poder na Europa.
Na FC existem muitas narrativas de exploração e colonização de outros mundos, na linha do avanço das fronteiras do oeste americano.
Wells reverteu a situação, descrevendo a invasão da Grã-Bretanha a partir da perspectiva das pessoas que estão sendo invadidas. (Não podemos esquecer que quando a história de uma invasão é escrita pelo ponto de vista dos invasores é mais frequentemente chamada de exploração e conquista.)
Por meio dessa inversão, a Grã-Bretanha, que ganhou prestígio e poder invadindo e subjulgando muitas áreas do globo, agora está sendo invadida, um ataque humilhante por criaturas superiores que compartilham, no entanto, algumas das nossas características, a humilhação agravada pela aparente falta de interesse nos seres humanos como uma espécie inteligente.
"Será que eles entendem que nós, aos milhões, vivemos organizados, disciplinados e trabalhando juntos? Ou será que eles interpretam nossas investidas como um ataque furioso de uma colméia de abelhas que foi perturbada?"
O livro tornou-se um cânone da FC mundial e possui inúmeros estudos e interpretações.
Diz-se que Wells tomou a história da invasão para dramatizar suas próprias preocupações sobre a complacência de seus contemporâneos (um paralelo com o declínio e a estagnação da humanidade de 'A máquina do tempo'), escreveu Bernard Bergonzi que o romance também pode ser entendido como "expressão de uma consciência culpada sobre o imperialismo.”
Os alienígenas de Wells demonstram claramente o interesse do autor na teoria da evolução. A superioridade marciana não é simplesmente uma ilustração do slogan da sobrevivência do mais forte, os marcianos evoluíram, e seu desenvolvimento oferece uma oportunidade de refletir sobre a evolução humana. Wells especula sobre o que poderia trazer mudanças na sua evolução, salienta o desenvolvimento intelectual juntamente com um declínio correspondente na importância do físico, e isso com base na noção de aumentar a eficiência fisiológica.
"Eles eram cabeças, cabeças simplesmente. Não comem e muito menos precisam digerir. Em vez disso, obtêm o sangue fresco de outras criaturas vivas, e injetam em suas próprias veias."
Outra leitura possível (e contraditória) do livro é quando Wells duramente ataca a destruição cruel e absoluta que nossa espécie tem imposto não só aos animais (bisão, dodô), mas também à sua própria raça, como no capítulo sobre a Tasmânia.
A Tasmânia, uma ilha quase do tamanho da Irlanda, a 100 quilômetros ao sul da Austrália (da qual hoje é um estado) teve seu Primeiro Contato com um europeu em 1642, (Abel Tasman Jans empregado da Companhia Holandesa das Índias Orientais) e que a batizou de Terra de Van Diemen (nome de um alto funcionário da Companhia).
A ilha foi reinvindicado pela Grã-Bretanha em 1770 e ocupada em 1778. Na época entre quatro e seis mil indígenas viviam na ilha. Muitas vezes caçados pelos colonizadores como animais, havia menos de trezentos, sessenta anos depois. Quando foram transferidos para um acampamento nos arredores da capital, quinze anos mais tarde, eram 45. O último tasmaniano morreu em 1877.
Wells lamenta a extinção dos tasmanianos, como uma perda para a ciência, como 'pessoas' primordiais para compreender a evolução humana, e a noção de Wells de evolução claramente implica a idéia de uma progressão: O homem paleolítico tasmaniano é inferior aos súditos da Rainha Vitória, que por sua vez são inferiores aos marcianos mais evoluídos.
A invasão não é julgada em termos morais, mas de acordo com as leis da natureza:
"O lado intelectual do homem já admite que a vida é uma luta incessante pela sobrevivência, e parece que esta também é a crença das mentes em Marte."
Do artigo 'Invasores alienados' de Peter Fitting
Obs: Embora Wells não use o termo "alien" em 'A Guerra dos Mundos', este era comum no final do século XIX e início do século 20 na Grã-Bretanha nos debates sobre a política de imigração britânica.
Um dos temas mais fascinantes na Ficção Científica (FC) é o chamado Primeiro Contato, o momento do encontro de humanos e alienígenas, bastante explorado tanto na literatura quanto no cinema e na televisão.
A princípio, toda obra explorando este tema nos é de certa forma familiar, graças aos relatos históricos, as narrativas europeias das viagens dos primeiros navegadores na descoberta do Novo Mundo, do encontro com povos aborígenas e primitivos.
Com as viagens espaciais de Cyrano de Voltaire, o alienígena do Primeiro Contato já possui um carater de estranhamento, mas ainda se presta a uma crítica das nossas investidas em outras terras, marca do Imperialismo dos séculos 17 e 18.
A primeira obra literária a tratar com propriedade o tema, foi 'A Guerra dos Mundos' (1898) de HG Wells, que estabeleceu a representação dos alienígenas na FC por décadas.
Ela marca uma mudança da explicita sátira, para formas mais palpáveis de ficção, uma transição da crítica social para o entretenimento.
A história se inicia nos arredores de Londres, século XX. O narrador e personagem principal (não identificado no livro), testemunha de um observatório astronômico, a primeira de uma série de explosões no planeta Marte. Depois disso, aquilo que parecia ser a queda de um meteoro perto de sua casa, acaba por ser uma espaçonave e de dentro saem os marcianos, que destroem todos os humanos que se aproximam com o raio da morte. Os marcianos se locomovem em máquinas com tripés metálicos - os tripods – facilmente vencendo a resistência militar dos humanos.
Já ouvimos falar ao menos de uma das reencarnações da narrativa de Wells da invasão marciana da Grã-Bretanha, entre as quais o famoso programa de rádio de Orson Welles (Mercury Theatre,1938), que espalhou o pânico na América do Norte. Há também as adaptações do livro para o cinema, onde a invasão é transposta da periferia de Londres para Los Angeles (1953, dirigido por Byron Haskins) e Nova Iorque (2005, dirigido por Spielberg). 'A Guerra dos Mundos' foi também adaptada novamente em 1927, reeditado em dois capítulos na primeira revista de FC, a pioneira Amazing Stories de Hugo Gernsback (agosto e setembro de 1927, com uma capa maravilhosa de Frank Paul mostrando os tentáculos das máquinas de guerra marciana).
O impacto dramático Wells conseguiu ao utilizar como influência o livro de Sir. George Tomkyns Chesney, 'A Batalha de Dorking: Reminiscências de um Voluntário' (1871), que narra em primeira pessoa, a dominação da Inglaterra invadida por um país com características alemãs. Chesney entendia a consequência do progresso tecnológico-militar já naquela época, e que viria em breve a alterar drasticamente o equilíbrio de poder na Europa.
Na FC existem muitas narrativas de exploração e colonização de outros mundos, na linha do avanço das fronteiras do oeste americano.
Wells reverteu a situação, descrevendo a invasão da Grã-Bretanha a partir da perspectiva das pessoas que estão sendo invadidas. (Não podemos esquecer que quando a história de uma invasão é escrita pelo ponto de vista dos invasores é mais frequentemente chamada de exploração e conquista.)
Por meio dessa inversão, a Grã-Bretanha, que ganhou prestígio e poder invadindo e subjulgando muitas áreas do globo, agora está sendo invadida, um ataque humilhante por criaturas superiores que compartilham, no entanto, algumas das nossas características, a humilhação agravada pela aparente falta de interesse nos seres humanos como uma espécie inteligente.
"Será que eles entendem que nós, aos milhões, vivemos organizados, disciplinados e trabalhando juntos? Ou será que eles interpretam nossas investidas como um ataque furioso de uma colméia de abelhas que foi perturbada?"
O livro tornou-se um cânone da FC mundial e possui inúmeros estudos e interpretações.
Diz-se que Wells tomou a história da invasão para dramatizar suas próprias preocupações sobre a complacência de seus contemporâneos (um paralelo com o declínio e a estagnação da humanidade de 'A máquina do tempo'), escreveu Bernard Bergonzi que o romance também pode ser entendido como "expressão de uma consciência culpada sobre o imperialismo.”
Os alienígenas de Wells demonstram claramente o interesse do autor na teoria da evolução. A superioridade marciana não é simplesmente uma ilustração do slogan da sobrevivência do mais forte, os marcianos evoluíram, e seu desenvolvimento oferece uma oportunidade de refletir sobre a evolução humana. Wells especula sobre o que poderia trazer mudanças na sua evolução, salienta o desenvolvimento intelectual juntamente com um declínio correspondente na importância do físico, e isso com base na noção de aumentar a eficiência fisiológica.
"Eles eram cabeças, cabeças simplesmente. Não comem e muito menos precisam digerir. Em vez disso, obtêm o sangue fresco de outras criaturas vivas, e injetam em suas próprias veias."
Outra leitura possível (e contraditória) do livro é quando Wells duramente ataca a destruição cruel e absoluta que nossa espécie tem imposto não só aos animais (bisão, dodô), mas também à sua própria raça, como no capítulo sobre a Tasmânia.
A Tasmânia, uma ilha quase do tamanho da Irlanda, a 100 quilômetros ao sul da Austrália (da qual hoje é um estado) teve seu Primeiro Contato com um europeu em 1642, (Abel Tasman Jans empregado da Companhia Holandesa das Índias Orientais) e que a batizou de Terra de Van Diemen (nome de um alto funcionário da Companhia).
A ilha foi reinvindicado pela Grã-Bretanha em 1770 e ocupada em 1778. Na época entre quatro e seis mil indígenas viviam na ilha. Muitas vezes caçados pelos colonizadores como animais, havia menos de trezentos, sessenta anos depois. Quando foram transferidos para um acampamento nos arredores da capital, quinze anos mais tarde, eram 45. O último tasmaniano morreu em 1877.
Wells lamenta a extinção dos tasmanianos, como uma perda para a ciência, como 'pessoas' primordiais para compreender a evolução humana, e a noção de Wells de evolução claramente implica a idéia de uma progressão: O homem paleolítico tasmaniano é inferior aos súditos da Rainha Vitória, que por sua vez são inferiores aos marcianos mais evoluídos.
A invasão não é julgada em termos morais, mas de acordo com as leis da natureza:
"O lado intelectual do homem já admite que a vida é uma luta incessante pela sobrevivência, e parece que esta também é a crença das mentes em Marte."
Do artigo 'Invasores alienados' de Peter Fitting
Obs: Embora Wells não use o termo "alien" em 'A Guerra dos Mundos', este era comum no final do século XIX e início do século 20 na Grã-Bretanha nos debates sobre a política de imigração britânica.
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
DIÁRIO DE UMA ADOLESCENTE. SUPERIORIDADE.
Por Bianca Monteiro
Tenho notado o quanto as pessoas mais velhas são intolerantes e se
limitam a julgar qualquer um usando idade e suposta maturidade como
vantagem, já que este é o único elemento indiscutível para que sua
vitória aconteça. “Maturidade”. O que de fato isto significa? Qual é o
critério exato pra definir se uma pessoa é madura ou não?
Numa opinião pessoal, acho que é mais uma questão de bom senso,
consciência, mas infelizmente tudo indica que as pessoas generalizam
conforme a idade. O que não faz sentido algum, se me permite dizer, pois
isso implicaria que todo adulto é obrigatoriamente provido de
informação e cultura e todo jovem está alheio à situação do mundo.
Não aceito esse esteriótipo “adolescente = alienado”. Quer dizer que
agora só porque alguém tem pouca idade é obrigado a ser ignorante? Que
por causa disso qualquer coisa que a pessoa diga não vale a pena ser
ouvida? É muito preconceituoso e sem fundamento nenhum generalizar dessa
forma. Gostaria de compartilhar com vocês a minha revolta com gente que
já demonstra me odiar automaticamente apenas a pergunta básica do
“quantos anos você tem?”. Um absurdo.
O que comprova é a quantidade de gente adulta que vejo ter atitudes
totalmente desnecessárias que nem suas próprias crianças seriam capazes
de ter (e pra isso sim existe critério) e outros jovens (uns até mais
novos do que eu) sendo sempre sensatos, cheios de cultura, de bons
argumentos e dos mais diversos interesses. Aí dizem “os jovens de hoje
são desinteressados na política”, “tenho medo do futuro quando este vai
ser cheio de gente assim”, “esses daí só querem saber de internet”, “um
bando de alienados”, “os jovens de hoje não têm a cultura e os
interesses que nós tinhamos na minha época”. É óbvio que não. É óbvio
que os jovens não se envolverão em áreas em que, quando tentam, são
sempre discriminados com “você não tem idade pra opinar”. Ah, é mesmo?
Só digo: quem é que vai se interessar por um assunto sendo que quando
vai discutí-lo é recebido com prepotência, hostilidade, preconceito e
discriminação? É lamentável. Quem age dessa forma deveria estar ciente
que, se for política, o voto do jovem tem o mesmo valor que o seu. Se
for problema social ou algum assunto polêmico, bom, nem todos os jovens
passam o dia vendo só novelas da Globo e se contentando com
sensacionalismo ou lendo fontes de informações obviamente adulteradas,
alguns coletam diversas opiniões diferentes, e acima de tudo, estudam
sobre atualidades (por obrigações escolares, também) até formar aquele
argumento que está apresentando, tanto trabalho pra ser rebatido com um
“ah, você não conta, você é jovem”.
Eu, que acredito tanto na subjetividade e na individualidade, nunca
aceitaria numa boa ser incorporada num só “grupo” com diversas pessoas
diferentes de mim e entre si, aceitando que somos todos iguais apenas
por causa de um critério tão vago quanto faixa etária. Tempo. O que ele
significa afinal, pra quem está vivo e não se importa em aprender ou
conhecer nada? É válido considerar estes superiores aos que o fazem?
Como li em algum lugar da internet citando uma pichação num muro: “A sociedade que nos educa é a mesma que nos critica”.
Marcadores:
Adolescência,
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Diário de uma adolescente,
superioridade
terça-feira, 21 de agosto de 2012
QUITANDA DA VIDA
Telinha Cavalcanti
Semana passada foi o aniversário de Amado Marido e eu fiz a nossa tradicional receita de Amor Genérico. Na latinha do leite moça, vi uma receita que me fez suspirar de saudade: QUEIJADINHA! Nossa, quanto tempo que eu não como uma queijadinha... E fui procurar no google, pois a receita que tinha na lata era da queijadinha oficial, com queijo e coco, e a que eu gosto é a queijadinha pernambucana, só com coco... Já experimentaram? Tão esperando o quê? :D
Queijadinha de coco
Ingredientes
1 colher de sopa cheia de manteiga
1 lata de leite moça
1/2 copo de açúcar
4 ovos
200gr de coco ralado
Formas de papel tamanho zero
Formas de empada ou um tabuleiro próprio para muffins ou cupcakes
Como fazer
Bata bem o açúcar com a manteiga. Acrescente os ovos, um a um. Adicione os demais ingredientes.
Colocar as formas de papel dentro das formas de empada ou do tabuleiro próprio para muffins ou cupcakes. Encha até 3/4 da forminhas, para que não transborde ao assar.
Leve ao forno médio, pré-aquecido, por aproximadamente 30 minutos ou até que fiquem douradinhas.
Imagem: Leite Moça - Cozinha Nestlé
Semana passada foi o aniversário de Amado Marido e eu fiz a nossa tradicional receita de Amor Genérico. Na latinha do leite moça, vi uma receita que me fez suspirar de saudade: QUEIJADINHA! Nossa, quanto tempo que eu não como uma queijadinha... E fui procurar no google, pois a receita que tinha na lata era da queijadinha oficial, com queijo e coco, e a que eu gosto é a queijadinha pernambucana, só com coco... Já experimentaram? Tão esperando o quê? :D
Queijadinha de coco
Ingredientes
1 colher de sopa cheia de manteiga
1 lata de leite moça
1/2 copo de açúcar
4 ovos
200gr de coco ralado
Formas de papel tamanho zero
Formas de empada ou um tabuleiro próprio para muffins ou cupcakes
Como fazer
Bata bem o açúcar com a manteiga. Acrescente os ovos, um a um. Adicione os demais ingredientes.
Colocar as formas de papel dentro das formas de empada ou do tabuleiro próprio para muffins ou cupcakes. Encha até 3/4 da forminhas, para que não transborde ao assar.
Leve ao forno médio, pré-aquecido, por aproximadamente 30 minutos ou até que fiquem douradinhas.
Imagem: Leite Moça - Cozinha Nestlé
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
WOODY VAI A ROMA!
Por Carol Cassiano
Imagem: Google
Mantendo o padrão dos últimos filmes Woody Allen segue seu tour cinematográfico pela Europa homenageando à Itália em Para Roma com Amor. Inovando no cenário as cenas não são rodadas em cartões-portais de Roma, mas nem por isso deixa de mostrar as belezas da cidade. A intenção do diretor, ao que me parece, é mostrar com naturalidade que qualquer um pode viver as histórias narradas no filme.
O roteiro é composto por quatro histórias: Um arquiteto, John (Alec Baldwin), ao procurar por sua antiga residência na cidade esbarra com Jack (Jesse Eisenberg) que mora no antigo prédio do arquiteto com sua namorada Sally (Greta Gerwing). Há um mistério nessa história, onde a presença de John interfere, de forma enigmática, no relacionamento, extraconjugal, de Jack e Mônica (Ellen Page), melhor amiga de Sally. Um aposentado produtor musical (Woody Allen), que vê na aposentadoria um atalho pra morte, viaja com sua esposa (Judy Davis) para Roma, a fim de conhecer o noivo (Flavio Benigni) de sua filha (Alison Pill), e mesmo decepcionado com o rapaz se empolga ao encontrar um talento peculiar no sogro da filha. Um homem comum, Leopoldo (Roberto Benigni), que de uma hora pra outra vira celebridade e vê sua vida transformada com essa mudança e dois jovens recém-casados (Alessandro Tiberi e Alessandra Mastronardi) vindos do interior para tentar uma vida nova na cidade grande.
Woody, mais uma vez, nós presenteia com uma comédia de humor leve e atual, mas não menos ácida que todas as outras. Criticando a indústria do entretenimento, as celebridades instantâneas, a facilidade com que as pessoas trocam algo sólido por uma empolgação passageira, o diretor traz questões complexas sendo abordadas com muita sutileza.
A grande surpresa do filme é a atuação de Woody - que não aparece em um filme desde Scoop - O grande furo (2006) – fazendo o velho neurótico, de personalidade sarcástica que muitas vezes é confundido com o autor.
A sensação após o filme é a de querer viajar para Roma, aprender italiano, conhecer e viver coisas novas. Pois o filme é divertido e apaixonante. Nada menos do que Woody Allen!
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
DIÁRIO DE UMA ADOLESCENTE. AS MUDANÇAS
Por Maria Clara Machado,
a Nana Tchururu
a Nana Tchururu
Imagem do Google |
É impressionante o quanto as pessoas mudam.
Tenho notado isso em mim, não só fisicamente como mentalmente. Mas às vezes você descobre lá no canto de cima do armário uma caixa onde estão guardadas as mais diversas lembranças e nota que algumas coisas ainda permanecem.
Em uma dessas peripécias em cima do armário, achei um diário antigo com letra e jeito de pensar diferentes e com muitos erros de português... nada que não se esperaria de uma menina de nove anos. Até que aparece uma página que falava de uma pessoa muito familiar: uma pessoa que faz muito tempo tinha sido uma "paixonite" de infância que depois se tornou um simples amigo que eu encontrava de vez em quando e que hoje, por pura ironia do destino, toma conta e bagunça a minha cabeça.
Olhando fotos antigas eu vejo que ele sempre esteve presente, mesmo como personagem secundário, coisa que eu nunca tinha percebido (ou simplesmente não ligava). Inclusive isso ainda acontece sempre: quando eu menos espero, ele aparece de um jeito ou de outro - andando pela rua, em alguma festa, o nome dele escrito nos muros da cidade (isso acontece, acreditem) e até mesmo fazendo aula de natação no mesmo lugar que uma amiga minha. Como se fosse uma perseguição involuntária.
Eu tento aumentar nossa convivência e quanto mais eu convivo, mais eu percebo o quanto ele é engraçado, legal, gentil e só um pouco boboca (hehe). Ainda não sei direito o que ele pensa sobre tudo isso, uma vez que ele já sabe até demais o que eu penso...
Mas de uma coisa eu tenho certeza: hoje tenho muito mais noção de como as coisas são e o que eu sinto. Tudo isso com um leve toque de uma loucura obsessiva.
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
MEDITAR E COÇAR: É SÓ COMEÇAR!
*Marco Antonio Santos Leite
Introdução
A
cada dia, cresce, no Ocidente, o interesse pelas práticas meditativas, tanto
nas pessoas em geral, como nos cientistas das mais variadas áreas de
conhecimento. Esses últimos têm buscado compreender os efeitos da meditação,
seja sobre o psiquismo humano, seja sobre as estruturas cerebrais. As primeiras
empreendem tais práticas com os mais diversos objetivos, entre eles, a
facilitação de conquistas materiais, a recuperação ou a melhoria da saúde
física ou mental, a busca do equilíbrio e da serenidade, o crescimento
espiritual, só para mencionar os mais freqüentes.
Algum tipo de meditação é, normalmente, preconizado pelas religiões. Entretanto, ela desperta a atenção, não só dos fiéis, mas, também, de não crentes, comprometidos com o cultivo de alguma forma de espiritualidade. Diante dessas realidades, não é de se admirar que surjam as mais diversas formas e métodos de práticas meditativas. Nesse contexto, abarcar todas elas num artigo, ou mesmo, num livro, seria correr o risco de ser incompleto ou parcial.
Outra atitude, essa completamente equivocada, seria apontar a melhor forma ou o método mais correto. A cada um, em cada fase da vida, uma meditação. Por isso escolhi escrever sobre aquela que pratico há alguns anos: o Zazen.
O Zazen (Estilo
Zen-budista de meditação)
A palavra zen originou-se nas línguas faladas, na Índia, há cerca de 2 600 anos. Era “Dhyana” ou “Jhana”. Passou para a China como “Chan” e chegou ao Japão como “Zen”. Refere-se à prática de yogues, vedantas e religiosos budistas. Historicamente, o Zen budismo teria tido sua fonte no próprio Buda Xaquiamuni, em ocasiões em que ele se conectou, de modo direto, mente a mente, com alguns de seus discípulos, especialmente com Mahakashiapa: significava, então, uma conexão mente a mente, além das palavras e dos conceitos. Em japonês, “zá” significa sentar-se. Daí, “zazen” poderia significar “sentar-se em zen”.
“Meditação” não é uma tradução muito exata para “zazen”. Meditar é um verbo transitivo, exige um objeto: meditar em algo ou sobre algo. Não é assim que as coisas se passam no zazen. Não há um “em que” ou “sobre o que”.
Para Começar
1. Escolha um lugar e um horário
O lugar deve ser tranqüilo, não muito quente
nem muito frio. Não deve ser muito barulhento, nem muito quieto - com o tempo,
você vai perceber que os barulhos “de dentro”, como o tagarelar da mente,
incomodam muito mais que os barulhos de fora. É importante que haja alguma
iluminação: praticar no escuro induz ao sono e dá asas à imaginação. É interessante sentar-se virado para uma parede,
a mais ou menos um metro e meio ou dois metros dela. A parede não deve conter
algo que possa chamar sua atenção.
É fundamental que você escolha um horário. Com
o tempo, o corpo se acostuma e, quando chega o momento do zazen, ele já se vai
preparando. Se, em algum dia, não der para fazer na hora escolhida, tudo bem:
faça quando for possível- melhor que não fazer.
Na escolha, experimente até encontrar a parte do dia que lhe for mais
cômoda. Bem cedinho, por exemplo, o telefone não toca e a visita não chega.
Então, a probabilidade de você ser interrompido costuma ser menor.
Se você vai praticar sozinho, marque o tempo
por meio de um despertador ou algo semelhante. Assim, não se preocupará com a
hora de terminar. Não cederá também às armadilhas do tempo psicológico: 20
minutos, por exemplo, às vezes passam como se fossem 5, às vezes, como se
fossem 60.
Para iniciar, 15 ou 20 minutos por dia serão
suficientes. O importante é que você se sinta confortável com o período de
tempo que escolher. Quando se acostumar, poderá aumentar o tempo de zazen,
gradativamente, para 30, 40 ou 50 minutos. Mas, atenção: não se trata de bater
recordes e, muito menos, de fazer penitência. Só aumente o tempo no limite de
seu conforto.
2.
Sente-se.
Existem várias posições de se sentar. Você
poderá utilizar uma almofada redonda, tradicional - chamada zafu, em japonês -
com, aproximadamente 20 centímetros de altura, com um enchimento não muito
macio. Poderá também usar um banquinho tradicional de meditação. Vale ainda um
banco ou uma cadeira comuns, desde que eles não tenham braços, nem possuam
assento excessivamente macio. O objetivo de o assento ser firme é dar mais
estabilidade ao praticante.
A almofada deverá ser colocada sobre uma
superfície macia, como um colchonete, um tatami ou mesmo um cobertor dobrado,
que será a base e irá apoiar e dar conforto aos joelhos e às pernas.
Usando a almofada, você pode tentar a posição
de lotus completo: o pé direito apoiado sobre a coxa esquerda e o pé esquerdo
apoiado sobre a coxa direita. Pode, ainda, sentar-se em meio lotus: perna
direita dobrada, o pé direito tocando a almofada, e o pé esquerdo sobre a coxa
direita. Pode ainda usar a posição birmanesa: nesse caso, as pernas não ficam
cruzadas mas repousam paralelas sobre o colchonete.
Em todos os casos, os joelhos ficam apoiados
na base, formando, com as nádegas, um
triângulo de apoio que confere
estabilidade à postura.
Usando
a almofada, você pode também ajoelhar-se, colocar a almofada entre as pernas e
apoiar as nádegas sobre ela.
Para
utilizar o banquinho de meditação (shoggi), ajoelhe-se sobre a base e o coloque
apoiando as nádegas.
Na cadeira sem braços, simplesmente se sente.
Em qualquer caso, é de suma importância que a coluna fique bem reta, sem ficar
tensa. Para conseguir isso, depois de sentar-se, faça, com a coluna, pequenos
círculos, que vão se estreitando, até que você sinta que encontrou o centro.
Mantendo a coluna cervical reta, em prolongamento à lombar, afunde ligeiramente
o queixo, em direção ao pescoço. O nariz estará em linha com o umbigo, e as
orelhas, com os ombros. Os braços ficam paralelos ao tronco. Imagine que você
está segurando um ovo em cada axila. Se os braços se distanciarem muito do
corpo, o ovo cai. Se se aproximarem em demasia, quebrarão o ovo.
As mãos farão o mudra cósmico: os quatro dedos
da mão esquerda ficam sobre os da direita. Os polegares se tocando levemente,
numa posição que forme, com os outros quatro dedos, uma bela elipse. Os
antebraços se acomodarão para que os polegares fiquem, mais ou menos, na altura
do umbigo. Os dedos mínimos e as respectivas faces de ambas as mãos poderão
apoiar-se levemente no abdômen. Faça uma pequena rotação com os ombros para
trás. Pode, então, apoiar o dorso da mão direita sobre os pés ou sobre as coxas.
Posicione
a língua no céu da boca, de forma que sua ponta toque, levemente, a raiz dos
dentes superiores. A boca permanecerá, se possível, fechada, e a respiração
será feita pelo nariz.
Ao
terminar o tempo de zazen, faça, com a coluna, pequenos círculos, que vão
ampliando seu raio. Faça de oito a dez círculos. Isso ajudará a normalizar a
circulação, evitando câimbras ou dormências.
3. A
respiração
O pulmão possui uma superfície interna de cerca de setenta metros, ao passo que a superfície da pele alcança cerca de dois metros e meio. Ele é, portanto, o grande órgão de contato. Ao inspirar, recebemos a vida. Abrimo-nos, então, às coisas, aceitando-as do jeito que elas são. Ao expirar, desapegamo-nos do ar, que enche nossos pulmões, e o devolvemos ao universo, para que o purifique e enriqueça, tornando-o, novamente, utilizável, para os propósitos vitais. Inspirar e expirar: aceitação e desapego. É esse movimento rítmico que nos mantém vivos.
Após colocar-se na postura escolhida, você vai
se ocupar da respiração. O diafragma é o responsável pelo movimento de fole dos
pulmões. Por isso, você vai se concentrar nele, num primeiro momento, tentando
manter a respiração diafragmática. Na inspiração, o diafragma se estende, abrindo
os pulmões e permitindo que o ar entre. Na expiração, ele se contrai,
esvaziando-os. Conseguido o processo de respiração diafragmática, deixe que seu
corpo tome conta dele.
Uma boa técnica, para quem está iniciando, é
começar com a contagem das expirações. Conte suas expirações, mentalmente, até
à décima. Recomece, então, a contagem no um e vá até o dez. Proceda assim,
sucessivamente, até o fim do tempo que você escolheu para praticar.
4. Corpo
sentado e mente sentada
Praticar o zazen não é esvaziar a mente de
pensamentos, imagens, sentimentos, ou sensações. É, antes de tudo, manter o desapego, em
relação a eles. Deixe as duas portas da mente abertas: a de entrada e a de
saída. Permita que quaisquer pensamentos, sentimentos e sensações entrem e
saiam, à vontade: mesmo os mais horrorosos! Não evite nada, não se agarre a
nada. Coloque-se como um espectador do fluxo de seus conteúdos mentais. Como
alguém que, assentado à margem de um rio, vê os barcos passarem, sem, porém
embarcar em nenhum deles, assim você se posicionará com respeito a esses
conteúdos.
Procure fazer isso, sem se esforçar: muito
esforço poderá trazer resultado contrário ao desejado: os pensamentos crescerão
de tal forma que será muito difícil deixá-los, simplesmente, passar.
Entretanto, às vezes, um pensamento, imagem, sentimento ou sensação vai pegar
você de jeito, seduzi-lo (seduzi-la), levá-lo (levá-la) para longe. As
indicações mais claras de que isso aconteceu são a perda da contagem ou da
postura. Muitas vezes você perde a contagem no quatro ou até no três. Outras
vezes, a coloca no automático e se percebe contando 16 ou 20.
Quando isso acontecer, nenhum drama: recomece a contagem no um.
Pode ocorrer, também, a perda da postura: o
mais comum é você inclinar o tronco para frente. Quando perceber isso, sem
drama: Faça os pequenos círculos com a coluna, reencontre seu centro e continue
a prática.
Quantas vezes ocorrerem a perda da contagem ou
da postura, durante um período de zazen, simplesmente, as retome, sem se
preocupar muito com o fato. Na verdade, ele não quer dizer absolutamente nada.
Haverá dias em que o fluxo de conteúdos
mentais terá o aspecto de um rio cheio de corredeiras. Em outros, parecerá um
riacho remansoso: nenhum problema. É só deixá-los entrar e deixá-los sair.
5. Para uma viagem tranqüila
5.1.Às vezes, as pessoas fazem o zazen com
determinados objetivos. Alguns querem melhorar a saúde física, outros, a
mental, outros, ainda, pretendem aprofundar a vivência de sua própria opção
religiosa. Não há problema nenhum nisso, e, freqüentemente, elas obtém
melhorias nesses setores.
Entretanto, isso ainda não é a prática mais
autêntica. Essa última não se propõe metas ou objetivos a serem alcançados:
nela estamos diante da prática pela prática: é o sentar-se pelo sentar, simplesmente,
porque não há coisa melhor a fazer. Isso é tudo o que temos: não há outro
caminho.
Fazer o zazen com determinado objetivo tem
alguns inconvenientes.
Em primeiro lugar, a ânsia por alcançar a
meta gera tensão que compromete todo o trabalho. Veremos, em ação, a lei do
esforço reverso: quanto mais se esforça em direção a determinado ponto, mais se
distancia dele.
Em segundo lugar, sentar-se dessa forma
reforça o ego, fazendo com que ele se infle a cada dificuldade que pensamos ter
vencido. Ego inflado, sofrimento duplicado: isso é, exatamente, o que não
queremos.
5.2. Nunca
avalie sua prática: você não tem condições de fazê-lo. Dizer que, em determinado
dia, ela foi boa ou ruim, constitui uma tentação constante. Fuja dela: você
sempre fez o melhor que poderia, dadas as condições presentes. Muito conteúdo
mental, pouco conteúdo mental, perder a contagem muitas vezes, perder a
contagem poucas vezes, ter que retomar a postura muitas vezes ou poucas, nada
disso importa. Pior ainda é tentar comparar sua prática de hoje com a de ontem
ou com a de dez anos atrás. Fazendo assim, você não obterá nenhuma informação
confiável e, em acréscimo, ou colherá desestímulo para continuar no caminho, ou
mais inflação de ego. A cada sentar-se você é um principiante.
5.3. No zazen,
nada especial, nada sagrado, mérito nenhum. O tempo dedicado a ele é um pedaço
comum de seu dia, e como tal, deve inserir-se entre as atividades diárias:
todas elas são especiais e sagradas;
nenhuma delas é especial ou sagrada, inclusive o sentar-se.
Da mesma forma, o praticante deve evitar a
tentação de considerar-se especial: a mais comum das pessoas, sujeitas a tudo
que um ser humano qualquer está sujeito, nem mais, nem menos, essa é uma
descrição fiel do meditador.
Fuja,
sobretudo, da mentalidade aquisitiva, que preza a acumulação, o desempenho, os
recordes, que busca a aprovação social.
5.4. Se você
sente muito cansaço - não é um cansaçozinho qualquer - não se sente. Um bom
sono lhe fará bem.
Se você estiver com a cabeça cheia de
preocupações, com raiva, com tristeza, ou outro sentimento que o incomode,
sente-se assim mesmo. Pratique com tudo que você está sendo, em cada momento. O
universo inteiro estará praticando junto com você.
Se você tomou algum medicamento que altera seu
estado de ânimo, ou ingeriu bebida alcoólica, deixe a prática para amanhã.
Por último: preste atenção plena ao seu zazen
de cada dia. O que resultará dessa atenção será mais instrutivo que ler dez mil
páginas.
*Marco Antônio Santos Leite
Praticante de Zazen
Terapeuta Prânico
terça-feira, 14 de agosto de 2012
QUITANDA DA VIDA
Telinha Cavalcanti
Ih... perdi o número das quitandas :D mas o que eu vou contar aqui vai fazer você perder a cabeça e talvez uma calça jeans que já esteja apertada. Não me xingue, criatura. A gula é um dos pecados mais gostosos.
Musse de Limão (diferente!)
Ingredientes
1 pacote de biscoito maizena
1 lata de leite moça
1 lata de creme de leite
1 copo de suco de limão
Como fazer
Bata o biscoito no liquidificador para que fique moído e peneire. Reserve.
Bata no liquidificador o leite moça, o creme de leite e o suco de limão. Bata bem.
Num pirex, coloque uma camada do biscoito, em seguida o creme. Cubra com o biscoito em pó
e leve à geladeira.
imagem: Menu Gourmet
Ih... perdi o número das quitandas :D mas o que eu vou contar aqui vai fazer você perder a cabeça e talvez uma calça jeans que já esteja apertada. Não me xingue, criatura. A gula é um dos pecados mais gostosos.
Musse de Limão (diferente!)
Ingredientes
1 pacote de biscoito maizena
1 lata de leite moça
1 lata de creme de leite
1 copo de suco de limão
Como fazer
Bata o biscoito no liquidificador para que fique moído e peneire. Reserve.
Bata no liquidificador o leite moça, o creme de leite e o suco de limão. Bata bem.
Num pirex, coloque uma camada do biscoito, em seguida o creme. Cubra com o biscoito em pó
e leve à geladeira.
imagem: Menu Gourmet
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
JORGE, O SEMPRE AMADO
Claudia Lopes Borio*
Jorge Amado (imagem Google)
Dificilmente haverá um escritor com a vida tão movimentada e aventurosa quanto Jorge Amado.
Filho de fazendeiros do interior da Bahia (seu pai era um dos "coronéis" que ele retrataria tão bem),
suas memorias de infância serão marcadas por esses acontecimentos típicos do sertão nordestino, como o fato de seu pai ser ferido por uma tocaia na própria fazenda, que passou também por uma
epidemia de varíola.
Alfabetizado em casa, seguiu estudos em colégios internos, como era de regra na época, de um dos quais fugiu com 12 anos fazendo uma viagem de meses para visitar o avo paterno, que morava em Sergipe. Um dos padres do colégio, notando seu talento literário, lhe deu livros clássicos para ler, influenciando na sua formação e aumentando seu interesse.
Ele foi de colégio em colégio, até finalmente se formar em direito no Rio de Janeiro, com notas brilhantes; no entanto, nunca iria advogar.
Rio de Janeiro, travou amizade com intelectuais e escritores da época (Vinicius de Morais, Raul Bopp, Rachel de Queiroz e muitos outros).
Seu primeiro romance, País do Carnaval, foi um sucesso rápido, e seu titulo torna-se um novo estereótipo. O Brasil passa a ser pensado e descrito como sendo, de fato, o país do carnaval.
Em seguida, publicou o romance Cacau, escrito com apenas 21 anos, uma pequena obra prima sobre a vida de um trabalhador de fazenda em condição análoga a de escravo. No entanto, nota-se que é um livro irregular, ora magnífico, ora apresentando características de um escritor ainda imaturo.
Seguindo uma linha neorealista, ia em posição contrária ao modernismo da semana de 1930. Sua profissão de fé na luta de classes e no idealismo socialista vai acompanhar praticamente toda sua obra.
Seu maniqueísmo literário pode não agradar a crítica, mas agrada ao povo, que esgota rapidamente as tiragens de seus romances. A crueldade das classes dominantes, as penas desproporcionalmente longas infligidas aos presos pobres, o analfabetismo, a miséria, a mortalidade infantil, os órfãos sem rumo,
tudo é retratado com muita verossimilhança nesta obra que se assemelhara à de Balzac pela quantidade de livros e pela qualidade das emoções que evoca nos leitores.
"O sentido de documento, de grito, é sem dúvida a coisa que surge mais clara no novo romance brasileiro. Não é negócio de escola, besteira de grupo. É pensamento natural que não podia deixar de acontecer. Os
"O sentido de documento, de grito, é sem dúvida a coisa que surge mais clara no novo romance brasileiro. Não é negócio de escola, besteira de grupo. É pensamento natural que não podia deixar de acontecer. Os
novos romancistas, brasileiros, não apenas os do Norte, não acreditaram mais em brasilidade e em verde amarelismo. Viram mais longe. Viram esse mundo ignorado que é o Brasil. E o Brasil é um grito, um pedido de socorro. Não falo aqui em frase de deputado baiano na Assembleia: "O Brasil está na beira do abismo". Isso é literatura de quem tem 6 contos por mês. Grito, sim, de populações inteiras, perdidas, esquecidas, material imenso para imensos livros. Daí essa angústia que calca as paginas dos modernos romances brasileiros, servidos todos por um clima doloroso, asfixiante. Romancistas novos do Brasil, revolucionários ou reacionários, nos seus livros vive um clamor, um grito que era desconhecido e que começa a ser ouvido." Palavras de Jorge Amado em "Uma história do romance de 30" de Luís Bueno.
Jorge Amado trabalha como criador e diretor de várias revistas, sempre escrevendo sem cessar (entre outros livros de sucesso, Capitães de Areia, obra que virou também um belíssimo filmenacional, data dos anos 50).
Em auto-exílio no regime getulista, vive na Argentina, no Uruguai, em Paris e em Praga.
Uma curiosidade desse período é que, apos ser preso por um mês pela ditadura getulista, ele passa quase dois anos escondido na cidade de Estância, em Sergipe, onde acaba se tornando um verdadeiro agitador cultural com um grupo que frequentava a papelaria da pequena cidade, inventando até um concurso de miss e elegendo a sua candidata favorita.
É dessa cidade sua primeira mulher, Matilde, com quem terá uma filha.
Em 1945, tornou-se deputado pelo Partido Comunista e participou da famosa Assembleia Constituinte de 1946, com avançadas conquistas democráticas para a época. Jorge Amado foi responsável por criar
varias leis pioneiras de incentivo a cultura. Foi também responsável pela emenda que garantiu a liberdade religiosa no Brasil, pois presenciou vários tipos de perseguição religiosa.
Adepto do Candomblé, embora se dissesse comunista e materialista, como bom baiano, essa dualidade não lhe causava problema.
Nessa época publicou Seara Vermelha e Gabriela, Cravo e Canela, entre outros. Albert Camus descreve Jubiabá como "magnifico e assombroso".
Motivado por esse livro, o fotografo e etnólogo Pierre Verger visita a Bahia, de onde não saiu mais, e tornou-se grande amigo de Jorge Amado.
Em 1961 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira cujo patrono era José de Alencar. Em memória dessa conquista, escreveu Farda, Fardão, Camisola de Dormir, numa alusão clara a idade vetusta dos participantes.
Nessa época, e alegando utilizar métodos semelhantes aos de Jorge Amado para escrever, Glauber Rocha realizou o filme A Idade da Terra, tudo em meio a intensa correspondência com o autor.
Na década de 1960, lançou as obras "Os Velhos Marinheiros" (que compreende duas novelas, das quais a mais famosa é "A morte e a morte de Quincas Berro d'Água"), "Os Pastores da Noite", "Dona Flor e Seus Dois Maridos" e "Tenda dos milagres".
Sua franca produção literária continua mesmo na velhice, nos anos 1970 publica ainda os grandes sucessos "Teresa Batista Cansada de Guerra" e "Tieta do Agreste”, mais tarde transformada, como muitos hão de recordar, em uma novela de grande sucesso realizada pela Rede Globo.
Além disso, foi parceiro de muitos músicos em várias canções de sucesso, notadamente com Dorival Caimmi.
Seu ultimo livro refere-se à presença dos imigrantes no Brasil, “A Descoberta da América pelos Turcos”.
Jorge Amado foi traduzido em mais de 48 línguas e em mais de 50 países. Sua segunda esposa, Zelia Gattai, também publicou vários livros.
Na extinta União Soviética, seus livros se tornaram imensamente populares, traçando um panorama realista da vida no terceiro mundo e fazendo com que muitos leitores se interessassem pelo Brasil.
Vivendo exclusivamente dos direitos autorais de seus livros, teve suas economias abaladas pela falência do Banco Econômico, banco que, no entanto, foi salvo pelo controvertido programa governamental,
o Proer.
Jorge Amado envelheceu e faleceu em sua famosa casa do Rio Vermelho na Bahia, cercado por amigos como Caribé e Mãe Menininha do Gantois, com muitas obras de arte trazidas de todos os cantos do mundo, usando sempre um chapéu ou boné, com sua família, filhos, netos, noras, irmãos sempre muito próximos, não esquecendo de seus cães da raça pug, que Dorival Caimmi dizia serem mestiços de cachorro com porco.
Apesar dos sucessos televisivos e no cinema, as adaptações de suas obras não traduzem a riqueza de suas descrições e de sua linguagem.
É de se lamentar que Jorge Amado esteja "fora de moda" e que não seja atualmente recomendado como leitura obrigatória nas escolas. Qualquer advogado que se interesse pela problemática do trabalho escravo nas fazendas do interior do Brasil, por exemplo, deveria ler Cacau, cuja descrição ainda se aplica a muitos dos fenômenos que ocorrem nos rincões mais distantes deste país.
Utilizando todos os palavrões da língua pátria, e as descrições realistas com maestria, ler Jorge Amado é sempre um choque e ao mesmo tempo um prazer indescritível, temperado com uma boa dose de bom humor e otimismo.
Jorge Amado era um grande escritor de cartas e deixou milhares de paginas, que se encontram arquivadas no museu- fundação com o seu nome, e que deverão ser abertas 50 anos após sua morte. Os seus leitores e
admiradores aguardam com muita curiosidade.
Fonte do texto citado: Jorge Amado, Apontamentos Sobre o Moderno
Romance Brasileiro, Revista Lanterna Verde, Boletim da Sociedade
Felippe d'Oliveira, maio de 1934, Rio de Janeiro, pagina 49.
Filme de Fernando Sabino com Jorge Amado:
*Claudia Lopes Borio é escritora em Curitiba, onde leu Cacau com 15 anos de idade, por influência de seu pai, grande leitor e comunista.
Como Jorge Amado, ela também tem um cão da raça pug.
Prefeitura de Estância realiza concurso literário “Estância de Jorge Amado – Doce Exílio”
Qui, 02 de Agosto de 2012 10:22
As inscrições já estão abertas desde o dia 23 de abril, até o dia 16 de julho de 2012, na Secretaria Municipal de Cultura, Juventude e Desporto, lozalizada na Rua Lavínia Lima Santos, 17, Bairro São Jorge, Estância – Sergipe.
O concurso tem o objetivo de comemorar o centenário do escritor baiano Jorge Amado que este ano completa 100 anos de nascimento. Esse concurso visa premiar matérias jornalísticas ‘escritas’ sobre a vida do autor de ‘Tieta do Agreste’ nos anos de sua morada no município.
Cada participante concorrerá apenas com uma matéria jornalística. Os trabalhos serão julgados por uma comissão julgadora composta por escritores, educadores, poetas e editores dos jornais do Estado de Sergipe, que levarão em consideração para fins de avaliação os critérios de adequação técnica; redação conforme as normas gramaticais; criatividade; e originalidade. Essa comissão vai decidir quais serão os vencedores e que receberão prêmios e terão suas matérias publicadas na imprensa local.
O vencedor receberá o valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) em prêmio; o segundo colocado receberá a premiação no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais); e ao terceiro colocado será entregue o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais) como premiação.
Maiores informações no edital que segue o link abaixo:Prefeitura de Estância realiza concurso literário “Estância de Jorge Amado – Doce Exílio”
http://www.estancia.se.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=650&Itemid=20
domingo, 12 de agosto de 2012
VAMOS VIRAR O JOGO?
Eneyda Rosa (da Academia Caxambuense de Letras)
Meninas do vôlei brasileiro, bi campeãs olímpicas (imagem google)
Quem já tentou desvirar um besouro caído de patas para o ar, sabe da dificuldade que é virar um inseto, quanto mais um jogo!
Pra virar o jogo temos de ir além, de ser movidos por uma energia interna, uma força que os atletas chama de “garra”.
Pois as meninas do vôlei tem essa garra!
Elas simplesmente não se abateram ao serem vencidas de virada no primeirto set!
Atropeladas pelas adversárias americanas, não desistiram. Não se resignarem a serem “loosers” perdedoras e, curiosamente, viraram o jogo, movidas por essa energia poderosa que as levou à vitória nos sets seguintes.
É uma capacidade para não aceitar nunca a derrota, para dar o melhor de si e ir além desse melhor. E também para manter o melhor!
Aí sim vem a preparação técnica perfeita.
Pois não basta virar o besouro se o mesmo persistir no erro e não tiver forma física para continuar caminhando!
São essas as lições que podemos aprender com nossos atletas! Parabéns para a garra feminina brasileira!
União após a vitória (imagem Google)
Meninas do vôlei brasileiro com a medalha de ouro(imagem Google)
sábado, 11 de agosto de 2012
LEVE-ME AO SEU LÍDER - CIÊNCIA X FICÇÃO CIENTÍFICA
Carlos Frederico Abreu
Por estes dias, assistindo a abertura das Olimpíadas de Londres, ficamos todos maravilhados com a impressionante representação da chegada da era industrial na pacata Inglaterra agrícola.
O impacto da mecanização de processos simples e o domínio do uso de matérias primas transformadoras como o ferro, não surgiram por acaso, mas foram consequência de um longo e demorado processo batizado de Revolução Científica.
Sem ela a história da civilização ocidental moderna seria outra. A física que estudamos no colégio não existiria sem o método científico de Galileu e suas observações astronômicas, por exemplo.
Mas o que a descoberta dos satélites de Jupiter tem a ver com a Ficção Científica (FC)?
Galileo Galilei, físico, astrônomo e professor de matemática, contribuiu muito para a tradição da obra literária. Motivado por sua sede por conhecimento, ele descortinou um novo mundo. São inúmeras as passagens em seus escritos em que descreve uma de suas maiores paixões: A lua. Não a lua ancestral, das lendas, ou a dos românticos, e sim a lua tal qual conhecemos hoje, satélite da Terra.
Primavera de 1610. A primeira vez que a lua foi tratada como um objeto real para a humanidade. Mesmo assim, o estilo de Galileo estava impregnado de um estado encantado de suspensão, ou o que a crítica de FC chama de sentimento de espanto ou admiração.
Isso aconteceu porque a lua, o mais próximo e mais significativo dos outros mundos do espaço, tornara-se algo observável em detalhes, graças ao aperfeiçoamento do telescópio, eito pelo próprio Galileu, que pôde assim medir o comprimento das sombras das montanhas e das crateras da Lua, criando uma visão tridimensional da sua topografia.
Uma vez sendo tangível, e usando de uma analogia com a Terra, por que não cogitar a existência de seres vivos morando por lá?
Muito antes da NASA, Galileu e seus contemporâneos fomentaram a discussão sobre a pluralidade de mundos e da existência de vida extraterrestre, e influenciaram diretamente dois dos primeiros fantasistas sobre a vida em outros mundos, Tommaso Campanella (um frade utopista) e Johannes Kepler (que pode ser considerado como o primeiro escritor de ficção científica).
Campanella escreveu 'Apologia pro Galileo' (1622) defendendo a liberdade do pensamento, argumentando que os extraterrestres não seriam culpados do pecado original.
Kepler foi responsável, entre outras coisas, por 'Conversation with Galileo’s Sideral Messenger' (1610) em que afirma que se Júpiter tem luas, então deveria ser habitado, e que se de fato seus vales e montanhas são maiores do que na Terra, significava que seus habitantes seriam igualmente colossais.
É claro que tudo isso parece hoje sem sentido e até risível, mas não podemos subestimar o impacto destes trabalhos no imaginário do século 17.
A hipótese de vida fora da Terra teve enorme efeito tanto nas pretensões humanas como na discussão religiosa. Na Idade média, os planetas eram culpados de questões terrenas. Saturno por exemplo era o planeta da melancolia e Mercúrio alterava o humor dos homens.
O inglês Robert Burton, psicanalista-clérico do século XVII, em sua 'Anatomia da Melancolia', expos uma preocupação legitima da época (e que o escritor de FC, H.G. Wells, utilizaria em seu livro 'Guerra dos mundos', quase 300 anos depois)
"Mas quem morará nestes mundos se estes forem habitados? Somos nós ou serão eles os Senhores do Mundo?"
Podemos ver que a boa e velha paranoia já gargalhava de nós, pobres terráqueos imperialistas, preocupados com um possível e hostil, Primeiro Contato.
Não existe conhecimento desinteressado, ele é sempre um ato potencialmente político, como testemunha a própria luta do racionalismo de Galileu contra a Igreja.
Decerto a FC existe por conta deste sentimento de aflição frente ao desconhecido.
Mas a ficção tem um propósito muito diferente daquele proporcionado por Galileu com seu mapeamento da topografia lunar. Ela fornece a alienação cognitiva que mais satisfaz nosso desejo para entender algo além dos dados fornecidos pela NASA, que promete descoberta racional, mas não os frutos da revelação religiosa ou mística, enfim, a lacuna irredutível entre os novos mundos descobertos pela ciência e os mundos imaginários da FC.
(A partir do ótimo livro de Patrick Parrinder, 'Aprendendo com outros mundos')
Por estes dias, assistindo a abertura das Olimpíadas de Londres, ficamos todos maravilhados com a impressionante representação da chegada da era industrial na pacata Inglaterra agrícola.
O impacto da mecanização de processos simples e o domínio do uso de matérias primas transformadoras como o ferro, não surgiram por acaso, mas foram consequência de um longo e demorado processo batizado de Revolução Científica.
Sem ela a história da civilização ocidental moderna seria outra. A física que estudamos no colégio não existiria sem o método científico de Galileu e suas observações astronômicas, por exemplo.
Mas o que a descoberta dos satélites de Jupiter tem a ver com a Ficção Científica (FC)?
Galileo Galilei, físico, astrônomo e professor de matemática, contribuiu muito para a tradição da obra literária. Motivado por sua sede por conhecimento, ele descortinou um novo mundo. São inúmeras as passagens em seus escritos em que descreve uma de suas maiores paixões: A lua. Não a lua ancestral, das lendas, ou a dos românticos, e sim a lua tal qual conhecemos hoje, satélite da Terra.
Primavera de 1610. A primeira vez que a lua foi tratada como um objeto real para a humanidade. Mesmo assim, o estilo de Galileo estava impregnado de um estado encantado de suspensão, ou o que a crítica de FC chama de sentimento de espanto ou admiração.
Isso aconteceu porque a lua, o mais próximo e mais significativo dos outros mundos do espaço, tornara-se algo observável em detalhes, graças ao aperfeiçoamento do telescópio, eito pelo próprio Galileu, que pôde assim medir o comprimento das sombras das montanhas e das crateras da Lua, criando uma visão tridimensional da sua topografia.
Uma vez sendo tangível, e usando de uma analogia com a Terra, por que não cogitar a existência de seres vivos morando por lá?
Muito antes da NASA, Galileu e seus contemporâneos fomentaram a discussão sobre a pluralidade de mundos e da existência de vida extraterrestre, e influenciaram diretamente dois dos primeiros fantasistas sobre a vida em outros mundos, Tommaso Campanella (um frade utopista) e Johannes Kepler (que pode ser considerado como o primeiro escritor de ficção científica).
Campanella escreveu 'Apologia pro Galileo' (1622) defendendo a liberdade do pensamento, argumentando que os extraterrestres não seriam culpados do pecado original.
Kepler foi responsável, entre outras coisas, por 'Conversation with Galileo’s Sideral Messenger' (1610) em que afirma que se Júpiter tem luas, então deveria ser habitado, e que se de fato seus vales e montanhas são maiores do que na Terra, significava que seus habitantes seriam igualmente colossais.
É claro que tudo isso parece hoje sem sentido e até risível, mas não podemos subestimar o impacto destes trabalhos no imaginário do século 17.
A hipótese de vida fora da Terra teve enorme efeito tanto nas pretensões humanas como na discussão religiosa. Na Idade média, os planetas eram culpados de questões terrenas. Saturno por exemplo era o planeta da melancolia e Mercúrio alterava o humor dos homens.
O inglês Robert Burton, psicanalista-clérico do século XVII, em sua 'Anatomia da Melancolia', expos uma preocupação legitima da época (e que o escritor de FC, H.G. Wells, utilizaria em seu livro 'Guerra dos mundos', quase 300 anos depois)
"Mas quem morará nestes mundos se estes forem habitados? Somos nós ou serão eles os Senhores do Mundo?"
Podemos ver que a boa e velha paranoia já gargalhava de nós, pobres terráqueos imperialistas, preocupados com um possível e hostil, Primeiro Contato.
Não existe conhecimento desinteressado, ele é sempre um ato potencialmente político, como testemunha a própria luta do racionalismo de Galileu contra a Igreja.
Decerto a FC existe por conta deste sentimento de aflição frente ao desconhecido.
Mas a ficção tem um propósito muito diferente daquele proporcionado por Galileu com seu mapeamento da topografia lunar. Ela fornece a alienação cognitiva que mais satisfaz nosso desejo para entender algo além dos dados fornecidos pela NASA, que promete descoberta racional, mas não os frutos da revelação religiosa ou mística, enfim, a lacuna irredutível entre os novos mundos descobertos pela ciência e os mundos imaginários da FC.
(A partir do ótimo livro de Patrick Parrinder, 'Aprendendo com outros mundos')
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
84, CHARING CROSS - ROMA
Elaine Pereira
Eu fui a Roma. E tive muitos dias para namorar Roma. Porque em Roma não se anda de carro, e pouco em metrô e ônibus. Roma foi percorrida pelos donos do mundo no passado a pé, e suas marcas estão em todos os lugares. E é assim que se conquista Roma, a pé.
Não há lugar não interessante em Roma. Esta foi minha terceira vez, mas eu sou obviamente uma terceira pessoa diferente das outras duas que foram antes. Esta vez foi muito calma e muito bem aproveitada em muito boa companhia. E ainda era lua cheia.
A cidade transpira passado, a geografia, as Colinas, o calçamento do Forum Romano, a Via Appia antiga, pisar nas pedras por onde passaram exércitos vitoriosos. Sentir a traição a Cesar, respirar fundo e ouvir as feras no Coliseu, os gritos da multidão, o cheiro de sangue. A indefectível moeda na fonte, eu já nem sabia o que pedir, tenho feito tantos pedidos errados e tenho sido atendida…
Piazzas, piazzas, piazzas, cafés com flores, sol escaldante, a escadaria da Piazza di Spagna, como se o mundo não estivesse andando, só existissem aqueles degraus, de tantos, tantos passos.
E as igrejas. O Vaticano não é Roma, mas nem poderia ser. É interessante ver quando mudam os donos do poder. Em alguns pontos, só se vê os Imperadores em toda sua pompa e glória. Em outros, os Papas, os que mais se consideram donos do mundo, da verdade, da infalibilidade. O Papa vivo não vi, só os mortos.
Porém o que mais me impressionou das outras vezes e desta de novo foi que apesar de Roma ter uma igreja a cada 100 metros que se anda, o lugar mais religioso de Roma não está em nenhuma delas. É nas catacumbas que se sente o que realmente foi ser cristão. Elas serviram à nobreza também, mas sua função de abrigar os crentes silenciosos de boca amordaçada deixou as marcas em suas paredes, chão, afrescos, a 10, 20, 40 metros abaixo do céu. Faz pensar onde verdadeiramente é o inferno.
Poder tocar as paredes, pisar as pedras, olhar de frente a Pietà, ainda que através do vidro, e o Narciso a um palmo de distância, pôr a mão na Bocca della Verità, que não funciona mesmo, eu tenho dito muitas mentiras; a pasta, o gelato, il vino, in vino veritas, nem todas as verdades foram ditas em Roma.
A noite na cidade, a qualquer momento pode aparecer um legionário, um gladiador, um imperador, um constructor de Pantheons, meu Deus como aquilo pode estar lá, e não ter caído ainda?
Dentro de mim estava uma arena igual ao Coliseu. Eu briguei comigo mesma para no fim, na volta, perceber que foi tudo em vão. As escolhas foram feitas por si mesmas. Veni, vidi sed non vici. A vitória é fugaz, mas quem foi rei nunca perde a majestade. Quem já foi Império Romano nunca perde a imponência, a pujança, aquilo que devíamos ter dentro de nós para vencer os leões que matamos todos os dias.
Eu fui a Roma. E tive muitos dias para namorar Roma. Porque em Roma não se anda de carro, e pouco em metrô e ônibus. Roma foi percorrida pelos donos do mundo no passado a pé, e suas marcas estão em todos os lugares. E é assim que se conquista Roma, a pé.
Não há lugar não interessante em Roma. Esta foi minha terceira vez, mas eu sou obviamente uma terceira pessoa diferente das outras duas que foram antes. Esta vez foi muito calma e muito bem aproveitada em muito boa companhia. E ainda era lua cheia.
A cidade transpira passado, a geografia, as Colinas, o calçamento do Forum Romano, a Via Appia antiga, pisar nas pedras por onde passaram exércitos vitoriosos. Sentir a traição a Cesar, respirar fundo e ouvir as feras no Coliseu, os gritos da multidão, o cheiro de sangue. A indefectível moeda na fonte, eu já nem sabia o que pedir, tenho feito tantos pedidos errados e tenho sido atendida…
Piazzas, piazzas, piazzas, cafés com flores, sol escaldante, a escadaria da Piazza di Spagna, como se o mundo não estivesse andando, só existissem aqueles degraus, de tantos, tantos passos.
E as igrejas. O Vaticano não é Roma, mas nem poderia ser. É interessante ver quando mudam os donos do poder. Em alguns pontos, só se vê os Imperadores em toda sua pompa e glória. Em outros, os Papas, os que mais se consideram donos do mundo, da verdade, da infalibilidade. O Papa vivo não vi, só os mortos.
Porém o que mais me impressionou das outras vezes e desta de novo foi que apesar de Roma ter uma igreja a cada 100 metros que se anda, o lugar mais religioso de Roma não está em nenhuma delas. É nas catacumbas que se sente o que realmente foi ser cristão. Elas serviram à nobreza também, mas sua função de abrigar os crentes silenciosos de boca amordaçada deixou as marcas em suas paredes, chão, afrescos, a 10, 20, 40 metros abaixo do céu. Faz pensar onde verdadeiramente é o inferno.
Poder tocar as paredes, pisar as pedras, olhar de frente a Pietà, ainda que através do vidro, e o Narciso a um palmo de distância, pôr a mão na Bocca della Verità, que não funciona mesmo, eu tenho dito muitas mentiras; a pasta, o gelato, il vino, in vino veritas, nem todas as verdades foram ditas em Roma.
A noite na cidade, a qualquer momento pode aparecer um legionário, um gladiador, um imperador, um constructor de Pantheons, meu Deus como aquilo pode estar lá, e não ter caído ainda?
Dentro de mim estava uma arena igual ao Coliseu. Eu briguei comigo mesma para no fim, na volta, perceber que foi tudo em vão. As escolhas foram feitas por si mesmas. Veni, vidi sed non vici. A vitória é fugaz, mas quem foi rei nunca perde a majestade. Quem já foi Império Romano nunca perde a imponência, a pujança, aquilo que devíamos ter dentro de nós para vencer os leões que matamos todos os dias.
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
CAXAMBU O MILAGRE DAS ÁGUAS NA FONTE DO SAMBA
Primeiro esboço da letra do samba enredo do Carnaval de 2013 da Império Serrano . O tema é Caxambu.
Carnavalesco: Mauro Quintaes Texto: Gustavo Melo
IMPÉRIO
SERRANO
CARNAVAL
2013
APRESENTA:
CAXAMBU
O
MILAGRE DAS ÁGUAS NA FONTE DO SAMBA
… e da terra brotou água sem parar
Revolvendo as entranhas desse chão
Rompendo cada pedra e cada grão
Doze fontes deram vida a um lugar
E da serra da Mantiqueira veio a lenda
No solo que se abriu como uma fenda
Fez nascer uma nova explicação
E a riqueza das águas que hoje eu
canto
É a fonte para a minha inspiração
Dizem que Poseidon, o deus do mar
Bateu com toda força o seu tridente
Tudo se revirou tão de repente
Que as águas no Brasil foram parar
Lá na serra entre rios e cascatas
Ninfas protetoras lá das matas
Viam fontes borbulhando sem parar
E a riqueza das águas que hoje eu
canto
É a magia que o meu verso foi buscar
Se assim contou a mitologia
A história imprimiu o seu valor
Como a alcunha inspirada em um tambor
“Cacha Mumbu” era a forma que
se erguia
Do morro que a cidade hoje nomeia
É o corpo ao luar que serpenteia
Do negro que a montanha batizou
E a riqueza das águas que hoje eu
canto
“Jonga” na ginga que o mestre me
ensinou
O batuque que se ouve ali do lado
Nas ruas marca o passo em louvação
A ladainha que conduz a procissão
É a reza para o santo consagrado
Devotos percorrendo cada via
Entoam a mais bela melodia
Junto aos sinos que repicam em devoção
E a riqueza das águas que hoje eu
canto
Traz a fé de todo um povo em comunhão
O tempo passa assim rapidamente
Conduzido pelo passo do tropeiro
Um deles se tornou o pioneiro
Destacou-se dentre toda aquela gente
De Barão das Águas foi chamado
Na Fazenda da Roseta fez reinado
No coração de todos fez história
E a riqueza das águas que hoje eu
canto
Mora hoje na mais viva memória
Vieram também outros personagens
Como Nhá Chica, a famosa milagreira
Que ao comover a região inteira
Atraiu as mais diversas homenagens
Do povo que a fez idolatrada
Entre as santas do lugar é recordada
Por dedicar a Deus toda uma vida
E a riqueza das águas que hoje eu
canto
É uma canção de louvor nunca esquecida
Enquanto se festeja o altar divino
Cá na Terra o profano é que é louvado
Quem será o rei maior do carteado?
Quem vai tirar a sorte grande no
cassino?
No luxo dos hotéis, todo o sabor
Da era Vargas, o poder e o esplendor
O glamour que em Caxambu fez a pousada
E a riqueza das águas que hoje eu
canto
Revive a glória de uma época dourada
O recanto de um sonho brasileiro
Acolheu até mesmo uma princesa
Envolvida pelo manto da tristeza
Por não poder gerar o nobre herdeiro
Mas a força das águas da cidade
Concedeu à Isabel fertilidade
Veio o filho desejado afinal
E a riqueza das águas que hoje eu
canto
Deu mais vida à Família Imperial
Em graças ao presente recebido
A princesa fez erguer ali um dia
Uma Igreja à Santa Isabel da Hungria
Deixando todo o povo comovido
E assim segue o ciclo da vida
No vai e vem das águas é trazida
A energia que das fontes emana
E a riqueza das águas que hoje eu
canto
É a glória da nação imperiana
E da sinfonia que a minh'alma hoje
entoa
Mina versos para a Serrinha passar
Na avenida novamente a desfilar
Sou a mais rara joia da coroa
Sou reizinho, sou povo, sou patente
Do verdadeiro samba, o expoente
De todos os amores, o mais franco
E a riqueza das águas que hoje eu
canto
É a fonte do meu samba em verde e
branco!
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